Incluído neste post
- Onde ficam os Dolomitas?
- Época alta e época baixa nos Dolomitas
- Desvantagens e vantagens de visitar os Dolomitas durante a época baixa
- Preparativos para a viagem
- O nosso itinerário de 8 dias
Onde ficam os Dolomitas?
Nos últimos anos temos explorado várias cidades em Itália, como por exemplo Milão, Veneza e Pádua que ficam mais para norte de Itália tal como Nápoles e Pompeia, estas mais a sul. Temos também aproveitado estas viagens para visitar zonas mais voltadas para a natureza como a Ilha de Capri e Lago Como.
E sem dúvida que ainda temos muito para ver, locais que queremos um dia visitar, mas havia uma zona em particular que nos chamava a atenção. Era daqueles sítios que vinha constantemente à conversa e esse sítio era os Dolomitas, a zona mais a norte de Itália que faz parte dos Alpes. Decidimos finalmente visitar os Dolomitas em junho de 2025 e conhecer duas das suas regiões, Veneto e Sul de Tyrol.
É sem surpresas que os Dolomitas fazem parte do Património Mundial da UNESCO desde 2009. Afinal o que encontrámos foi uma beleza quase estonteante, um local como poucos no mundo.

No final posso dizer que foi uma semana intensa, mas no melhor dos sentidos. Ficámos a conhecer um pouco da história associada aos Dolomitas, como por exemplo que parte dos Dolomitas pertenciam à Áustria até à Primeira Guerra Mundial, altura em que passou a estar sob domínio de Itália. E hoje esta região faz parte de Itália, no entanto os vestígios da cultura austríaca continuam presentes e enraizados, houve mesmo alturas que podia jurar estar noutro país que não Itália. E isto é evidente não só na arquitectura mas também na cozinha local. Uma das coisas interessantes que aprendemos foi que em certas zonas, mais em Tyrol, as pessoas falam uma língua diferente que não é nem italiano nem austríaco, mas sim Ladin (ou ladino em português). E Ladin é reconhecida como a língua oficial da região Trentino-Alto Ádige nos Dolomitas.
Agora em relação à nossa viagem, esta calhou naquela que é chamada a época baixa, em inícios de junho, o que trouxe muitas vantagens, mas também algumas desvantagens que vou descrever abaixo. Mas certamente que as vantagens ultrapassaram as desvantagens, pelo menos a meu ver, e em nada diminui a experiência.
Época alta e época baixa nos Dolomitas
Primeiro é preciso perceber quais são os meses que fazem parte da ‘época alta’, a altura do ano em que mais turistas vêm visitar os Dolomitas, em oposição aos meses da ‘época baixa’ quando é tudo mais calmo. Para os Dolomitas as alturas mais intensas são julho, agosto e a primeira metade de setembro e depois novamente de dezembro a fevereiro. Se os Dolomitas são famosos pelos trilhos que se podem fazer durante o verão, são ainda mais conhecidos pela oferta imensa de desportos de inverno nos meses mais frios. Aliás de acordo com a rapariga da pensão onde ficámos, os meses de inverno são muito mais caóticos do que os de verão. Por exclusão de partes, março a junho são meses considerados de época baixa tal como outubro e novembro.

Como nos Dolomitas os locais aproveitam para ir de férias nas épocas baixas, é importante ter em consideração que grande parte dos estabelecimentos focados no turismo como restaurantes e hotéis estão fechados durantes estes meses. É sem dúvida algo a ter em conta, mas que não impede de viajar até aos Dolomitas. Aliás eu diria que a melhor altura é mesmo no início de junho, quando as coisas começam a abrir, ou então finais de setembro, quando o tempo ainda não é muito frio e tem-se aquelas cores maravilhosas de Outono. E claro, sem grandes multidões. Mas deixo em seguida a lista de vantagens e desvantagens de viajar durante a ‘época baixa’ para que vocês mesmos possam decidir quando é a melhor altura para visitar os Dolomitas.
Desvantagens e vantagens de visitar os Dolomitas durante a época baixa
Desvantagem: Muitos dos restaurantes e hotéis estão fechados durante a época baixa. Isto foi algo que não nos demos conta quando marcámos a viagem até porque escolhemos ficar apenas num local, que acabou por ser a Pensione Edelweiss em San Cassiano. Mais chato foram os restaurantes que estavam fechados, por isso as nossas escolhas, mesmo boas eram um pouco limitadas. Houve até uma noite que andámos a ver de 3 restaurantes até encontrarmos um que estava de facto aberto. E não confiem nas informações no Google – mesmo que diga que está aberto, poderá na verdade não estar.

