Segundo dia no parque nacional de Cairngorm e o terceiro nas terras altas da Escócia. E amanhecia mais um dia de céu limpo azul-claro. Todos os dias nos espantávamos por não termos dias de chuva, nevoeiro e neve. E cada dia sentíamo-nos sortudos por termos a possibilidade de visitar a Escócia cuja beleza natural parecia se realçar ainda mais com a luz do sol. Depois do pequeno-almoço de que já vos falei no dia anterior (o casaquinho amoroso completamente escocês à volta da cafeteira do café – ainda quero ver se compro um, mas primeiro também preciso da cafeteira – e panquecas saborosíssimas) saímos para um dia longo. Hoje tínhamos muitos quilómetros pela frente e deixo-vos já o conselho de se fizerem o mesmo percurso ou um percurso semelhante para passarem uma das noites do lado este do parque nacional.

Falls of Bruar
Falls of Bruar – uma cascata na zona sul do parque nacional. Deixámos o carro no parque de estacionamento que pertence à House of Bruar (casa do Bruar), um pequeno ajuntamento de restaurantes e lojinhas. Para chegar á cascata seguimos a placa, passámos pelas lojas e embrenhámo-nos na floresta. Demorámos cerca de 10-15 minutos a chegar à cascata que passava debaixo da ponte de pedra.


E assim outra magnífica paisagem ficava gravada nas nossas memórias. Para além das fotografias ainda andámos por ali a explorar um bocado – há uma pequena passagem feita de pedra que dá para outra cascata e a ponte de pedra que dá continuação ao caminho para dentro da floresta.


Muir of Dinnet
Em seguida fomos até à reserva natural Muir de Dinnet. Fomos parando pelo caminho onde achávamos que a paisagem merecia uma paragem para tirar fotografias e obviamente olhá-la com olhos de ver e não apenas de raspão. No entanto, demorámos quase cerca de duas horas das Falls of Bruir até à reserva natural Muir de Dinnet. Também aqui o GPS não foi grande ajuda, uma vez que no site oficial diz que os trilhos começam em “Burn o’Vat visitor center” mas quando se coloca este nome no GPS leva-nos a um local 8 milhas afastado do ponto onde se quer ir. Nós quando chegámos ao lugar onde o GPS indicava vimos logo que aquilo estava mal, visto que estávamos numa rua de casas residenciais e não havia quaisquer placas a indicar que fosse naquela zona o visitor center. Coloquem antes “Muir of Dinnet National Nature Reserve” que vão ter ao tal centro de visitantes de Burn o’Vat. Quando chegámos o centro de visitantes encontrava-se fechado, mas as casas de banho ainda estavam abertas. Seguimos primeiro pelo trilho para Burn O’Vat em direção a uma cascata escondida por pedregulhos. Apesar do trilho ser fácil e bastante pequeno, para terem acesso à cascata é preciso escalar pelas pedras e passar por um pequeno arco também ele de pedras.


A cascata é o ponto principal desta reserva natural, mas existem outros 3 trilhos disponíveis: Parkin’s Moss Trail, Little Ord Trail e Loch Kinord Trail. Todos eles de acordo com o site que podem ver aqui: https://www.nature.scot/enjoying-outdoors/scotlands-national-nature-reserves/muir-dinnet-nnr/muir-dinnet-nnr-visiting-reserve são de alguma dificuldade. Também podem ver que as distâncias entre os vários trilhos variam desde 3.2Km até 6.4Km e consequentemente também assim varia o tempo que se demora a percorrer cada trilho. Posso-vos dizer que nós não tínhamos esta informação, então fomos mais pelo mapa do google maps e as placas de indicação dos vários trilhos. Como decidimos ir ver a cruz celta – Kinord Cross– que fica perto das margens fomos seguindo a Little Ord Trail. Com a ajuda do GPS encontrámos tanto a cruz como o lago e aproveitámos para saborear o bonito pôr do sol.
Voltámos para o carro e como já eram 4 e meia começámos a viagem de volta para Aviemore. Aqui é que vos aconselho a marcarem acomodação por esta zona até porque as estradas a noite não têm luz e são bastante estreitas e isoladas.
Jantar em Aviemore
The Old Bridge Inn
Quando chegámos a Aviemore estava já na hora de jantar. Ainda não vos falei do restaurante onde jantámos na primeira noite porque infelizmente as nossas reviews não são as melhores. Marcámos mesa no “The Old Bridge Inn” que se repararem é dos locais mais bem avaliados em Aviemore.
No entanto, primeiro o atendimento não foi o melhor, tivemos algum tempo à espera de sermos atendidos e o prato principal se veio rápido para pedir a sobremesa fomos completamente ignorados e demorámos mais de 45 minutos. Tudo seria águas passadas se a comida tivesse sido deliciosa, mas ficou bastante aquém do que esperávamos. Pedimos a entremeada (pork belly) para prato principal – eu queria os gnocchi de beterraba, mas já não havia) e infelizmente a carne se assim se pode chamar era uma grande camada de gordura o que deixava um sabor um bocado estranho na boca. O meu marido odiou o molho, mas eu até gostei, parecia o molho do pato à Pequim. Mesmo os vegetais, as couves-de-bruxelas e as batatas não faziam deste prato no mínimo saboroso.Porque queria dar mais uma tentativa ao restaurante pedi a sobremesa que me soava uma maravilha – cheesecake de cereja com gelado de chocolate. Mas infelizmente o sabor do gelado não combinava com o cheesecake. Foi uma pena que assim fosse já que este era o meu jantar de aniversário. E foi por isso que não quis acabar o último post com o jantar, pois foi uma desilusão.
The Wiking Owl

