Lá vai Lisboa

Lisboa é uma cidade muito especial, não só foi onde morei durante 26 anos mas também pela sua cor, luz e arquitectura. Demorei muito tempo a decidir que estava na altura de escrever sobre Lisboa, porque tenho a sensação que por muito que diga sobre a cidade, nunca ficará à altura da sua potencialidade.

Vista sobre Lisboa com a Sé do lado esquerdo e o castelo de São Jorge do lado direito (fotografia tirada do topo do arco da Rua Augusta)

No entanto vou começar com um aviso para aqueles que nunca estiveram em Lisboa – tenham pernas. Lisboa é conhecida pela cidade das 7 colinas e por alguma razão o é. Já tive colegas e amigos que vieram visitar Lisboa e que pediram ajuda e ideias de onde visitar e o que fazer, mas regressam sempre com a mesma frase – porque não nos avisaste que em Lisboa é tudo a subir?! É que para ir a qualquer lado é preciso escalar uma ruazinha inclinada com a famosa calçada portuguesa que aumentar o risco de partir uma pena em 100%. Ou de dar de caras no chão. Por isso talvez fazer umas caminhadas antes de visitar Lisboa não será uma ideia completamente absurda.


Começar o dia

Para não assustar já com subidas pela cidade fora vou começar por um local que eu gosto muito, o Terreiro do Paço, uma larga praça junto ao rio. Mesmo em frente encontra-se o Cais das Colunas com uma parede perfeita para nos sentarmos a olhar para o rio com a ponte 25 de Abril e a estátua do Cristo Rei no horizonte. No centro do Terreiro do Paço podem encontrar a estátua do rei D. José I. D. José I também conhecido como o Reformador teve um papel importante na reestruturação das leis, da economia e da sociedade transformando Portugal num país moderno para a época. Esta reorganização do país não poderia ter sido realizada sem o apoio do seu secretário de estado, o Marquês de Pombal. Ambos reconstruíram Lisboa depois do terrível terramoto e tsunami de 1755 que destrui grande parte da cidade.

Terramotos têm sido atualmente um tema bastante falado depois do terramoto na Turquia e Síria. Isto porque se eles têm um terramoto a comunicação social foi logo buscar que nós em Portugal também temos e um pode estar prestes a acontecer, como se fosse uma espécie de competição onde apenas o medo da população sai como resultado. E virem ainda políticos dizerem que Lisboa está muito, mas muito preparada para um terramoto é a mesma coisa que dizer que um barco furado está muito mas muito preparado para uma viagem transatlântica. Enfim.

Há entrada da cidade de Lisboa percorrendo o Terreiro do Paço encontra-se o Arco da Rua Augusta. Pode-se subir até ao topo do arco o que recomendo porque a vista sobre Lisboa é completamente fantástica. Atravessando o arco encontram-se na famosa Rua Augusta que é uma das mais conhecidas da baixa de Lisboa. Há várias lojinhas e restaurantes, mas aconselho a escolherem restaurantes mais escondidos entre várias ruazinhas estreitas, uma vez que estes para além de serem mais caros são também menos autênticos.

Pequeno-almoço

Para pequeno-almoço aconselho a Sacolinha. Apesar de nunca ter estado nesta pastelaria em Lisboa existe uma a 5 minutos da casa dos meus pais e é sempre uma delícia tanto os bolos como as miniaturas como os pães de leite, entre muitas mais tentações. Sempre que vou a Portugal há sempre uma paragem na Sacolinha.

E assim se encontram na zona do Chiado onde se encontram os famosos armazéns do Chiado agora transformados num centro comercial, o elevador de Santa Justa e também na zona do Delirium Cafe. Delirium cafe não é marca portuguesa, mas sim holandesa, no entanto é onde vão encontrar as mais diferentes cervejas e se forem gulosos como a minha mãe também vão encontrar doces. Ou se quiserem antes um gelado aconselho Amorino, uma gelataria italiana, sempre cheia, mas onde a espera vale a pena. Nos dias de 40ºC um gelado é sempre uma boa desculpa para fugir ao calor.


O que visitar durante o dia

Com energias renovadas sejam pelos doces da Sacolinha ou pela cerveja do Delirium começa-se então a subir até ao Museu Arqueológico do Carmo que fica no largo do Carmo.

