Oxford

Preparativos e a chegada

Chegar a Oxford

Para chegar a Oxford de Londres basta apanhar um comboio – Great Malvern – que vos leva de centro da cidade a centro da cidade em cerca de 1 hora. Mais se forem apanhados pelas greves, que ultimamente tem havido só a cada 5 minutos ou assim parece. De carro, eu parti de Watford e a viagem demorou cerca de 1 hora o que não é de admirar porque às sextas-feiras à noite parece que todos tem uma daquelas festas ou encontros marcados no Facebook e saem todos ao mesmo tempo. E depois fica tudo com muita gente e muita gente a perguntar para o ar – mas porque é que esta gente não ficou em casa? – enquanto param no meio do passeio à procura do espelho que está enfiado no fundo da mala para confirmar que nenhuma das 10 camadas de maquiagem escaparam e que continuam com a cor laranja solário. E assim se faz parar o trânsito das 50 mil pessoas que estão atrás.

Mas isso não é só um problema de Inglaterra é um problema do mundo, menos as 10 camadas de maquiagem. Ou talvez ainda mais, dependendo da zona do globo.


Onde ficar

A estadia escolhida não ficava dentro da cidade porque desta vez precisávamos de estacionamento para alem do pequeno-almoço que já é nosso usual pedido. Ficámos em Conifers Guesthouse, num quarto cuja porta de entrada ficava do lado de fora da casa e assim sentimos que tínhamos mais privacidade e mais probabilidades de levar uma facada já que para chegar ao quarto tinha que se dar a volta à casa por um corredor muito estreito e escuro. No entanto, evitámos aqueles sorrisos constrangedores que acontecem quando  se chega à casa e o dono está à entrada e não se quer ser indelicado. Faz-se sempre aquilo sorriso amarelo, mas no fundo ele sabe bem o que vão fazer para o quarto. Agora, a falar a sério, eu gostei do quarto e do facto de não termos que entrar dentro da casa cada vez que íamos ao quarto. O quarto em si tinha bom tamanho, simples, mas simpático, com uma casa-de-banho limpa e de tamanho razoável. Como ficava longe do centro da cidade posso dizer que o preço da acomodação também ficou mais em conta.


Transportes

Partimos numa sexta-feira depois do trabalho e chegámos mais tarde do que o esperado porque como mencionei em cima o trânsito em Inglaterra tem a particularidade de fazer SEMPRE com o percurso demore o dobro do tempo do que o GPS marca no início da viagem. Fizemos o check-in na Guesthouse e o próximo passo era procurar de um sítio para jantar na cidade e começar a explorar alguns pubs e bares de Oxford. Como se contava beber decidimos não levar o carro e apanhar um Uber – até descobrirmos que a Uber não opera em Oxford mas sim uma outra companhia similar a “FREE NOW”. Lá marcámos todos contentes o carro e revirámos os olhos quando o que nos chegou foi um dos famosos “black cab” (táxis pretos) que são sempre os mais caros. A viagem custou-nos cerca de 15 libras quando de autocarro custa menos que 5 libras ida e volta. Depois desta noite apanhámos sempre o autocarro número 15 (vejam o website dos autocarros aqui). A viagem não demorava muito talvez entre uns 20 minutos a meia hora. E há autocarros até bastante tarde por isso podem ir aproveitar o serão para beber uns copos e se divertirem.


Jantar

Já passava das 7 e meia quando chegámos ao centro de Oxford e pode-se pensar, como pessoas normais, que teríamos muita variedade de sítios para comer, mas não. Estava tudo cheíssimo, desde pubs a fast food a não fast food. Estava tudo completamente lotado. Esta foi a segunda lição da viagem e ainda nem 3 horas tinha passado desde a nossa chegada a Oxford – se querem comer ou visitar em algum local em particular, marquem com antecedência. Porque é completamente surreal a quantidade de pessoas que passeiam/vivem/estudam em Oxford.

