Ilha de São Miguel

Quis deixar a ilha de São Miguel para último, não porque não gostámos de visitar a ilha, de maneira alguma, mas porque foi onde passámos mais tempo e por isso queria dar especial atenção à ilha que me fez sonhar acordada, a ilha de São Miguel.

A ilha de São Miguel é a maior ilha do arquipélago dos Açores e aquela que é mais fácil voar desde Portugal (ou de outros países). O aeroporto em Ponta Delgada, São João II foi onde aterrámos depois da nossa primeira aventura no Pico. Mais uma vez alugámos o nosso carro na agência Ilha Verde e depois de nos instalarmos fomos para a cidade de Ponta Delgada. A nossa prioridade era encontrar um sítio rápido para almoçar. Como muitas vezes acontece quando chegamos assim de repente a um sítio desconhecido e está na hora de comer, procurámos o centro comercial mais próximo; desta vez o “O Parque Atlântico” e lá fomos nós para no Burguer King. Para quem conhece as nossas viagens, sabe que isto acontece várias vezes.

Burguer King no Parque Atlântico

O centro comercial fica a cerca de 10-15 minutos do centro da cidade e foi onde sempre estacionámos o carro mesmo quando fomos visitar Ponta Delgada, ficando aqui a dica para quem não gosta de andar à procura de estacionamento.

Para a tarde tínhamos reservado algo que pensámos ser uma experiência excecional – a primeira tentativa de mergulho. Com marcação para o início da tarde com a empresa BEST SPOT AZORES PADI 5* DIVE CENTER (website aqui) lá fomos nós todos contentes. Antes de nos vestirmos a rigor e entrarmos para o barco que nos levaria ao local de mergulho, houve uma “pequena” explicação dos cuidados básicos. A partir deste ponto eu e o meu marido já não estávamos tão certos que isto fosse correr bem. Mesmo assim vestimo-nos e lá fomos para o local ao pé de um recife. Ao contrário do que acontece com quase toda a gente que depois de experimentar mergulho pela primeira vez diz “foi muito fixe”, “aquilo é tão bonito lá em baixo”, “ah tantos peixes” nós fomos diferentes: eu acabei por ter um ataque de claustrofobia por isso desisti e o meu namorado acabou a vomitar dentro do barco. Por isso foi assim a nossa experiência de mergulho – sempre a aprender – e a lição aqui foi “Mergulho Não!”

Depois de esta experiência tudo menos enriquecedora fomos para o hotel. A principal razão da nossa vinda aos Açores tinha sido um voucher que nos deram quando comprámos as alianças, estadia grátis de 5 noites com pequeno-almoço em Portugal. Assim sendo, pensámos que era a desculpa ideal para irmos finalmente aos Açores. A nossa reserva estava marcada com o “Hotel Vale do Navio” em Capelas. Não imaginam a nossa cara de espanto quando chegámos e aquilo era um hotel fantasma. Estava completamente vazio. Ainda não desesperados mas consternados e um bocado preocupados ligámos para o contacto que tínhamos e disseram-nos que realmente o hotel estava fechado e que a nossa reserva tinha sido mudada para um hotel ali perto o “Pedras do Mar Resort & SPA”. Tenho-vos a dizer que isto acabou por ser um upgrade ao nosso hotel – este era um hotel de 5 estrelas bem mais perto do mar. O quarto era fantástico, o bar estupendo, o pequeno-almoço delicioso e a vista soberba. Não vos posso recomendar mais. Nós não nos queríamos vir embora (como podem ver pelo vídeo da nossa vista do nosso quarto e pelas fotografias).

Para acabar o nosso primeiro na ilha de São Miguel em grande fomos jantar ao “Restaurante da Associação Agrícola de São Miguel” (website aqui). Aviso-vos que é extremamente difícil arranjar mesa sem marcação. O restaurante tem duas partes e nós quisemos experimentar ambas, o que fizemos em dias diferentes. No primeiro dia, porque não tínhamos reserva ficámos na parte exterior, a parte de Churrasco (que nós achámos que era a melhor) e a parte interior que é o próprio restaurante. Digo-vos esta foi uma das melhores carninhas que já comi na vida. Não é sem razão que é tão difícil arranjar mesa neste restaurante, no entanto estando nos Açores têm que experimentar o que é um dos mais conhecidos restaurantes da ilha.

Nós estivemos em São Miguel durante quase 5 dias e apesar de termos ido no final de Setembro, houve dias que mostraram como é viver numa ilha relativamente ao tempo, isto é super incerto. Para além disso numa zona da ilha poderá estar um lindo dia de sol e no outro nevoeiro completamente cerrado. No primeiro dia de viagem pela ilha de São Miguel focámo-nos na parte a oeste da ilha, mais precisamente na zona da Lagoa das Sete Cidades. Assim depois de um ótimo pequeno-almoço seguimos para o Miradouro das Cumeeiras. E assim foi a bela vista da foto em baixo que pudemos desfrutar.

