Sevilha

Índice desta página

  1. Chegada a Sevilha
    1. The Honest Hotel & Apartments
    2. Primeiro passeio por Sevilha
    3. 100 Montaditos
    4. O desejo por algo doce
  2. Primeiro dia em Sevilha
    1. Pequeno-almoço no hotel
    2. Capilla de San José
    3. A desnecessária tortura dos cavalos
    4. Catedral de Sevilha e a Torre Giralda
    5. Real Alcázar Sevilla
    6. Iglesia Colegial del Divino Salvador
    7. Bar El Comercio
    8. Torre del Oro
    9. Plaza de España
    10. Parque de María Luisa & Museo de Artes y Costumbres Populares
    11. Restaurante Mesón Las Migas
    12. Churros à noite no Kukuchurro
  3. Segundo dia em Sevilha
    1. Pelas ruas do centro histórico de Sevilha
    2. Archivo General de Indias
    3. Bairro da Triana
    4. La Cartuja
    5. Basílica de Jesús del Gran Poder
    6. Las Setas de Sevilla
    7. Tablao Flamenco Las Setas
    8. Jantar no Bodegón Afonso XII

Chegada a Sevilha

Depois de ficarmos a conhecer Ronda e Córdoba nos últimos dias, eis que chegávamos à última cidade do nosso itinerário, Sevilha. Depois de uma viagem de comboio que demorou menos que uma hora, saímos na estação Santa Justa já depois das 5 e meia. Infelizmente já só tínhamos uma hora e pouco antes de anoitecer. Afinal, mesmo o dia sendo mais longo em Espanha do que em Inglaterra, continuava a ser meados de janeiro.

Setas de Sevilla ao pôr-do-sol

E metade do tempo que tínhamos antes de anoitecer era para chegar ao hotel onde íamos ficar no centro da cidade, The Honest Hotel & Apartments. Ainda eram uns 45 minutos a andar, mas assim também tínhamos oportunidade de ficar com as primeiras impressões de Sevilha, pois àquela hora já não dava para muito mais. O que mais me ficou na memória foram as Setas de Sevilha, a famosa estrutura em forma de cogumelo mais conhecida pelo seu miradouro, na qual reflectia a luz dourada do pôr-do-sol àquela hora.

The Honest Hotel & Apartments

Chegámos ao hotel, fizemos o check-in e pagámos pela estadia como era esperado, que por três noites com pequeno-almoço incluído ficou a pouco mais de 300 euros. Tínhamos feito a reserva no Booking.com e escolhido pagar no local. O que já nos tínhamos esquecido é que também tínhamos escolhido incluir na reserva o pequeno-almoço, mas na altura nem ligámos muito, afinal era menos uma coisa para ter de escolher de manhã. Mas dos pequenos-almoços falarei mais tarde.

O hotel é ‘quirk’ (peculiar) mas no bom sentido. Quando chegámos ao quarto este era bastante mais pequeno que o do hotel ibis Styles Sevilla City Santa Justa, o primeiro hotel onde ficámos na primeira noite em Sevilha, antes de irmos para Ronda, mas muitos diriam que este tem muito mais carácter. Havia algumas peculiaridades do quarto que gostava de apontar; uma delas era a porta da casa-de-banho que era de vidro, sim era vidro fosco, mas mesmo assim vidro. Portanto, privacidade era zero. Depois não dava para termos as cortinas abertas, ou melhor dava, mas a nossa janela ficava directamente para o do quarto em frente, por isso ou baixava-se ainda mais o nível de privacidade com a possibilidade de partilha com os vizinhos ou então as cortinas tinham de ficar fechadas.

Não me interpretem mal, o hotel é limpo, giro, e mesmo sendo um espaço apertado, o quarto serviu para o seu efeito. E o hotel estava numa localização espectacular para visitar a cidade. Apenas estou a dizer que não era perfeito.

