Terceiro dia na Madeira. Como disse no post anterior estávamos à espera de uma grande tempestade para o último dia e meio das nossas férias por isso tínhamos que aproveitar ao máximo. Para Domingo tínhamos uma coisa especial marcada, da qual falarei no próximo post, por isso hoje seria, pelos menos em teoria, o último dia para caminhadas.

Quando se fala em levadas na Madeira há uma que tem foco principal, por ser mais longa, a mais desafiadora e como tal a mais procurada. PR1 – Vereda do Areeiro – 7Km a começar no Pico do Areeiro até ao Pico Ruivo. Um trilho através dos picos mais altos da Madeira. Mas não é para todos e definitivamente não era para nós. Ou melhor, depois da experiência na ilha do Pico, nos Açores, ainda houve bastante discussão se íamos ou não o fazer, mas depois de vermos alguns vídeos foi decidido por unanimidade que não. Em alternativa fizemos a Achada do Teixeira – 6Km, 3Km para cada lado, que começa na Achada do Teixeira e acaba no Pico Ruivo. É um trilho muito mais fácil de fazer e que apanha a última parte do trilho PR1. Este trilho chama-se PR1.2 – Vereda do Pico Ruivo. Não digo que não há esforço envolvido, especialmente na parte final do trilho, mas é bastante mais fácil que o PR1. As paisagens durante o percurso são espetaculares, um trilho acima das nuvens. Fazer ida e volta contem com mais ou menos 2 horas a 2 horas e meia – 3, se quiserem fazer uma paragem na casa montanha transformada em café que fica no local onde se cruzam os dois percursos, PR1 e PR1.2.


A ideia era depois irmos ao ponto de começo – Pico do Areeiro. Assim apesar de não fazermos o percurso, tínhamos visitado os pontos de chegada e partida. Se quiserem fazer o PR1 não se esqueçam que este não é um trilho circular, ou seja, se deixarem o carro numa ponta têm ou que fazer o percurso todo de volta ou apanhar um táxi.Se fizerem o PR1.2 há um parque de estacionamento gratuito, tal como o parque de estacionamento no Pico do Areeiro se fizerem o percurso PR1.


Antes de irmos ao Pico do Areeiro, fomos à levada de nível mais fácil – Um caminho para todos – um percurso de 2Km, que começa no Pico das Pedras até às Queimadas. Nestes percursos há uma coisa interessante – é que a distância destes trilhos não significa o mesmo para cada um deles. 2Km no PR1.2 não tem nada a ver com 2Km no caminho para todos. É uma experiência completamente diferente.


Fizemos o caminho para todos e é um trilho mesmo para todos, para aqueles que têm problemas de mobilidade, para quem leva crianças e bebés, ou para quem as pernas estejam a pedir descanso. No parque florestal das Queimadas encontram-se casas-de-banho, um café, mesas para comer e um viveiro com várias aves. Deste parque florestal parte o trilho PR9- Levada do Caldeirão Verde que dizem ser este um dos trilhos mais bonitos da Madeira. No entanto, depois da experiência nas levadas das 25 fontes, fomos pesquisar e ficámos a saber que o caminho para além de ser mais difícil também inclui mais problemas para quem tem medo de alturas. Foi então retirado do nosso trajeto. O parque de estacionamento aqui é pago, mas na verdade nós sem sabermos tínhamos deixado o carro na outra ponta do caminho para todos e acabámos por não pagar nada por estacionamento.

Enquanto estivemos no pico do Areeiro havia bastante nevoeiro, mas também estávamos no terceiro ponto mais alto da Madeira, a 1818 metros de altitude – o ponto mais alto é o Pico Ruivo que conta com 1861 metros. Vimos várias pessoas a chegar do PR1 e foi neste momento que confirmámos que tínhamos decidido pelo melhor. A dor na cara das pessoas era bastante visível. Até vimos um rapaz que chegou e já via com as pernas à banda – sabem quando se andou tanto que já nem se consegue bem por uma perna à frente da outra? Quando chegou ao pé da família que esperava por ele, ele apenas fechou os olhos. Eu olhei para o meu marido e ambos sentimos a dor do rapaz – um momento profundo.
Ponto seguinte como tinha dito acima foi o Pico do Areeiro. Estacionámos o carro – apesar de o parque de estacionamento ser gratuito o uso das casas-de-banho não o é. Na verdade, esse foi um dos pontos comuns nas levadas que visitámos e que quisemos ir à casa-de-banho – o seu uso não é gratuito. Aconselho a terem umas moedas sempre convosco que também com notas não se amanham.


Como havia imenso nevoeiro e mal se via o que nos rodeava – mesmo assim tivemos um vislumbre de um trilho estreito com escapas altíssimas dos dois lados do caminho – decidimos que já tínhamos visto tudo o que queríamos. A bola branca da figura acima à esquerda é a Estação de Radar Nº4 da Força Aérea Portuguesa. Esta estação está operacional 24 horas todos os dias do ano e o seu objetivo é defesa área nacional.
Fomos até ao Miradouro da Eira do Serrado – e este parte do percurso entre o Pico do Areeiro até ao Miradouro foi o pior de toda a viagem – o caminho era feito todo às curvas estreitíssimas. Uma coisa que só mesmo visto. Então com nevoeiro e chuva nem se fala.

O miradouro fica mesmo ao lado da Estalagem da Eira do Serrado que tem uma piscina interior com uma vista espetacular para a serra. É um local bonito, apesar do difícil caminho para aqui chegar, mas de onde a vista dos quartos deve de ser sem dúvida espetacular. Chegava assim o meio da tarde e a hora de irmos a um restaurante que queríamos experimentar, agora já na zona do Funchal – o Beer Garden. Foi o nosso segundo picadinho, uma vez que as reviews que li de antemão afirmarem que o molho era de comer e chorar por mais. Desta vez, para ser diferente do que tínhamos provado no dia anterior, no restaurante Caravela, escolhemos o picadinho de frango. Acompanhado com uma nikita e bolo de caco foi uma refeição perfeita para depois de um dia sempre a andar. O Beer Garden tem uma variada escolha de cerveja belga, sendo uma escolha ótima escolha para quem é apreciador desta bebida. E o molho confirma-se – delicioso.

De barriga cheia estava na hora de voltarmos para o nosso hotel – Santa Cruz Village – para tomarmos um banho (depois das várias caminhadas estávamos bem precisados) – e de nos venturarmos por Santa Cruz. Tenho a dizer que gostámos imenso de explorar Santa Cruz. Houve dois sítios que ficaram como nossos preferidos e onde acabámos sempre os nossos serões – o Pizza Café – pela paisagem da esplanada do mar e das ilhas desertas e o restaurante snack bar – O Prego. E foi no Prego que ficámos a saber algo que mudaria completamente o nosso trajeto do dia seguinte, mas isso fica para o próximo post.


Já agora sobre as ilhas desertas – não tivemos oportunidade de as visitar, mas é possível fazê-lo através de excursões de barco que partem do Funchal. As ilhas desertas estão localizadas no prolongamento da Ponta de São Lourenço e são três: O ilhéu Chão, a Deserta Grande e o Bugio. Está na nossa lista para uma viagem futura à Madeira. Porque acreditem – quem visita a Madeira não o faz só uma vez.