Primeiro de tudo, sendo este o primeiro post de 2024, aproveito para vos desejar um feliz ano. Eu sei que já estamos a meio de Fevereiro e não será que já passou a fase de desejar um feliz ano? Qual é a data em que o ‘Feliz 2024’ deixa de fazer sentido? Eu diria que quando Janeiro acaba é uma boa altura, mas desejaram-me um bom ano no fim-de-semana passado. Pensando bem, no dia 25 de Janeiro também me disseram ‘e só falta 11 meses para o Natal’. Suponho que depende da perspectiva. E nesta perspectiva sendo este o primeiro post do ano faz sentido (aceitem apenas) desejar-vos um feliz 2024. E agradecer àqueles pobres coitados que têm explorado, seguido e gostado dos posts que vou pondo aqui neste blog. Tenho andado a explorar diferentes designs, criei um novo logo para o website, mas se tiverem alguma ideia para fazer o blog mais fácil de navegar, explorar, etc, deixem um comentário em qualquer um dos posts.

E sem mais demoras vamos então à primeira viagem do ano, que aconteceu a meio de Janeiro. Foi uma viagem de fim-de-semana prolongado, partíamos na sexta à noite e voltámos segunda depois do almoço. Já há algum tempo que queria conhecer a cidade de York, no norte de Inglaterra, e foi desta vez que aconteceu. Por sorte não tivemos chuva, o mesmo não se pode dizer do frio. A conversa de circunstância passa sempre muito pela meteorologia, não é? Especialmente para nos queixarmos – não fez chuva? Ah, mas fez frio! Ah não estava frio? Mas estava nevoeiro! e por aí fora. Muitos já me tinham falado da beleza da cidade de York, da sua arquitetura, das ruas estreitas de calçada escura, o que nunca me tinham dito é que esta cidade tem um passado negro, um passado recheado de histórias de tortura, morte e como tal de fantasmas. De tal forma, que a International Ghost Research Foundation (fundação internacional de pesquisa paranormal) declarou certa vez York como a cidade mais assombrada da Europa. Uma cidade com todas estas premissas é claro que tínhamos de a explorar.

Como chegar
Para chegar York há duas opções para quem vem de outro país – aeroporto de Manchester e depois comboio. O comboio demora cerca de duas horas. Ou então voar para Londres e depois apanhar o comboio em King’s Cross e espantosamente este comboio também demora duas horas. O melhor é mesmo ver com antecedência os preços tanto do comboio como do avião para a viagem ficar mais em conta, para além que podem decidir juntar York a uma viagem a Londres. Digo com antecedência porque nós vivendo perto de Londres ainda considerámos ir de comboio, mas quando vimos os preços dos comboios, soubemos de imediato que ficava mais barato conduzir. E foi o que fizemos e o que aconselho se não quiserem ficar apenas na cidade, mas também explorar os Yorkshire Dales ou North York Moors, dois dos parques nacionais mais bonitos da zona. A viagem de carro a partir de Londres dura cerca de 3 horas e meia a 4 horas, dependendo do ponto de partida e do trânsito. Se forem em hora de ponta se calhar a viagem chegará às 4 horas e meia (a quem estou eu a enganar? Com o tráfico de Inglaterra chega facilmente às 5 horas de viagem se saírem depois das 4 da tarde numa sexta-feira). Isto vai depender também do gosto pessoal, se gostam de viajar de carro, se gostam (ou não se importam) de conduzir por longas horas. Fui eu que conduzi e tanto a viagem de ida como de vinda foram feitas fora das horas de mais trânsito, para não apanhar as chamadas de rush hour, por isso fez-se a viagem bastante bem. Há sempre a possibilidade de parar nas estações de serviço que normalmente têm várias opções para comer, beber, casas de banho, etc. Especialmente nas auto-estradas principais como a M1.

Tempo de estadia
Se se ficarem apenas pela cidade um fim-de-semana é suficiente para conhecer os pontos mais turísticos e ainda ter tempo para explorar alguns dos cantos e recantos mais pitorescos da cidade. Recomendo pelo menos passar uma noite em York para explorar esta cidade durante as horas mais calmas e também experienciar um ambiente mais intimista (e mais apropriado à aparição de fantasmas). Não recomendo ir e vir a York em um dia desde Londres ou até desde Manchester. Se claro quiserem explorar as York Moors ou Yorkshire Dales acrescentem mais uns diazinhos, dependendo do quanto a fundo os querem explorar, por exemplo nos York Moors, o qual visitámos por um dia (não foi suficiente, foi apenas um taster) tem-se não só vários trilhos para explorar as diferentes zonas dos Moors como também as diferentes vilas costeiras.

