Indíce deste post
- Onde ficámos no último post?
- Casa Museo Don Bosco
- Desfiladero del Tajo
- As ruínas em Ronda da Era Mourisca
- Casa del Rey Moro
- Arco de Felipe V e Puente Viejo
- Jardines e Mirador de Cuenca
- La Taberna e o rabo de toro
Onde ficámos no último post?
No último post, o primeiro desta viagem, falámos de como chegámos a Ronda, como seria o nosso itinerário entre Ronda, Córdoba e Sevilha e o começo no nosso dia em Ronda. No post desta semana continuamos a explorar os vários locais de Ronda e a história desta cidade que tantos turistas atrai (e com razão de ser).
Casa Museo Don Bosco
Depois de voltarmos à Puente Nuevo continuámos pela rua principal até chegar a um cruzamento facilmente reconhecível pelo mural de cerâmica, o Viajeros Románticos. Virámos à direita no cruzamento e seguimos por uma rua transversal até à entrada da Casa Museo Don Bosco. Comprámos os bilhetes de entrada que ficaram a 2,5 euros a cada um e pudemos tanto visitar este edifício histórico de 1850 como os jardins. Acho que ainda não tinha dito, mas para Ronda não comprámos nenhuns bilhetes atempadamente sem ser os do autocarro que fazia o percurso entre Sevilha e Ronda. Para os locais que visitámos e que requeriam bilhetes comprámo-los no dia o que não foi um problema, também porque visitámos a cidade em janeiro, numa época baixa.


A casa Don Bosco foi inicialmente uma casa particular e os últimos donos foram Don Francisco Perèz e Doña Dolores Martínez, um casal da alta sociedade. Depois da sua morte, em 1939, a casa foi doada à congregação católica Salesiana local. E até 2008 a casa foi um local de repouso, cura e convalescença para os membros desta ordem religiosa. Mas entre 1939 e 2008 a casa também teve outros papéis de relevância como ser residência para estudantes universitários que estavam sob a tutela de um padre salesiano, centro juvenil e até sede de um grupo de teatro espanhol salesiano.

Durante o século XX a casa foi remodelada reflectindo um estilo modernista e o interior da casa e a sua decoração foram mantidos até aos dias de hoje. Aqui encontramos exemplos de artesanato local da época, móveis de madeira talhados à mão, azulejos de inspiração nazireu e tapeçarias. Também quadros e cerâmicas figuram entre os muitos objectos e obras-de-arte que se pode ver durante a visita. Mas digamos que o ‘piece of resistance’ da Casa Museo Don Bosco é o pátio exterior que é em si um miradouro com vista privilegiada para a ponte e para o desfiladeiro. De notar para além da paisagem é a fonte central, conhecida como a ‘fonte dos sapos’ nome lhe atribuído pelas 6 estátuas de sapos que rodeiam a zona central da fonte. Provavelmente, os jardins serão muito mais impressionantes durante a Primavera e Verão do que no meio do Inverno. Mas mesmo em janeiro, valem imenso a pena serem visitados nem que seja pela vista maravilhosa.

Website oficial: https://casamuseodonbosco.com/
Desfiladero del Tajo
Depois de sairmos da Casa Museo Don Bosco continuámos pela estrada passando pela Plaza de María Auxiliadora até encontrarmos o caminho que desce até ao Desfiladero del Tajo. O ponto de partida do desfiladeiro fica na pequena casinha onde se compram os bilhetes. O Desfiladero del Tajo é um projecto recente que permite chegar à base da ponte, ou o mais perto que é actualmente possível. O objectivo deste projecto é o de se conseguir atravessar o desfiladeiro construindo uma plataforma para o efeito. Este objectivo ainda está por se concretizar. De momento, já está feita uma parte do percurso até à base da ponte permitindo ter uma vista da famosa ponte de outra perspectiva. Para fazer este caminho, desde a casinha até à base da ponte é preciso adquirir bilhete que em 2025 custam 5 euros por pessoa. É obrigatório usar capacete durante todo o percurso, devido ao perigo da queda de pedras. Existem outras regras que podem ser lidas no website oficial, para o qual deixo aqui o link: https://desfiladerodeltajo.info/


