Segunda visita mais famosa em Córdoba, Alcázar de los Reyes Cristianos

Índice neste post

  1. Alcázar de los Reyes Cristianos
  2. Real Jardín Botánico de Córdoba
  3. Estátua ‘La Regadora’
  4. Palácio de Viana
  5. Iglesia de Santiago
  6. Centro Comercial El Arcángel
  7. Jantar em formato de tapas caseiras

Onde ficámos no último post

Depois de passarmos o primeiro dia em Córdoba a explorar o centro histórico e a gastronomia local, estávamos agora no nosso segundo dia nesta cidade magnífica. De manhã tínhamos visitado a Mezquita-Catedral e as ruínas dos banhos construídos para usufruto do califa e da sua família. Agora era altura de visitar o segundo lugar mais famoso de Córdoba, depois da Mezquita-Catedral, o Alcázar de los Reyes Cristianos.

Alcázar de los Reyes Cristianos

Uma coisa que não nos pudemos queixar da nossa estadia em Córdoba foi falta de flexibilidade; começando pelo senhorio do nosso apartamento em relação tanto à hora do check-in como do check-out, a entrada mais adiantada na Mezquita-Catedral e agora ao Alcázar de los Reyes Cristianos. Apesar de a entrada ser gratuita tem que se marcar a hora da visita o que tínhamos feito para as 2 da tarde (ou uma e meia, não estou bem certa), mas como estávamos despachados antes do meio-dia e meia perguntámos se podíamos entrar e para nosso contentamento disseram que sim.

Vista do topo de uma das torres do Alcázar de los Reyes Cristianos

No Alcázar de los Reyes Cristianos são partilhados vestígios de várias épocas, do período romano, visigótico, muçulmano e cristão. Na era romana, o alcázar teve um papel defensivo na cidade como fortaleza. Isto devido a sua localização em relação ao rio Guadalquivir. Mais tarde quando a cidade estava sob o domínio muçulmano, o Alcázar ou o edifício que aqui se erguia, fazia parte do complexo do palácio Califal, posteriormente substituído quando a cidade passou para o domínio cristão.

Vista de uma das torres do Alcázar de los Reyes Cristianos, de onde se vê a ponte romana e a Torre de la Calahorra

O edifício que hoje pudemos visitar foi construído em 1328 a mando do rei Afonso XI. Este quis que se construísse um castelo-palácio de estilo gótico que contrastasse fortemente com a arquitectura da mesquita. O Alcázar de los Reyes Cristianos foi palco de momentos históricos bastantes importantes, sendo de salientar as conversas entre Cristóvão Colombo e os reis de Espanha antes da sua primeira viagem à América. Outras funções foram atribuídas a este edifício como por exemplo sede da Inquisição Espanhola e prisão entre 1822 e 1931.

O Alcázar foi declarado como Monumento Histórico em 1931 e mais tarde, em 1994, como Património da Humanidade pela UNESCO.

Jardim do Alcázar de los Reyes Cristianos

Quando se visita o Alcázar encontramos uma propriedade em formato quadrangular com 4 torres, uma em cada canto, a Torre dos Leões, a Torre da Homenagem, a Torre da Inquisição e a Torre das Pombas. Já nos jardins é possível identificar o estilo mudéjar.

Para saber mais sobre como visitar o Alcázar de los Reyes Cristianos, visite o website oficial: https://cultura.cordoba.es/equipamientos/alcazar-de-los-reyes-cristianos

Real Jardín Botánico de Córdoba

A visita ao Alcázar foi bastante mais rápida do que aquilo que pensávamos e perto da 1 e meia já estávamos prontos para o próximo destino. Se tivéssemos sabido de antemão, agora tinha sido a altura de ir apanhar o autocarro para Medina Azahara e ficar assim com ‘Córdoba completa’ e a possibilidade de viajar mais cedo para Sevilha. Mas como não sabíamos andámos mais ou menos a fazer tempo durante a tarde, sem desfazer os locais que visitámos depois do Alcázar.

