Arquivo Geral das Índias & bairro da Triana em Sevilha

Índice neste post

  1. Pelas ruas do centro histórico de Sevilha
  2. Archivo General de Indias
    1. Criação do Archivo General de Indias
    2. Casa Lonja de los Mercaderes
    3. Programa Memória do Mundo da UNESCO
    4. A visita
  3. Bairro da Triana
    1. Real Parroquia de Señora Santa Ana
    2. Calle Betis
    3. Mercado de Triana
    4. Bar Triana
  4. La Cartuja
  5. Basílica de Jesús del Gran Poder

Pelas ruas do centro histórico de Sevilha

O segundo dia em Sevilha e último da viagem começava com mais um céu azul sem nuvens. Depois do pequeno-almoço no nosso quarto, um ritual que passava por ir buscar as caixas de pequeno-almoço à recepção, saímos para a rua para explorarmos um pouco mais desta cidade que já tanto nos tinha impressionado. Aprendemos no dia anterior que não valia a pena sairmos muito cedo porque grande parte dos locais não abre antes das 10 da manhã.

Trabalho de cerâmica na parede de um dos restaurantes do centro histórico de Sevilha

Começámos a nossa visita por uma capela, a capela de São José, que só encontrámos ao andarmos a explorar a zona ao pé do nosso hotel, uma vez que fica meia escondida entre as ruas estreitas do centro histórico de Sevilha. E foi a bonita fachada da igreja que nos incitou a sua visita. Esta igreja de 1746 é um valioso exemplo do estilo barroco e que pode ser incluído em qualquer roteiro que passe por esta parte de Sevilha onde para além desta capela também se encontram bonitas e inesperadas pinturas ou cerâmicas.

Também gostava de realçar a estátua que podem ver na fotografia abaixo à esquerda, uma homenagem a Clara Campoamor, considerada uma das primeiras mulheres a participar e a promover o movimento feminista e uma das primeiras sufragistas em Espanha. Clara era advogada, política e escritora, e teve um papel vital na luta a favor da igualdade de géneros e dos direitos das mulheres.


Archivo General de Indias

A próxima paragem era no Archivo General de Indias que fica ao lado da catedral. Tínhamos inicialmente pensado em visitar este local no dia anterior, mas acabámos por não ter tempo e deixar a visita para hoje. O Archivo General de Indias está aberto todos os dias, excepto à segunda-feira e a entrada é gratuita.

Criação do Archivo General de Indias

O Archivo General de Indias foi criado em 1785 com o objectivo de reunir todos os documentos relativos às Índias num só local. Isto porque os documentos na altura estavam espalhados por diferentes cidades espanholas como Simancas, Madrid, Cádiz e Sevillha. Este projecto foi criado por José de Gálvez, secretário das Índias e executado por Juan Bautista Muñoz, chefe cosmógrafo das Índias.

Neste local são guardadas as colecções de documentos e registos de instituições criadas pelo Governo Espanhol para administrar e gerir os territórios estrangeiros pertencentes a Espanha. Outros registos, também aqui guardados, estão relacionados com as colónias espanholas na América e Ásia.

Casa Lonja de los Mercaderes

O edifício Casa Lonja foi construído durante o reinado de Felipe II e é hoje a sede do Archivo General de Indias. Este edifício foi construído neste local devido a ser um ponto estratégico em Sevilha ficando entre a Catedral e o Real Alcázar, beneficiando da sua proximidade com o rio Guadalquivir.

No interior da Casa Lonja encontra-se uma das maiores coleções americanistas do mundo, com mais de 9Km de estantes que contém mais de 43 mil documentos. Em 1987, este edifício foi declarado como Património Mundial da UNESCO.

Programa Memória do Mundo da UNESCO

‘Memória do Mundo’ é o programa da UNESCO que abrange o património documental que reflecte a evolução do pensamento, descobertas e conquistas da Humanidade.

Desde 2007 que Espanha tem no registo internacional deste programa 14 documentos em que 6 estão guardados aqui em Sevilha, no Archivo General de Indias. Estes 6 documentos abrangem diversas culturas, diferentes zonas geográficas e alguns deles foram apresentados por Espanha juntamente com Portugal e com o Japão.

A visita

Durante a visita ao Archivo General de Indias vai-se passando por várias salas como a sala da Justiça onde para além de documentos também se encontram estátuas, pinturas e claro impressionantes filas de estantes..