No final, comparando os dois hotéis, gostei mais do ibis Styles Sevilla City Santa Justa do qual falei na parte sobre os preparativos desta viagem, não só do quarto, mas também do serviço, da maneira como fomos atendidos e do pequeno-almoço. Mas, sobre a localização este ganha.

Primeiro passeio por Sevilha

Antes de irmos jantar quisemos primeiro dar uma volta por Sevilha. E apesar de já ter anoitecido a cidade vibrava de gente. Acabámos por ir passear junto ao canal de Alfonso XIII entre duas pontes, el Puente de Isabel II, também conhecida por Puente de Triana e el Puente de S. Telmo. Os edifícios iluminados e a sua luz a refletir no canal, tornaram este passeio quase idílico. Quando chegámos à Puente de S. Telmo, que fica ao lado da Torre del Oro, virámos para o centro de histórico onde vimos pela primeira vez a famosa torre, La Giralda, que faz parte da catedral de Sevilha.

Passeio junto ao canal de Alfonso XIII

100 Montaditos

Para jantar quisemos algo simples e rápido. Parecendo que não estávamos cansados do dia passado em Córdoba e da viagem de comboio. Como isto era uma quarta-feira e como o meu marido nunca tinha experimentado esta franchise fomos ao 100 Montaditos que ficava a menos de 5 minutos das Setas de Sevilha.

Para quem não sabe, 100 Montaditos é uma franchise de restaurantes espanhola e que já chegou a Portugal. A sua especialidade são pequenas sandes, os montaditos, que é o equivalente aos ‘bocadillos’ no Bar Bocadi em Córdoba. As variedades de recheios para as sandes são imensas e o difícil é mesmo escolher. Também há outras tapas como por exemplo batatas fritas com queijo e bacon, nachos, croquetes, entre outros.

Jantar nos 100 montaditos que incluiu as sandes de salmão fumado e queijo Camembert, as quais gostámos bastante

Os melhores dias para vir é sem dúvida à quarta-feira e ao domingo, dias em que eles têm uma promoção em que cada montadito custa 1 euro e 2 euros se se pedir tapas para partilhar. Outra coisa que é bastante barata é a cerveja, a caneca por exemplo custa 2 euros e o copo normal 1,50 euro, as chamadas Sancho e Quijote respectivamente. Estes são preços que dificilmente se encontram em outros restaurantes da cidade.

Para pedir as sandes, vai mesmo depender do gosto de cada um, porque a escolha é mesmo imensa. Nós gostámos particularmente do montadito ‘Salón ahumado y crema de queso Camembert’ que era com salmão fumado e queijo Camembert. Também pedimos umas batatas fritas com 4 molhos para partilhar entre nós os dois. Como disse um jantar simples e rápido.

O desejo por algo doce

Depois do jantar, eram agora 9 e pouco, apetecia-me um docinho. Tal como aconteceu em Ronda, a esta hora a maior parte das pastelarias ou gelatarias a caminho do hotel já estavam fechadas. Foi por isso que fomos a um supermercado aberto perto do hotel onde comprámos as bolachas Chapelas da Dulcesol.

Bolachas Chapelas da Dulcesol

E assim acabámos o dia sentados na nossa cama a comer umas bolachinhas enquanto confirmávamos o nosso itinerário para o dia seguinte.


Primeiro dia em Sevilha

Pequeno-almoço no hotel

Bem, começo por avisar que não vai ser uma boa review sobre o pequeno-almoço. Acordámos no dia seguinte por volta das 8 e pouco e ainda não eram 9 horas quando fomos buscar as caixas do nosso pequeno-almoço. Porque o pequeno-almoço neste hotel não é em formato de buffet é-vos antes dada uma caixa que vão buscar à recepção do hotel. Seguindo aquilo que nos foi entregue o pequeno-almoço inclui uma sandes, um sumo de laranja, um iogurte, uma maçã, um chocolate, um donut e uma espécie de pastel.