Já de mau humor da fome decidiu-se ir ao primeiro restaurante que vimos vazio, o “mission burrito“. O nome não tem muito que enganar, é um restaurante fast food de comida mexicana onde uma das opções, vá digam lá, são burritos. Eu acho que a fome que se transformou em mau humor impede-me ainda hoje de dizer que adorei a comida. A comida era simples, mas boa. Não era muito picante e havia várias opções como tacos, saladas, caixas com arroz e nachos. Nós fomos para os burritos, um de frango e outro com carne de porco, arroz, feijão, salada, pimentos, guacamole, numa mistura que nos permitiu sobreviver à nossa primeira noite em Oxford. Como digo eu acho que não gostei mais do “mission burrito” porque estava a contar com um jantar num sítio bonito, com muitas luzes e risos e não foi nada assim. Hoje já consigo ter uma perspetiva diferente, a de que se eu estivesse de bom humor eu estava aqui a dizer que a comida tinha sido muito boa e que todos deviam ir lá fazer fila. Também foi uma maneira de não gastarmos tanto dinheiro, pois cada burrito ficou-nos a cerca de 8 libras cada e encheu-nos para o resto da noite.

Enquanto estava a escrever o parágrafo acima pensei no anúncio do chocolate “snickers” porque depois de comermos realmente a atmosfera mudou radicalmente. Parecíamos pessoas diferentes das que tinham entrado famintos à procura de comida.

marketing da marca Snickers. Fotografia tirada de https://mpk732.wordpress.com/2015/05/06/snickers-youre-not-you-when-youre-hungry/

E lá fomos nós bem mais satisfeitos explorar a cidade e os pubs. A cidade de Oxford é muito bonita, cheia de história, de cantos e recantos encantadores que dão à cidade uma atmosfera de tempos idos. Mais, a quantidade de estudantes que se viam regularmente pelas ruas com os seus fatos pretos e capas ao vento faziaa parecer um cenário próprio de filme de Harry Potter.


Bebidas

A primeira paragem foi no St Aldates Tavern, um pub numas das ruas principais da cidade, espaçoso mas acolhedor. A decoração com candelabros, plantas e espelhos marcou a experiência onde se abriu a noite com cidra, cerveja e cocktails. Estivemos bastante tempo neste pub porque o ambiente puxava para simplesmente recostar-nos nos bancos e relaxar.

No entanto, às 10 da noite decidimos mudar de localização para o The Bear, um dos pubs especiais em Oxford. The Bear está aberto desde 1242 sendo agora o pub mais antigo de Oxford. Consideram-no como uma hidden gem (jóia escondida) não apenas pelas bebidas e longevidade do pub mas pela seu coleção de gravatas que cobrem as paredes e o teto. As gravatas representam vários clubes e organizações de Oxford desde 1900. A tradição remonta à década de 50 quando o proprietário do pub, Alan Course, trocava uma pint de cerveja pelas gravatas dos clientes. No início as gravatas eram afixadas às paredes, mas mais tarde foram colocadas em caixas de vidro e expostas nas paredes e nos tetos do pub, decoração que se encontra ainda hoje. Para o cliente poder fazer a troca a gravata tinha que ser de um determinado clube, escola, forças armadas ou polícia. Como puderam ver pelas fotografias e se tiverem sorte de verem pessoalmente cada gravata tem a sua origem e a assinatura do proprietário na gravata para que possam saber de onde é a sua origem. Hoje em dia as gravatas não são apenas de pessoas de Oxford mas de todo o mundo.

O pub estava a abarrotar quando chegámos, mas a sorte veio ter connosco e conseguimos uma mesa dentro do pub. Se não o tivéssemos conseguido a outra opção era sentar na esplanada. O resto do serão foi passado aqui e bastante mais quentes da cerveja voltámos para a guesthouse, desta vez de autocarro.


Primeiro dia

O primeiro dia, Sábado, começou cedo, pelo menos para os nossos padrões. Gente que gosta de dormir até ao meio-dia tudo que seja levantar antes das 9 é igual a espetar pregos nos olhos. O pequeno-almoço foi tomado às 9 da manhã e às 9 e meia estávamos prontos para ir apanhar o autocarro. O pequeno-almoço foi simples mas mais do que suficiente que para além do pequeno-almoço continental com cereais. queijos, fiambres e afins ainda comemos umas torradas com ovos mexidos. Como eu nunca tomo pequeno-almoço sem ser durante as férias, este é normalmente um dos momentos mais apreciados pela sua raridade. E sim, também é verdade que se acordo ao meio-dia não preciso de pequeno-almoço.