Para mais informações sobre este local vejam o website oficial em https://www.cultura.gob.es/cultura/areas/archivos/mc/archivos/agi/portada.html


Bairro da Triana

Depois da visita ao arquivo chegava a hora de passarmos para o outro lado do rio Guadalquivir até ao bairro da Triana. Para isso voltámos a passar pela Torre del Oro e atravessar a ‘Puente de S. Telmo’ para a outra margem.

O bairro da Triana é um bairro tradicional com raízes antigas. Para alguns, Triana e Sevilha são duas cidades diferentes, uma em cada margem do rio. No entanto, apesar de haver esta preferência, o bairro da Triana é um bairro de Sevilha. Este bairro remonta aos tempos dos romanos, quando se estabeleceram aqui acampamentos em frente a Hispalis, o nome de Sevilha na altura.

Vista para a Ponte de Triana a partir da famosa Calle Betis

Mais tarde os almóadas construíram a primeira ponte que ligava as duas margens do rio, onde depois se construiu a ponte de Triana. Durante os séculos XV e XVI, altura dos descobrimentos, Triana viu partir várias expedições com o objectivo de descobrirem o mundo. Afinal era na ‘Escola de Mareantes’ que muitos marinheiros receberam o devido treino antes de se juntarem a grandes viagens como a de Cristóvão Colombo que levou este a descobrir a América, erradamente pensando que tinha chegado à Índia.

O bairro da Triana foi sempre um bairro de trabalhadores; de oleiros, fabricantes e marinheiros. Mas também de cantores e artistas, sendo Triana considerada como o berço do flamenco. Abaixo ficam alguns dos locais que ficámos a conhecer durante a tarde em que passeámos por este bairro.

Real Parroquia de Señora Santa Ana

Esta igreja foi construída em 1266 a mando do rei Afonso X depois de sofrer uma doença ocular que o rei acreditava se ter curado devido à intervenção de Santa Ana. Esta igreja foi construída seguindo o estilo arquitectónico Gótico-Mudéjar como o característico da altura na região Andaluza.

No seu interior encontramos 11 capelas: a capela das almas, a capela da divina pastora, a capela de nossa senhora da Vitória, a capela de São Joaquim, a capela do calvário, a capela da mãe de Deus do Rosário, a capela sacramental, a capela de São Cristóvão, a capela das Santas Justa e Rufina, a capela do Baptismo e a capela de São Francisco. Adicionalmente, temos a torre, o coro, a lápide com 32 azulejos, a cripta e o retábulo do alto-mor.

Para visitar o interior da igreja é preciso comprar um bilhete que em 2025 custa 4 euros. Para obterem mais informações sobre esta igreja podem aceder ao seguinte website: https://santanatriana.org/

Calle Betis

Depois de sairmos da igreja e nos começarmos a dirigir para o mercado, acabámos por encontrar a Calle Betis, uma das ruas mais conhecidas deste bairro, não só por estar junto ao rio e oferecer paisagens sobre o centro histórico de Sevilha, mas também pelas coloridas fachadas das casas desta rua.

Mercado de Triana

Ao andar pela Calle Betis e ao chegarmos à Ponte de Triana, oficialmente conhecida por Ponte de Isabel II, atravessámos a estrada para entrarmos para o mercado. Antes de entrar ainda vimos à nossa direita as ruínas do castelo de São Jorge que hoje alberga o posto de turismo. Também aqui existe um museu que mostra tanto às ruínas escondidas do castelo como conta a história de como este local foi usado como prisão durante a Inquisição Espanhola.

Mercado de Triana

O mercado de Triana é bastante popular neste bairro e vive-se aqui aquela atmosfera vibrante típica de mercado. O mercado existe desde 1823 e em 2025, mais de 200 anos depois, oferece imensos locais para comer. Nós acabámos por não experimentar nada por ainda estarmos naquela hora que não tínhamos bem fome e por isso não aproveitámos como deve ser a oportunidade. Ainda se pensou em jantar por aqui, mas acabámos por não o fazer. No entanto, recomendo a virem aqui e a experimentarem pelo menos um petisco já que os preços também são mais em conta.

Para mais informações sobre o mercado de Triana visitem o website oficial em https://mercadodetrianasevilla.com/

Bar Triana

Depois de sairmos do mercado e andarmos por mais uma hora pelas ruas do bairro, agora sim estávamos com disposição para comer qualquer coisa. E acabámos por nos sentar no Bar Triana, uma vez que este restaurante estava bem avaliado na internet (4.6/5 no Google).

