Braga, a capital do Barroco

Dia de visitar Braga, uma cidade que deixou muitas memórias, saudades e um deslumbramento imenso do norte de Portugal.


Breve história

Braga, ou como antigamente era conhecida, Bracara Augusta foi fundada no século XV/XVI Antes de Cristo pelo imperador Augusto. Bracara Augusta era a capital da província da Galécia onde as 6 “estradas” vindas de Roma conduziam a civilização latina até Braga.

Até aos dias de hoje viveu-se uma Braga medieval, altura em que a Sé era o epicentro da cidade e tivemos também uma Braga Renascentista na segunda metade do século XV e inícios do século XVI. Durante este período as ruas foram alargadas a mando de D. Diogo de Sousa e abriu-se praças, construi-se fontes e capelas. Mas o estilo mais evidente em Braga é o Barroco sendo Braga uma das zonas portuguesas com maior índice de obras de arte deste estilo. Por alguma razão Braga é considerada como a capital do Barroco. Um dos maiores ícones desta região deste estilo é o Santuário do Bom Jesus do Monte de que falarei mais a frente.

Braga, tal como todo o norte de Portugal é considerado por muitos um paraíso da gastronomia portuguesa, com comidas que vos deixarão satisfeitos e com uma moleza prazenteira. Tivemos oportunidade de experimentar apenas algumas dessas delícias, mas ainda ficou muito para a próxima vez como as papas de sarrabulho, o arroz de pato, cabrito assado e as frigideiras. Não é mesmo possível em apenas um dia marcar um certo em todos os elementos da lista. E mesmo assim puxámos os estômagos ao máximo até a barriga fazer já uma parábola.


Os santuários

O dia começou solarengo com um Verão de Maio que só Portugal consegue oferecer. Arranjados fomos ao pequeno-almoço por volta das 9 da manhã. Um pequeno-almoço capaz de deitar abaixo qualquer rabuge da manhã. O pão fresquíssimo e os croissants com calda de açúcar foram para mim os pontos altos.

Primeiro local de paragem depois de partirmos da quinta das Pedras de Baixo foi a Igreja de Santa Maria Madalena. Esta igreja só se encontra aberta ao Domingo, mas na altura que lá passámos a missa estava no auge e não parece muito bem aos fiéis aparecerem turistas armados com camaras fotográficas a interromper o pai nosso ou a toma da hóstia. Esta igreja é um bom exemplo do Barroco, estilo mencionado acima incluindo o uso da telha dourada no seu interior. Da igreja tem-se uma imensa vista sobre a cidade, como um aperitivo do que viríamos a conhecer em breve.

Não querendo disturbar a missa, nem esperar que ela acabasse, pusemo-nos a caminho até ao Santuário do Sameiro, o segundo maior santuário Mariano de Portugal. A primeira pedra foi lançada em 1873 para a construção da capela. No entanto, a primeira pedra para a construção do santuário seria colocada ali 17 anos mais tarde. Como não podia deixar de ser, este local tem um valor religioso enorme, mas o que mais impressiona é a sua parte exterior com os grandes pilares que ladeiam o início da escadaria, os monumentos do Imaculado Coração de Jesus e Coração de Maria.

O santuário tem sido palco de várias adições ao longo dos anos como a estátua do Papa João Paulo II, erguida depois da sua visita ao Sameiro que decorreu a 15 de maio de 1982. A visita ao santuário é gratuita, tal como o parque de estacionamento, e é certamente um dos sítios a não perder nos arredores de Braga.

A próxima paragem talvez seja o local mais famoso de Braga – O Bom Jesus do Monte ou também conhecido como o Bom Jesus de Braga. Basta olhar para uma fotografia da majestosa escadaria para imediatamente dizer – isto é em Braga. Todo o esplendor que hoje podemos visitar foi palco de um enorme trabalho que demorou mais de 600 anos. Pela escadaria temos a Viae Crucis conduzindo-nos através de pequenas capelas onde estão representadas coleções escultórias da Paixão de Cristo, fontes, esculturas de pedras e jardins.

Visitámos a igreja, descemos a escadaria da via Sacra e subimos novamente desta vez de funicular. Este é um lugar de valor incalculável não só a nível religioso, mas a nível da cultura portuguesa, arquitetura e paisagismo. Aviso que este local é bastante procurado e o parque de estacionamento estava um bocadinho movimentado. O parque de estacionamento não é pago, mas fica apenas 1 euro e podem passear o tempo que quiserem.


