Esta não foi a última viagem de 2021, mas foi certamente a mais longa. 3 amigos, 5 dias, 1 carro e milhares de quilómetros através da costa sul-este da Irlanda. Começámos em Cork e acabámos Strandhill. Foram muitas paragens, muitas conversas e obviamente muita chuva, como manda o bom tempo irlandês. Se acham que chove em Inglaterra o que se poderá dizer da Irlanda?! Afinal aqueles prados verdes e bonitos existem por uma razão – chuva. O que realmente faltou na viagem foi um bocado de sol e teria tornado as fotografias, a experiência e a Irlanda um país ainda mais bonito. No entanto, o mau tempo não deixou de dar um toque mais dramático às fotos, como poderão ver abaixo. Já tinha tido oportunidade de conhecer Belfast e Dublin, mas já há muito que falávamos em fazer esta “road-trip”.


Na altura que fomos, setembro 2021, ainda havia bastantes restrições relativamente ao Covid – o certificado de vacinação ou PCR negativo era obrigatório para restaurantes e bares e tudo fechava às 11 da noite. Máscara era obrigatória em todos os recintos fechados assim como manter os conhecidos 2 metros de distância.É importante também perceber um pouco da cultura e história da Irlanda. Existe ainda hoje um grande conflito entre protestantes e católicos. Houve uma importante guerra na Irlanda a que foi chamada “The Troubles” entre os anos 60 e 1998. E o conflito não foi (é) só religioso ou relacionado com crenças religiosas, mas também políticas como acreditarem se a Irlanda do Norte deva ou não fazer parte do Reino Unido ou se deveria ser antes uma Irlanda unificada. Estes conflitos ainda existem apesar de menos agressivos, mas ainda se faz sentir e ainda existem manifestações um pouco por todo o país.

Outro ponto histórico que marcou bastante a Irlanda foi a Grande Fome (“The Great Famine“) entre 1845 e 1849. Muita gente morreu à fome. A dimensão desta pobreza extrema foi de tal forma que a população irlandesa diminui entre 20 a 25%. A causa foi uma praga que atingiu o cultivo de batatas, que era o principal alimento da população. Em memória daqueles que morreram existe em quase todas as cidades da Irlanda um memorial relacionado com a Grande Fome.
Num tom mais positivo, algo que também é conhecimento comum dos irlandeses é a sua afeção para a bebida. Whisky e a cerveja Guinness são duas bebidas muito apreciadas da Irlanda.


Começámos a viagem por Cork. Saímos do aeroporto e apanhámos o autocarro diretamente para o centro da cidade. Uma viagem de 20 minutos e chegávamos assim à capital irlandesa da comida. Como já chegámos a meio da tarde não tivemos muito tempo para explorar devidamente Cork. Um passeio rápido pela cidade com uma paragem para bebidas e comida no restaurante Nosta.


Ainda fomos até ao porto de Cork – sendo uma cidade perto do mar a pesca é um foco importante de comércio. Como vos disse e como podem ver pelas fotografias, o tempo não estava nada de jeito. Apesar de termos só passado umas horas em Cork deu para sentir que a vibe desta cidade é a de uma cidade europeia, negócio misturada com alguns edifícios de arquitetura antiga.