No Real Jardín Botánico de Córdoba

Devido à localização do Alcázar decidimos ir até ao Jardim Botânico de Córdoba. Faço já aqui uma ressalva que se vierem durante o Inverno, não vale a pena. Nunca tinha visitado um jardim botânico tão murcho. Normalmente para visitar o jardim botânico é preciso pagar entrada, mas quando chegámos as cancelas estavam abertas. Ainda houve uma senhora que disse que tinha que ir perguntar onde podíamos pagar pelos bilhetes, mas pelo estado do jardim em janeiro não fazia sentido ter de pagar para ver aquilo que vimos. Pronto, se vierem na Primavera ou Verão, sim senhor, agora no Inverno não o incluam no vosso itinerário.

Para verem mais sobre como visitar o Real Jardín Botánico de Córdoba deixo aqui o link do website oficial: https://www.jardinbotanicodecordoba.com/

Estátua ‘La Regadora’

Como devem imaginar, a visita ao Jardim Botânico também não foi longa e passámos ao próximo sítio da nossa lista de ‘potenciais locais para visitar’. O local seguinte era o palácio de Viana. Mas antes de falarmos desta casa gostaria de mencionar uma estátua que encontrámos pelo caminho – a estátua chama-se ‘La Regadora’ que fica na Puerta del Rincón.

Esta bonita estátua é uma homenagem aos cuidadores dos pátios cordobeses, que como já mencionámos antes (ver aqui) faz parte do valor cultural de Córdoba. A estátua foi inaugurada no final de abril de 2014, a meros dias antes do começo do famoso festival dos pátios cordobeses que decorre todos os anos nas 2 primeiras semanas de maio.

Esta estátua elegante faz parte de um conjunto de 3 estátuas, todas elas com o mesmo relevo e objectivo. Não visitámos as outras duas, mas fica aqui a referência de ambas: ‘Abuelo y niño’ na Plaza de Manuel Garrido Moreno e ‘El Pozo de las Flores’ na Plaza Poeta Juan Bernier.

Palácio de Viana

A poucos minutos das 3 da tarde chegávamos à entrada do Palácio de Viana. Aqui tivemos de fazer uma escolha sobre o que queríamos visitar, podíamos visitar apenas o interior do palácio que ficava a 9 euros, apenas os 12 pátios que ficava a 8.5 euros ou ambos por 14 euros. De notar que a visita ao palácio tem de ser visita guiada.

Decidimos visitar ‘apenas’ os pátios, mas que de apenas não tem nada. No total são 12 pátios completamente diferentes, cada qual com o seu tema e design.

Cavalariças no Palácio de Viana

O palácio de Viana é um local que reflecte o gosto e a personalidade dos seus donos e respectivas famílias desde 1425 a 1980. No total, o palácio teve 18 donos durante este período. O palácio foi completamente transformado e pouco resta das casas medievais que aqui se encontravam.

Durante a visita para além dos pátios ainda conseguimos ver algumas salas interiores, incluindo as cavalariças, o salão do Mosaico e o salão de Tobias. O salão do Mosaico funcionou como entrada principal da casa no século XVIII. O seu nome deve-se ao mosaico romano do século IV instalado ali pelo II Marqués de Viana em 1923. Por sua vez, o nome de Salão de Tobias refere-se às pinturas nas paredes que retratam a história biblica de Tobias, pintadas por León Abadía.

Sobre os 12 pátios que visitámos deixo o seguinte:

  • 1. Patio de los Naranjos

Este pátio representa o remanescente da horta árabe e funcionava como entrada para o palácio até à contrucção do ‘Patio de Recibo’. É importante de salientar as laranjeiras centenárias que se podem encontrar aqui. Este pátio lembra os jardins hispano-árabes pela sua atmosfera intimista, pela importância da água e a combinação de flores e árvores de fruto.

  • 2. Patios de las Rejas

Este pátio foi construído no século XVII e servia para mostrar o poder e o prestígio dos donos deste palácio e por extensão deste pátio. Importante de mencionar que este pátio em oposição ao dos Naranjos tem uma abertura que servia de contacto para o exterior. Neste local encontram-se bonitas árvores de citrinos e vasos da flor centaurea.

  • 3. Patio de la Madama

Ao contrário do ‘Patio de las Rejas’, este pátio era para ser visto a partir do interior do palácio, mais especificamente do Quarto do Almirante. Apesar de ter sido construído no século XVIII, foi apenas no início do século XX que ganhou a sua marca: uma floresta de ciprestes que enquadra a estátua de uma ninfa na fonte central.