Centro do largo do Carmo

O Museu Arqueológico do Carmo encontra-se junto às ruínas do Convento do Carmo, um antigo convento da Ordem dos Carmelitas da Antiga Observância, fundado em 1389 pelo D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável de Portugal. Infelizmente, parte da igreja e convento foram destruídos durante o terramoto de 1755. Ainda se deu início à reconstrução do edifício que não foi concluída de forma a que hoje se vê as grandes colunas a céu aberto como era o gosto romântico pelas ruínas e por antigos monumentos medievais do século XIX, altura em que se decidiu não completar as obras, formando este cenário idílico. No museu propriamente dito existem em exposição várias peças de valor histórico, arqueológico e artístico acompanhando uma viagem pelo tempo, desde a Pré-história à época contemporânea.

Metendo-nos mais pelas ruas estreitas de Lisboa avançamos até à Sé de Lisboa. A primeira vez que visitei a Sé foi em 2022 e é completamente magnífica. 1147 foi o ano em que a Sé de Lisboa começou a ser construída sendo hoje considerada a igreja mais antiga de Lisboa. Também parte deste edifício foi destruído no terramoto de 1755 (como podem-se aperceber foi uma grande catástrofe em Lisboa, que ainda hoje é recordada) e desde 1761 até 1940 houve várias obras de reconstrução e de renovação de várias partes da Sé como a Capela do Santíssimo, a torre sul, a cobertura da nave, abóboda da nave central e a rosácea central. Desde 1910 que a Sé de Lisboa é classificada como Monumento Nacional.

Para continuar o dia há duas boas escolhas: voltarem-se para as várias ruazinhas de Lisboa ou visitar o Castelo de São Jorge. Eu confesso que nunca o visitei, apesar de muitas vezes ter estado nos meus planos. O Castelo no cimo da colina de Lisboa é impossível de não chamar a atenção. No final do dia nada como ver o pôr do sol ou no Terreiro do Paço, junto ao Tejo, ou num dos muitos miradouros que se espalham pela cidade como o Miradouro de Santa Catarina ou o Miradouro de Santa Luzia.


Jantar e noite

Quando o sol se esconder e o próximo passo for comer nada como jantar num ambiente descontraído como o Time Out Market também ele conhecido como Mercado da Ribeira. O que há mais são escolhas para comer e beber. Claro que talvez vos agrade mais um rooftop bar, principalmente em dias quentes de Verão. Eu tive oportunidade de visitar o Le Chat que de momento se encontra encerrado mas abre brevemente. E quando reabrir é certamente um dos meus sítios recomendados para beber, comer e descontrair com uma vista espetacular sobre Lisboa. Entretanto existem outros rooftop bars na cidade talvez possam ver as recomendações do website TimeOut do qual deixo aqui o link: https://www.timeout.com/lisbon/bars-and-pubs/best-rooftop-bars-in-lisbon

E quem conhece os portugueses sabem bem que são pessoal sempre virado para a festa e por isso deixamos duas recomendações para passar a noite. A primeira está disponível todo o ano e é ele o Bairro Alto. Não há nada mais icónico do que passar a noite nas várias ruelas deste bairro a experimentar vários bares e bebidas. Aqui há uma atmosfera especial. E sim, como morada da zona grande de Lisboa, vim ao Bairro Alto muitas vezes – não perguntem a quais os bares fui mas também quem se lembra desses pormenores depois de uns quantos shots em cima. Bairro Alto é sem dúvida o local a não perder. Ah e já agora não se admirem se vos quiserem vender erva, várias vezes durante a noite, não é estranho por aqui, na verdade já faz parte da experiência.

Mais icónico do que o Bairro Alto talvez seja visitar Lisboa durante os festejo do santo padroeiro da cidade – Santo António. Festeja-se um pouco por toda a cidade durante o fim-de-semana de 13 de junho, dia que é feriado em Lisboa, mas onde se querem perder é em Alfama. Nas ruas estreitas onde o manjerico, a sardinha assada e a música são os reis. Não há nada como Lisboa na altura dos santos, onde há um mar de gente, alegria e comida.

E assim vos deixo neste segundo post sobre Lisboa. E talvez como cantava Amália Rodrigues:

Lá vai Lisboa com a saia cor de mar
Cada bairro é um noivo que com ela vai casar
Lá vai Lisboa com seu arquinho e balão
Com cantiguinhas na boca e amor no coração

Advertisement

Leave a Reply

Fill in your details below or click an icon to log in:

WordPress.com Logo

You are commenting using your WordPress.com account. Log Out /  Change )

Twitter picture

You are commenting using your Twitter account. Log Out /  Change )

Facebook photo

You are commenting using your Facebook account. Log Out /  Change )

Connecting to %s

%d bloggers like this: