Índice nesta página
- Pequeno-almoço no café Trinidad
- Como chegar a Madinat al-Zahra
- A visita a Madinat al-Zahra
- O problema de voltar a Córdoba
- Almoço no Bocadi
- Partida de Córdoba para Sevilha
Onde ficámos no último post?
Nas últimas semanas temos explorado a cidade de Córdoba, desde as suas ruas pitorescas do centro histórico até aos pátios cordobeses e claro sem deixar de visitar a famosa Mezquita-Catedral, um verdadeiro marco na cidade. Também tivemos a oportunidade de experimentar a gastronomia local em diferentes restaurantes. Hoje vamos falar das nossas últimas horas em Córdoba antes de apanharmos o comboio para a cidade final desta viagem, Sevilha.
Pequeno-almoço no café Trinidad
Hoje era o último dia em Córdoba, ou melhor o último meio-dia já que contávamos ir para Sevilha depois do almoço. Acordámos às 8 e pouco e às 9 estávamos no café Trinidad para tomar o nosso pequeno-almoço. As escolhas não são muitas, por exemplo não dá para pedir uma torrada com queijo e presunto, ou pede-se com presunto ou pede-se com queijo. Sei que assim o é porque eu tentei pedir com as duas coisas. Como não dava, mudei o pedido completamente e pedi uma ‘tostada’ com marmelada que também veio com manteiga. Uma escolha que fez este dia começar mesmo muito bem, pois como já disse anteriormente eu desconhecia esta maravilhosa mistura, marmelada com manteiga, até tomar este dia.

Se ficarem no apartamento El balcón de la Trinidad e mesmo que não fiquem, mas que calhem a vir tomar o pequeno-almoço a este café fica aqui a sugestão – peçam ‘tostada con marmelada’. Apesar de como no dia anterior o pedido que mais popular é sem dúvida a ‘tostada con jámon’.
Como chegar a Madinat al-Zahra
Depois do pequeno-almoço fomos apanhar o autocarro para visitar as ruínas da cidade-palácio Madinat al-Zahra, também conhecida como Medina Azahara. Tínhamos pedido ao dono do apartamento se podíamos deixar as malas até mais tarde, pedido que foi prontamente aceite. Como já disse anteriormente, a escolha deste apartamento como acomodação em Córdoba, foi uma óptima escolha por vários motivos e não tenho nada de negativo a apontar. Muito pelo contrário.

Para chegar a Medina Azahara o melhor é apanhar o autocarro, mas também dá para ir a pé, já que fica a cerca de 1 hora e meia de caminho do centro de Córdoba. De autocarro a viagem demora meia hora. Nós apanhámos o autocarro 01 na paragem ‘República Argentina’. Atenção que os bilhetes têm de ser pagos com dinheiro já que não aceitam cartão. Felizmente perguntámos a um senhor que também ia apanhar o autocarro e que nos disse a tempo de irmos levantar dinheiro a uma caixa de multibanco que ficava numa das ruas transversais. Comprámos apenas o bilhete de ida que nos custou 1.80 euros a cada.

Quando chegámos à nossa paragem, Cruce Medina Azahara, tivemos de andar uns 10 minutos até ao centro de turismo onde se adquirem os bilhetes de entrada. Mas não é aqui que ficam as ruínas. Aqui fica o museu, o café, as casas-de-banho e o auditório onde passa o filme ‘Madinat al-Zahra: la ciudad brillante’ que conta um pouco sobre a história e a construção de Medina Azahara. No entanto, para visitar as ruínas é preciso sair, ir até à paragem de autocarro que fica mesmo em frente, mostrar os bilhetes ao motorista e pagar 3 euros pela viagem de autocarro (ida e volta). É este autocarro que faz a travessia entre o centro de turismo e as ruínas de Medina Azahara. Aqui já se pode pagar os bilhetes de autocarro com cartão, o que nos deixou bastante aliviados porque não tínhamos dinheiro para estes bilhetes de autocarro e depois para os bilhetes de autocarro de volta para Córdoba.
A visita a Madinat al-Zahra
A nossa visita a Medina Azahara acabou por ser na seguinte ordem: primeiro o museu no centro de turismo, depois apanhar o autocarro e visitar as ruínas da cidade, e finalmente voltar para o centro de turismo onde vimos o filme de 15 minutos sobre esta cidade-palácio no auditório.