  • 4. Patio de las Columnas

Esta pátio é o mais recente tendo sido construído na década de oitenta. Este tinha o objectivo de proporcionar um espaço para eventos e celebrações para quando o palácio se tornasse num local aberto ao público. Este é um dos maiores pátios com o lago ao centro inspirado no estilo Nazari.

  • 5. Patio de la Alberca

Este pátio fazia parte da zona de serviço da casa de campo da família Torres Cabrera, anexada ao Palácio de Viana no século XIX.

  • 6. Patio del Pozo

Antigamente este pátio juntamento com o ‘Patio de La Alberca’ formavam uma unidade. O seu nome deve-se ao poço de onde antes se tirava água com a ajuda de uma roda de água, a qual já não existe.

  • 7. Patio de los Jardineros

Este pátio também foi conhecido como ‘Patio de los Perros’. Este pátio podia ser considerado como parte de uma tríade juntamente com o ‘Patio del Pozo’ e o ‘Patio de La Alberca’, sendo estes três os pátios de serviço à casa de campo dos condes de Torres Cabrera. O que chama mais atenção são os vários objectos arqueológicos tal como os azulejos que foram aqui colocados no século XX para dar a este espaço um ar mais senhorial.

  • 8. Patio de la Capilla

Este era o pátio principal da casa de campo dos condes de Torres Cabrera. Este pátio de arquitectura do século XVII foi anexado ao palácio de Viana no século XIX. O seu nome deve-se à presença da capela anexa.

  • 9. Patio del Archivo

Este é o pátio mais discreto e simples no interior do palácio de Viana, cujo design teve o intuito de harmonizar as paredes brancas com as portas e janelas azuis. Ao contrário dos outros pátios, aqui não há plantas trepadeiras a cobrir as paredes.

  • 10. Patio de los Gatos

Este é um dos pátios mais importantes da propriedade uma vez que é o pátio Cordobés mais antigo da cidade. Aqui podem-se ver os tradicionais vasos de flores pendurados nas paredes.

  • 11. Patio de Recibo

Este pátio é a mais recente entrada principal para o Palácio de Viana arquitectado de forma a maravilhar a quem chegasse ao recinto. Na sua forma original, este pátio não dava acesso para o exterior devido a uma cláusula no contracto de compra e venda que assim o impedia desde 1421. No entanto, no século XVI o dono da casa, Luis Gómez de Figueroa y Córdoba remodelou a casa e como resultado este pátio passou a dar acesso para a rua.

  • 12. Patio de la Cancela

O nome deste pátio deve-se ao grande portão de ferro que funcionava como entrada para a casa de campo dos Condes de Torres Cabrera. No entanto, este pátio perdeu esta função quando a casa foi anexada ao palácio. Aqui encontra-se também um pilar de pedra que antigamente funcionava como um bebedouro para cavalos.

Patio de la Cancela

Estes foram os 12 pátios que visitámos, não pela ordem pela qual aparecem no texto, mas podem ver que passámos algum tempo a explorar todos eles. Parecendo que não acabámos por passar mais tempo no Palácio de Viana do que no Alcázar de los Reyes Cristianos.

Para mais informações vejam o website oficial do Palácio de Viana: https://www.palaciodeviana.com/

Iglesia de Santiago

Depois da visita ao palácio, eram agora mais ou menos 4 da tarde, estávamos mais uma vez sem grandes ideias do que fazer a seguir. Sentámo-nos na pequena praça que ficava em frente ao palácio, a Plaza de Don Gome, a tentar decidir o que fazer. Uma das coisas que me estava a aparecer nesta altura era fome e até havia um café mesmo em frente, mas depois de uma pesquisa rápida vimos que estava mal avaliado e, portanto, excluímos essa opção.

Como ainda nos faltava algumas igrejas da Ruta de las Iglesias Fernandinas decidimos visitar a Iglesia de Santiago e depois procurar um lugar para petiscar qualquer coisa antes do jantar.

