Domingo amanhecia e com ele o nosso último dia em Oxford. E sendo este o último dia tinha de ser bem aproveitado. E assim foi feito.
No dia anterior tínhamos tentado visitar o colégio e catedral Christ church mas para comprar bilhetes só on-line. Os bilhetes só ficam disponíveis de semana a semana e com hora marcada. Marcámos para esse dia às 2 e meia porque era a única hora que ainda estava disponível, mas também só marcámos naquele dia de manhã, por isso acho que não vale a pena apontar dedos. O que vale agora saber de quem é que foi a culpa de não haver bilhetes sem ser para aquela hora (nossa vs universidade de Oxford).

Se não quiserem (conseguirem) bilhetes para ir visitar a catedral e os aposentos dos estudantes há um grande parque à volta do edifício e o edifício sim senhor, dá cabo de qualquer faculdade em Lisboa. Por isso mesmo assim ficam a ganhar se forem só visitar a parte exterior. Ficam é a ganhar menos do que se fossem também visitar a parte interior porque vale muito a pena. Quem é que nunca quis ficar com aquela inveja dos estudantes que vivem numa das mais luxuosas universidades do mundo?
Como os bilhetes estavam só marcados para a tarde fomos visitar uma lojinha pequenina que fica de frente para entrada do parque (parque chamado Christ Church Meadow). Era esta a loja da Alice no País das Maravilhas. E porque é que esta loja é tão icónica? Porque foi em Oxford onde viveu a verdadeira Alice.


O autor da famosa história de crianças, Charles Dodgson aka Lewis Carroll, era tutor na Christ Church. E foi nesta altura que escreveu a história da Alice, personagem inspirada na filha do reitor da universidade de Oxford, Alice Liddell. Charles e Alice tornaram-se amigos e Charles tinha por costume criar histórias para entreter Alice e as suas irmãs. Num particular dia, a história contada por Charles era tão fascinante que Alice lhe pediu para a escrever. E foi assim escrita pela primeira vez a Alice no País das Maravilhas. Se vierem a esta lojinha de portadas vermelhas, a empregada dar-vos-á uma explicação de como a história surgiu e a sua origem. Também podem escolher levar uma recordação desta loja que como tal esperado tem a temática da história conhecida hoje mundialmente.
Para o resto da manhã tivemos que tomar uma decisão_ visitar o castelo e a sua prisão ou visitar os museus de História Natural e Pitt Rivers. Depois de uma breve discussão de preços, passámos pelo quarteirão do castelo e seguimos para os tais museus. O museu Pitt Rivers está integrado no museu de História Natural. O primeiro que visitámos foi o da História Natural onde existem varias secções sobre diferente espécimes e exposições que incluem 5 milhões de insetos, meio milhão de fósseis, rochas, minerais e mais de 250.000 animais. Também por aqui se encontra uma biblioteca com mais ou menos meio milhão de manuscritos. Como podem ver pelos números há muito para ver.


Em seguida, fomos ao Pitt Rivers museum. Aqui também posso dizer que estão expostas muitas coisas oriundas de muitas civilizações. Isso não posso desmentir. Mas quando entrei neste museu pareceu-me que tinha chegado, como hei-de dizer? – sabem quando vão a casa de alguém e esse alguém tem muita coisa de logica e tapetes e mobílias e têm que medir bem onde metem o pé esquerdo ao pé do jarrão de loiça branca com flores azuis e ao mesmo tempo tentar meter o pé direito num ângulo de 180 graus para não bater na estátua de palhaço em tamanho real que por alguma razão alguém achou que ficava bem ali? É que há tanta coisa que nem sabes bem para onde olhar e o que ver, numa mescla que ficou um bocado mais a feira da ladra do que a museu, que até está bastante bem avaliado. É como aqueles sítios em que vais comprar umas meias e sais de lá com um papagaio verdadeiro. E também com as meias. O melhor de tudo é que a visita aos dois museus foi gratuita, por isso é claro que a quinquilharia ganhou à visita às masmorras do castelo que custavam 17,50 libras cada pessoa.
Começa a chegar o meio-dia e meio e como queríamos ir comer ao mercado – The Covered Market – começámos a seguir nessa direção. Houve uma paragem para visitar o museu da História da Ciência, que fica mesmo ao lado do teatro Sheldonian. A entrada também foi gratuita e havia para lá umas exposições de Albert Einstein e sobre o COVID. O museu é interessante, vê-se em 15 minutos e salvou-nos de uma molha e isso é que foi importante. Mesmo assim quase fomos a correr até ao mercado. Porque chuva que cai, atleta que foge. Se calhar devia por atleta entre aspas, mas gostei da expressão e vai ficar assim.
O mercado já foi mencionado no último post sobre Oxford, mas não contei que também aqui há uma temática na decoração do dito. E está relacionado exatamente com a Alice no País das Maravilhas e a sua origem nesta cidade. Porque se olharem para a fotografia abaixo, o grande coelho não engana a que história pertence.