Vamos agora falar um bocadinho de cada secção da visita, começando com a história da cidade, as escavações que ainda hoje estão a decorrer e o que esperar tanto na visita ao museu como às ruínas.
O nascimento e propósito de Medina Azahara
Em 940, o primeiro califa de Al-Andalus, Abd al-Rahman III ordenou a construção de uma cidade destinada a ser a capital política e administrativa do Califado. Esta nova cidade foi construída a oeste de Córdoba, no sopé da Sierra Morena (serra morena). A localização desta cidade permitia ao califa ter uma vista extensa do Vale de Guadalquivir e dos campos em redor. Para delimitar os perímetros desta cidade foi construída uma muralha retangular com quase 45.000 metros que também separava internamente a cidade em duas partes distintas, o Alcázar e a Medina.
Alcázar
Era nesta parte da cidade que o califa e a sua corte viviam, tal como era aqui onde se encontravam os edifícios administrativos e oficiais do califado. O Alcázar estava situado na zona superior da cidade.

Medina
A medina, em oposição ao Alcázar, ficava na zona inferior da cidade. Era neste sector que se encontrava a parte urbana tal como a mesquita. Apesar da sua grandiosidade a vida desta cidade foi bastante curta; apenas 75 anos até as primeiras destruições e pilhagens o que coincidiu com o início da revolução que levou à dissolução do califado. A partir desta altura, a cidade foi gradualmente abandonada sendo os seus materiais de construção constantemente pilhados acabando por levar ao seu enterramento.
E desta breve história sobre a cidade passamos às escavações que trouxeram de volta esta cidade à luz do dia.
Escavações

As primeiras escavações em Medina Azahara começaram em 1911 e prolongaram-se ao longo do século até à actualidade, tendo estas sido interrompidas durante alguns períodos de tempo como por exemplo durante a guerra civil. Hoje em dia, este é um dos locais arqueológicos mais importantes que retratam a história do califado, não só em Espanha como em toda a Europa. E não é só devido ao seu peso histórico, mas também pela sua dimensão, já que conta a cidade conta com um total de 112 hectares. Medina Azahara foi em 2018 declarado como Património Mundial pela UNESCO.
Ruínas da cidade
Quando visitámos as ruínas da cidade estavam a decorrer vários trabalhos arqueológicos de exploração do terreno, tanto que o percurso da visita era limitado por cordas para não perturbar os trabalhos em curso.
E apesar de as escavações terem começado há mais de 100 anos, a área até então escavada representa apenas um décimo do tamanho total da cidade. A secção que hoje pode ser visitada é a parte central do Alcázar onde ficamos a conhecer a arquitectura de alguns dos edifícios do governo do Califado assim como algumas casas senhoriais, como por exemplo a casa de Ya’far, que era o primeiro-ministro.

Museu e auditório
No museu de Medina Azahara podem-se encontrar imensos artefactos que foram encontrados durante as escavações. Todo o edifício do museu funciona como uma infraestrutura dedicada à gestão do património histórico que um local de dimensões como Medina Azahara requer.
A criação deste museu resolveu vários problemas que foram surgindo à medida que as escavações progrediram, pois devido à enorme quantidade de material arqueológico que foi sendo encontrado, o edifício original construído para este efeito tornou-se rapidamente inadequado.