Como passava das 5 e meia da tarde não tivemos tempo para parar na chamada Pedra da Eloquência (The Blarney Stone). Esta pedra faz parte das ameias do castelo de Blarney e para aqueles que desejam obter a capacidade fascinante da eloquência ou do bem falar tem que beijar a pedra. Agora o beijo tem que ser feito de cabeça para baixo, visto que para chegar à pedra é preciso subir até ao topo do castelo e depois estender o corpo para trás. Normalmente está um funcionário de propósito para ajudar as pessoas a fazer esta acrobacia. Parece giro e temos pena de não termos lá ido, mas o castelo já estava fechado (fecha às 5).
Até porque tínhamos marcado a nossa primeira noite desta “road-trip” em Fossa Guest Accommodation em Killarney. De Cork até ao sítio onde iríamos pernoitar foi cerca de 1 hora e meia a conduzir e por isso é que a paragem em Cork teve que ser rápida e eficiente. Chegámos era noite cerrada, mas a dona da casa foi super comunicativa, simpática e prestável. Nós eramos 3 e reservamos um quarto conjunto com casa-de-banho privativa e pequeno-almoço incluído. O quarto era enorme e então a casa-de-banho ainda maior. Sendo esta uma casa de campo havia algumas restrições em termos de tomar banho – só antes das 11 da noite porque a bomba iria fazer barulho e causar distúrbios aos outros hóspedes. No entanto, fica num local muito bonito, com campos verdejantes à volta da casa. O pequeno-almoço também muito bom, talvez simples nada de pratos complicados mas a dona da casa muito prestável.


Voltando ao jantar fomos a pé até ao “The Golden Nugget Bar & Restaurant“. Devido às restrições do covid não se podia comer no interior, mas aqui arranjaram um telheiro com mesas e banco corridos de madeira num local bastante espaçoso. Eu gostei bastante do ambiente, calmo, acolhedor e ao mesmo tempo descontraído. Era mesmo o que precisávamos para acabar o nosso primeiro dia em viagem.

Ainda antes de voltarmos para a guest house tentámos ir beber um cocktail ao hotel de 5 estrelas “The Europe Hotel & Resort” mas infelizmente a entrada era só para os hóspedes do hotel. Pensamos que assim o é devido ao Covid. Aparentemente a fotografia no bar do hotel com vista para o mar é a fotografia que todos querem ter para o postar no Instagram. E eu fui com gente que liga muito ao Instagram e outras redes sociais.
No dia seguinte fomos à procura da cascata de Torc (waterfall Torc) em Killarney National Park. Confesso que mais que a pedra da eloquência, tenho pena de não ter explorado mais este parque nacional. Pelas fotografias parece que existem vários locais de interesse por onde passar e explorar.


Também é verdade que com chuva o convite a atividades exteriores é levada com menos entusiasmo (prometo que não falo mais vezes que choveu quase todos os dias) mas pareceu ser uma zona muito bonita da Irlanda. Mas fomos à cascata de Torc. Demos uma volta maior do que necessário porque deixámos o carro mesmo ao lado da cascata, mas fomos pelo lado contrário fazendo assim o trilho circular. A cascata em si, impressionante. Tem que se descer vários lanços de escadas e de rampas mas vale mesmo a pena.


Depois das esperadas mil fotografias voltámos para o carro e seguimos para Lady’s View já em direção do conhecido Ring of Kerry (Anel de Kerry). Aqui encontra-se um café de onde se tem a vista plena da Lady’s view. Este ponto panorâmico é assim chamado devido às damas de companhia da Rainha Victória que ficaram completamente pasmadas com a paisagem.


Chegando a hora de almoço fomos para Kenmare. Kenmare é uma cidade muito gira, com as famosas casas todas de diferentes cores. Aparentemente as casas assim coloridas têm história e esta paisagem típica não se vê só em Kenmare mas em muitas mas mesmo muitas cidades, vilas e aldeias da Irlanda. Não sei se é mesmo verdade ou mais umas lendas por isso não aceitem o que vou dizer a seguinte como completo facto histórico. Mas a história é engraçada e revela um pouco como os irlandeses não gostam muito dos ingleses. Quando a rainha de Inglaterra, rainha Vitória, morreu em 1901, a Irlanda estava sobre a soberania de Inglaterra. Para mostrar o estado de luto foi dito aos irlandeses para pintaram as suas portas de preto. Mostrando o seu espírito rebelde, os irlandeses pintaram antes as suas casas de cores fortes, tornando as ruas da Irlanda um leque de cores.