Vantagem: Como não haviam muitos restaurantes abertos acabámos por experimentar alguns que não teríamos feito de outra maneira e dos quais gostámos tanto que fomos duas vezes. E se fomos duas vezes, não foi apenas por as opções serem limitadas, mas porque gostámos imenso da primeira refeição que quisemos repetir.
Desvantagem: Foi preciso organizar a viagem com atenção porque alguns dos teleféricos ainda estavam fechados e não é muito engraçado subir durante horas se se tiver a contar com o teleférico.
Vantagem: Para nós isto não foi uma desvantagem, mas uma vantagem. Se por um lado os teleféricos estão fechados, por outro as estradas que fecham durante o verão estavam abertas. Foi por isso que pudemos conduzir até ao cimo de Cinque Torri e poupar o dinheiro nos bilhetes do teleférico, que se diga de passagem não são nada baratos. E pudemos também visitar o Lago di Braies chegando depois das 10 da manhã, enquanto no verão é preciso chegar antes das 9 da manhã porque a estrada fica cortada entre as 9 e as 5 da tarde.

Vantagem: Isto traz-me à maior vantagem de visitar os Dolomitas nesta altura – o número de pessoas. Não só não há trânsito nas estradas, como não há congestionamento nos trilhos, como também não tivemos de acordar nem às 4 nem às 5 da manhã para arranjar parque de estacionamento ou para não termos de dividir o mesmo espaço com dezenas de pessoas. E se por um lado poucos restaurantes estavam abertos por outro não tivemos problemas em arranjar mesa, mesmo sem reserva. Para mim esta foi a maior vantagem, não só nos Dolomitas mas em qualquer lado.
Desvantagem: Esta desvantagem é apenas para quem viaja em 2025. Como em 2026 os jogos olímpicos de inverno vão ser nos Dolomites há imensas obras nas estradas. E foi algo que nos prejudicou porque a estrada que conectava Cortina d’Ampezzo e San Cassiano, Passo Valparola, estava fechada e sendo a única estrada, tivemos que fazer várias vezes um desvio significativo no nosso itinerário. Foi também devido a estas obras que evitámos ficar hospeados nas cidades principais, Cortina d’Ampezzo e Ortisei.
Vantagem: Quem visitar os Dolomitas em 2026 vão encontrar estradas em melhor estado e melhores infraestruturas devido aos todos os melhoramentos que estão a ser feitos em 2025.
Preparativos para a viagem
Os preparativos necessários para visitar os Dolomitas, especialmente referindo-me ao tipo de roupa vai depender muito da altura do ano em que se vai. Para quem for no inverno, tem de levar roupa completamente diferente daquela que eu levei em inícios de junho.
O que levar para os Dolomitas
O que é então necessário levar para uma viagem no início de junho?
Para fazer os trilhos é obrigatório levar roupa confortável, calças ou calções, melhor ainda se não forem de ganga, t-shirts, um casaco para a chuva e uma camisola ou outra mais quente em caso de estar frio no topo das montanhas. Acho que não preciso dizer, mas vou escrever na mesma, nunca desvalorizem um bom e confortável par de ténis ou botas. Para as caminhadas é preciso levar água e uns snacks, mesmo se estão a pensar parar nos refúgios que se encontram pelo caminho.

Outra coisa que não pode faltar é protector solar. Nós não levámos e até podia dar a previsão de mau tempo como desculpa, já que dava chuva e trovoada para todos os dias, mas o tempo é algo que não se pode confiar. Não só a previsão estava errada, como o tempo pode mudar num instante. Por exemplo, no segundo dia quando fomos a Seceda estava um sol resplandecente, quando a previsão era de chuva, e não nos esqueçamos que estando no topo da montanha estávamos bastante mais perto do sol. O escaldão com que ficámos era tal que passado dois dias a minha cara inchou devido a uma reacção ao sol. Por isso façam um favor a vocês mesmos e levem protector solar forte.
O que é preciso fazer meses antes de viajar
Também houve preparativos a fazer uns meses antes da viagem. Um deles era escolher o aeroporto para onde se voava. Para ir até aos Dolomitas pode-se voar para Veneza, que foi o que fizemos, mas também para Verona ou Milão. Mais ainda, pode-se até voar para Innsbruck na Áustria.
Depois é escolher como se vai viajar dentro dos Dolomitas – para nós a escolha foi fácil – quisemos alugar um carro para termos facilidade em chegar aos vários locais às horas que quiséssemos. Para isso alugámos um carro no aeroporto de Veneza pela companhia Noleggiare. O aluguer do carro por 8 dias ficou-nos a cerca de 250 euros. Claro que o carrito não era dos mais luxuosos, calhou-nos um Renault Clio, mas o que nos deram ainda era novo com muitos poucos quilómetros.

