Roteiro na Irlanda: montanha, cascata e praia

Errigal Mountain

Vista da montanha Errigal em Gweedore

Depois de passarmos a manhã a explorar o parque nacional de Glenveagh, eis que estávamos de volta ao nosso carro. A próxima paragem era no sopé da montanha Errigal. Antes de partimos, quando ainda estávamos a delinear o nosso percurso, houve algumas conversas sobre se havíamos, ou melhor se queríamos, subir até ao topo de Errigal, uma vez que era uma das escaladas mais procuradas na zona de Donegal. A popular caminhada deve-se ao facto de Errigal com uma altura de 751 metros ser a montanha mais alta do condado. Mas bastou uma pesquisa rápida sobre a dificuldade do percurso para nos decidirmos que a paisagem na base da montanha era o suficiente para nós. Mas claro que a vista do topo deve ser espectacular, e se virmos bem o percurso ir e vir é de apenas 5.5Km. No entanto, estima-se que este percurso demora 3 horas. E já sabe o que isso significa não já? Quando se estima em percorrer 1.5Km por hora, é por o percurso de fácil não tem nada. E isso foi rapidamente confirmado com as reviews que lemos na internet onde se classifica este trilho como desafiador – ou seja, por palavras simples, difícil como cornos (para não dizer pior).

Paisagem no sopé de Errigal

Mas para quem perguntar é claro que não foi a dificuldade que nos impediu de subir, apenas não fizemos o trilho porque ainda tínhamos imensos locais para visitar naquele dia. Nós até queríamos, não deu foi tempo.


Miradouros e cascata Crolly

O trencho entre Glenveagh e Errigal foi um dos mais bonitos desta viagem. Aconselho até a tirarem a fotografia a Errigal e área envolvente antes de chegar à montanha mais do que depois. No entanto, se não pararem antes as paisagens depois de Errigal também são espectaculares. Nós fizemos uma paragem a cada 5 minutos incluindo dois miradouros, o Dunlewey Valley and Mount Errigal Viewpoint e mais à frente o View Point Dunlewey. Se pararem na vila de Dunlewey não deixem de visitar as ruínas da igreja velha (Old Church Dunlewey). Nós não a visitámos, uma vez que não fomos na direcção da vila, mas ainda a avistámos do miradouro.

Miradouro com vista para Dunlewey onde se avistava também as ruínas da igreja à esquerda

Uma das últimas paragens com vista para Errigal, já em Gweedore, foi uma desculpa para não só vermos a paisagem como também para fazermos um almoço rápido antes de seguirmos caminho.

Para finalizar este trecho do percurso indo já em direccção à costa parámos para visitar a cascata Crolly em Killindarragh. Para chegar à cascata parece que há um portão, o qual nunca encontrámos. Mas para dizer a verdade não andámos muito à procura de como chegar à cascata bastando-nos vê-la da estrada.

Cascata Crolly

Praia em Maghery

Uma coisa que aprendi nesta viagem é que as praias da Irlanda são quase idílicas. E a praia Maghery Strand não era diferente.

Maghery Strand fica na pequena aldeia de Maghery que se encontra rodeada de praias, ilhas, lagos, colinas, grutas e arcos marítimos. Não é de estranhar que esta zona é considerada como uma das ‘Areas of Outstanding Natural Beauty’ (AoNB), áreas das quais mencionei na página sobre as Chiltern Hills em Inglaterra. Estas áreas tem um valor inestimável para o país onde existe um grande esforço de conservação e preservação. Na Irlanda existe 8 áreas, uma delas fica em Maghery. Outro exemplo conhecido na Irlanda, já na Irlanda do Norte, é a Calçada dos Gigantes (Giant’s Causeway).

Estacionámos o carro em Maghery e em menos de nada estávamos nesta praia de areia branca e fina escondida pela baía e quase vazia. Primeiro ainda nos fizemos difíceis, mas passados uns minutos já tínhamos tirado os sapatos e enfiávamos os dedos na areia. Mesmo sabendo a trabalheira que seria tirar a areia dos pés para os voltar a meter dentro de meias e ténis.

Maghery Strand

Mas valeu a pena e como miúdos a quem lhes devolve o brinquedo favorito enfiámos os pés na água. E como previsto, as calças subiam cada vez mais para entrarmos cada vez mais dentro de água. E o melhor era que a água não estava fria, quase quase dava para nos atirarmos de cabeça naquele mar sereno.

Felizes e de espírito mais leve, sacudimos a areia dos pés o melhor que conseguimos e seguimos para o bar ao lado da praia, The Strand Bar. Como o dia estava magnífico sentámo-nos na esplanada a aproveitar aquele sol que nem parecia próprio da Irlanda. Pelo menos não na Irlanda que tinha conhecido até então com chuva, nevoeiro ou frio.

Mas não foi só o tempo que nos surpreendeu, também a diversidade de paisagens por onde passámos durante a viagem. Desde praia, montanhas e vales até extensos planaltos onde as estradas se alongavam até se perder de vista. Uma mistura de paisagens tão eclética e tão memorável.


Ardara

Ardara foi a vila escolhida não só para jantar, mas também como local para passar a noite. Tínhamos marcado o nosso segundo quarto no Bayview Country House B&B que ficava a cerca de 1Km do centro de Ardara. Aproveitando para andar um bocado deixámos o carro no B&B e seguimos para a vila a pé, já ao final da tarde. Fomos recebidos pela tradicional rua de casas coloridas parando num dos pubs para uma bebida antes do jantar.

Rua em Ardara

O jantar em Andara, tal como em Letterkenny, foi escolhido seguindo a recomendação de um amigo. Fomos jantar ao pub Nancy’s, um tradicional pub irlandês que há 7 gerações pertence à mesma família. Dentro do pub as várias acomodações da casa dão agora lugar a pequenas e variadas salas de jantar. A que nos calhou estava decorada com várias fotografias e peças de louça antiga.

Para jantar experimentei o chowder, uma sopa densa de peixe, muito saborosa. Vinha acompanhada também com fatias de pão escuro e manteiga. Apesar deste prato ser considerado como uma entrada dava perfeitamente como prato principal. Quando o prato principal chegou, fish and chips, a fome tinha desaparecido. Não sei se foi por isso que achei este prato um pouco fraco e não fiquei fã da crosta do peixe que era demasiado fina e estaladiça. No final da refeição houve quem ainda tivesse espaço para um Irish Coffee que veio num bonito copo de vidro.

Depois do jantar estávamos de rastos e acabámos por não explorar muito da vila. De barriga cheia e depois de um dia fantástico com muitos quilómetros percorridos, voltámos para o quarto para ficar um bocado à conversa antes de dormir.

E no dia seguinte já sabíamos que mais um dia nos esperava com mais cascatas, praias e caves.

Leave a comment