Como disse em outras cidades também vimos estas casas pintadas de cores diferentes. Mas por agora deixo-vos enquanto tomo um cappuccino na casa de chá Poffs.
Ah, uma última curiosidade: A Primark na Irlanda é conhecida por Penny’s. É exactamente igual apenas o nome muda.
Aqui vai o segundo post sobre a road-trip pela costa sul-este da Irlanda. Até aqui já visitámos Cork, Killarney e Kenmare. Em Kenmare depois de um abastecimento de água e comida embrenhámos ainda mais no famoso Ring of Kerry (anel de Kerry). A nossa ideia era ir parando pelo caminho e aproveitar as bonitas paisagens que vimos nas várias pesquisas realizadas em casa. E teríamos parado muito mais se o nevoeiro não tivesse entrado em cena. Ainda tentámos tirar umas fotografias, mas podem ver que não se via muito da paisagem.


Foi um bocado chato porque o Ring of Kerry tinha sido uma das razões principais para esta viagem, mas aqueles que viajam com alguma regularidade sabem que o tempo é uma das coisas que não se consegue controlar. É aceitar e aproveitar ao máximo. Um dos locais que queríamos e quisemos parar foram os penhascos de Kerry (Kerry Cliffs). Perto dos penhascos há um parque de estacionamento e também casas de banho – ambos muito importantes em viagens pela estrada. O bilhete para entrar na zona dos penhascos custa 4 euros. Kerry cliffs têm uma altura de 300 metros. Eu diria que pelo menos 1 hora – 1 hora e meia para passear por ali, se quiserem apreciar com tempo a paisagem natural e dramática. Para os que gostam ou têm como hobby observação de aves, este é um local único.



Os penhascos de Kerry é o local mais próximo das ilhas de Skelling, ambas conhecidas por terem como habitantes uma enorme e diversificada população de aves. A maior ilha, chamada de Skellig Michael é considerada Património Mundial pela UNESCO devido ao mosteiro que ali existe.
Para almoçar fomos até a Portmagee, a cidade que fica mais perto dos Kerry cliffs. Escolhemos o bar “The Moorings“. Eu pedi o Cajun Chicken Burguer, um hambúrguer de frango com queijo brie e geleia de cebola roxa que estava muito saboroso. Um dos meus amigos disse que a Guiness que lhe tinham servido era uma das melhores que ele até então tinha bebido – e ele é irlandês por isso a sua opinião vale de alguma coisa.Saindo do Ring of Kerry fomos para Dingle. Como sugestão digo-vos que supostamente Dingle tem uma vibrante vida noturna, nós não o confirmámos tanto porque não ficámos hospedados em Dingle como porque como vos disse no último post, as restrições relativamente ao COVID ainda estavam em vigor e, portanto, todos os estabelecimentos encerravam ás 11 da noite. Em Dingle, também existe a correnteza de casas coloridas todas de uma cor diferente.


Mas talvez o facto mais conhecido de Dingle é a estátua de um golfinho. Desde 1983 um golfinho a quem deram o nome de Fungie vinha muitas vezes até à baía local procurando contacto com os humanos. O golfinho foi avistado pela última vez em 2020 e em sua memória criaram a estátua que representa esse mesmo golfinho.