Depois foi escolher onde ficar hospedados. Decidimos ficar sempre no mesmo sítio e acabámos por escolher a Pensione Edelweiss em San Cassiano. Para além de este local oferecer parque de estacionamento, também oferecia pequeno-almoço e o preço por noite não era muito caro. Por isso não interpretem mal o que vou dizer a seguir, porque adorámos ficar aqui e achámos esta zona lindíssima. No entanto, se fizesse a viagem outra vez tinha ficado pelo menos uma noite perto de Ortisei para visitar Seceda e Alp di Siusi. Isto porque o caminho entre Ortisei e San Cassiano é feito de curvas e contra-curvas apertadas. Mas voltava a ficar na Pensione Edelweiss sem qualquer hesitação. Falarei mais sobre esta acomodação à medida que for falando da viagem, tal como dois outros dois hotéis onde ficámos hospedados. Na primeira noite ficámos num hotel perto do aeroporto de Veneza, já que aterrámos depois das 11 da noite e no último dia ficámos já mais a sul para encurtar a distância de volta ao aeroporto de Veneza.
O que mais tivemos que marcar com antecedência? – Nada, mesmo o parque de estacionamento no Tre Cima di Lavoredo que tem agora um novo sistema de reserva online não podia ser feito até termos a matrícula do carro. E mesmo assim marcámos apenas com 2 dias de antecedência. Mas não marcámos nem parques de estacionamento, nem teleféricos, nem restaurantes e não foi preciso. Talvez o que teríamos marcado se fosse agora era a viagem de parapente em Seceda. Mas até visitarmos Seceda nem sonhávamos que queríamos experimentar isto. No entanto foi das coisas que ficámos com muita pena em não fazer.
O nosso itinerário de 8 dias
Um conselho que vos dou quando começarem a ver do vosso itinerário nos Dolomitas é o de não caírem na armadilha do FOMO (fear of missing out), aquela sensação que tem de se ir a todo o lado ou então onde vamos não é o melhor local, não é o mais bonito, não é o mais alegre. E isto começa logo no início, porque há imensa informação nas redes sociais, de todos estes lugares maravilhosos. O meu conselho é: leiam sobre cada local e escolham aqueles que se ajustam a vocês, seja a dificuldade ou a distância de um trilho, ou onde fica, ou que se gosta de ver. O pior que podem fazer, o que por certo estragará a viagem, é um itinerário muito compacto sem tempo para descansarem, sem tempo para simplesmente apreciarem a paisagem, ou mesmo tempo para se sentarem a comer e beber. Porque podem ter a certeza que aquilo que escolherem vai valer a pena e se não incluírem o mundo e o outro no vosso itinerário não ficam com a sensação que estão a perder alguma coisa.

O nosso itinerário teve uma espécie de regra – primeiro o local principal para aquele dia, aquele sítio que não se podia perder e depois um secundário, um local para aquele ‘pode ser que dê’. E não tentem pôr mais do que um trilho por dia, um vai ser suficiente.
Em baixo deixo um resumo por alto do nosso itinerário e do qual vou falar em mais detalhe nas próximas semanas. Para cada local vou descrever exactamente os trilhos que fizemos, a distância que andámos, a dificuldade, tal como um mapa. Porque foi isso que eu andei à procura quando começámos a ver sobre o que fazer nesta viagem, mapas que descrevessem exactamente o percurso a seguir. Até porque em cada trilho há muitas placas, muitas direcções e o que não queríamos era acabar num trilho de 30 quilómetros em que metade fosse escalada.
Dia 1 – Sair do aeroporto de Veneza em direcção aos Dolomitas. Visitar Cinque Torri.
Dia 2 – Trilho em Seceda. Segundo trilho em Vallunga
Dia 3 – Trilho em Alpe di Siusi. Visitar depois as igrejas de St.-Valentin-Kirche e de St. Konstantin
Dia 4 – Trilho Adolf Munkel Weg. Depois visitar a famosa Chiesetta di San Giovanni
Dia 5 – Trilho em Tre Cime di Lavoredo. Segundo trilho à volta do Lago di Landro e ainda rápida paragem no Lago di Dobbiaco.
Dia 6 – Visitar o lago di Braies. Depois trilho em San Cassiano
Dia 7 – Trilho na Croda do Lago. Segundo trilho à volta do lago di Alleghe
Dia 8 – Ir parando pelo caminho até ao aeroporto de Veneza, como por exemplo no Lago di Mis e Lago Morto
E é pelo princípio que vamos começar a relembrar esta viagem que embora ainda recente, já deixou muitas, mas muitas saudades. Dolomitas é um local absolutamente fantástico onde apetece parar em cada canto. Porque acreditem quando digo que cada canto é um miradouro, uma paisagem de um quadro, sem dúvida um dos locais mais bonitos que alguma vez visitei.
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