No dia anterior Sasha’s Thai não tinha deixado saudades mas o mesmo não se passou com os sítios que experimentámos hoje. No dia anterior, depois de almoçarmos demos com este pequeno restaurante e escolhemo-lo imediatamente para almoço na primeira ocasião – Sartorelli’s Pizza. O nome italiano dá a dica do que aqui é servido, pizzas feita na hora em forno de lenha e ainda por cima a bom preço. O que se pode pedir mais? E as pizzas das melhores que já comi na minha vida. Ainda hoje penso em pegar no carro e ir a Oxford apenas para comer as tais pizzas. O sítio é bastante pequeno com algumas mesas à entrada, fazem take-away talvez por isso mesmo e vale imenso a pena. Nós pedimos uma pizza calzone e uma “Jack the ripper”. Melhor decisão de toda a viagem! O que é uma mulher sem a sua comida?!

Outro sítio de que tinha ouvido falar bastante era o Ben’s Cookies. Como tal, era obrigatório uma paragem para comprar estas tão famosas bolachas. E compreende-se a fama – são deliciosas e esgotam-se rapidamente. Porque o tempo estava bastante chuvoso e ainda com uma hora antes da nossa visita à Christ Church, ficámo-nos por um dos muitos cafés espalhados no mercado.


Depois de toda a gulosice e com um céu mais amistoso dirigimo-nos para a catedral Christ Church. Primeiro foi preciso ir ao Ticket Office, onde verificaram os bilhetes e nos deram os áudio-guias que foram relatando acontecimentos e detalhes das várias salas, escadarias e corredores por onde íamos passando. Foi no vão das escadas da imagem abaixo o palco de filmagem da entrada de Harry Potter pela primeira vez em Hogwarts. A grande sala da cantina, que de cantina Não tem de nada, foi a inspiração para o grande salão de jantar que aparece nos famosos filmes do rapaz que sobreviveu. A mesma tour guia-vos através da catedral e da parte exterior dos aposentos dos estudantes da universidade.




Esta tour grita a plenos pulmões o que a universidade de Oxford é – dinheiro, competição e gabarito. Tudo numa mistura onde os 3 ingredientes coexistem na mesma medida.
Para matar o resto da tarde fomos à procura de pubs. Começámos pelo Jericho Tavern à procura de boas cervejas e cocktails. Mas a atmosfera não era das mais vibrantes. Aliás não sei se era porque era domingo à tarde e durante tempo de aulas e por isso todos os estudantes estavam a estudar ou a descansar para a semana que começava no dia seguinte, mas a verdade é que todos os sítios que fomos antes do jantar estavam muito murchinhos. E vejam que Jericho é a zona boémia e descontraída da cidade. Por isso estávamos no sítio certo mas talvez na altura errada. Como disse começámos no Jericho Tavern onde vitrais espalhavam-se pela sala, espaço que já foi palco de várias atuações musicais ao vivo, recebendo bandas famosas como os Radiohead. Em seguida, para ficarmos ali na zona de Jericho foi a vez de experimentarmos Angels. Na verdade queríamos era ter ido a LJ – Love cocktails, o sítio mais bem avaliado da zona, mas encerra de domingo a terça. Entrámos em Angels e o bar estava vazio. Na verdade, mesmo depois de lá estarmos um bocado apenas mais um casal e um rapaz sentado no canto faziam a totalidade da clientela. Os cocktails não era maus, muito pelo contrário, mas acho que o espaço vazio e quase silencioso não sendo desconfortável também não era animador. Mas os cocktails eram bons, eu acho que o cruzeiro pelo Alasca deixou-nos mal habituados, porque os cocktails que experimentámos no barco eram de beber e chorar por mais. Mas vale a pena irem experimentar Angels e LJ, mas aconselho mais sexta à noite, onde anda tudo na rua. Angels está só aberto de sexta a domingo e ambos os estabelecimentos abrem depois das 4 da tarde.


Com o final da tarde a chegar decidimos ir beber mais qualquer coisa a outro pub e talvez acabar por jantar por lá. Foi a vez de fazer mais uma pequena caminhada pela zona até Rose & Crown PH. A história aqui também não acaba bem e foi um sítio onde não ficámos muito tempo. Provavelmente foi onde estivemos menos tempo. Pedimos mesa para jantar e disseram que tudo bem, levaram-nos a um pátio aquecido e tapado por isso corria tudo como nos conformes. Videiras completavam a decoração do espaço com mesas e assentos corridos de madeira. No entanto, sentaram-nos ao lado de um grupo de pessoas que claramente não nos queriam ali ao lado e ainda para mais ia começar em breve um grupo de jazz que ao ouvir o treino não iam claramente melhorar o humor. Então bebemos lá uma cervejita e um minuto antes da banda começar saímos.
Como a hora de jantar chegava fizemos uma das melhores decisões da tarde, irmos jantar não a um local requintado, mas ao Atomic Burguer. E o Atomic Burguer é nem mais nem menos um restaurante coberto de banda desenhada, figuras de ação e super-heróis e mais algumas personagens sem qualquer contexto para se juntar à confusão. Que o diga o homem aranha em tamanho real colado ao teto. A comida é simples, hambúrgueres, cachorros-quentes e nachos. Nada podia ter sido melhor. Os hambúrgueres deliciosos, a música a trazer-nos memórias e a decoração atraente. Bem, atraente para um bando de nerds. E digo-os que o restaurante esteve cheio durante toda a nossa refeição por isso não somos os únicos.


E com isto acabava o nosso fim-de-semana em Oxford. Uma cidade que nos revelou muito mais do que esperávamos, com uma atmosfera de outros tempos, e muitas histórias em cada recanto. Se vale a pena visitar Oxford? A resposta e simples: completamente.