Chegámos ao centro de Oxford ainda não eram 10 e fomos logo para uma das partes centrais da cidade, talvez um dos locais mais fotografados, a praça onde se encontra a Câmara Radcliffe. O edifício funciona como biblioteca e faz parte do complexo das bibliotecas Bodleian que falarei já de seguida. Esta livraria faz parte da universidade de Oxford, como basicamente 90% da cidade. À volta deste edifício que é um ponto obrigatório de paragem encontra-se a Igreja da Virgem Maria, a qual tivemos oportunidade de visitar. Lembro que a igreja também pertence à faculdade (esse vai ser o tema de qualquer local que tenhamos visitado, não seria a universidade de Oxford uma das mais conceituadas e conhecidas mundialmente).

Apesar de não termos entrado dentro da Câmara Radcliffe fomos visitar a biblioteca Duke Humfrey, que fica mesmo ali ao lado e que também pertence ao conjunto das bibliotecas Bodleian. Para visitar a biblioteca apenas com guia e o preço do bilhete da tour que demora meia hora custa 9 libras por adulto. Outra particularidade desta tour é que é proibido tirar fotografias no interior da biblioteca. Eu sei que para os instragrammers e aficionados do facebook a partir deste momento a biblioteca já foi retirada da lista. Mas aconselho a visitá-la de qualquer das formas. E não para ir tirando fotografias à socapa para depois se ir gabar publicamente que conseguiram tirar fotografias onde é proibido o que apenas mostra que deve ficar em casa quem não sabe seguir regras básicas.

Entrada para o All Souls College na mesma praça da Câmara Radcliffe

Esta biblioteca é a mais antiga de Oxford tendo sido construída entre 1610 e 1612. As grandes mesas de madeira escura, os vitrais e as altas prateleiras cheias de livros antigos, raros e valiosos são um conjunto que vai fazer suspirar qualquer aficionado da leitura. Não vale a pena pensarem que se não conseguem tirar uma fotografia ao menos que levem um livro, porque todos os livros tem alarme. Esta biblioteca também tem a particularidade e, talvez esta seja a razão de muitas pessoas virem até cá, de ter sido palco de gravações dos filmes do Harry Potter. É nesta biblioteca onde se encontra a “secção restrita” da biblioteca em Hogwarts. Pelas histórias que se contam, o ator não ficou muito bem visto quando ao primeiro dia tirou um livro da prateleira e fez soar os alarmes.

Uma das cenas que foram gravadas na biblioteca Duke Humfrey

Uma sugestão é visitar esta livraria ao Sábado porque não há estudantes na biblioteca. Ou se pelo contrário quiserem ter contacto com a vida estudantil da universidade de Oxford visitem-na durante a semana chatear quem anda a fazer trabalhos e a estudar para exames.


Outro ponto da cidade a não perder, apesar de ser só de passagem é a ponte dos suspiros (Bridge of Sighs). Apesar de ser um ponto turístico, há muitas histórias (falsas) relacionadas com a ponte. Uma das lendas conta que a ponte foi erguida em 1914 como réplica da ponte dos suspiros em Veneza. No entanto, essa nunca foi a intenção. Na verdade, a ponte é mais parecida com a ponte Rialto em Veneza do que a ponte que partilha o mesmo nome. Outra história que também é falsa conta que a ponte foi construída por se considerarem que os alunos de Hertford College eram mais pesados do que alunos em qualquer outro colégio. A resposta da universidade foi construir esta ponte fazendo com os alunos tivessem que subir mais escadas e portanto fazer mais exercício físico. Esta história não só é falsa como facilmente é comprovada a sua falsidade, uma vez que o não uso da ponte faz com que os alunos tenham que subir mais escadas.Qualquer que seja a razão para a construção desta ponte, vale a pena passar por aqui e tirar uma fotografia.


Seguimos para Magdalen College. Há inúmeros colégios em Oxford e demoraria bem mais que um fim-de-semana se os quisesse visitar a todos. Não fiquem admirados, mas também este colégio faz parte da universidade de Oxford e como tal é extremamente competitivo estudar em Magladen College. Atualmente Magdalen College é o quarto colégio mais rico com doações de cerca de 332,1 milhões de libras. Sim, eu também acho uma ninharia, o que uma pessoa faz só com 332 milhões de libras? O Magdalen College foi construído num terreno vasto de 100 hectares e inclui parque de veados, a ribeira Addison e pequenos recantos pitorescos. Eu também quando andava na faculdade tinha o parque das Nações, aquele caminho da universidade ate à estação de comboios no Oriente, o rio Tejo e peixes mutantes. Acho que consigo comparar a minha experiência com a dos estudantes deste colégio. E nem tive de ter grandes notas para entrar para a universidade. Lisboa 1, Oxford 0.

