Dia 1
Finalmente que me decidi a escrever sobre esta cidade. Primeiro pensava que já o tinha feito até escrever sobre Leiden e depois como foi a nossa primeira viagem nem sequer tinha na altura este blog. Mas não pensem que a viagem não foi especial, afinal foi aqui em Amesterdão que alguém muito especial me pediu em casamento. Como podem imaginar isso tornou esta cidade muito importante para nós.

Como quase todos sabemos Amesterdão é mundialmente conhecida pelo Red Light District e as suas famosas vitrines espalhadas pela rua fora ou então pela regras mais leves em relação a drogas o que leva a haver uma grande disponibilidade de compra. E sim, se vierem acho que devem experimentar tudo o que a cidade oferece, mas Amesterdão é muito mais do que “farra”. E se olharmos para a Holanda como país, ele é um lugar de cultura, lazer e prazer, o que tive oportunidade de aprofundar mais na segunda viagem a Holanda.
Hotel
Nós viemos no final de Fevereiro quando ainda estava bastante frio. Aterrámos no aeroporto de Schiphol e para chegar ao centro da cidade apanhámos o eléctrico. Os eléctricos partem a poucos minutos uns dos outros e a viagem demora cerca de meia hora. Para acomodação escolhemos o Hotel Iron Horse por ficar a poucos minutos do centro da cidade e perto dos vários sítios que queríamos visitar na cidade, possibilitando-nos deslocar sempre a pé. O Hotel Iron Horse é um hotel de 3 estrelas cujo tema são cavalos. Se gostam de cavalos vão adorar este hotel em que cada quarto existe um quadro enorme onde se retratam cavalos ou actividades relacionadas com equitação. A decoração e o nome do hotel mantiveram o tema do propósito deste edifício construído século XVII e usado como estábulo para os cavalos da polícia. A nossa reserva incluia pequeno-almoço, o que já é usual da nossa parte, desta vez também para poupar um pouco uma vez que a cidade de Amesterdão é bastante cara. E isso também se reflectiu um pouco nas nossas escolhas para as nossas refeições.

As fotos desta viagem assim como o nosso percurso dão bem para perceber que esta era a nossa primeira viagem como casal para fora do país. Não havia plano delineado, nem horários nem organização prévia. Hoje em dia as viagens às vezes são planeadas por hora para visitarmos tudo o que queremos. No entanto, esta viagem foi diferente, e começo que tenho um pouco de inveja da liberdade que a “falta” de planeamento nos deu. No entanto, vimos o principal de Amesterdão sempre sem pressas.
Primeiras impressões
Depois de chegarmos ao nosso hotel no início da tarde do primeiro dia fomos passear pela cidade. Amesterdão é entrecortada por vários canais de água e por isso não ficarão surpreendidos pelas muitas pontes e bonitas paisagens que encontrarã quase em cada canto da cidade. Em algumas das pontes vão encontrar os famosos cadeados, cada um simbolizando o amor que existe no casal que aqui o colocou.


Rapidamente apercebemo-nos da beleza da cidade e o porquê de ela ser uma das cidades europeias mais escolhidas para férias citadinas.
Enquanto passeávamos pela rua perto do mercado das flores encontrámos este pequeno museu e decidimos que aqui ia ser a nossa primeira paragem. E foi assim que visitámos o Museu da Tortura. E sem sabermos estávamos assim a visitar um dos museus mais incomuns do mundo. O museu é pequeno mas impressionante.


Em termos gerais é um pequeno labirinto constituído por várias salas pequenas com pouca iluminação. Nas salas encontram-se exibidos vários instrumentos de tortura, alguns destes guardados dentro de vitirines. Pelas salas também estão espalhadas várias imagens ou textos a explicar como o instrumento era usado ou a descrever a sua função. Apesar do tema o museu nao é sombrio nem tem uma vibe negativa, muito pelo contrário, até acabou por ser uma visita bastante interessante. Dos instrumentos que se encontram em exposição conta-se com a guilhotina, a dama de ferro e a cadeira de Judas. Entre muitos muitos mais, muito menos conhecidos.


