Sonhar a viajar: Lago Como, Itália

E aqui vai o último vídeo…e assim acaba a volta à música italiana

Começo este post por fazer uma confissão: este post está prestes a ser criado apenas por obra do acaso. Ou porque Júpiter estava alinhado a capricórnio celeste ou algo assim. Lago Como é pelos vistos uma das zonas mais cobiçadas de visita no norte de Itália e eu nunca tinha ouvido falar no lago até vir a Milão. E a viagem a Milão inicialmente não contava com o lago Como até porque uma viagem em Janeiro na Europa sempre se conta é com mau tempo e incluir locais de visita dentro de portas. No entanto, o sol espreitava no segundo dia em Itália (como a meteorologia nos tinha dito na noite anterior) e por isso decidiu-se no primeiro dia, depois de percorrermos a cidade de Milão, que nos íamos aventurar para os lados do lago Como.

Lago Como é o terceiro maior lago de Itália e conta com inúmeras povoações nas suas margens que formam uma paisagem completamente excecional. É to bonito que faz-nos suspeitar o que se passa dentro portas. Porque nada pode ser assim tão perfeito!

A paisagem é de cortar a respiração e não poderia ser de outra forma, com os Alpes a espreitarem na parte norte do lago. As povoações são um completo quadro com as suas estradas estreitas, edifícios baixos e coloridos e natureza circundante. Para quem gosta de andar na confusão, o lago Como no Verão deve ser um mimo, mas para quem gosta de ver as coisas sem ter que furar entre multidões e dar cotoveladas como se estivesse num treino de luta livre aconselho mais Primavera ou se conseguirem ter um dia de sol no meio de janeiro, então no Inverno. Digo isto porque apesar de ser pico do Inverno, havia restaurantes completamente cheios especialmente nas povoações mais procuradas como Bellagio. Também havia muitos restaurantes e arriscando-me a exagerar mas digo que a maioria estavam encerrados.

Menaggio e os Alpes como pano de fundo

Para explorar o lago Como a partir de Milão é preciso apanhar o comboio bastante cedo, especialmente no Inverno onde a luz do dia termina por volta das 5. E essa acabou por ser uma das razões por não termos explorado mais a povoação de Como. Se acharem que não querem acordar assim muito cedo podem sempre passar uma noite em Varenna e assim começam o dia já no lago. Nós saímos da Casa Calicantus por volta das 9 da manhã (não se conseguiu mais cedo e mesmo assim doeu) e chegámos por volta das 10 à estação central de Milão. Pelo caminho foi-se conhecendo mais da cidade altura em que se teve ainda oportunidade de avistar o Bosco Vertical, dois prédios cobertos por árvores em todos os andares. Janeiro como todos sabemos é a melhor altura para apreciar “bosques” e por isso pudemos ver praticamente todas árvores sem folhas e as que se aguentavam tinham uma cor castanha muito murcha. Mesmo assim foi mais um ponto interessante da cidade que se viu.

Estação central de Milão

Chegados à estação central de Milão – Milano Centrale – encontrámos uma entrada enorme com duas estátuas imponentes de cavalos alados. Foi uma coisa tipo “Wow – mas é assim que são as estações de comboio em Itália?” Apesar da majestosa entrada a estação em si é bastante comum. As casas de banho deixam muito a desejar, apesar de custar 1 euro por pessoa – 1 euro!!! e às condições de higiene nem sequer uma estrela merecem. Pelo que ouvi na casa-de-banho dos homens ainda era pior em que havia pessoas prestes a vomitar devido ao belíssimo cheiro. Apanhámos o comboio por volta das 10:20 e o bilhete ficou-nos a 7 euros por pessoa.

O comboio partiu em direção à estação Varenna Eso. A viagem de comboio demorou cerca de 1 hora e podem aproveitar para olhar pela janela e ver a mudança de paisagem, de citadina para montanhosa, ou podem optar por ter uma conversa muito intensa e cheia de gestos e palavras como as senhoras que estavam ao nosso lado. Se a conversa era ao menos interessante, não fiquei a saber, mas que estavam investidas naquilo, isso era certo.

Varenna

Chegando a Varenna, os turistas que estavam no comboio apresentaram-se todos às portas da saída. O dia estava frio, mas um sol radioso e a casa de banho desta estação era grátis e em melhor estado (Varenna 1 – 0 Milão). A nossa ideia de vir ao Lago Como não era visitar isto ou aquilo, era mesmo apreciar a paisagem à volta do lago e ficar a conhecer este lugar tão apetecível de Itália. Conseguiram detetar a desculpa de não ter havido uma procura profunda sobre o que fazer no lago? Se não conseguiram, pronto também não vale a pena lerem outra vez para depois apontarem o dedo.

Varenna

Fomos descendo as ruas desde a estação até ao ferry. Apenas neste pequeno passeio já sabíamos que a escolha em vir até ao lago tinha sido a acertada. Um dos pontos mais desejados em Varenna (e onde a maior parte dos posts das redes sociais é feito) chama-se Villa Monastero, um jardim botânico que infelizmente em janeiro está fechado. Mas pela paisagem não é preciso procurar sítios, mas simplesmente vaguear por dentro das povoações e junto a costa.

