Depois de todos os preparativos, a viagem chegava num fim-de-semana prolongado. Aterrámos em Belfast às 9 da manhã, sem atrasos, o que nos dias que correm é uma raridade.
Escolhemos o carro como forma de nos movimentarmo na Irlanda, o qual nos recebeu no aeroporto mal chegámos. O percurso era intenso, tínhamos delineado um itinerário bastante compacto incluindo de certa forma alguma flexibilidade, por exemplo se não visitássemos um dos locais no final do dia, fá-lo-íamos no dia seguinte de manhã. Para a primeira parte da viagem tínhamos escolhido visitar alguns locais da costa da Irlanda do Norte e atravessar de ferry de Magilligan Point para a República da Irlanda.
Thyme & Co em Ballycastle
Como os nossos voos tinham sido bastante cedo nenhum de nós tinha ainda tomado o pequeno-almoço. Decidimos durante o caminho entre o aeroporto de Belfast até Carrick-a-rede, o primeiro local que queríamos visitar, parar para comer qualquer coisa. Foi assim que nos vimos numa pequena vila típica irlandesa, Ballycastle. Uma das coisas que me surpreende sempre na Irlanda é a beleza das pequenas vilas e aldeias com as suas tradicionais casas de fachadas coloridas. E em Ballycastle não era diferente.

Um facto histórico interessante destas fachadas coloridas é que representam o protesto dos irlandeses depois da morte da rainha Victória em Inglaterra. Com a morte da rainha, o parlamento inglês ordenou que se pintassem as portas de preto, como sinal de luto. Como protesto, os irlandeses pintaram as casas de cores garridas. E a partir daqui tornou-se uma das características das ruas irlandesas espalhadas pelo país.
Em Ballycastle, estacionámos o carro na rua principal, Ann Street. Na altura estávamos a pensar em ir ao café ‘Our Dolly’s‘, mas como este estava fechado naquele dia pedimos a um dos locais por uma referência, que nos indicou este café, Thyme and Co. Nós viemos para tomar o pequeno-almoço por isso ficámo-nos por ovos escalfados com torradas, mas este café pareceu-me ser um daqueles locais ideias para um almoço rápido com qualidade. Saladas, sandes e bolos foram alguns dos items que nos fizeram pensar duas vezes. A refeição foi simples mas bastante agradável.


Encontrámos em Thyme and Co um café com um ambiente descontraído, preços acessíveis e a menos de 10 minutos da costa.
Carrick-a-rede
A famosa ponte de corda na Irlanda do Norte, Carrick-a-rede, pertence ao National Trust, organização de conservação e preservação de património natural e cultural no Reino Unido. O bilhete para atravessar a ponte custa 15,5 libras entre março a outubro. Na altura baixa o bilhete custa 14 libras. No entanto, se quiserem estacionar o carro no parque de estacionamento associado à ponte, mas não atravessar a ponte, o bilhete custa 10 libras. Aconselham a comprar o bilhete online atempadamente, mas nós conseguimos entrar comprando os bilhetes no local sem qualquer problema. Entre o parque de estacionamento e a ponte tem de se atravessar um trilho junto à costa que direcciona tanto para a ponte como para o miradouro.

A ponte de corda tem 20 metros e atravessá-la acabou por ser uma experiência mais emocionante (ou aterrorizante) do que aquela com que contávamos. É que a ponte sendo de corda não é fixa é quanto mais nós andavámos sobre ela mais ela mexia. Aqui só se passa em segurança com as duas mãos nas cordas laterais.
Quando lá estivemos andava um senhor a nadar no meio das rochas em baixo da ponte a tentar ‘pescar’ o telemóvel que a mulher tinha deixado cair enquanto passava pela ponte. Ficámos sem saber se encontrou o telemóvel, ou se este teria sobrevivido à queda, mas como a nenhum de nós apeteceu passar por uma experiência semelhante, passámos a ponte com todos os nossos itens de valor bem seguros.

O porquê desta ponte?
Esta ponte foi erguida por pescadores de salmão em 1755 (curiosamente no mesmo ano do grande sismo em Lisboa). A ponte suspensa encontra-se a uma altura de 30 metros acima do oceano. A ponte liga a falésia, parte da Irlanda continental, à ilha de Carrick-a-rede onde antes da ponte podia apenas ser acedida por barco. A pesca nesta zona era constante no século XIX, sendo que até 1960 era normal capturar cerca de 300 salmões por dia. Nos dias de hoje, a pesca do salmão é apenas uma lembrança, a memória marcada por uma ponte de corda que ainda ali existe.

Depois da travessia de ida e volta na ponte, uma vez que não há outra forma de voltar para trás, apenas atravessando novamente a ponte, seguimos o trilho completando a rota circular de cerca de 2 Km.
Miradouros de Magheracross & Gortmore
Magheracross Viewpoint

Como numa outra viagem já tínhamos visitado a Calçada dos Gigantes (Giant’s Causeway) e o Castelo Dunluce (ver aqui), fizemos uma paragem num dos novos miradouros construídos junto à costa, o Magheracross Car Park & Viewpoint, onde não só se tem uma vista privilegiada sobre o castelo Dunluce, como das falésias.
Gortmore Viewpoint

Em seguida, fomos a outro miradouro, o miradouro de Gortmore. Tivemos de subir bastante (de carro), mas realmente a paisagem imensa dos campos e da costa irlandesa fazem valer a pena o desvio. Como estava bom tempo, a paisagem estendia-se até ao outro lado da costa, onde mais tarde naquele dia iríamos chegar de ferry. Este local é ainda mais impressionante pela estátua de Manannan Mac Lir (que significa em português filho do Mar) que representa um deus do mar da mitologia gaélica.

Em ambos os miradouros o parque de estacionamento é gratuito.
Ferry em Magilligan Point
Ao contrário do normal não precisámos de comprar os bilhetes de ferry com antecedência, mesmo fazendo a travessia com o nosso carro. O ferry de Lough Foyle apenas faz travessias durante a Primavera e Verão. Por exemplo para 2024 a travessia já não é feita. Quando o ferry está ativo faz a travessia de um lado ao outro, ou seja, de Magilligan Point a Greencastle e vice-versa várias vezes por dia. A viagem demora apenas 15 minutos. O bilhete para o carro com passageiros fica a 22 euros. Vale imenso a pena escolher o ferry não só porque a vista é bastante bonita durante a travessia como também se poupa imenso tempo de viagem para quem, como nós, quer ir a Malin Head. Malin Head é o ponto mais a Norte da Irlanda continental, sendo apenas ultrapassado pela ilha de Inishtrahull, o ponto mais a norte da Irlanda.

De Malin Head, já depois de chegarmos à República da Irlanda, e da nossa noite e fantástico jantar em Letterkenny falarei no post da próxima semana.
Para ver toda a viagem clique em:
2 thoughts on “Roteiro: Costa da Irlanda do Norte”