Em seguida fomos visitar outro museu de tema bastante diferente. Red Light Secrets Museum fica no centro do Red Light District – sim já tínhamos ir dar uma vista pelas montras, não vou negar que passámos lá várias vezes durante a nossa visita – e não, não chegámos a fazer mais do que ver. Agora voltando ao museu, este leva-nos a perceber um pouco o que está e o que se passa por detrás das vitrines, incluindo diferentes preços e experiências pessoais de quem faz isto como trabalho. Também este é um museu pequeno com várias salas diferentes e a visita leva cerca de 45 minutos. Aqui é vos explicado como Red Light District apareceu e a sua evolução ao longo do tempo. O Red Light District é o districto mais antigo da cidade construído por volta de 1385 e famoso pelas muitas mulheres e homens que trabalham nas ruas deste districto. Nos séculos XIV and XV, o porto de Amesterdão tinha um papel muito importante na área do comércio. E assim sendo atraía muitos marinheiros que percorriam as ruas do Red Light District encontrando rapidamente aquilo que procuravam; cerveja e entretenimento.

Houve medidas a proibir a prostituição principalmente no século XVI quando a cidade se tornou protestante. No entanto, as medidas não eram aplicadas e a prostituição continuou a ser um negócio rentável na cidade, tendo crescido exponencialmente durante o século XVII. Não será preciso mencionar que gonorreia, sifílis e outras doenças sexualmente transmissíveis eram apenas frequentes e muitas vezes fatais. Nos dias de hoje, o governo quer encerrar o negócio da prostuitução e substituir as vitrine por restaurantes, bares e estabelecimentos que atraiam outro tipo de turistas.
Em Fevereiro anoitece por volta das 6 da tarde e depois de visitar estes dois museus estava na hora de experimentarmos a bebida local. Não sei qual foi o bar em que parámos, só tenho uma fotografia e não mostra o nome do bar, no entanto podem ver este artigo onde indicam os bares mais antigos e históricos em Amesterdão: link https://www.gpsmycity.com/articles/159-the-oldest-and-historic-pubs-of-amsterdam.html
Já agora se reconhecerem o pub digam nas mensagens, que eu gostava de saber onde estive!

Foi aqui a primeira vez que provei Amstel – hoje em dia esta cerveja é bastante mais comum sendo fácil comprá-la nos supermercados mas não em 2016. Fiquei fã da cerveja, mas não do preo. Tal como tudo também as bebidas em Amesterdão puxavam bem pela carteira.
Para jantar, sem planos definidos, fomos comer a um steakhouse (um restaurante de bifes). Eu penso que foi no restaurante Toro Dorado, mas existem várias opções espelhadas pela cidade. No final da noite fomos dar mais uma volta pela cidade – sim também no Red Light District – prontos para o dia seguinte.
Dia 2
Se a falta de fotografias me dava a ideia de que no início a nossa maneira de viajar era diferente, pois bem a hora em que começávamos os nossos dias confirmou-o de forma absoluta. Tínhamos pequeno-almoço incluído no hotel por isso íamos tomar o pequeno-almoço por volta das 11 da manhã, mais arranjar não arranjar saíamos do hotel por volta da 1 da tarde. Podia dizer que a razão era aa chuva, mas era mesmo preguiça de começar o dia logo de manhãzinha.


No 2º dia em Amesterdão, depois de pequeno-almoço tomado fomos passear pelo Vondelpark, o maior parque da cidade. Normalmente está cheio de pessoas a passear, mas o tempo neste dia não proporcionava a entusiastas de atividades físicas. O parque fica mesmo ao lado do Van Gogh Museum e do Rijksmuseum onde também se encontram as grandes letras “I amsterdam“.

Escolhemos deixar o Rijksmuseum para o dia seguinte, para o podermos visitar com mais tempo, e fomos visitar o Van Gogh Museum. Os bilhetes custam 19 euros, mas no website do próprio museu avisa que os bilhetes vão subir para 20 euros a partir de dia 7 de outubro de 2022.