Viagem de ferry Varenna – Bellagio

Ao meio-dia apanhámos o ferry de Varenna para Bellagio. O bilhete foi 9,20 euros por pessoa. Uma das melhores experiências quando se vem ao lago Como são as viagens de barco, pois é daqui que se tem as melhores paisagens. Bellagio foi a povoação que explorámos mais, andámos pelo centro da vila, pela costa e até fomos ao outro lado da ilha e sim estivemos por alguns momentos perdidos, mas nada que um gps não resolva. Bellagio é tudo o que se pode esperar, ruas estreitas e muito pitorescas, paisagens em qualquer canto com o lago e as montanhas à volta e surpreendentemente muitos restaurantes fechados. Nem para um gelado conseguimos um sítio em Bellagio.

Decidimos ir a Menaggio, porque depois de um longo passeio ainda havia tempo para visitar outra povoação. Apanhámos outro ferry por volta das 13:45. Chegando a Menaggio fomos passeando pelas margens do rio. Menaggio pareceu-me uma vila mais grandita que Bellagio e Varenna e confesso que gostaria de ter explorado um bocado mais. Talvez se for para escolher um sítio para passar a noite, Menaggio será a melhor opção. No entanto, estávamos a contar apanhar o barco rápido para Como às 15:11. O bilhete entre Bellagio e Menaggio custou também 9,20 euros por pessoa.

Paisagem em Bellagio

Podia agora dizer que tínhamos ido à Cappella degli Alpini, uma igreja minúscula e em ruínas no meio do monte. Eu podia dizer que tinha lá ido e tinha sido uma aventura do caraças, com lutas contra ursos e italianos a gesticular muito com as mãos, mas não. Atenção que há quem lá vá que há fotografias a comprovar e a vista parece ser espetacular, mas com o tempo contado e a barriga a começar a pedir comida passeámos pelas ruas de Menaggio até entrarmos em Pesin tipo un bistrò“. Pelas fotografias no Google parece estar cheio no Verão, mas as maravilhas das férias de Inverno fizeram com o café estivesse vazio. Sentámo-nos e pediu-se mais um aperol, uma cerveja que foi a favorita da viagem e um tosta “la vale” com queijo, fiambre, maionese e manjericão. Gostei bastante da refeição e nada com um sítio quente para fugir ao frio que se começava a sentir com o avançar da tarde.

Às 15:11 fomos a correr para apanhar o barco – e a única opção já não era ferry, mas o barco de serviço rápido. O bilhete já ficou a 14 euros cada pessoa mas vão num barco que anda tão rápido que vai fora de água. Não estou a brincar, a parte da frente do barco vai no ar. Este barco é fechado, mas não me importei, porque agora o frio dos Alpes começava a entranhar-se nos ossos. Demorámos quase uma hora de Menaggio a Como porque o barco vai parando em vários locais como em Varenna. Se preferirem podem fazer o percurso contrário, apanhar o comboio em Milão para Como e depois subir o lago até Varenna e então aí apanhar o comboio de volta.

Barco rápido atracado em Como

Chegámos a Como por volta das 4 e meia da tarde e como só faltava meia hora até o pôr do sol fomos passeando junto ao lago, onde havia uma feira com algumas diversões. A feira ficava ao pé de Giardini del Tempio Voltiano e foi por aqui que andámos até escurecer e nos dirigirmos para a estação de comboios. O bilhete de comboio ComoMilão custou-nos 5 euros. Como tinha mencionado no início esta foi a vila que menos explorámos, mas também não tínhamos planeado visitar nenhum ponto em especial. Uma grande sugestão é jantarem um bocadinho mais cedo do que o habitual em Como antes de voltarem a Milão. Como, sendo uma vila muito turística, tem imensas escolhas, apenas não aconselho o Caffè Monti, onde as reviews são más e os preços aterradores.

Giardini del Tempio Voltiano

Um dia em Como pareceu-me suficiente para ter uma ideia dos vários sítios por onde passámos e guardar milhares de fotografias de cada canto. Algumas atrações e restaurantes estavam fechadas em janeiro mas a confusão foi muito menor e nunca tivemos qualquer problema em seguir no ferry que tínhamos escolhido entre povoações porque não havia filas.

Como
Como

Tal como nos aconselharam, agora aconselho eu – se forem a Milão tirem um dia para visitar Lago Como.

Episódio mais marcante do dia – não, não foi nenhuma paisagem nem edíficio nem comida. Foi antes durante a nossa espera para apanhar o comboio onde um dos futuros passageiros pergunta a duas raparigas se elas eram atrizes porno. Elas disseram que não, mas ele estava mesmo convencido que eram pela maneira como estavam vestidas. E não é que o comentário não as desagradou?! Dá-me a impressão que alguém conseguiu o objectivo do dia naquele momento. E com isto fecho a viagem a Itália Janeiro 2023!

Ciao!

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