No entanto, para compensar na noite seguinte o meu marido marcou mesa no pub “The Wiking Owl“. O atendimento foi completamente diferente, atenciosos, divertidos e rápidos. Desta vez pedimos também entradas – calamares com molho tártaro – se houvesse mais, mais tínhamos comido. Para prato principal o meu marido pediu salsichas com puré de batata e eu pedi uma coisa mais simples – Mac and cheese – que é massa macarrão com molho de queijo. Eu posso dizer que apesar de simples, o meu prato era muito, mas muito melhor que o da noite anterior e o meu marido simplesmente adorou a comida que lhe foi servida.

Pedimos ainda sobremesa, já que a da noite anterior tinha sido horrível, o meu marido pediu um crumble de maçã e canela e eu um gateu de chocolate. Divinal!
Em termos de bebidas, porque quando vamos a qualquer cidade também gostamos de experimentar as cervejas locais, provámos a Cairngorm Pale Ale, Black Gold e Wildcat. Eu se fiquei completamente rendida à Black Gold ainda mais fiquei ao Espresso Martini que era soberbo. Esta noite compensou em todos os pontos a noite anterior e por isso recomendo este pub se estiverem a visitar esta zona.


Ainda fomos passear por Aviemore para nos apercebermos da vibe desta pequena vila. E é isso mesmo, uma pequena vila, o meu marido tinha visto que havia uma discoteca, mas parece que já não está aberta. No entanto, o Mambo’s cafe parece ser o local de eleição dos residentes de Aviemore – o café estava cheíssimo e até havia um pequeno ajuntamento de pessoas à porta a fumar, a beber e a conversar.
O último dia em Cairngorm

Acho que não é preciso dizer que ficámos com imensa pena de deixar Cairngorm. Tínhamos tido tantas boas experiências, algumas não tão boas, mas a paisagem, o tempo, as montanhas, os lagos, as cascatas, iam deixar muitas saudades. Depois de um bom pequeno-almoço dissemos adeus a Carn Mohr Lodge. Ainda antes de voltarmos para Inverness, afinal ainda não tínhamos explorado a cidade fomos até à estação de esqui de Lecth. Primeiro parámos em “The Watchers” onde esculturas de pedra se erguem em frente a um belíssimo panorama. E a mensagem numa das pedras “Take a moment to behold” – “Tira um momento para contemplar” é o melhor conselho que aqui se pode dar. Todos sabemos o significado da mensagem e eu acho sempre uma pena quando as pessoas vão a lugar só para tirar a tal fotografia para meter nas redes sociais e mostrarem que tiveram ali sem nunca pararem para apreciar, seja uma paisagem, uma obra de arte ou um monumento.

Mais um bocadinho acima ficava a estação de esqui. Ainda perguntámos se o teleférico estava em funcionamento, mas infelizmente com a pouca neve só tinham aberta a pista para iniciantes.

Já a começar a ir em direção a Inverness parámos ao pé de Well of Letch onde se encontra uma mina abandonada. Em 1730 esta mina era explorada para extrair ferro. No entanto, esta mina apenas esteve em funcionamento durante 7 anos antes de entrar em colapso. Foi reaberta em 1841 para a exploração de manganês, sendo esta a maior mina de manganês ativa na Escócia. A mina fechou em 1846 quando o preço do manganés tornou o negócio financeiramente insustentável. Hoje em dia a mina esta ao abandono, mas ainda de pé como marco histórico.

Por último parámos numa outra escultura “Still”, também esta posicionada num miradouro com uma paisagem magnífica. A escultura toda em espelho reflete de todos os ângulos a paisagem criando assim um interessante conceito.

As duas esculturas “Still” e “The Watchers” fazem parte de miradouros da chamada “Snow Roads Scenic Route” – Rota paisagística das estradas da neve – que percorre 90 milhas e passa entre vilas, montanhas e tal como o nome indica, maravilhosas paisagens.
Mas uma coisa é certa – qualquer seja o itinerário que escolham, a Escócia proporcionar-vos-á boas recordações. E assim deixávamos Cairngorm National Park para trás em direção a Inverness. Porque infelizmente a nossa viagem estava a acabar.