Nos restaurantes locais ainda tentámos arranjar mesa para jantar, mas infelizmente estava tudo cheio. No entanto, conseguimos uma mesa para cocktails num sítio chamado An Droichead Beag. Pedimos as bebidas a um empregado, que sorrir não era com ele e o que não tenho a certeza era se pensar também não era com ele. Depois da primeira rodada de bebidas pedimos mais, mas ele pareceu não entender que estávamos a pedir mais bebidas. E acreditem que não era um problema de linguagem. Depois de pelo menos 5 minutos a anotar o pedido desapareceu por algum tempo até voltar para dizer que agora tínhamos que pedir as bebidas noutro sítio do bar. Com isto pensámos que talvez o melhor fosse mesmo irmos para Tralee, onde íamos passar a noite. Bom sítio para bebidas e para experiências bizarras.
Chegámos a Tralee já bastante mais tarde do que o suposto. Se vocês se aventurarem a uma road-trip do estilo tenham atenção às distâncias entre os locais que querem parar e fazer uma estimativa em e entre cada paragem. Em alguns pontos desta viagem pareceu-nos que não tivemos tempo suficiente para simplesmente aproveitar o momento. Em Tralee ficámos em Tralee Townhouse. Como já chegámos tarde tivemos que ir buscar as chaves do quarto ao pub “Sean Ogs Bar & B&B“. Como nos pareceu que o ambiente estava animado dentro do pub mal pusemos as malas no quarto foi para lá que voltámos. Arranjaram-nos mesa mesmo nas entranhas do pub. Porquê digo nas entranhas do pub? Porque depois da sala do pub havia um grande salão, parecia uma espécie de celeiro separado com várias tábuas. O ambiente estava animadíssimo e sim, aqui as restrições em relação a distanciamento social estavam bem mais aliviadas. Mas, ainda assim às 11 da noite deixaram de servir e à meia-noite o estabelecimento fechou. Como acabámos por não encontrar sítio para jantar ainda fomos a comer um kebab a uma das poucas lojas ainda abertas àquela hora “tardia”.


No dia seguinte, fomos ao pequeno-almoço, que estava incluído com a marcação do quarto. O pequeno-almoço foi o tradicional pequeno-almoço irlandês que para quem não conhece parece-se bastante com o pequeno-almoço inglês. Aliás tudo é igual – tomates, bacon, salsichas, ovos, feijões etc., mas o que diferente é o chamado “white pudding”. O white pudding é o mesmo que black pudding mas sem sangue. O black/white pudding é uma basicamente uma mistura de cereais e especiairias com gordura de porco – muito parecido às nossas “morcelas de sangue”. No British full breakfast não há o white pudding apenas o black pudding (versão que contém sangue de porco), na versão irlandesa servem os dois.

A informação que nos tinha sido dada antes de virmos nesta viagem era que Tralee era uma cidade pouco segura e sem algum interesse. No entanto, depois da noite bem passada no pub e de dar uma volta pela cidade não nos pareceu assim tão má.

Próxima cidade – Limerick. Limerick é conhecida como sendo o condado administrativo. A cidade de Limerick tem um passado bastante ligado à guerra, tendo sido cercada 3 vezes durante o século XVII. O edifício mais prominente de Limerick é o castelo do Rei João que foi construído em 1197.
Apesar de ter sido construído no século XII o castelo do Rei João é dos mais preservados na Europa. Ainda hoje os muros, torres e fortificações permanecem de pé. Mesmo ao lado do castelo pode-se ver o rio Shannon. Não chegámos a entrar dentro do castelo, mas demos um passeio pelas ruas da cidade.


E em seguida íamos a outro local muito esperado nesta viagem – as falésias de Moher. Aconselho aqui a contarem passar uma manhã ou uma tarde a passear pelas falésias. A entrada para as falésias não é paga como em Kerry, no entanto se forem de carro só há um local possível para estacionar que é ao lado do centro de visitantes. Portanto, com isto acabam por ter que pagar na mesma. A menos que venham numa excursão, mas claro que essa também não será de borla. Eu tenho ideia que se pagou 10 euros por pessoa – mas podem ver no site oficial das falésias aqui.



Uma coisa que estava era vento e forte. Por isso aconselho cuidado e roupa apropriada se não tiverem a sorte esplêndida de um sol radiante e tempo ameno. A extensão das falésias são 14 km (8 milhas) e a altura máxima de 214 metros. Anualmente passam por aqui 1 milhão de visitantes. As paisagens dramáticas das escarpas a pique até ao mar mostram o porquê deste local ser tão conhecido na Irlanda.