Para visitar o colégio é preciso pagar bilhete de entrada, mas nós tivemos 10 minutos ali parados enquanto dois guardas olhavam e mexiam e remexiam na máquina dos bilhetes mas não conseguiram atinar com aquilo. O que para nós foi ótimo porque acabaram por desistir e deixar-nos entrar de graça. Foi pena termos visitado o colégio num dia de chuva, porque ao frio e molhados não conseguimos apreciar bem a parte exterior do colégio. Assim a nossa visita ao Magdalen College foi mais curta do que o seu potencial.


Com isto chegava a hora do almoço e não há sítio melhor e mais barato do que o mercado Oxford Covered Market. Na intensa pesquisa antes da viagem li em vários sites que o mercado era o local certo para quem gosta de comer bem e não ficar depenado. A nós só o facto de ser um edifício coberto já fez com que adorássemos, uma vez que naquela altura as nuvens tinham largado uma chuvada de fazer lembrar o porquê da fama do tempo de Inglaterra. Um dos restaurantes mais mencionados do mercado chama-se Sasi’s Thai.

O restaurante está muito bem avaliado na internet e ao chegarmos havia uma fila enorme. Para dizer a verdade o restaurante estava a abarrotar e talvez por isso eles também tenham a opção de take-away. Havia bastante escolha entre caris, noodles, arroz, pratos tradicionais chineses e as porções são bastante generosas. Um prato bem aviado ficou a cerca de 10 euros. Se fiquei fã? Nem por isso, mas consigo perceber o porquê de este restaurante ser a escolha de muita gente. Afinal boa quantidade e barato chama sempre clientela. Mas não foi nada de especial, não achei a comida particularmente saborosa e o arroz estava um bocadinho para o lado do peganhento. Se voltava aqui? Não sei se sim, talvez para experimentar o Pad Thai. Para digerir a comida fomos dar uma volta pelos corredores do mercado que existe desde 1770. Há lojas para vários gostos de roupa, joalharia, restaurantes, floristas e gelatarias. Parámos na gelataria IScream onde o gelado era bastante bom e onde se encontram vários doces de encher o olho. Nada como um bolo gelado de pistachio para alegrar o dia chuvoso como aquele.


O museu de Ashmolean é o museu de arte e de arqueologia da universidade de Oxford. O seu primeiro edifício foi erguido em 1678-1683 e fundado em 1683. Este museu é especial não só porque foi o primeiro museu público da Grã-Bretanha mas pelas coleções expostas que contam com mais de 120.000 objectos, principalmente de origem arqueológica e obras de arte.

Durante a vossa visita poderão ter a oportunidade de ver uma das melhores coleções de pinturas pré-rafaelitas, de cerâmica majólica (faiança italiana da época do Renascimento) e prata inglesa. O departamento de arqueologia pertencente ao museu possui o legado de Arthur Evans e como tal tem uma fascinante coleção de cerâmica grega. Por último também posso salientar que há uma extensa e diversa coleção de antiguidades do Egipto Antigo. Este é daqueles museus que mesmo para quem não gosta muito de viagens centradas em cultura e de passar muito tempo dentro de museus não se vai importar de caminhar por um par de horas, horas através das várias salas e exposições. A visita ao museu é gratuita, no entanto doações de valor simbólico é encorajada.

Uma das peças mais valiosas do museu é a jóia de Alfred (Alfredo em português). Este é talvez o objeto arqueológico mais famoso de Inglaterra. É composto por uma peça de esmalte cloisonnè onde está representada uma figura humana, o que se considera simbolizar o sentido da visão. O esmalte está coberto por uma peça polida de cristal e encaixado numa moldura plissada que se finaliza na cabeça de uma fera. A inscrição recortada na moldura está escrita em inglês antigo e lê-se “AELFRED MEC HEHT GEWYRCAN” (“Foi Alfred que ordenou que eu fosse feito”).

