Primeira viagem pelas terras altas da Escócia

Tenho a certeza de que qualquer pessoa que goste de viajar (faça-o frequentemente ou não) já ouviu falar e falar bem das terras altas da Escócia – as chamadas Highlands. Eu da Escócia só conhecia até à data a cidade de Edimburgo, e para mim era e ainda é a cidade mais bonita que já visitei.

Edimburgo

É aquela cidade que está escondida na memória como cidade onde gostaria de viver um dia. Por isso a expectativa para esta viagem era grande. Queríamos ver aquelas paisagens lindas das montanhas, dos lagos e ruínas de castelos antigos que as muitas horas de pesquisa nos espicaçava a vontade de ir. Mas…esta era a nossa primeira viagem de 2022 e janeiro no Reino Unido muito raramente significa bom tempo. Mesmo assim planeámos a viagem e como queremos conhecer bem as Highlands dividimo-las em 3 partes e desta vez íamo-nos focar na parte Este – Inverness e Cairngorm National Park.

As reviews que tínhamos de Dundee era que não valia lá ir e Aberdeen também não nos puxou. Tendo Inverness um aeroporto e voos que partem de Londres, a solução de onde centrar a nossa viagem ficou escolhida. Dividindo as Highlands em três partes dar-nos-á a oportunidade de ver a Escócia em diferentes estações do ano – Inverno, Primavera e Outono.

Preparações para a viagem – alugar um carro. Para visitar apenas a cidade de Inverness não é preciso carro, mas para visitarem o parque nacional e o lago Ness aconselho vivamente a alugarem um carro. Nós reservamos o “nosso” SUV na Budget Car Hire através do site do Booking.com. Como esperávamos mal tempo, lama, neve e muita chuva escolhemos um carro que aguentasse todo o tipo de temporais. O aluguer do carro por 4 dias ficou-nos a 110 libras. Para dormidas, escolhemos passar uma noite em Inverness, duas noites em Cairngorm National Park (Aviemore) e uma noite ao pé do aeroporto pois no Domingo de manhã tínhamos que entregar o carro. Fizemos todas as nossas marcações também no site Booking.com. Num voo de uma hora e 15 que partiu de Heathrow (Londres) chegámos a Inverness. O aeroporto de Inverness é pequenino e se viajarem de Inglaterra ou da Irlanda nem sequer os passaportes vos pedem porque é considerado um voo doméstico.

Fomos pela British Airways, eu pela primeira vez nesta companhia aérea, e gostei do toque de oferecerem uma garrafa de água e um snack. Quem voa sempre pelas companhias low cost não está habituado a estes gestos. Aterrando no aeroporto e tendo a chave do nosso carro na mão, fomos para a nossa primeira paragem do dia – Cairn Clava. Cairn Clava é um cemitério construído na idade do Bronze. Existem aqui 4 tumbas em forma de círculo feito de pedras e três círculos de pedras singulares. Estas tumbas foram construídas pelos fazendeiros do vale de Nairn para sepultar os membros mais importante da sua comunidade há cerca de 4000 anos. Não existe registo do porquê o cemitério ter esta forma. No entanto, arqueólogos têm encontrado pistas e vestígios que permitem perceber o nível de complexidade intelectual desta comunidade.

Entrada para uma das tumbas

Vou confessar que não passámos muito tempo por aqui, mas é um sítio bonito de passagem associado a um grande simbolismo. Não fosse por isso um local que tem sido preservado ao longo dos tempos. O nosso próximo local não precisa de grandes introduções. Acredito que muitos de vós já tenham ouvido falar do grande e mítico monstro do loch Ness. Loch em escocês significa lago, e sim era à volta dele que iríamos passar grande parte do nosso dia. Não vimos monstro, mas vimos muita comércio à volta deste mítico ser. Fomos visitar o castelo de Urquhart que fica na margem oeste do lago Ness. O bilhete de entrada foi £9.60 por pessoa. Comprámos os nossos bilhetes à entrada do castelo sem problemas e sem multidões, mas acredito que seja relacionado com a pandemia e pela altura do ano em que aqui viemos. Em alturas mais movimentadas talvez seja melhor comprar o bilhete no website oficial – https://www.historicenvironment.scot/visit-a-place/places/urquhart-castle/.