Van Gogh
Como o nome indica, este museu é uma homenagem ao pintor Vincent Van Gogh. E mal se entra no museu entra-se no mundo de Van Gogh, onde se encontram não só as suas obras-primas, mas também cartas e desenhos que demonstram a visão do artista sobre o mundo. O objetivo de Van Gogh era que as suas obras retratassem os grandes temas da vida como ansiedade, sofrimento, amor e esperança. A obra certamente mais conhecida é a “A noite estrelada” (este quadro encontra-se no museu de arte moderna em Nova Iorque) mas também “Os girassóis”, “Auto-retrato” e “Os comedores de Batata”.

Também Van Gogh é conhecido por ter cortado a sua própria orelha esquerda. Este episódio aconteceu quando o pintor tinha 35 anos em dezembro de 1888. Isto aconteceu depois de uma discussão acalorada sobre arte onde foram argumentadas opiniões dispares – enquanto Van Gogh achava que era importante trabalhar a partir da realidade, o seu amigo Gauguin acreditava que a arte devia ser feita a partir da memória e da imaginação. A discussão provocou uma crise em Van Gogh que em completa confusão acabou por cortar a sua orelha. Van Gogh embrulhou a orelha num papel e deu-a a uma prostituta da aldeia que acabou por desmaiar, colocando todo o bordel em comoção. A polícia foi chamada e Van Gogh foi hospitalizado. Durante a sua vida Vincent foi hospitalizado várias vezes com pequenas melhorias seguidas por crises constantes onde o pintor perdia a noção de onde estava e do que dizia. Apesar da deterioração da sua saúde, o pintor nunca perdeu a vontade de pintar e de encontrar conforto e força na natureza.


Mais pormenores sobre a vida do escritor e a evolução da sua doença podem ser encontradas no museu Van Gogh.
Heineken


Em seguida, fomos visitar algo que imagino a maior parte dos turistas faça em Amesterdão – Heineken Experience. Existem vários bilhetes para os mais diversos eventos, mas o preço básico da tour é de momento 21 euros. Durante a visita têm acesso à primeira cervejaria Heineken e a história de como se tornou uma das marcas de cerveja mais conhecidas do mundo. Também vos será dado a conhecer os ingredientes de que a cerveja é feita e o interior da primeira sala de fermentação. Durante a tour existem vários incentivos para tirar fotografias e interação. Claro que como não poderia deixar de ser acaba-se a tour a beber uma ou duas cervejas Heineken. Tal como se aprende a tirar corretamente uma cerveja.


É bastante engraçada a tour e a Heineken sendo uma marca muita conhecida é interessante conhecer o seu passado e como conseguiram atingir um mercado internacional.
Delirium & space cake
Quando saímos já estava a chegar a hora de irmos jantar. Nós tínhamos marcado mesa para um dos sítios que queríamos muito experimentar, o Delirium Cafe Amsterdam, onde existe uma enorme variedade de cervejas disponíveis. Do Heineken Experience até ao Delirium Cafe ainda são cerca de 45 minutos a andar. Nós não nos importámos porque era mais uma oportunidade de ver a cidade especialmente passar pelo Nemo Science Museum de arquitetura interessante. No entanto, talvez para voltar para o centro de Amesterdão é melhor apanharem o autocarro ou táxi, senão contem com mais 45 minutos a andar.


O jantar foi bastante bom e claro que as cervejas fizeram a refeição ser ainda mais agradável. Depois de voltarmos para o centro da cidade decidimos que estava na hora de experimentarmos o space cake, o famoso bolo que contém erva. Lá comprámos um para dividirmos pelos dois, pois as advertências que vinham no pacote do bolo levou-nos a termos alguma prudência. Diz que os efeitos são imprevisíveis, para não exagerar na quantidade que se ingere, e que eles não tomam qualquer responsabilidade pelos danos que uma pessoa pode causar sob o efeito da droga. Dizem que os efeitos se começam a fazer sentir 60 a 90 minutos depois da sua ingestão e que duram cerca de 4 a 6 horas. Bem, eu não sei bem se realmente fez assim tão grande efeito, mas perdemo-nos e andámos bastante tempo às voltas até encontrarmos o caminho para o hotel. Os dois com os telemóveis sem bateria já era previsto que nos íamos perder, tal como já aconteceu noutras cidades e sem efeito de qualquer substância. Portanto, não sei bem se acabou por ter algum efeito e suponho se não teve foi porque também a noite estava bastante fria o que pode cortar um bocado o efeito esperado. Se calhar devíamos ter arriscado e comido um bolo cada.