Jóia de Alfred

Depois de atravessar diferentes civilizações saímos para a rua onde já anoitecia (uma das maravilhas de viajar no Inverno) e com a escuridão vinha o frio cortante. Por isso ainda eram 4 da tarde quando nos sentámos numa mesa no Turf Tavern. E sim, quando o tempo está mau fica de noite às 3 e meia. E foi aqui que ficámos pela tarde fora. O Turf Tavern é um pub histórico de Oxford aberto desde 1381. Uma das paredes do pub é original da antiga muralha da cidade. O pub é principalmente frequentado por estudantes, o que confirmámos enquanto aqui estivemos, mas também foi palco de um recorde mundial em 1954 quando o primeiro-ministro australiano Bob Hawke bebeu 1.4L de cerveja em 11 segundos. Também era neste bar que o elenco e equipa de filmagens dos filmes Harry Potter costumava parar. Talvez seja por isso que têm ainda hoje no seu menu cerveja de manteiga (Butter Beer), uma das bebidas muito consumidas em Hogsmead. E quem não sabe onde é Hogsmead e a que se refere não merece respeito.

Acabámos por também jantar por aqui e para uma coisa mais ligeira, ou assim pensávamos, pedimos 3 entradas para partilhar. Pedimos halloumi, argolas de lulas e nachos. Tudo que nos apareceu à mesa era ótimo. E como estávamos em Inglaterra e fazia frio e chovia nada como um mulled wine para aquecer o espírito. Mulled wine é vinho aquecido com muitas especiarias como canela e anis. Eu sempre pensei que iria odiar a bebida, mas há nada melhor para uma noite fria. Quando me deram a definição de “sangria quente” torci o nariz, mas vale a pena experimentar e voltar a experimentar e experimentar mais umas vezes só para confirmar se gostam ou não.

Neste dia celebrava-se algo especial em Inglaterra, Fawkes Night, também conhecida por Bonfire Night. Nesta noite celebra-se o facto de em 1605 se ter falhado a “conspiração da pólvora” que se focava em destruir o Parlamento e assassinar o rei James I. Nas cidades e vilas por toda a Inglaterra se celebra esta noite com fogo de artifício, música e comida. Em Oxford o melhor sítio para ver o fogo de artifício é no South Park (parque do Sul). O fogo de artifício estava marcado para as 7 e meia e eram já 7 quando nos pusemos a caminho. Mas tal como era esperado toda a população de Oxford em peso também quis ver o espetáculo. E, portanto, as ruas estavam cheias de gente, mais ainda perto do parque. Chegámos ao local já eram 7 e meia e apesar de não termos visto o espetáculo inteiro ainda conseguimos ver parte do fogo incluindo tirar uma fotografias para a posterioridade.

E com este episódio acabo o primeiro dia a explorar a cidade de muitos pináculos e é por isso que a Oxford é conhecida como “City of the Dreaming Spires” mas também conhecida pela universidade onde reina história, saber e opulência.


Segundo dia

Domingo amanhecia e com ele o nosso último dia em Oxford. E sendo este o último dia tinha de ser bem aproveitado. E assim foi feito.

No dia anterior tínhamos tentado visitar o colégio e catedral Christ church mas para comprar bilhetes só on-line. Os bilhetes só ficam disponíveis de semana a semana e com hora marcada. Marcámos para esse dia às 2 e meia porque era a única hora que ainda estava disponível, mas também só marcámos naquele dia de manhã, por isso acho que não vale a pena apontar dedos. O que vale agora saber de quem é que foi a culpa de não haver bilhetes sem ser para aquela hora (nossa vs universidade de Oxford).

Se não quiserem (conseguirem) bilhetes para ir visitar a catedral e os aposentos dos estudantes há um grande parque à volta do edifício e o edifício sim senhor, dá cabo de qualquer faculdade em Lisboa. Por isso mesmo assim ficam a ganhar se forem só visitar a parte exterior. Ficam é a ganhar menos do que se fossem também visitar a parte interior porque vale muito a pena. Quem é que nunca quis ficar com aquela inveja dos estudantes que vivem numa das mais luxuosas universidades do mundo?

Como os bilhetes estavam só marcados para a tarde fomos visitar uma lojinha pequenina que fica de frente para entrada do parque (parque chamado Christ Church Meadow). Era esta a loja da Alice no País das Maravilhas. E porque é que esta loja é tão icónica? Porque foi em Oxford onde viveu a verdadeira Alice.

O autor da famosa história de crianças, Charles Dodgson aka Lewis Carroll, era tutor na Christ Church. E foi nesta altura que escreveu a história da Alice, personagem inspirada na filha do reitor da universidade de Oxford, Alice Liddell. Charles e Alice tornaram-se amigos e Charles tinha por costume criar histórias para entreter Alice e as suas irmãs. Num particular dia, a história contada por Charles era tão fascinante que Alice lhe pediu para a escrever. E foi assim escrita pela primeira vez a Alice no País das Maravilhas. Se vierem a esta lojinha de portadas vermelhas, a empregada dar-vos-á uma explicação de como a história surgiu e a sua origem. Também podem escolher levar uma recordação desta loja que como tal esperado tem a temática da história conhecida hoje mundialmente.