Nós trazíamos as caixas para o nosso quarto e só no último dia é que reparei que havia uma salinha ao lado da recepção onde havia uma máquina de café e mesas onde nos podíamos sentar. Teria sido simpático se a recepcionista nos tivesse falado desta sala na primeira manhã quando fomos buscar as caixas, mas pelos vistos o sistema é que o cliente é que deve perguntar.

Mas vamos esquecer esse pormenor e focar-nos no conteúdo de cada caixa, que por acaso não é mantida no frigorífico e fica à temperatura ambiente durante toda a noite, desde que é recebida até quando o hóspede a vai buscar. Por isso, esperem um iogurte meio morno. A sandes era o melhor, mas a melhor foi mesmo a do primeiro dia que levava presunto, e nos dois dias seguintes levámos com a mesma que era a pior. Depois os bolos, bem os donuts não tenho nada a dizer, agora aquele pastel, sabia a ranço, mas quando digo a ranço de um nível não comestível. Portanto, foram 14 euros por um sumo de laranja, uma sandes, um donut e uma maçã. Ah e vá, um chocolate muito pequenino. A sério não vale a pena, se ficarem neste hotel, fiquem não digo que não, mas NÃO peçam o pequeno-almoço. Nas fotografias que podem ver aqui até que nem tem mau aspecto, mas acreditem, não vão por aí. Em qualquer padaria ou pastelaria da zona ficarão mais bem servidos e por melhor preço.

O quanto eu me lamentei por não estar a tomar o pequeno-almoço no hotel ibis, que foi sem sombra de dúvida o melhor da viagem. Eu disse que não ia ser uma boa review, mas é para não evitar mais gente ficar desapontada como nós ficámos.

Capilla de San José

Depois do pequeno-almoço começámos o nosso primeiro dia a explorar Sevilha. Uma das coisas que nós ficámos a saber era que às 9 e meia estávamos prontos para visitar a cidade, mas a cidade não estava pronta para a visitarmos. Ou abria tudo às 10, ou como a catedral de Sevilha, que queríamos visitar durante a manhã, às 11. Como estava tudo fechado, até as igrejas que tínhamos posto no itinerário, andámos um bocado pelas ruas do centro histórico e acabámos por entrar numa igreja que estava aberta, a Capilla de San José. Não constava no itinerário, mas a partir daquele momento em que a porta estava aberta passou a constar.

Afinal, apesar de não a termos no itinerário o que encontrámos foi um exemplo magnífico do estilo barroco. Esta capela começou a ser construída em 1701 a mando da Hermandad del Gremio de Carpinteros de lo Blanco, tendo sido esta anexado ao hospital pertencente à mesma irmandade. No interior desta capela encontram-se verdadeiras obras de arte incluindo os retábulos e pinturas. A abóbada desta capela desabou parcialmente depois de um incêndio em 1931, incêndio esse que danificou várias partes do edifício. Desde 2017 tem havido um esforço enorme de restauro para recuperar as obras de arte que foram perdidas pelo fogo.

A desnecessária tortura dos cavalos

Depois da visita a esta capela, começámos a chegar-nos para perto da catedral apesar de ainda faltar um bom bocado para as 11 horas, a hora em que a catedral abria. No entanto, havia já uma grande fila à frente do portão principal. Enquanto estivemos aqui à espera fomos reparando que chegava mais e mais carruagens puxadas por cavalos, todos alinhados uns ao lado dos outros.  Isto para os turistas que visitam Sevilha. Mas é mesmo necessário uma tortura destas para os animais? Os cavalos passam ali horas sem se mexerem, sem água, sem comida, ao frio. Porque apesar de tudo aquele era um dia muito frio com temperaturas a rondar os 1-2 graus. E via-se que alguns dos cavalos estavam em aflição, havia um que se fartava de mudar de perna para puder descansar a outra. A sério uma coisa de partir o coração.