Durante o caminho vai-se encontrando mais detalhes sobre o início e evolução do projecto e também QR codes que se podem scanar para ler mais informações sobre os mesmos. Daqui consegue-se não só chegar perto da ponte e da cascata que desce pelo desfiladeiro como também das ruínas que ainda perduram da cidade e muralhas da época em que os mouros se estabeleceram em Ronda (entre 712 e 1485).
As ruínas em Ronda da Era Mourisca
Devido à situação geográfica de Ronda atacar a cidade não era fácil. Mas para a proteger ainda mais os mouros que se estabeleceram aqui construíram muralhas e portões de entrada para a cidade à medida que esta crescia. Era em Ronda onde se encontrava o reino independente muçulmano, a Taifa de Ronda. Hoje em dia são vários os exemplos de edifícios e marcas desses tempos, alguns dos quais se podem visitar quando se sai do Desfiladero del Tajo e continua-se a descer até ao Arco Árabe. Juntamente com o arco, que oferece também uma vista magnífica para o desfiladeiro e para a ponte, encontram-se as Murallas Árabes e as Murallas de la Albacora. Durante o resto do dia fomos passando por outras ruínas de grande importância para a cidade hispano-muçulmana, as quais irei falando à medida que o dia se desenrola.
O caminho que liga a Plaza de María Auxiliadora até ao Arco Árabe está em bom estado, mas se a descer faz-se bem aviso que a subir pode ser preciso alguns intervalos de descanso pelo meio. Mas vale imenso a pena e no final de tudo acabámos por fazer este caminho duas vezes. Da segunda volta falarei mais tarde.
Com esta parte da cidade vista, ou pelos menos, aquilo que queríamos visitar deste lado da cidade, voltámos a fazer o caminho de regresso até ao cruzamento onde fica o Mirador de los Viajeros Románticos, passando de novo pela Casa Museo Don Bosco.
Casa del Rey Moro
Descendo a rua C. Cta. de Santo Domingo fomos até à entrada da Casa del Rey Moro. Apesar do que o nome possa indicar esta casa não é dos tempos dos mouros, no entanto tem uma certa ligação. O bilhete de entrada custa 10 euros por pessoa. A propriedade tem três partes, a casa que de momento está em restauro, os jardins e a mina de água.

Casa
A casa de momento não pode ser visitada devido ao seu grau de degradação. No entanto, trabalhos de restauro estão em curso. Mas a casa não é apenas uma casa, mas sim um composto de vários edifícios que foram adquiridos pelos donos. O núcleo principal era uma casa do início do século XVIII constituída por diferentes divisões de dois pisos que rodeavam um pátio. Não me alargando muito na história da casa em 1911, a proprietária da altura, Trinidad von Scholtz Hermensdorff, a duquesa de Parchent, comprou as casas vizinhas para demolir as do lado nascente e criar em seu lugar um jardim enquanto que as do lado poente foram incorporadas na casa principal, seguindo o estilo neomudéjar. Este estilo arquitectónico procurava explorar os sinais de identidade de cada país. O que em Espanha foi considerado a técnica e estética hispano-muçulmana com influência da arte cristã.
Jardins


A arquitectura e estrutura dos jardins foram projectados por Jean Claude Nicolas Forestier, contratado pela duquesa de Parchent. A sua inspiração para os jardins foi a arquitectura hispano-muçulmana e as formas geométricas dos jardins franceses. Nos jardins estão integradas árvores de frutos e plantas aromáticas conhecidas por se adaptarem ao clima de Ronda. Os jardins estão abertos ao público e são o lar de vários pavões. Não é preciso dizer que as paisagens daqueles jardins são espectaculares.
Mina de água
A minha de água é a principal razão para visitar a Casa del Rey Moro. A mina de água foi construída no século XIV na altura em que a cidade de Ronda estava sob o poder muçulmano. Actualmente, esta mina de água é a mais bem preservadas de Andaluzia.


A mina de água, juntamente com as muralhas construídas à volta da cidade, faziam parte do sistema defensivo de Ronda, pois a mina de água serviria para fornecer água à população em caso de cerco. Para a sua construção foi escavada em profundidade a falha na muralha junto ao desfiladeiro até ao leito do rio. Para chegar à mina foram construídas escadas bastante estreitas onde os animais não conseguiam passar. Portanto eram os escravos cristãos a quem lhes era incumbida a tarefa de irem buscar a água e trazê-la para a cidade.
Hoje em dia é possível descer as tais escadas estreitas por onde os escravos cristãos passavam e é espectacular quando se sai para o leito do rio, parece que estamos noutro mundo escondidos entre as escarpas montanhosas. No entanto, é preciso algum cuidado a descer os 60 metros pois os degraus podem estar húmidos e portanto escorregadios e em algumas zonas a iluminação é bastante fraca.
Para mais informações sobre a Casa del Rey Moro vejam o website oficial: https://casadelreymoro.org/en/home/
Arco de Felipe V e Puente Viejo

Depois da nossa visita à Casa del Rey Moro continuámos a descer a estrada até passarmos o Arco de Felipe V. Este foi um dos portões de entrada para a cidade durante o reinado muçulmano tendo sido alargado mais tarde quando a primeira ponte construída em 1935 abateu. Nesta altura, este arco era o único acesso entre a parte velha e a parte nova de Ronda até finalmente se ter construído a grande ponte, el Puente Nuevo. O nome do arco deve-se ao facto de ter sido durante o segundo reinado do rei Felipe V que o arco foi alargado (Filipe V reinou entre: novembro de 1700 a janeiro de 1724 e depois de setembro de 1724 a julho de 1746).
A passagem sobre o arco dá directamente para a ponte velha (puente viejo). Esta ponte é a mais velha das 3 de Ronda que passam por cima do rio Guadalevín. Esta ponte foi construída em 1616. Da ponte consegue-se ver as ruínas dos banhos árabes, também este um dos locais pertencentes à cidade hispano-muçulmana. Nós decidimos em não os visitar porque tínhamos outros locais em mente. Mas se tiverem tempo quando estiverem em Ronda não deixem de lá ir.