Para segurança dos visitantes os trilhos pedonais estão bem marcados e com cordas a delimitar onde é seguro andar e onde não é. Claro que muitos de nós temos Instagram ou outras redes sociais e todos queremos aquela fotografia sensação. Nós e outro milhão de pessoas. E como é óbvio há quem se entusiasme e coloque-se em situações de risco por vezes com consequências graves. É por isso que existe uma placa a meio do caminho com o nome de “Selfie death” (a selfie da morte) com o nome daqueles que morreram porque acidentalmente caíram das falésias. Não sei o quanto vale arriscar a vida por uma fotografia no Instagram. Para mais penso que quando uma pessoa cai, o telemóvel também e por isso a grande fotografia nunca aparecerá. Um problema da atualidade num local mais antigo e grandioso que todos nós.
E a culpa não é das falésias é da idiotice!
Próxima paragem: Galway
Galway foi certamente de todas as cidades que visitámos na Irlanda a de que mais gostei e onde voltaria de bom grado para um fim-de-semana e já agora aproveitar para ir até à costa. Não o fizemos porque ficava a uma hora de viagem de Galway e já tínhamos uma grande de bagagem de quilómetros atrás de nós e mais uns quantos à nossa frente. Explorámos mais Galway do que todas as outras cidades e foi a melhor escolha. Ficámos instalados no hotel Menlo Park Hotel – hotel de 4 estrelas com um óptimo ambiente. O quarto que nos calhou era enorme e a casa-de-banho parecia ser tirada diretamente de uma revista de imobiliário. Talvez o único senão seja a localização pois não fica no centro da cidade. Mas rapidamente e facilmente se chega ao centro de Galway.


Chegámos no final do dia a Galway – depois do check-in e arranjarmo-nos para sair fomos de táxi para Galway. E que cidade! Estava ao rubro. Eram já 8 e tal por isso os restaurantes estavam cheíssimos. Acabámos sentados à mesa do restaurante italiano Trattoria Magnetti simplesmente pelo facto de este restaurante ainda ter mesas livres. Mas não deixem enganar-se pelo meu comentário – As pizzas eram muito boas. A calzone era enorme e foi só pena já não haver espaço para sobremesa. Talvez o que se poderia apontar era a velocidade do serviço, porque demorámos bastante tempo a ser atendidos e a comida a chegar. Não por falta da qualidade dos trabalhadores, mas sim mais pela quantidade. Sexta-feira à noite espera-se uma noite com muito movimento, mas quem nos atendeu desculpou-se várias vezes mencionando estarem com falta de pessoal.Por causa deste pequeno atraso, quando saímos do restaurante já passava das 9 e meia. (Tudo fecha às 11!!) Talvez para perceberem melhor a nossa escolha para o local seguinte informo-vos rapidamente que um dos meus amigos que vinha na viagem é homossexual – e ele estava a morrer para conhecer o único gay bar em Galway. E assim acabámos a noite no Nova Bar.


O bar é bastante pequeno principalmente para quem vem de Londres, mas isso não nos impediu de pedir bastantes shots e mais algumas bebidas.
Sábado de manhã começámos a explorar Galway agora à luz do dia. Primeiro fomos ao pequeno-almoço no hotel – o melhor da viagem digo já de passagem. Havia os pratos quentes como panquecas ou o pequeno-almoço inglês, e depois a parte continental com pão, queijo, frutas, etc. Definitivamente este foi o melhor hotel da viagem (mas também o mais caro). Depois de um rápido e eficiente check-out fomos para o centro de Galway.

Avançámos pelo Spanish Arch (arco espanhol) local que é hoje considerado um importante ponto histórico da cidade. O Arco Espanhol é um bastião que foi construído pela extensão das muralhas medievais da cidade. Concluído em 1584 tinha o objetivo de proteger e defender o cais, local de importante comércio com a Inglaterra e Europa. O Arco Espanhol era inicialmente conhecido como “Head of the Wall” (cabeça da muralha) mas com o tempo ficou mais conhecido por Arco Espanhol (talvez devido às grandes e importantes relações comerciais com a Espanha). Existiam 4 arcos nesta zona, mas só dois sobreviveram depois do tsunami que se originou em 1755 durante o terramoto de Lisboa.