E isto é mesmo necessário? Ganha-se alguma coisa com isto? O que interessa uma viagem pela cidade na porcaria de uma carruagem quando se sabe que o animal esteve ali horas parado a sofrer? Se isto é assim no Inverno, imagino o pior no Verão. Se escrever isto aqui vale de alguma coisa, que valha para alertar nós turistas a evitar participar ou contribuir para este tipo de tortura.

Catedral de Sevilha e a Torre Giralda

Depois de passarmos algum tempo na fila que estava à frente do portão principal à espera que a catedral abrisse, ficámos a saber que estávamos na fila errada. Nós tínhamos comprado os bilhetes com antecedência e como a catedral era um dos locais mais visitados, tínhamos comprado os bilhetes para ‘saltar a fila’ (skip-the-queue). Não sei se precisávamos ter tido tanta preocupação porque chegámos bastante cedo, mas depois de ler que houve gente a estar horas à espera na fila para entrar, pensámos que era melhor prevenir. E aconselho a fazerem o mesmo e a comprarem este tipo de bilhetes, especialmente se visitarem Sevilha em época alta: https://www.seville-cathedral-tickets.com/

Vista do topo da Giralda

Então, a entrada para quem tem este tipo de bilhetes não é pela Puerta del Principe, o portão principal, mas sim pela entrada que fica mesmo ao lado da torre da Giralda. Quando aqui chegámos já havia uma grande fila. Mas mal as portas abriram a fila começou a andar rápido e em menos de nada entrávamos dentro da catedral. Já que estávamos ali, ao lado da Giralda, foi ao cimo da torre onde fomos primeiro.

A Giralda é a torre sineira da catedral de Sevilha e conta com 101 metros de altura incluindo a estátua de bronze que fica no topo, usada como cata-vento, o Giraldillo. É esta estátua que dá o nome à torre e simboliza a fé cristã. A torre foi inicialmente construída como minarete da Grande Mesquita entre 1172 e 1798, quando a cidade estava sob o domínio muçulmano. A arquitectura da torre foi baseada na da Mesquita Koutoubia em Marraquexe. Após a reconquista cristã em 1248 a parte superior da torre foi posteriormente adicionada.

A subida ao topo da torre é feita através de rampas, e não por escadas como o normal, tendo de se passar por 35 rampas até se chegar ao topo da torre onde se encontram os 24 sinos e uma maravilhosa paisagem de 360º da cidade. A descida para a catedral é feita pelas mesmas 35 rampas, havendo pequenas janelas pelo caminho onde se pode observar diferentes partes e edifícios da cidade.

Depois da conquista de Sevilha pelos Almorávidas em 1147, Abu Yaqub Yusuf torna-se o califa em 1163 sendo Sevilha a capital do seu califado. É Abu Yaqub Yusuf que ordena a construção da Grande Mesquita em 1171 tal como a construção do minarete que hoje é a Giralda em 1184.

Em 1248, a cidade é reconquistada pelos cristãos e a mesquita de Sevilha torna-se na Igreja de Santa Maria. O rei Fernando III, quem liderou as conquistas cristãs não só aqui em Sevilha, mas também em Córdoba e Ronda, é enterrado em frente ao altar da Capela dos Reis, que foi a primeira capela construída na antiga mesquita, agora catedral.

Durante os séculos seguintes a catedral passou por uma enorme remodelação com a construção e amplificação de capelas e adição das várias portas de entrada para a catedral como a Puerta de la Concepción e a Puerta de la Asunción. Uma das construções mais recentes e também uma das mais impressionáveis é o Monumento a Colón, ou a tumba de Colombo, onde se encontram os seus restos mortais desde 1902.

Quando saímos da catedral fomos ter ao Patios de los Naranjos, pátio esse que pertencia à mesquita. Apesar de este local ter passado por sucessivas renovações, a estrutura original de pilares que suportam arcos pontiagudos foi conservado e ainda hoje pode ser visto.

