2ª Paragem no Gerês: Trilhos, mata e cascatas

Se quiser aceder a tudo sobre a nossa viagem ao parque nacional do Gerês incluindo preparativos e sugestões, veja a nossa página em: Parque nacional Peneda-Gerês


Hotel Adelaide

Quarto

Acabei o último post quando chegávamos ao nosso alojamento na Vila do Gerês, o hotel Adelaide, depois de termos percorrido mais de 22Km no primeiro dia. Estávamos de rastos e o descanso era necessário, de forma imediata. Fizemos o check-in e entrámos para o nosso quarto. Apesar do quarto ser bem mais pequeno daquele onde ficámos na noite anterior, no Outeiro do Moinho, o espaço era agradável, sendo que o pior que tenha a dizer talvez seja da casa-de-banho que estava a precisar de uma renovação, mas nada do qual não conseguíssemos sobreviver. Especialmente quando passávamos para a varanda e tínhamos a vista maravilhosa sobre o vale estendendo-se depois da vila.

Massagens

O hotel Adelaide, um hotel de 2 estrelas, fica a cerca de 10-15 minutos a pé do centro da Vila do Gerês, a vila mais central e mais movimentada do parque nacional. Neste hotel também há um espaço de relaxamento, um serviço que inclui diferentes tipos de massagens. Como as marcações costumam estar lotadas, se se quer aproveitar é preciso marcar atempadamente. Desta vez não o fizemos, mas sendo este o local onde iríamos passar a última noite, a escolha de acabar a viagem com uma massagem foi logo aceite pelos dois. Mas da massagem falarei mais tarde quando falar do fim desta nossa passagem pelo Gerês.

Restaurante

Quando fizemos o check-in disseram-nos que se quiséssemos podíamos jantar no restaurante do hotel, para qual não era preciso marcação prévia. Apesar da vila ficar pertinho não estávamos com vontade nem de andar nem de conduzir. Foi assim que acabámos instalados, depois de banho tomado e uns minutos de descanso na varanda do quarto, numa mesa com uma vista sobre o vale, a mesma que tínhamos do quarto. Aconselho imenso, se tiverem oportunidade claro, de se sentarem na parte mais exterior do restaurante para puderem apreciar a vista. Para entradas pedimos o queijo e melão com presunto e para prato principal, querendo embarcar na cozinha tradicional, escolhemos a Posta à Serrana. Acabou este por ser um dos meus pratos favoritos da viagem, a carne tenrinha e até os espinafres deliciosos.

Acabámos a refeição com o doce da casa, e foi nesta altura que descobrimos que o doce da casa naquela região era o mesmo, um doce de natas com pedaços de chocolate, muito parecido ao que tínhamos experimentado no dia anterior no restaurante Turista ao pé de Covide.

Bar

Para acabarmos o dia, antes de aterrarmos na cama, fomos nos sentar um bocado no bar do hotel, que fica mesmo ao lado da recepção. Querendo experimentar uma coisa mais regional acabámos por beber um gin (sim, também não esperava) que é feito na zona, o Gin Valley, cuja composição inclui não só as águas do Gerês, mas também várias ervas que aqui crescem como o zimbro, hortelã-pimenta, laranja e limão dando a este gin notas florais e cítricas tornando esta bebida muito agradável. Para uma bebida menos tradicional do Gerês, mas sim de Portugal, escolhemos também uma amêndoa amarga, bebida bastante apreciada por ambos.


Pequeno-almoço do dia seguinte

A primeira paragem deste segundo dia no parque nacional do Gerês foi o salão de pequenos-almoços, o mesmo onde tínhamos jantado na noite anterior. A escolha era bastante variada, desde vários pães, croissants, tortas, queijos e fiambre, ovos mexidos e cereais. Em poucas palavras, um bom pequeno-almoço era aquilo que nos esperava. Sentámo-nos outra vez numa das mesas ao pé da janela e descobrimos que apesar da hora matinal, o calor já se começava a sentir. Comemos, fizemos o check-out e voltámos a entrar no nosso Fiat 500 para mais um trilho.


Uma parte do Trilho da Preguiça

Hoje era mais um dia intenso, e começávamos por duas cascatas, a da Laja e a Leonte. Ambas fazem parte do PR10- Trilho da Preguiça. E a nossa ideia inicial era realmente fazê-lo na sua totalidade, mas depois de vermos que o primeiro quilómetro e meio era sempre a subir e a subir bem acabámos por fazer um pequeno encurtamento. O que queríamos deste percurso era visitar as cascatas, por isso começámos o percurso no sentido contrário. Assim o percurso em vez dos cerca de 4Km foi apenas de 2,5Km (ir e vir) evitando a grande subida.