Sugiro como próximo local de paragem a catedral de Galway. E que para aqui chegarem a partir do Arco Espanhol que sigam o rio acima (?abaixo) para terem paisagens encantadoras. A catedral de Galway é uma das mais recentes catedrais de pedra na Europa, tendo sido inaugurado a 15 de agosto de 1965. Chegámos foi à catedral numa má altura porque estava a decorrer a missa naquele momento. Como sinal de respeito não vimos muito bem a catedral por dentro, pois não íamos andar de um lado para o outro dentro da igreja feitos turistas parvos.



Para acabar a nossa paragem em Galway que tanto tínhamos gostado fomos passeando pelas ruas festivas da cidade. Encantadoras lojas de chá, ruas vibrantes e coloridas foi o que encontrámos em Galway.



Parámos no Eyre Square também conhecido por memorial de John F. Kennedy. Este último nome é lhe dado por ter sido neste parque que o presidente fez o seu discurso em 1963 numa visita a Galway. O que nos ficou deste sítio foi um pombo que voou diretamente para dentro da boca do meu amigo. Pombos em Galway são badass. Depois de termos quase morrido a rir com este episódio deixámos Galway para trás. Como disse no início deste post, Galway é uma cidade que não me importaria de revisitar especialmente em tempos menos críticos – sem COVID – e aproveitar para visitar mais um pouco da “Wild Atlantic Coast” (costa selvagem do Atlântico).
A pouco e pouco ia chegando o final da nossa viagem. Tínhamos já perdido a conta das terras, condados, cidades e vilas por onde passámos. Partimos de Cork e depois de 4 dias a viajar pela estrada chegávamos ao nosso destino final – Strandhill.
Sligo
Para almoçar fomos a Sligo, a cidade mais perto de Strandhill. Tanto Sligo como Strandhill são locais bem conhecidos por uma das pessoas que participou nesta viagem visto esta ser a sua terra natal. Passeando pelas ruas bonitas, memórias de infância chegavam com alguma melancolia. Como a nossa ideia era petiscar fomos descendo ao lado do riacho, à procura de um restaurante que nos chamasse a atenção.



Acabámos por primeiro tentar visitar as ruínas da Abadia de Sligo, mas infelizmente encontrava-se (e ainda se encontra) fechada. Pelas fotografias parece ser um lugar interessante por isso se tiverem sorte de encontrar os portões abertos não percam a oportunidade de a visitar. Também outro marco histórico presente em Sligo é o memorial da Grande Fome – época histórica de que vos falei no primeiro post sobre esta viagem.


Para almoçar parámos no “The Blind Tiger” um pub que também inclui o restaurante tailandês “Camile Thai Sligo”. Pedimos Pad Thai que tenho que confessar estava delicioso. Recomendo muito, apesar de ter achado o preço demasiado exagerado para o local. No entanto, aviso que a Irlanda não é um país barato, especialmente restaurantes e bares. Mas como disse, o sabor compensou.
Strandhill
A minha colega tinha-me dito que em Strandhill o sol nunca deixa de brilhar. Claro que não é bem assim, afinal ainda é da Irlanda que estamos a falar – um país que chove dias e meses sem parar. Mas uma coisa é certa, se fosse só a contar com a minha experiência em Strandhill tenho que dar a mão à palmatória – enquanto aqui estivemos o sol brilhou.

Strandhill é uma pequena vila costeira conhecida pelos surfistas e por amantes de caminhadas. Como nós ficámos na casa de família da minha colega não vos posso dar uma opinião do sítio onde ficámos. No entanto posso-vos indicar Strandhill Lodge and Suites, um resort que inclui banhos de algas. Este resort está muito bem avaliado no TripAdvisor e é considerado 3º melhor hotel da Irlanda.