No museu, a exposição permanente é constituída por 4 secções inter-relacionadas:
- Fundação da cidade e o seu contexto histórico
- Construção e arquitectura da cidade
- A cidade e os seus habitantes
- Destruição e recuperação de Medina Azahara
Nós deixámos o filme que passa no auditório a cada 15 minutos para último e acho que acabou por ser o melhor. Com o filme conseguimos visualizar com maior clareza como as várias partes da cidade que tínhamos acabado de visitar se ligavam entre si. Mas ver o filme antes de ir pode ajudar a ter uma melhor percepção das várias partes da cidade quando se visita as ruínas. Acho que o quero dizer é que não deixem de ver o filme porque realmente ajuda a perceber como era Medina Azahara e como a cidade funcionava.
A visita a Medina Azahara e museu incluído é gratuito para quem é da União Europeia. Apenas precisam de mostrar o cartão de cidadão ou alguma identificação para terem entrada gratuita. Para quem não é da União Europeia o bilhete custa 1.50 euros. No entanto, relembro que para chegar às ruínas é necessário apanhar o autocarro que custa 3 euros, sejam vocês da União Europeia ou não.
O problema de voltar a Córdoba
Depois de visitar Medina Azahara pensámos que voltar a Córdoba seria tão fácil como tinha sido partir; bastava apanhar o autocarro que vinha no sentido oposto e pronto. Mas não foi bem assim.
Só quando fomos pesquisar no Google Maps, agora já fora do centro de turismo, é que soubemos que o próximo autocarro só passaria dali a 1 hora e meia. Por isso acabámos por fazer uma grande parte do caminho de volta para Córdoba a pé. Eu diria que fizemos quase metade do percurso já que foram uns 45 minutos a andar até chegarmos a uma zona onde houvesse mais autocarros. Isto acabou por ser em Palmeras onde apanhámos um outro autocarro que passava pelo centro de Córdoba.
Depois desta experiência, o meu conselho é que vejam os horários dos autocarros que passam perto de Medina Azahara em direcção a Córdoba com antecedência para melhor organizarem o tempo de visita e de retorno à cidade. Claro que para quem viaja de carro este não é um problema.
Almoço no Bocadi
Quando chegámos a Córdoba já passava das 2 da tarde, e para evitar episódios como o do dia anterior decidimos ir comer qualquer coisa antes de irmos buscar as malas. Havia uma coisa que estávamos com desejo de experimentar e até estivemos no dia anterior no ‘vai-não vai’ em pedir para casa. Então o que queríamos experimentar era sandes de choco frito.

Quando pesquisámos sobre o melhor local para comer este petisco perto de onde estávamos o que nos apareceu foi o Bar Bocadi, e foi aqui que fomos. Quando entrámos encontrámos uma fila enorme, mas afinal era quase tudo para serviço de take-away. Passados poucos minutos estávamos sentados com o menu à frente. E o que nos interessava eram os bocadillos, pequenas sandes com vários recheios. Fica aqui a rápida explicação que não se aplica apenas ao Bar Bocadi mas em geral em Espanha: uma ‘Bocata’ é uma sandes grande, ou melhor uma sandes de tamanho normal, enquanto que um ‘Bocadillo’ é uma sandes mais pequena. Neste restaurante os preços variam de acordo com o recheio do bocadillo mas é super barato ficando em geral entre os 1.70 e os 2 euros por sandes.

Nós pedimos dois bocadillos para cada um, um com carne e outro com chocos fritos e maionese. As sandes que nos chegaram à mesa eram de tamanho considerável e bastante boas. Para mais pelo preço acho que a qualidade é de espantar. Este restaurante está aberto tanto para almoço como para jantar. Não é um sítio requintado aliás o ambiente é bastante informal, mas pelo preço podem experimentar uma grande variedade de bocadillos ou entre outras coisas como a sopa salmorejo ou patatas bravas. Alternativamente, este restaurante também tem um menu de pratos tradicionais e cada prato fica a cerca de 5 euros cada.
Partida de Córdoba para Sevilha
Depois da refeição no Bar Bocadi e de irmos buscar as nossas malas ao apartamento El balcón de la Trinidad partimos para a estação de comboios. Quando chegámos à estação, um comboio que ia para Sevilha partia dali a 10 minutos, mas decidimos que era arriscado tentarmos ir nesse já que ainda tínhamos de que comprar os bilhetes e depois encontrar a linha certa para apanhar o comboio. Por isso acabámos por escolher o seguinte que saía dali a 45 minutos, já às 16:36. Esta viagem acabou por ser bem mais da tarde do aquilo que esperávamos, mas o problema com o autocarro de Medina Azahara para Córdoba alterou os planos. Felizmente não tínhamos nada marcado para aquele dia em Sevilha.

Também podíamos ter comprado os bilhetes de comboio online, mas não os quisemos comprar com antecedência visto que não sabíamos bem as horas em que estaríamos na estação prontos para partir. No entanto, a viagem entre Córdoba e Sevilha é rapidíssima, em cerca de 50 minutos depois de partir de Córdoba, chegávamos à nossa última cidade desta viagem. A companhia de comboios é a Renfe e podem comprar os bilhetes online ou verificar os horários dos comboios no website: https://www.renfe.com/es/
Para o próximo post
Na próxima semana vamos falar da chegada a Sevilha, primeiras impressões da cidade e o nosso hotel onde ficámos por duas noites. Nas semanas seguintes, vamos falar do que visitámos e onde comemos durante estes dois dias em que estivemos nesta lindíssima cidade. Afinal, Sevilha tinha sido a razão principal para fazermos esta viagem ao sul de Espanha.