Deixámos o carro onde o Trilho da Preguiça começa (e acaba), mesmo ao pé do Miradouro da Preguiça. Como viemos bastante cedo não havia mais nenhum carro estacionado, mas o mesmo não se pôde dizer quando voltámos. Começámos o nosso percurso ao pé da placa que indicava ser o fim do trilho e entrámos pela floresta andando junto ao riacho. Passámos primeiro pela cascata da Laja onde existe uma ponte de madeira. Tirámos as obrigatórias fotografias e seguimos pelo caminho até à cascata Leonte. Pelo caminho fomos passando por vários pontos de interesse como a Calçada Portuguesa e o Curral da Mijaceira.

Quando voltámos para trás para não fazer o mesmo caminho e também para chegarmos mais rápido ao carro acabámos por descer pela estrada, já não passando pela cascata da Laja.


Mata de Albergaria e a fronteira com Espanha

Próxima paragem era na Mata de Albergaria, uma mata com algumas particulares. Esta mata é um dos bosques mais importantes do parque nacional constituído predominantemente por um carvalhal secular; carvalhos galaico-portugueses da espécie Quercus robur e Quercus pyrenaica, havendo um significativo esforço de conservação e preservação da área. Também na mata se encontra ruínas da via romana Geira.

Com o aumento do turismo tem vindo a crescer o número de regras para assegurar o estado natural da mata e é por isso que existem várias normas a seguir quando se visita este local como por exemplo não se poder parar ou estacionar no troço dentro da mata sendo apenas possível parar na Portela do Homem, perto da fronteira com Espanha. Também a velocidade máxima é de 40Km/hora. O incumprimento destas regras poderá resultar em multa. Durante os meses de Verão, de 1 de junho até 30 de setembro encontra-se uma portagem na entrada da mata com o custo de 1,50 euros. Nós fomos no final de maio, altura do ano em que esta taxa não está em vigor. Mas claro que se pode visitar a mata o quanto se quiser a pé, existindo vários trilhos a escolher.

Nós percorremos a mata de carro até à Portela do Homem (lembram-se do nome do nosso quarto no Outeiro do Moinho? Era em relação a este local) e fomos primeiro até à fronteira, apenas para dizer que estivemos em Espanha. Muito pouco se passa daquele lado da fronteira. Por isso voltámos para trás e seguindo pela estrada, entrando dentro da mata, fomos até à cascata de São Miguel.


Miradouro da Pedra Bela

Albufeira da Caniçada (rio Cávado) do Miradouro da Pedra Bela

Depois de voltarmos a passar pela Mata de Albergaria o próximo ponto era num miradouro, o miradouro da Pedra Bela. Entrávamos nesta altura pela tarde deste segundo dia no Gerês. Este é um dos miradouros mais conhecidos e por muitas boas razões. A paisagem é parecida com a do Miradouro da Boneca, mas do outro lado do vale. Para mim a paisagem deste lado é muito mais bonita. Do lado norte do miradouro vê-se as montanhas, os picos mais altos da Serra do Gerês, enquanto a sul se vê as águas azuis e calmas do rio Cávado formando a albufeira da Caniçada. Todo o vale do Rio Gerês a nossos pés, num miradouro com 829 metros de altura. Este vale resultante da falha geológica Gerês-Lobios (Portugal-Espanha) é responsável pela rica composição da água da região. Neste miradouro também se pode aproveitar as mesas de pedras que formam uma espécie de parque das merendas.

Os mais altos picos da Serra do Gerês no Miradouro da Pedra Bela

Nada é mais português do que tirar da mala umas carcaças e umas fatias de chourição como vi um casal fazer. E não é que na altura também se fazia? Não comemos, mas aproveitámos as mesas para descansar um bocado e decidir o que fazer a seguir. Ah, e este foi finalmente um dos miradouros em que podemos estacionar ali ao pé sem termos de andar quilómetros para chegar à paisagem. Aliás a duas paisagens, porque existem dois miradouros na mesma zona – o Miradouro da Pedra Bela e também o chamado Miradouro Novo da Pedra Bela. Ambos a ser visitados.


Cascata do Arado

Apesar de não estar nos nossos planos para aquele dia, como estávamos perto da cascata do Arado foi para aí que fomos. E ainda bem que o fizemos que no dia seguinte, o dia em que éramos para visitar a cascata foi atribulado o suficiente. Mas isso fica para o próximo capítulo. Deixámos o carro ao pé do Miradouro das Rocas, e foi aqui que encontrámos o maior número de carros e de pessoas em toda a viagem. Podia-se deixar o carro mais perto da cascata, atravessando um caminho de terra. Mas a menos que se tenha um carro mais alto do que o nosso, talvez seja não seja boa ideia aventurar-se muito por este caminho. Também o caminho de terra é de cerca 1,1Km até ao Miradouro da Cascata do Arado.