Como só queríamos mesmo petiscar acabámos por pedir um prato para dividir entre os dois. Decidimos pedir Milhoja Ibérica con Chimichurri, um prato que consiste em vários vegetais e carne de porco dispostos em camadas. Os vegetais e a carne vêm acompanhados com o molho de chimichurri, um molho argentino feito à base de azeite, alho, vinagre e ervas aromáticas..

Milhoja Ibérica com molho chimichurri do Bar Triana

Apesar deste restaurante não ser super barato, gostámos imenso deste prato. Muito saboroso e se calhar até tínhamos comido mais um bocadinho. O prato custava 12 euros, um preço normal para a cidade de Sevilha. E teríamos ficado contentes com o restaurante se tivéssemos ficado por aqui. Mas não, em seguida quisemos pedir a picanha – Picanha con mojo Picón – que também custava 12 euros.

Bem tenho a dizer que levou bastantes meses a ultrapassar o facto de ter gasto 12 euros num prato tão mau – a carne não tinha muito sabor mas o pior era a qualidade da carne, muito elástica, muito rija, afinal aquilo era mais nervos e tendões que outra coisa. Era tão rija que nem o meu marido a conseguiu comer. Foi mesmo muito mau. Sem dúvida o pior prato da viagem. E fiquei mesmo ressabiada – a sorte foi que o jantar do qual falarei mais tarde (quase) compensou este desperdício de dinheiro.

Prato de picanha do Bar Triana

Por isso já sabem, da minha parte recomendo a Milhoja Ibérica, mas mesmo nada a picanha.

O Bar Triana não tem website oficial, no entanto fica aqui a sua página no Tripadvisor: Bar Triana


La Cartuja

Depois de sair um ‘bocado’ chateada do Bar Triana e já sem grandes planos até ao final do dia continuámos pela estrada com ideias de passar a ‘Puente del Cristo de la Expiración’ para o outro lado do rio. Pelo caminho ainda entrámos no centro comercial Torre Sevilla para certos actos fisiológicos aka ir à casa de banho e já agora dar uma volta por ali. Este é um centro comercial como muitos outros, a única diferença é que é assim meio ao ar livre como podem ver na fotografia abaixo.

Interior do centro comercial Torre de Sevilla

Afinal acabámos por não atravessar a ponte para o outro lado, mas sim continuar em frente onde nos deparámos com La Cartuja onde se encontra o ‘Instituto Andaluz del Patrimonio Histórico’. Para entrar dentro do recinto é grátis e por isso aproveitámos para andar lentamente pelos jardins onde encontrámos uma estátua em homenagem a Cristóvão Colombo. Vimos também outras estátuas bastante interessantes como a ‘El Hombre Orquestra’ e ‘Alicia’.

Estátua Alice do Instituto Andaluz del Patrimonio Histórico

Não chegámos a entrar dentro do edifício já que se tinha que pagar bilhete e por esta altura já não queríamos gastar dinheiro extra a menos que fosse necessário e por isso voltámos para trás para atravessarmos para a outra a margem da cidade.

Para mais informações sobre este local vejam o website: https://www.juntadeandalucia.es/organismos/iaph.html


Basílica de Jesús del Gran Poder

Quando saímos da La Cartuja atravessámos então o rio pela Pasarela de La Cartuja, e fomos visitar a última igreja desta viagem, a Basílica de Jesús del Gran Poder. Esta igreja é mais um exemplo da devoção à igreja católica e sem dúvida um bonito local para visitar quando se visita esta parte de Sevilha.

Fachada exterior da Basílica de Jesús del Gran Poder

Depois de visitar a igreja o relógio dava naquele momento as 4 e meia. Como não tínhamos nada agendado até às 8 da noite, hora em que iríamos ver um espectáculo de flamenco, demo-nos a nós mesmo umas horas de descanso e aproveitámos este tempo livre para pararmos nos 100 Montaditos e bebermos qualquer coisa, já que os preços eram bastante em conta.


Para o próximo post

E é mesmo sentados à mesa dos 100 Montaditos que acabo este post, o penúltimo da viagem. Mas o melhor do dia estava guardado para o final da noite com um espectáculo tradicional, uma bebida deliciosa e um jantar como poucos. Tudo isto no próximo post.

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