Onde ficar
Uma das desvantagens de conduzir é relativamente à acomodação, especialmente dentro das cidades, pois usualmente quer-se um local onde o estacionamento esteja já incluído. E isso limita bastante a escolha. Um outro dos nossos requisitos, que não tem assim tanto impacto é queremos pequeno-almoço incluído. Ah, e também a um preço que não nos leve um rim. Mas também onde não seja preciso levar umas vacinas extras antes (e depois) da viagem. (E também unicórnios a voar à volta da janela – rolar de olhos) Ou seja, um local apresentável, mas sem grandes luxos (claro que se houver um desconto fantástico num hotel de 5 estrelas, como aconteceu numa das viagens a Belfast não diremos que não, note-se). Para esta viagem a ideia era estacionar o carro e explorar a cidade a pé, por isso também era desejável que o local ficasse a uma distância que o permitisse. (E junta-se fadas aos unicórnios). Considerando todos estes requisitos acabámos por fazer a nossa reserva no The Crescent Guesthouse, um local avaliado em 4.2 no Google. Marcámos através da Trip.com com um pagamento acrescido de 5 libras por dia pelo parqueamento (pago na altura do check-in).
O estacionamento foi fácil, não era privado, mas na rua pública, mesmo por detrás do prédio. Tal como acontece muito em Inglaterra, o estacionamento no centro da cidade é reservado a residentes. Na altura do check-in demos o número da placa do carro ao dono da guesthousa e tivemos o permit electrónico, nem sequer foi preciso por nada dentro do carro e não houve qualquer problema. Mesmo depois do check-out na segunda-feira podíamos deixar o carro todo o dia estacionado.


As reviews dos quartos na internet é meias que misturado, eu penso que depende do quarto que calha. Vi fotografias de quartos minúsculos, de quartos em que o tecto era inclinado e nem dava para uma pessoa estar sentada em cima da cama. Felizmente acho que a nós calhou-nos o maior, tinha uma cama de casal, uma cama de solteiro, uma casa-de-banho privativa, mesa e cadeira. O local era sossegado e o quarto estava limpo – não até à última manchinha, mas satisfatório. Os lençóis e as toalhas estavam limpas e tinha uma decoração agradável. Tivemos frio durante as duas primeiras noites, mas a culpa foi nossa, porque só na última noite é que fomos explorar como ligar o aquecimento do quarto e quando finalmente descobrimos (não foi uma grande descoberta) este funcionou na perfeição.
Pequeno-almoço – bem no check-in o dono disse para escolhermos do menu o que queríamos e que se quiséssemos algo diferente para o dia a seguir para dizermos a quem estivesse a servir às mesas durante o pequeno-almoço. Mas a escolha era entre full breakfast (o tradicional pequeno-almoço inglês) ou o full breakfast. Ou seja, não havia ali mesmo uma escolha – ficámos a olhar para o placar, e demorámos mais tempo a tentar perceber qual era a escolha do que realmente a escolher. Suponho que a escolha seria se não se quisesse certos alimentos do full breakfast. Mas tivemos que escolher entre pão branco e pão integral, ovos mexidos ou ovos estrelados e entre café ou chá, em caso de pensarem que não havia ali decisões a precisarem de ser feitas.



O pequeno-almoço não deixou muitas recordações (as imagens acima, da esquerda para a direita são as fotografias dos 3 consecutivos dias) – o melhor que posso dizer era que as salsichas eram boas e normalmente é a parte que eu não como, mas não vinha com black pudding que normalmente é a parte que gosto mais. Todos os dias houve um pequeno problema mas com coisas diferentes. No primeiro dia o bacon estava frito até se poder dizer que o animal tinha sido cremado (imagem à esquerda), no segundo dia os cogumelos tinham um sabor avinagrado que não acho que era suposto (imagem do meio) e no último dia o ovo estrelado vinha com o seu lago privado de óleo (imagem à direita). Um problema que tive todas as manhãs (e que é uma das coisas que mais detesto) foi a minha chávena estar suja. A do meu marido não estava suja, por isso suponho que eu não tenha tido sorte, mas é uma das coisas que não gosto mesmo e que mostra falta de cuidado. Até porque as chávenas eram brancas e as manchas eram escuras.
O melhor de tudo, e viram como deixei o melhor para fim? tipo psicologia de internet, é a localização. Bastava 5 minutos a andar para estarmos no centro da cidade e ficava numa zona com pouco movimento o que dava jeito para uma boa noite de descanso. Tirando a parte que não fomos ver logo de início como ligar o aquecimento no quarto!
No fim disto tudo, o que posso dizer? Que tirando as chávenas sujas, o sítio foi o que procurávamos, e que facilmente voltava a ficar lá, se a oportunidade de visitar York voltar a proporcionar.
Primeiras horas
Por norma acabaria o primeiro post da viagem pelos preparativos, mas vou alongar-me um bocadinho mais e escrever sobre o que fizemos no primeiro dia – é mais na primeira noite uma vez que quando chegámos já era noite – aliás em Janeiro, em Inglaterra, já é de noite a partir das 4 e meia. Ou se vierem perto do Natal, têm escuridão a partir das 3 com grande probabilidade de não ver o sol durante dias (quem nunca o desejou?)