Para o resto da manhã tivemos que tomar uma decisão_ visitar o castelo e a sua prisão ou visitar os museus de História Natural e Pitt Rivers. Depois de uma breve discussão de preços, passámos pelo quarteirão do castelo e seguimos para os tais museus. O museu Pitt Rivers está integrado no museu de História Natural. O primeiro que visitámos foi o da História Natural onde existem varias secções sobre diferente espécimes e exposições que incluem 5 milhões de insetos, meio milhão de fósseis, rochas, minerais e mais de 250.000 animais. Também por aqui se encontra uma biblioteca com mais ou menos meio milhão de manuscritos. Como podem ver pelos números há muito para ver.

Em seguida, fomos ao Pitt Rivers museum. Aqui também posso dizer que estão expostas muitas coisas oriundas de muitas civilizações. Isso não posso desmentir. Mas quando entrei neste museu pareceu-me que tinha chegado, como hei-de dizer? – sabem quando vão a casa de alguém e esse alguém tem muita coisa de logica e tapetes e mobílias e têm que medir bem onde metem o pé esquerdo ao pé do jarrão de loiça branca com flores azuis e ao mesmo tempo tentar meter o pé direito num ângulo de 180 graus para não bater na estátua de palhaço em tamanho real que por alguma razão alguém achou que ficava bem ali? É que há tanta coisa que nem sabes bem para onde olhar e o que ver, numa mescla que ficou um bocado mais a feira da ladra do que a museu, que até está bastante bem avaliado. É como aqueles sítios em que vais comprar umas meias e sais de lá com um papagaio verdadeiro. E também com as meias. O melhor de tudo é que a visita aos dois museus foi gratuita, por isso é claro que a quinquilharia ganhou à visita às masmorras do castelo que custavam 17,50 libras cada pessoa.

Começa a chegar o meio-dia e meio e como queríamos ir comer ao mercado – The Covered Market – começámos a seguir nessa direção. Houve uma paragem para visitar o museu da História da Ciência, que fica mesmo ao lado do teatro Sheldonian. A entrada também foi gratuita e havia para lá umas exposições de Albert Einstein e sobre o COVID. O museu é interessante, vê-se em 15 minutos e salvou-nos de uma molha e isso é que foi importante. Mesmo assim quase fomos a correr até ao mercado. Porque chuva que cai, atleta que foge. Se calhar devia por atleta entre aspas, mas gostei da expressão e vai ficar assim.

O mercado já foi mencionado no primeiro dia, mas não contei que também aqui há uma temática na decoração do dito. E está relacionado exatamente com a Alice no País das Maravilhas e a sua origem nesta cidade. Porque se olharem para a fotografia abaixo, o grande coelho não engana a que história pertence.

No dia anterior Sasha’s Thai não tinha deixado saudades mas o mesmo não se passou com os sítios que experimentámos hoje. No dia anterior, depois de almoçarmos demos com este pequeno restaurante e escolhemo-lo imediatamente para almoço na primeira ocasião – Sartorelli’s Pizza. O nome italiano dá a dica do que aqui é servido, pizzas feita na hora em forno de lenha e ainda por cima a bom preço. O que se pode pedir mais? E as pizzas das melhores que já comi na minha vida. Ainda hoje penso em pegar no carro e ir a Oxford apenas para comer as tais pizzas. O sítio é bastante pequeno com algumas mesas à entrada, fazem take-away talvez por isso mesmo e vale imenso a pena. Nós pedimos uma pizza calzone e uma “Jack the ripper”. Melhor decisão de toda a viagem! O que é uma mulher sem a sua comida?!

Outro sítio de que tinha ouvido falar bastante era o Ben’s Cookies. Como tal, era obrigatório uma paragem para comprar estas tão famosas bolachas. E compreende-se a fama – são deliciosas e esgotam-se rapidamente. Porque o tempo estava bastante chuvoso e ainda com uma hora antes da nossa visita à Christ Church, ficámo-nos por um dos muitos cafés espalhados no mercado.