A praia em Strandhill é lindíssima, se calhar com mais pedras do que estamos habituados em Portugal, mas mesmo assim lindíssima. Caminhar junto ao mar terminava a nossa longa viagem de uma forma perfeita. Reparámos várias vezes que na Irlanda especialmente nos pontos turísticos ou importantes havia postes de ferro com o nome do local. Vimos estas sinalizações em vários lugares como nas falésias, em cidades e agora aqui na praia de Strandhill.

Quando começou a arrefecer e o dia escurecia fomos para o Strand Bar para bebidas. Para jantar tentámos o The Venue Bar and Restaurant, para além de estar bem avaliado pareceu-nos que teríamos uma ótima vista para o mar. Mas como já devíamos ter esperado o restaurante estava lotado para aquela noite. Acontece bastante quando não se é bem organizado. Mas também acho que se perde oportunidades e ganha-se outras. Às vezes acaba-se num local melhor do que o esperado. Nesta ocasião, pareceu-nos que o restaurante tinha valido a pena, por isso já sabem marquem mesa com antecedência. Com esta tentativa falhada decidimo-nos por um take away que acabou por ser no Jade Garden Oriental, um restaurante chinês perto da praia. A adição de mais umas garrafas de vinho compradas no minimercado da zona fizeram o nosso serão bastante confortável e relaxante.
No dia seguinte, o último dia da viagem, aliás havia voos para apanhar no final do dia fomos explorar Strandhill. Para pequeno-almoço fomos até ao Shells Cafe. Em Strandhill fica tudo muito perto umas coisas das outras.

Tentámos comer no paredão, mas foi impossível. Sabem em Portugal quando nos queixamos que as moscas não nos largam? Pois, em Strandhill são abelhas. A sério, nunca tinha visto nada assim – onde nos sentávamos 4 ou 5 abelhas apareciam e andavam ali à volta. Tivemos mesmo que ir para casa comer.

Planos para Strandhill – se tiverem tempo aproveitem para subir o monte Knocknarea. O monte ainda é grandito por isso contém com um dia para a caminhada (ida e volta). Existem vários pontos de interesse como a floresta Glen, um cemitério do megalítico e também a tumba Queen Maeve’s Grave. Se tivéssemos passado aqui mais tempo, esse teria sido um dos planos. Com tempo mais limitado fomos até à praia e seguimos o caminho de areia até Killaspugbrone, as ruínas de uma igreja.

Existe uma história associada a esta igreja. Se é apenas uma lenda não sei, mas é contada como verdade. São Patrício, segundo consta, visitou esta igreja no século VI. Devido ao terreno acidentado São Patrício caiu e perdeu um dente. A Bronus, o bispo local e quem construi a igreja, foi lhe dado o dente em sinal de amizade.

Esta relíquia foi tratada com grande reverência por muitos séculos e eventualmente colocada num santuário de madeira decorado com peças de ouro, prata e âmbar. O santuário também tem a figura de uma harpa que representa o emblema irlandês. Este santuário encontra-se atualmente no Museu Nacional da Irlanda. Também para aqueles que não sabem, São Patrício é o santo padroeiro da Irlanda e na data da sua morte, 17 de março, por todo o país realizam-se grandes celebrações, como a que tivemos oportunidade de ver em Belfast.
Mesmo antes de partimos e como estava um sol radiante fomos para a gelataria da zona, Mammy Johnston. Gelados muito bons, recomendo a 100%. Foi incrível ver a vila a encher de gente, o sol estava alto, o calor sentia-se na pele e o som do mar mesmo ali ao lado. Foi com muita pena que tivemos que deixar Strandhill, que para nós foi definitivamente a terra onde sol nunca deixou de brilhar.


E assim acabava, mas… ainda tivemos tempo de fazer uma paragem rápida e andar até Castle Classiebawn Viewpoint – o local de onde se podia ver o castelo de Classiebawn.

E é isto a Irlanda, um misto de coisas boas, de locais de encantar, de locais encantados e aquela sensação de estarmos num mundo onde os duendes existem e os trevos escondem uma magia desconhecida.