Já estava com ela fisgada para o ataque

Podia ter sido pior? Podia. Mas estava pior quando lá chegámos, estivemos foi a fazer tempo à espera que pelo menos conseguíssemos ver alguma coisa. E felizmente o sol ainda sorriu timidamente e deixou-nos tirar uma fotografia que mostre a beleza dos Açores. Enquanto estivemos à espera tivemos por companhia vacas. Sim, vacas, elas estão por todo o lado. Aliás íamos sendo quase atacados por elas enquanto estávamos dentro do carro. Elas bem que tentaram atacar por todos os lados do carro até estarmos completamente cercados, até que fomos salvos por uma senhora com ar de amazona.

Para o meio da manhã tínhamos marcado uma sessão de kayake com a agência Garoupa Canoe Tours (website aqui). Assim andámos para lá às volta na lagoa azul e na lagoa verde. Confesso que isto sendo a minha primeira experiência apercebi-me que não tenho deveras muito jeito para isto. Mas, pelo menos tentei. No entanto se não fosse pelo meu marido ainda agora andava lá as voltas sobre mim mesmo até que alguém tivesse pena de mim e me resgatasse.

A nossa segunda paragem era a Ponta da Ferraria onde se encontra uma piscina oceânica natural de água termal. Pelo caminho apercebi-me porque as flores são uma das imagens mais prominentes do Açores. Realmente a experiência de conduzir numa estrada rodeada de flores tão bonitas não deixa ninguém indiferente.

São Kms maravilhosos disto, flores and flores…

A piscina natural que andámos à procura faz ligação com o mar. A água não estava tão quente como pensei, mas também o tempo e a chuva não ajudavam. Obviamente isso não me impediu de me juntar aos muitos que também lá estavam. Para quem quiser desfrutar esta zona ao máximo existe um spa nessa zona com vista para o mar.

Esperando que o tempo estivesse do nosso lado durante a tarde o nosso percurso era voltar para a Lagoa das Sete Cidades, onde parámos na ponte que separa as duas lagoas e em seguida para dois miradouros que pareciam promissores – O Miradouro da Vista do Rei e o Miradouro da Grota do Inferno. No entanto, sem sorte; se estava mau de manhã, agora ainda estava pior e decidimos acabar por ali a nossa exploração (mas ainda conseguimos voltar ao miradouro da Vista do Rei noutro dia e sim, vale a pena). Uma das curiosidades desta zona é que mesmo ao lado do miradouro pode-se ver a estrutura completa de um hotel abandonado – o Hotel do Monte Palace. Este hotel está ao abandono desde os anos 80 e com aquele tempo de nevoeiro parece mesmo um hotel fantasma.

Ponte que separa a lagoa verde da lagoa azul

Para jantar, decidimos experimentar um restaurante que ficava perto do nosso hotel – O Botequim Açoriano. Talvez a muitos pareça estranho terem um restaurante ao lado de um cemitério, mas pela comida vale a pena. Nós experimentámos um prato de polvo – “Polvo à Botequim” que vos digo ser tão bom que voltámos aqui no último antes de deixarmos a ilha, para repetir a iguaria. Não vos minto, neste momento devoraria um prato bem servido de polvo.


Seguindo para o dia seguinte com esperanças de um tempo melhor desta vez para a zona central da ilha. Começámos pela Ermida de Nossa Senhora da Paz, uma capela com vista panorâmica (uma vista espetacular tenho que dizer) construída no século XVIII. A capela no seu interior é muito simples, mas não se iludam o exterior é lindíssimo. Uma vez mais, as flores adicionaram um fator extra.

A lagoa do Congro foi a nossa próxima paragem. É preciso andar um bocado até chegar a esta lagoa meia escondida pela vegetação, mas vale a pena o pequeno esforço.

O nosso itinerário teve que ser modificado devido ao tempo. Hoje estava também nevoeiro e por isso decidimos pela tarde irmos visitar uma das zonas mais conhecidas não só da Ilha de São Miguel mas de todos os Açores – As Furnas. Quem é que nunca ouviu falar sobre o famoso cozido à portuguesa que é feito dentro de água a ferver nos Açores? A típica paisagem de pequenas caldeiras no chão a emitir fumo e água a fumegar.

Caldeiras da Lagoa das Furnas

Primeiro parámos no Miradouro do Pico do Ferro de onde podemos avistar por completo a Lagoa das Furnas. E antes de estacionarmos o carro perto das Furnas para ali passear fomos visitar a Cascata da Ribeira Quente. Aviso que para visitar esta cascata têm que deixar o carro depois dos túneis (são dois não muito longos), estacionar em cima da erva, andarem para dentro do túnel, passar pela barreira de ferro na zona que separa os dois túneis e descerem as escadas. Difícil? Nem por isso, mas talvez um bocadinho mais perigoso do que tínhamos em conta para visitar uma cascata. No entanto, enquanto andávamos aqui no meio desta pequena aventura, muitos como nós faziam o mesmo.

