Continuando o tema com que entrámos em 2023, começando pela cidade de Milão e lago Como, eis que passamos para outro país – e como ainda é janeiro vamos para um local ainda mais frio. Desta vez o fim-de-semana grande, que as férias 2022/2023 já estavam a escassear, foi em Oxford, uma cidade que nos surpreendeu e muito pela positiva.
Preparativos e a chegada
Chegar a Oxford
Para chegar a Oxford de Londres basta apanhar um comboio – Great Malvern – que vos leva de centro da cidade a centro da cidade em cerca de 1 hora. Mais se forem apanhados pelas greves, que ultimamente tem havido só a cada 5 minutos ou assim parece. De carro, eu parti de Watford e a viagem demorou cerca de 1 hora o que não é de admirar porque às sextas-feiras à noite parece que todos tem uma daquelas festas ou encontros marcados no Facebook e saem todos ao mesmo tempo. E depois fica tudo com muita gente e muita gente a perguntar para o ar – mas porque é que esta gente não ficou em casa? – enquanto param no meio do passeio à procura do espelho que está enfiado no fundo da mala para confirmar que nenhuma das 10 camadas de maquiagem escaparam e que continuam com a cor laranja solário. E assim se faz parar o trânsito das 50 mil pessoas que estão atrás.
Mas isso não é só um problema de Inglaterra é um problema do mundo, menos as 10 camadas de maquiagem. Ou talvez ainda mais, dependendo da zona do globo.


Onde ficar
A estadia escolhida não ficava dentro da cidade porque desta vez precisávamos de estacionamento para alem do pequeno-almoço que já é nosso usual pedido. Ficámos em Conifers Guesthouse, num quarto cuja porta de entrada ficava do lado de fora da casa e assim sentimos que tínhamos mais privacidade e mais probabilidades de levar uma facada já que para chegar ao quarto tinha que se dar a volta à casa por um corredor muito estreito e escuro. No entanto, evitámos aqueles sorrisos constrangedores que acontecem quando se chega à casa e o dono está à entrada e não se quer ser indelicado. Faz-se sempre aquilo sorriso amarelo, mas no fundo ele sabe bem o que vão fazer para o quarto. Agora, a falar a sério, eu gostei do quarto e do facto de não termos que entrar dentro da casa cada vez que íamos ao quarto. O quarto em si tinha bom tamanho, simples, mas simpático, com uma casa-de-banho limpa e de tamanho razoável. Como ficava longe do centro da cidade posso dizer que o preço da acomodação também ficou mais em conta.

Transportes
Partimos numa sexta-feira depois do trabalho e chegámos mais tarde do que o esperado porque como mencionei em cima o trânsito em Inglaterra tem a particularidade de fazer SEMPRE com o percurso demore o dobro do tempo do que o GPS marca no início da viagem. Fizemos o check-in na Guesthouse e o próximo passo era procurar de um sítio para jantar na cidade e começar a explorar alguns pubs e bares de Oxford. Como se contava beber decidimos não levar o carro e apanhar um Uber – até descobrirmos que a Uber não opera em Oxford mas sim uma outra companhia similar a “FREE NOW”. Lá marcámos todos contentes o carro e revirámos os olhos quando o que nos chegou foi um dos famosos “black cab” (táxis pretos) que são sempre os mais caros. A viagem custou-nos cerca de 15 libras quando de autocarro custa menos que 5 libras ida e volta. Depois desta noite apanhámos sempre o autocarro número 15 (vejam o website dos autocarros aqui). A viagem não demorava muito talvez entre uns 20 minutos a meia hora. E há autocarros até bastante tarde por isso podem ir aproveitar o serão para beber uns copos e se divertirem.
Jantar
Já passava das 7 e meia quando chegámos ao centro de Oxford e pode-se pensar, como pessoas normais, que teríamos muita variedade de sítios para comer, mas não. Estava tudo cheíssimo, desde pubs a fast food a não fast food. Estava tudo completamente lotado. Esta foi a segunda lição da viagem e ainda nem 3 horas tinha passado desde a nossa chegada a Oxford – se querem comer ou visitar em algum local em particular, marquem com antecedência. Porque é completamente surreal a quantidade de pessoas que passeiam/vivem/estudam em Oxford.