A cascata do Arado tem uma altitude de 900 metros criando sucessivas cascatas que vão descendo pelas rochas. Para mim, claro que isto é opinião pessoal, a paisagem da ponte ao pé da cascata do Arado, para o lado das montanhas foi uma das mais bonitas que vi no Gerês. Repito, isto é apenas a minha opinião.


AL Costa da Banga

O calor a esta altura apertava e quando chegámos ao carro decidimos ir para o local onde iríamos passar a terceira noite, muito perto da Vila do Gerês, já em Vilar da Veiga, AL Costa da Banga, uma acomodação de 3 estrelas. Chegámos por volta das 4 da tarde, bastante mais cedo do que o normal, mas também tínhamos começado a caminhar às 9 da manhã. Estacionámos o carro e mal olhei para o terraço da casa vi uma piscina que sabia imediatamente que teria de experimentar.

O nosso quarto em AL Costa da Banga

Fizemos o check-in, a senhora Maria José, dona da casa, foi simpatiquíssima recebendo-nos da melhor maneira. Ficámos instalados num quarto do primeiro piso, um quarto enorme com 1 cama de casal e 1 cama de solteiro. Um quarto enorme, uma casa-de-banho moderna e uma piscina à espera. Talvez melhor era se o quarto tivesse varanda como o do Hotel Adelaide, mas também não se pode ter tudo. E aquilo que tínhamos chegava bem. Pusemos as malas no quarto, descansámos por uns minutos e ala para a piscina. Assim às 4 e meia andava eu no meio das águas da piscina a refrescar-me de um longo dia que ainda não tinha acabado.


Vila do Gerês

Mais ou menos uma hora depois com a barriga a começar a dar horas, afinal a última vez que tínhamos comido tinha sido no Hotel Adelaide, decidimos ir visitar a Vila do Gerês, já que não o tínhamos feito no dia anterior. A viagem de carro demorou cerca de 5 minutos, e estacionámos logo ao pé do restaurante Lurdes Capela, onde queríamos jantar seguindo o conselho de um amigo que já tinha visitado o Gerês. Mas ainda nem eram 6 por isso fomos mordiscar qualquer coisa antes do jantar. Assim também aproveitávamos para visitar a vila.

Entrámos no Lirio’s Coffee e pedimos cerveja Tango (cerveja com groselha), um lanche (merenda de queijo e fiambre) e um guardanapo. Nada como uma pausa com a pastelaria/padaria portuguesa. Bem mais satisfeitos fomos passear pelas ruas da vila, subindo a estrada principal até ao Jardim da Praceta Honório de Lima. Fomos passando por várias lojinhas assim como pelas termas do Gerês, local muito procurado não só pelas termas como também pelo spa. Não chegámos a experimentar este local, uma vez que queríamos experimentar as massagens no Hotel Adelaide. Se estiverem interessados podem sempre ver o que eles têm para oferecer no website: https://www.aguasdogeres.pt/

Depois de passearmos pelas ruas da Vila, fomos para o restaurante Lurdes Capela. Aconselho a virem bastante cedo porque este restaurante é bastante aclamado, enche rapidamente e não aceitam reservas. Lurdes Capela abre às 6 e meia para jantar e pouco mais disso passava quando chegámos. Entrámos, algumas mesas já estavam ocupadas, e sentámo-nos assim num restaurante de aspecto rústico e acolhedor. As entradas foram simples, umas manteigas e um queijo que era muito bom, afinal tínhamos comido há bem pouco tempo. Para prato principal quisemos experimentar mais um prato tradicional, o Bacalhau à Lurdes Capela, um prato de bacalhau em posta acompanhado com cebolada e batatas fritas às rodelas. Não vale a pena dizer que ficámos cheíssimos e nem espaço para a sobremesa houve. Também provámos a cerveja artesanal que apesar do preço aconselho a experimentar.

Depois do jantar e para queimar as calorias ingeridas fomos dar mais uma volta pela vila. Para acabar o dia, voltámos para AL Costa da Banga onde depois de estacionar o carro fomos dar uma volta pela estrada abaixo, onde ainda tivemos o prazer de ter como fundo o rio Cávado. E assim acabava mais um dia no Gerês. Bem mais calmo do que o anterior. Mas afinal os momentos mais perturbadores desta viagem ainda estavam para vir.

Paisagem em Vilar de Veiga

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