A igreja fica na Calle de Augustín Moreno e a sua entrada pode passar despercebida estando ela entre vários edifícios. A igreja como o nome indica é dedicada ao Apóstolo Santiago e foi construída onde antes era uma mesquita. E e por isso que a Mezquita-Catedral é um lugar tão único, porque o mais comum era destruir os marcos de uma religião e não o de partilhar o mesmo espaço. No século XIV, foram adicionados a esta igreja o portão principal e a capela da Encarnação onde se pode ver um retábulo do século XVII com pinturas do século XVIII. Em 1979, houve um incêndio que levou ao desabamento de parte da igreja, tendo sido ele restaurado entre 1987 e 1990 pelos arquitectos Antonio Cabrera y Oscar Rodríguez.

Centro Comercial El Arcángel

Uma das coisas que já devíamos ter aprendido há muito mas mesmo há muito tempo é que quando a fome aparece é comer. Não há anúncio mais verdadeiro do que aquele da marca do chocolate ‘Snickers’: ‘You’re not you when you’re hungry’ (tu não és tu quando estás com fome). Depois da visita à igreja já andava à procura de locais para comer, no entanto a maior parte deles estava fechado àquela hora e só abria mais tarde. E o que acontece com a fome? Rabugem, mau humor e falta de bom senso.

Para ajudar também o meu corpo estava a pedir uma casa de banho – outra coisa que por vezes não se considera quando se faz um itinerário de viagem. Foi assim, depois de estarmos já a andar bastante afastados um do outro meio que chateados nem sabíamos bem porquê (ou melhor sabíamos bem porquê) que fomos parar ao centro comercial El Arcángel. É muito triste que estando numa cidade fantástica com tanta história e cultura, foi no final à sociedade moderna que nos fomos rebuscar.

Almoço tardio no centro comerical El Arcángel

Mas para dizer a verdade este centro comercial foi de encontro com todos os nossos requisitos do momento, podemos ir à casa-de-banho e ao supermercado comprar comida. Havia vários restaurantes, principalmente de fast food, como o Taco Bell e Mcdonald’s, mas eu nestes casos prefiro visitar os supermercados porque normalmente é onde se encontra productos específicos do país ou da região que não se encontram à venda nos restaurantes.

Depois de uma volta ou duas nos corredores comprámos uma caixa com 3 empanadas, um pacote de batatas fritas dos grande e uma garrafa de sumo. Confesso que acabou por não ser nada muito local até porque os recheios das empanadas eram de cozinhas bastante diferentes: Greca, Italiana e Americana. Mas claro que este pitéu nos soube pela vida e depois de umas dentadas já conseguíamos sentir o nosso corpo a mudar fisicamente e mentalmente. Como normalmente acontece comprámos demasiada comida até porque também comprámos sobremesa. O doce escolhido foram umas Cuñas Artesanas de Chocolate que é feito de um bolo muito fofinho recheado com creme de baunilha e coberto com molho de chocolate, doce típico de Sevilha. Viram? Sempre comprámos alguma coisa da zona que não conheceríamos se não tivéssemos vindo ao supermercado.

Jantar em formato de tapas caseiras

E foi assim que passámos de esfomeadas a cheíssimos. Com esta história toda acabámos por sair do centro comercial já depois das 6 da tarde. Começámos a ir em direcção ao nosso apartamento já que estávamos a cerca de meia hora de caminho. A meio fomos discutindo o que seria o nosso jantar. Como estávamos com pouca fome, quando chegámos ao centro histórico de Córdoba, entrámos num supermercado Carrefour e comprámos umas tapas para jantar no apartamento. Acabámos por comprar uma baguete, uma caixa de chourição e queijo brie que foram acompanhados por cerveja.

Jantar caseiro no nosso apartamento

Pode-vos parecer uma refeição simplória ou até mal desperdiçada, já que provavelmente não voltamos a Córdoba para puder experimentar mais restaurantes. Mas digo-vos que esta acabou por ser a escolha certa e não nos esqueçamos que ainda faltava Sevilha onde teríamos a oportunidade de experimentar outros pratos tradicionais de Andaluzia. Para além que ainda tínhamos metade do dia seguinte em Córdoba onde iríamos visitar a famosa cidade-palácio, Medina Azahara, e provavelmente comer qualquer coisa antes de apanhar o comboio para Sevilha.

Para o próximo post

Para a próxima semana vamos falar da cidade-palácio Medina Azahara, como chegar e o que visitar, e também de um restaurante super barato em Córdoba.

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