Finalmente, estacionámos o carro nas Furnas e podemos visitar a chamada “Caldeiras da Lagoa das Furnas“. O cheiro característico a enxofre está bem presente nesta zona, mas não deixa de ser espetacular estas manifestações vulcânicas. Não tivemos oportunidade de experimentar o cozido feito aqui, o que foi pena, mas já se sabe que nas viagens fica sempre algo por fazer. Como tínhamos feito marcação para o Restaurante da Associação Agrícola de São Miguel que vos falei no post anterior (ver aqui) não fomos até à Poça da Dona Beija, o que ficou para o dia seguinte – não percam por nada este sítio de que vos falarei no próximo post. Com esperanças ainda de podermos ver a Lagoa do Fogo antes do jantar, parámos no “Miradouro da Lagoa do Fogo” e só vos digo que ficámos com pena de não passar mais tempo nesta ilha para podermos explorar com tempo cada cantinho. Porque realmente os Açores é um local de beleza sem comparação.

Lagoa do Fogo

Terceiro dia na ilha de São Miguel. O dia começou de uma maneira magnífica no Salto do Cabrito, uma cascata com um laguinho. A água é muito fria, mas difícil de resistir não entrar por ali adentro. Uma das coisas mais especiais de visitar os Açores foi a oportunidade de nadar debaixo de cascatas. E definitivamente o Salto do Cabrito criou memórias especiais.

Passámos em seguida para um outro local que adorámos visitar, o Monumento da Caldeira Velha. Este parque é mais conhecido por ser um dos locais com águas termais onde se pode tomar banho, mas devido ao COVID-19, neste momento não é possível fazê-lo. Mas apesar de não se puder aproveitar os banhos de águas quentes o parque vale a pena ser visitado. O local apesar de ser nos Açores cria um ambiente tropical, muito distinto.

Tendo o sol sorrido para nós, aproveitámos para visitar os miradouros. E o primeiro foi o Miradouro da Pedra dos Estorninhos. Obviamente, como esperado, a vista era de cortar a respiração. Mesmo ali ao lado fica o Miradouro do Salto da Farinha onde existe uma cascata altíssima. Para chegar à cascata é preciso passear por um parque/bosque, mas não é de difícil acesso.

Se tudo o que tínhamos visto até ali tínhamo-nos deixado de coração cheio, mais foi o que veio a seguir. Fomos visitar o Parque Natural dos Caldeirões. Posso-vos dizer que foi dos sítios mais bonitos que já tive oportunidade de visitar na minha vida e não, as fotografias não fazem justiça ao sítio. Passaria aqui horas e horas de bom agrado.

Já para o meio da tarde e aproveitando o céu limpo fomos até a outros dois miradouros: o Miradouro da Ponta do Sossego e o Miradouro da Ponta da Madrugada. Fiquei impressionada por dois motivos, por serem zonas muito bem arranjadas, com passadiços e flores e a outra razão foram os gatos. Sim, gatos. Existem gatos por todo o lado numa zona onde mal existe casas. Como é que eles vivem ali? Na verdade, já falei com outras pessoas que também tiveram oportunidade de visitar estes miradouros e também elas repararam e se espantaram com o número de gatos naquela zona.

Para a noite e querendo não deixar a ilha sem visitar a cidade mais importante, Ponta Delgada, fomos dar uma volta rápida. Definitivamente as Portas da Cidade iluminadas de azul foi o ponto que mais nos atraiu.

E foi com muita pena que chegámos ao nosso último dia na ilha de São Miguel. Este local deu-nos muito, paisagens maravilhosas, locais de encanto e comida de chorar por mais. Depois de várias tentativas, finalmente fomos ao Miradouro da Vista do Rei e tivemos oportunidade ter avistar as duas lagoas da Lagoa das Sete Cidades, a lagoa azul e a lagoa verde.

Para terminar mesmo a viagem em grande, decidimos aproveitar os banhos de águas termais. Havia algumas opções inicialmente, mas a escolha não foi difícil. Na verdade, tínhamos o Monumento da Caldeira Velha que nesta altura não esta aberta a banhos, o Parque Terra Nostra e a Poça da Dona Beija, estes dois últimos na zona das Furnas. Gostaríamos de ter visitado os dois claro, mas acabámos por escolher a Poça da Dona Beija. E não nos arrependemos por nada. Existem várias piscinas naturais com várias temperaturas e claro que tivemos que experimentar todas. A experiência é única.

Aliás posso garantir que todas as experiências que tenham nos Açores sejam elas semelhantes ou não com as nossas, serão espetaculares. Não tenham dúvida que os Açores é um paraíso na terra.

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