As ruínas do castelo com o lago à volta formam uma paisagem muito bonita. Existem várias placas espalhadas pelas várias ruínas que vão explicando os locais onde estávamos e a história relacionada com o próprio castelo. Este castelo foi construído por volta de 1200. Em 1400s muitos dos edifícios dentro das muralhas do castelo foram destruídos durante a luta entre os Senhores das Ilhas (Lord of the Isles) e a Coroa que durou 150 anos. Apesar de algumas tentativas de reconstrução o castelo entrou em decadência e em 1715 uma violenta tempestade destrui a Torre principal do castelo. As ruínas do castelo passaram a ser parte do Estado em 1913 e são hoje consideradas um importante marco histórico sendo um dos castelos mais visitados na Escócia.

Descendo mais um pouco pelo lago fomos até à cascata de Invermoriston (Falls). Deixámos o carro no parque de estacionamento gratuito Invermoriston Falls. Para chegar até à cascata ou melhor até ao ponto panorâmico para a cascata embrenhámo-nos na floresta, e numa caminhada rápida de 5 minutos chegámos a uma casinha de pedra chamada “Summer House”. Daqui o panorama é muito pitoresco – a cascata, a ponte e a montanha ao fundo.

Mais um bocadinho de carro e fomos até à cascata Allt na Criche. Como já começava a escurecer só parámos o carro para tirarmos a imprescindível foto. Mas enquanto o meu marido montava o tripé e toda o conjunto de instrumentos que precisa para tirar fotografias eu andei por ali e descobri que neste local começa um trilho de 2.9Km. Apesar de ser menos que 3Km de distância avisam que o trilho é difícil com subidas a pique. O trilho em média leva 1 hora a completar. Nós quando chegámos a Allt na Criche já passava das 2 e meia e por isso nem sequer considerámos seriamente a opção de completar esta caminhada. Não, não foi só por ia ser uma subida díficil, o tempo limitado de horas de luz solar também contaram.

Até porque tínhamos mais duas paragens na nossa agenda e uma era destinada especificamente para ver o pôr do sol. Seguimos pela estrada até às próximas cascatas, Falls of Foyers. Eu nesta altura estava a conduzir e por isso não vi, mas há um ponto panorâmico – “Suidhe Viewpoint” – que o meu marido disse várias vezes que deveríamos lá ter parado. E a verdade é que este local está avaliado na Google em 4.8. Fica aqui a dica. Para chegarmos até às Falls of Foyers deixámos o carro no parque de estacionamento gratuito com o mesmo nome e fomos descendo. Penso que no total o caminho de ida e volta foi cerca de 20 minutos. Descemos e descemos até às duas varandinhas com vista para a cascata.

E chegava a altura de irmos para Dores, uma vila a 10 Km de Inverness. Das reviews que lemos este local é muito bem avaliado como ponto panorâmico para ver o pôr do sol. Isto porque da praia de Dores têm-se uma vista fantástica do lago Ness e das montanhas. E o mais incrível é que mesmo indo em janeiro tivemos direito a um lindíssimo pôr do sol na praia. E se parecia um conto de fadas, mais especial se tornou quando um pato pousou na água mesmo a nossa frente e balançava ao sabor das ondas. Se há certos momentos que nos trazem boas memórias, este é decididamente um deles.

E nesta nota alta a noite chegou. Como disse acima, nesta altura do ano, anoitece bastante cedo, às 4 e meia já é completamente de noite. Fomos então em direção a Inverness, para o nosso alojamento – Dunhallin Guest House. Batemos à porta e os donos ao nos verem ficaram muito espantados. Então não é que se esqueceram que iam ter hóspedes naquela noite? Mas foram super prestáveis e simpáticos e numa rápida espera de 5 minutos estava o nosso quarto pronto. E um belo quarto, com espaço de estar com sofá e televisão. Achei bastante querida a decoração da casa-de-banho.

Perguntámos onde havia por ali perto um bom local para jantar e foi-nos recomendado o restaurante no Fairways Golf Club. Com mesa marcada aproveitámos a caminhada de 10 minutos para esticar as pernas. O restaurante afirma oferecer um ambiente familiar. Gostaria imenso de dizer que a comida era espetacular, mas não. O hambúrguer do meu marido veio esturricado e o meu frango muito mas muito seco.

Como a comida foi uma desilusão decidimos ir explorar Inverness. Fomos a um bar The Piano and Whisky Bar Inverness. O ambiente também aqui estava um bocado morto, mas mesmo assim melhor de onde tínhamos vindo. Ainda deu para nos aquecermos com um French Martini e um whisky.

O primeiro dia em Inverness tínhamos aberto o apetite para nos atirar para os próximos dias. Só faltava era estar bom tempo e fazer-nos à estrada.

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