Já de mau humor da fome decidiu-se ir ao primeiro restaurante que vimos vazio, o “mission burrito“. O nome não tem muito que enganar, é um restaurante fast food de comida mexicana onde uma das opções, vá digam lá, são burritos. Eu acho que a fome que se transformou em mau humor impede-me ainda hoje de dizer que adorei a comida. A comida era simples, mas boa. Não era muito picante e havia várias opções como tacos, saladas, caixas com arroz e nachos. Nós fomos para os burritos, um de frango e outro com carne de porco, arroz, feijão, salada, pimentos, guacamole, numa mistura que nos permitiu sobreviver à nossa primeira noite em Oxford. Como digo eu acho que não gostei mais do “mission burrito” porque estava a contar com um jantar num sítio bonito, com muitas luzes e risos e não foi nada assim. Hoje já consigo ter uma perspetiva diferente, a de que se eu estivesse de bom humor eu estava aqui a dizer que a comida tinha sido muito boa e que todos deviam ir lá fazer fila. Também foi uma maneira de não gastarmos tanto dinheiro, pois cada burrito ficou-nos a cerca de 8 libras cada e encheu-nos para o resto da noite.
Enquanto estava a escrever o parágrafo acima pensei no anúncio do chocolate “snickers” porque depois de comermos realmente a atmosfera mudou radicalmente. Parecíamos pessoas diferentes das que tinham entrado famintos à procura de comida.

E lá fomos nós bem mais satisfeitos explorar a cidade e os pubs. A cidade de Oxford é muito bonita, cheia de história, de cantos e recantos encantadores que dão à cidade uma atmosfera de tempos idos. Mais, a quantidade de estudantes que se viam regularmente pelas ruas com os seus fatos pretos e capas ao vento faziaa parecer um cenário próprio de filme de Harry Potter.
Bebidas
A primeira paragem foi no St Aldates Tavern, um pub numas das ruas principais da cidade, espaçoso mas acolhedor. A decoração com candelabros, plantas e espelhos marcou a experiência onde se abriu a noite com cidra, cerveja e cocktails. Estivemos bastante tempo neste pub porque o ambiente puxava para simplesmente recostar-nos nos bancos e relaxar.


No entanto, às 10 da noite decidimos mudar de localização para o The Bear, um dos pubs especiais em Oxford. The Bear está aberto desde 1242 sendo agora o pub mais antigo de Oxford. Consideram-no como uma hidden gem (jóia escondida) não apenas pelas bebidas e longevidade do pub mas pela seu coleção de gravatas que cobrem as paredes e o teto. As gravatas representam vários clubes e organizações de Oxford desde 1900. A tradição remonta à década de 50 quando o proprietário do pub, Alan Course, trocava uma pint de cerveja pelas gravatas dos clientes. No início as gravatas eram afixadas às paredes, mas mais tarde foram colocadas em caixas de vidro e expostas nas paredes e nos tetos do pub, decoração que se encontra ainda hoje. Para o cliente poder fazer a troca a gravata tinha que ser de um determinado clube, escola, forças armadas ou polícia. Como puderam ver pelas fotografias e se tiverem sorte de verem pessoalmente cada gravata tem a sua origem e a assinatura do proprietário na gravata para que possam saber de onde é a sua origem. Hoje em dia as gravatas não são apenas de pessoas de Oxford mas de todo o mundo.


O pub estava a abarrotar quando chegámos, mas a sorte veio ter connosco e conseguimos uma mesa dentro do pub. Se não o tivéssemos conseguido a outra opção era sentar na esplanada. O resto do serão foi passado aqui e bastante mais quentes da cerveja voltámos para a guesthouse, desta vez de autocarro.
E assim começava mais uma viagem juntos, a explorar uma cidade de outros tempos, que adorámos visitar e que não nos importávamos de voltar. Próximo post começamos o primeiro dia, passando pelas zonas mais conhecidas de Oxford como a câmera Radcliffe e a biblioteca que foi palco da “secção restrita da biblioteca em Hogwarts”.