Eu não voltei a repetir a experiência por isso não sei bem. No entanto, eu diria que foram várias horas até descobrirmos o caminho para o nosso quarto. E podem crer que a alegria foi imensa quando reconhecemos o caminho que nos levaria para o hotel.
Portanto, fica o aviso, tenham sempre bateria no telemóvel e experimentem o space cake.
Dia 3

Assim chegava o nosso terceiro dia desta nossa primeira viagem à Holanda, conhecendo a famosa cidade de Amesterdão. Para hoje só tínhamos uma coisa em vista – visitar o Rijksmuseum, o museu nacional dos Países Baixos. As coleções em exibição neste museu são dedicadas à arte e à história. O museu cobre coleções desde 1200 até o atual da história holandesa. Em todo o museu conta-se em exibição cerca de 8000 itens incluindo pinturas, joias, pratas, porcelanas, móveis, roupas entre muito mais. Das mais notórias coleções neste museu conta-se as coleções de Rembrandt van Rijn, Johannes Vermeer e aqui também de Vincent Van Gogh.


Contem passar um bom par de horas a explorar este museu, já que as coleções são muitas e vão querer visitar cada uma das salas deste museu. Como viemos no início da tarde visitar o museu, devido a uma noite atribulada, quando saímos já era meio da tarde. Não tendo mais nada planeado decidimos ir passear mais uma vez pelas ruas desta cidade que deixava memórias únicas.



No entanto, agora lendo mais um pouco sobre a cidade, deixo a sugestão de também visitarem a casa de Anne Frank. Para aqueles que não sabem quem foi Anne Frank, Anne foi uma rapariga judaica alemã que durante a sua adolescência foi vítima do Holocausto. Anne Frank é hoje um símbolo da luta contra o preconceito e em 1999 foi contemplada pela revista Time, como uma das pessoas mais importantes do seculo XX. Anne Frank tornou-se conhecida depois da publicação do livro Diário de Anne Frank, onde Anne documentou as suas experiências enquanto vivia escondida num dos quartos ocultos do edifício durante a ocupação alemã nos Países Baixos na Segunda Guerra Mundial. Tenho alguma pena de não ter visitado este local, pois já nesta altura tinha lido o livro e as referências ao local onde Anne Frank viveu.
Nós depois de uma longa caminhada ao longo da cidade, decidimos que hoje o jantar seria menos marcante também porque os últimos dois jantares acabaram por ficar caros e por isso escolhemos ficar pela praça central. Fomos apenas ao Mcdonald’s e depois a uma gelataria para sobremesa (a pressa de comer era tanta que a foto até ficou desfocada).


No entanto, sendo esta a nossa última noite em Amesterdão, uma vez que os nossos voos seriam no dia seguinte de manhã cedo, quisemos ir passar o serão a beber, conversar e ouvir um bocado de música. Depois da nossa última e final volta ao Red Light District fomos para um bar perto do nosso Hotel – Iron Horse. Não sei qual foi o nome do pub onde estivemos, afinal já se passaram 6 anos e nem sei se está ainda aberto. No entanto, enquanto procurava pelo google maps encontrei este na mesma rua – Kosta – que está bem avaliado e se quiserem podem ser começar a noite mais cedo aqui e também jantarem.
Esta viagem relembrou-me a razão porque criei este blog, sim para viajantes encontrarem ideias e ajuda por exemplo viajar na altura do COVID ou como conduzir em segurança na Islândia. Mas inicialmente este blog foi criado por um motivo bem mais pessoal – o de guardar as memórias dos sítios onde visitámos, as experiências que passámos, e todos aqueles pormenores que nos vamos esquecendo. Quantas vezes estamos a falar de um lugar que visitámos ou de um restaurante onde fomos e não nos conseguimos lembrar do nome – é aqui que venho buscar essas memórias. E escrever sobre esta viagem renovou a importância de ter estas memórias guardadas neste formato, porque há sempre coisas que mudam nas cidades que visitamos, mas aqui neste blog está guardado as nossas experiências no momento em que nós as vivemos. Pode tudo mudar, mas aqui o tempo fica guardado.