Depois do check-in e de pormos as malas no quarto, fomos primeiro procurar bebida e comida. E decidimos começar pela The House of the Trembling Madness que fica numa das ruas da parte histórica da cidade. Para lá chegarmos tivemos oportunidade de começar a explorar as ruas York passando pela catedral e apesar de ser já meio de Janeiro a cidade ainda se encontrava enfeitada com as luzes de Natal, o que torna sempre tudo mais bonito.
The House of the Trembling Madness é um dos locais mais conhecidos pela sua história, decoração e seleção de bebidas. Na parte de baixo é uma loja com uma imensa variedade de cervejas internacionais enquanto a parte de cima faz de bar, onde também servem comida. A decoração é rústica, e pode não agradar a muitos, mas foi aqui que encontrei a melhor cerveja da viagem, a Chocolate Fudge Brownie Stout e o menu apesar de não ser extenso, leva a comida deliciosa. De tal forma que acabámos por vir jantar aqui duas vezes, experimentando pratos diferentes. E claro, também cervejas diferentes. No primeiro dia, comemos um dos pratos do dia, um estufado de carne de vaca. As porções eram bem maiores do que estávamos à espera, principalmente pelo preço da refeição. Eles não aceitam reservas, e em alturas mais movimentadas pode-se tornar difícil encontrar mesa.


Depois de algumas bebidas, marcámos uma tour de fantasmas. Afinal se ali estávamos, numa das mais assombradas cidades da Europa, mais valia ficarmos a conhecer quem eram esses tais fantasmas. O que há mais em York são tours semelhantes, a diversas horas (normalmente à noite) e a diversos preços. Como nós queríamos o mais baratinho e que ainda desse para fazer naquela sexta-feira escolhemos ‘The Original Ghoust Walk in York‘. Cada bilhete custa 7.50 libras e nós comprámo-los online meia hora antes de começar. Ponto de encontro era às 8 horas ao pé do pub, The Kings Arms Pub, um pub que fica muitas vezes submerso quando as águas do rio sobem. Quando isso acontece o ponto de encontro é na ponte que fica ao lado do pub. Não é preciso reserva, mas se não o fizerem lembrem-se que têm que pagar a tour com dinheiro.
Se eu acho que valeu a pena? Talvez sim. Mas o talvez é porque estávamos em York e é sempre interessante conhecer um pouco da história e cultura da cidade que visitamos. Se a tour em algum ponto se tornou sombria ou levemente assustadora? Não, quanto muito ainda se riem um bocado. Mas deu-nos uma dicas e fomos a alguns dos pubs mencionados durante a tour, que se dizem assombrados, mas de fantasmas aqui não vimos nada.Uma coisa que há muito em York, mais ainda que fantasmas, são pubs, restaurantes e bares. Por isso provavelmente as histórias de fantasmas podem mais vir de um copozito a mais.


Depois de uns 45 minutos a andar pela cidade e assim acabada a tour fomos explorar os pubs, primeiro fomos ao Blue Boar, onde se encontra um caixão no andar inferior. Diz-se que este pub está assombrado por Dick Turpin, um criminoso famoso cujo corpo foi colocado ’em exposição’ neste mesmo local, atraindo uma multidão de curiosos. O dono do local até cobrava às pessoas que queriam ver o corpo. O corpo foi aqui colocado depois de ter sido executado em praça pública. Nós também curiosos viemos aqui mas as caixas de pizza em cima do caixão tornaram a experiência menos interessante. Se alguma coisa estava para assustar eram as vozes do que estavam no Karaoke no andar de cima.
Depois de uma cidra, ainda passámos por outro bar bastante famoso, o Golden Fleece York, mas a selecção de cervejas não era nada de especial e decidindo não ficar fomos a Valhalla. Valhalla é um bar em homenagem ao ancestrais Vikings. O melhor é o hidromel, existem vários sabores como de mel, de framboesa, de ruibarbo, de uva, etc. E claro que os tivemos que experimentar todos. Acabámos as três noites aqui, em Valhalla, nome do paraíso Viking.


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