Depois de toda a gulosice e com um céu mais amistoso dirigimo-nos para a catedral Christ Church. Primeiro foi preciso ir ao Ticket Office, onde verificaram os bilhetes e nos deram os áudio-guias que foram relatando acontecimentos e detalhes das várias salas, escadarias e corredores por onde íamos passando. Foi no vão das escadas da imagem abaixo o palco de filmagem da entrada de Harry Potter pela primeira vez em Hogwarts. A grande sala da cantina, que de cantina Não tem de nada, foi a inspiração para o grande salão de jantar que aparece nos famosos filmes do rapaz que sobreviveu. A mesma tour guia-vos através da catedral e da parte exterior dos aposentos dos estudantes da universidade.

Esta tour grita a plenos pulmões o que a universidade de Oxford é – dinheiro, competição e gabarito. Tudo numa mistura onde os 3 ingredientes coexistem na mesma medida.

Para matar o resto da tarde fomos à procura de pubs. Começámos pelo Jericho Tavern à procura de boas cervejas e cocktails. Mas a atmosfera não era das mais vibrantes. Aliás não sei se era porque era domingo à tarde e durante tempo de aulas e por isso todos os estudantes estavam a estudar ou a descansar para a semana que começava no dia seguinte, mas a verdade é que todos os sítios que fomos antes do jantar estavam muito murchinhos. E vejam que Jericho é a zona boémia e descontraída da cidade. Por isso estávamos no sítio certo mas talvez na altura errada. Como disse começámos no Jericho Tavern onde vitrais espalhavam-se pela sala, espaço que já foi palco de várias atuações musicais ao vivo, recebendo bandas famosas como os Radiohead. Em seguida, para ficarmos ali na zona de Jericho foi a vez de experimentarmos Angels. Na verdade queríamos era ter ido a LJ – Love cocktails, o sítio mais bem avaliado da zona, mas encerra de domingo a terça. Entrámos em Angels e o bar estava vazio. Na verdade, mesmo depois de lá estarmos um bocado apenas mais um casal e um rapaz sentado no canto faziam a totalidade da clientela. Os cocktails não era maus, muito pelo contrário, mas acho que o espaço vazio e quase silencioso não sendo desconfortável também não era animador. Mas os cocktails eram bons, eu acho que o cruzeiro pelo Alasca deixou-nos mal habituados, porque os cocktails que experimentámos no barco eram de beber e chorar por mais. Mas vale a pena irem experimentar Angels e LJ, mas aconselho mais sexta à noite, onde anda tudo na rua. Angels está só aberto de sexta a domingo e ambos os estabelecimentos abrem depois das 4 da tarde.

Com o final da tarde a chegar decidimos ir beber mais qualquer coisa a outro pub e talvez acabar por jantar por lá. Foi a vez de fazer mais uma pequena caminhada pela zona até Rose & Crown PH. A história aqui também não acaba bem e foi um sítio onde não ficámos muito tempo. Provavelmente foi onde estivemos menos tempo. Pedimos mesa para jantar e disseram que tudo bem, levaram-nos a um pátio aquecido e tapado por isso corria tudo como nos conformes. Videiras completavam a decoração do espaço com mesas e assentos corridos de madeira. No entanto, sentaram-nos ao lado de um grupo de pessoas que claramente não nos queriam ali ao lado e ainda para mais ia começar em breve um grupo de jazz que ao ouvir o treino não iam claramente melhorar o humor. Então bebemos lá uma cervejita e um minuto antes da banda começar saímos.

Como a hora de jantar chegava fizemos uma das melhores decisões da tarde, irmos jantar não a um local requintado, mas ao Atomic Burguer. E o Atomic Burguer é nem mais nem menos um restaurante coberto de banda desenhada, figuras de ação e super-heróis e mais algumas personagens sem qualquer contexto para se juntar à confusão. Que o diga o homem aranha em tamanho real colado ao teto. A comida é simples, hambúrgueres, cachorros-quentes e nachos. Nada podia ter sido melhor. Os hambúrgueres deliciosos, a música a trazer-nos memórias e a decoração atraente. Bem, atraente para um bando de nerds. E digo-os que o restaurante esteve cheio durante toda a nossa refeição por isso não somos os únicos.

E com isto acabava o nosso fim-de-semana em Oxford. Uma cidade que nos revelou muito mais do que esperávamos, com uma atmosfera de outros tempos, e muitas histórias em cada recanto. Se vale a pena visitar Oxford? A resposta e simples: completamente.

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