O almoço

Assim chegava a hora de ir para o centro de Braga e encontrar um restaurante para almoçar. Seguindo referências de quem vive na zona fomos almoçar ao restaurante Adega Malhoa que fica bastante perto da Sé de Braga. Mal entrámos, encontrámos um espaço acolhedor, rústico e intrigante. Todas as paredes estão forradas de papéis com mensagens de agradecimento, desenhos e até moedas. Mal nos sentámos a mesa sentimos que estávamos realmente num local tradicionalmente nortenho – e digo isto com todo o respeito possível. Os pratos escolhidos não podiam deixar de ser os típicos da região – começando por umas maravilhosas pataniscas de bacalhau seguidas de rojões á moda do Minho, Arroz pica no chão e vitela assada que estava uma delícia, a carne era tão tenra e saborosa. Foi uma das melhores refeições do fim-de-semana.

Estávamos a contar de seguida visitar a Sé de Braga para queimar todas aquelas calorias – mas a Sé estava fechada para um evento qualquer e não podia ser visitada naquele dia. Tenho a certeza que nunca está fechada, uma vez que é um dos locais mais importantes em Braga, mas claro que tinha de estar no ÚNICO dia em que visitávamos Braga. Para afogar as mágoas fomos ao café Frigideiras da Sé. Pedimos para sobremesa os famosos éclaires, mas não achei nada de especial. Infelizmente já não havia espaço para as frigideiras, com muita pena minha, já que dizem ser deliciosas. Estivemos por ali à conversa à volta de cafés e aperol spritz quando decidimos que era tempo de dar uma volta pela cidade. Sem grandes planos começámos a percorrer as várias ruas de Braga. E foi quando a cidade se abriu para nós.


A cidade

Sem pressas, sem destino e sem planos, foi assim que explorámos Braga. Entrámos na igreja de St. Cruz que fica ao lado do símbolo do nome da cidade que nos recebia tão abertamente.

Atravessámos a Avenida da Liberdade, coberta de flores e rodeada de muitas lojas. Subimos languidamente até ao chafariz da Praça da República onde virámos à direita para o jardim da Praça da República. Ainda entrámos na Basílica dos Congregados que faz parte do antigo convento dos Oratorianos. Embrenhámo-nos pelo meio do jardim e fomos recebidos por um grupo de músicos a tocar concertina e a cantar no meio deste belo cenário – no meio do jardim rodeado pelos edifícios da cidade com a fachada da Igreja da Lapa mesmo de frente e a água do chafariz a reluzir sobre a luz forte do sol.

Continuando na nossa exploração descontraída fomos visitar o jardim de Santa Bárbara, encontrando de passagem outro grupo de músicos onde a cidade dançava a seu tom. Para mim o jardim de Santa Bárbara foi um dos locais mais bonitos da cidade com a fachada do Paço Medieval de Braga a fazer de palco de fundo às imensas flores coloridas. Ainda descemos para visitar a Igreja do Pópulo, mas naquela altura já se encontrava encerrada.


O Jantar

E chegava a hora de jantar. E sabíamos exatamente onde queríamos ir!

Primeiro aviso: vão cedo porque não aceitam reservas e quando saímos era para aí 8 e meia e havia uma fila enorme cá fora. Tínhamos ido cedo porque tinha sido esse o conselho de quem já tivera o prazer de experimentar a Taberna Belga. O principal prato aqui talvez sejam as francesinhas, mas também há outros pratos como pregos, bifinhos com cogumelo e hambúrgueres. Mas foi a seleção diversa de cervejas belgas que nos encheu os olhos para imediatamente escolhermos este local para última refeição em Braga. A única coisa que foi pena foi a falta de fome depois do grande almoço que tivemos na Adega Malhoa. Acabámos por só pedir meia francesinha, mas mesmo assim houve que não conseguisse marchar com tudo. Mas realmente foi uma pena porque foi uma das melhores francesinhas que comi na minha vida, aquele molho era simplesmente divinal.

E com esta refeição final acabava a nossa aventura familiar em Braga. O serão foi passado ao pé da Quinta das Pedras de Baixo, a passear pela aldeia, junto à igreja e na conversa até que chegou a hora de dormir.

De manhã seguinte já foi só tomar o pequeno-almoço e voltar a fazer o percurso Braga – Abrantes – Lisboa.

Um fim-de-semana muito português, muito nortenho e muito bonito. Para quem não conhece ponham Braga e Guimarães na lista para viagens futuras.

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