Os banhos árabes eram semelhantes aos dos romanos, mas em vez de água quente o corpo era purificado através do suor. Os banhos árabes foram construídos durante a era mourisca tal como uma mesquita que ficava ao lado dos banhos sendo este um lugar estratégico para as tradições religiosas. Primeiro entrava-se nos banhos para purificar e limpar os corpos antes de entrarem na Mesquita para purificar as almas.
Jardines e Mirador de Cuenca
Depois de atravessarmos a ponte velha começámos a subir o monte, mas na outra margem do rio entrando assim nos Jardines de Cuenca. Dos jardins o que posso dizer? Era janeiro, não propriamente a altura certa para ver flores. No entanto, é sem dúvida um local perfeito para passear, ver o desfiladeiro e as pontes e neste dia para aproveitar o sol que continuava alto. As paisagens da cidade e arredores continuavam a maravilhar e assim foi pelo resto dia do dia e pela noite adentro.

Vista do Mirador de Cuenca
Foi por esta altura que a fome começava a dar de si. Por isso decidimos em ir para o hotel, afinal às 4 horas já estávamos dentro da hora em que poderíamos fazer o check-in e finalmente entrar no nosso quarto. Depois disso era altura de irmos procurar um lugar para comer. Fomos subindo a rua, mas sem grandes pressas, saboreando as ruas bonitas de Ronda, algumas delas ainda decoradas com efeitos de Natal.
Chegámos ao hotel e o quarto estava pronto! Entrámos com as nossas coisas e pudemos finalmente fazer uma apreciação do quarto. O quarto era bastante simples, decorado de uma forma modesta, mas estava limpo e tinha espaço suficiente para passar ali uma noite. Como a janela do nosso quarto ficava virada para a rua principal havia bastante barulho o que durante a noite foi por vezes um problema. Mas a localização do hotel era excelente. Do pequeno-almoço no Hotel Colón não posso dizer nada porque na manhã seguinte tivemos de sair bastante cedo, mais cedo do que a abertura para a pequeno-almoço. Se este hotel oferece alguma alternativa para casos como o nosso, por exemplo um saco com o pequeno-almoço, isso não nos foi oferecido.
La Taberna e o rabo de toro
Houve duas coisas que nos impediu de irmos aos restaurantes que queríamos experimentar. Um dos lugares que tinha visto em imensos websites como sendo o sítio mais barato e famoso em Ronda, o El Lechuguita, estava fechado. Infelizmente fecha ao Domingo e à Segunda-feira por isso nada feito. Depois outros locais que estavam abertos ao Domingo fechavam às 4 da tarde. Alguns deles depois abriam mais tarde, por volta das 7 da noite, mas outros só voltavam a abrir no dia seguinte. Talvez Domingo seja um dia menos preferível para visitar Ronda, mas olhem foi como calhou. Sendo assim decidimos ir a um dos restaurantes que estava na lista para potencial jantar, La Taberna.

Um dos pratos tradicionais de Ronda e uma das especialidades de La Taberna é o rabo de toro. O prato constitui em rabo de touros cozinhados numa espécie de guisado que neste local vinha acompanhado com batata frita. Pagámos 18 euros por um prato pois decidimos dividi-lo. Afinal isto era só para petiscar não para jantar. Também pedimos umas cervejas para acompanhar. O que dizer deste prato? Acho que ou se gosta muito ou se gosta pouco. Eu gostei muito pouco, achei a carne bastante gordurosa e aquilo era mais ossos do que carne. Pelo contrário o meu marido adorou e disse que foi uma das melhores coisas que comeu durante toda a viagem. E falou imensas vezes deste prato. Apesar de eu não ter ficado uma apreciadora do prato, é um prato bastante típico da região e só por isso merece que se experimente pelo menos uma vez.
Para o próximo post
Quando saímos do restaurante já passava das 5 e meia, mas ainda tínhamos mais uma hora de sol. Ainda havia tempo para ver Ronda antes de chegar a hora de jantar como por exemplo visitar a Puerta de Almocábar. Mas sobre isso fica para a próxima semana.
One thought on “Em Ronda, Espanha”