Para saber mais sobre a história da catedral e horários de visita vejam o website oficial em https://www.catedraldesevilla.es/

Real Alcázar Sevilla

Depois de ficarmos a conhecer a catedral de Sevilha, o próximo local a visitar era também este um dos mais conhecidos da cidade, o Real Alcázar. Umas das primeiras coisas que tenho a reconhecer foi o quanto subestimámos o tempo que precisaríamos para visitar o Real Alcázar. Com as várias salas e imensos jardins facilmente se passa aqui mais de meio-dia e nós infelizmente não pudemos dar-lhe o tempo merecido.

Pátio de las Doncellas no Real Alcázar Sevilla

Os bilhetes de entrada custaram-nos 15.50 euros a cada um, e tal como para a catedral é necessário também escolher a hora da visita. Como a catedral e o Real Alcázar ficam mesmo em frente um do outro, chegar a um depois de visitar o outro, como nós fizemos, é completamente possível e sem esperar atrasos.

Podem fazer a visita com a ajuda de um áudio guia o qual pode ser acedido ao scanar um QR code que está à entrada. O áudio guia separa a visita em 21 diferentes secções, mas se visitarem o site oficial do Real Alcázar e virem o mapa, podem encontrar nele marcados 53 diferentes marcos de interesse (para ver mapa carregue aqui)

Em 913, o califa de Córdoba, Abderrahmán III, manda construir o Real Alcázar para aqui ser a nova sede para o seu governo. Esta sede ia substituir a antiga que se encontrava onde hoje fica a Iglesia Colegial del Divino Salvador.

Depois da conquista cristã em 1248, o Real Alcázar passa a ter outras funções como sede da coroa e esfera do poder municipal, que são ainda as suas funções actuais. Passando este edifício a estar sob o domínio dos reis castelhanos outras construções foram adicionadas à propriedade como o Palácio Gótico onde se mistura dois estilos arquitetónicos característicos das duas religiões; o muçulmano e o cristão. Mais tarde, em 1356, foi construído o palácio mudéjar de Pedro I com conceitos mediterrâneos árabes.

Da nossa visita foram realmente as várias salas do Palácio de Pedro I que mais nos impressionou incluindo a Alcoba Real, Patio de las Doncellas, Salón del Techo de Felipe II e Salón de Embajadores. Os trabalhados das paredes e tectos tal como os vários arcos formavam um conjunto esplêndido tornando este local um dos mais bonitos da cidade. Já nos jardins, não deixem de visitar os Baños de Doña María de Padilla assim como o Jardín del Estanque de Mercurio.

Este foi um dos lugares mais bonitos da viagem ficando lado a lado com a catedral de Sevilha. E depois de visitar Ronda e Córdoba facilmente reconhece-se o passado comum onde as marcas arquitectónicas estão ainda bem presentes.

Para mais informações sobre a história do Real Alcázar, horários e compra de bilhetes visitem o website oficial em https://alcazarsevilla.org/

Acabámos por não ficar mais tempo porque já passava das 2 da tarde e a fome começava a chegar. Afinal como disse anteriormente, o pequeno-almoço do hotel não era grande coisa e não chegava para passar o dia sem petiscar. E eu sabia exactamente onde queria ir.

Iglesia Colegial del Divino Salvador

Mas antes ainda fomos visitar a Iglesia Colegial del Divino Salvador já que com a compra dos bilhetes para visitar a catedral também tínhamos entrada gratuita para esta igreja.

Devido aos vestígios arqueológicos descobertos pensa-se que neste local foi erguida uma mesquita, a grande mesquita de Ibn Adabbás entre 829 e 830, apesar de não haver qualquer documentação que o comprove. Também se supõe, novamente devido aos vestígios arqueológicos descobertos na zona, que uma basílica romana existia ali antes como parte do complexo citadino quando a cidade estava sob o domínio dos Romanos, a qual foi integrada na construção da mesquita. Uma das evidências são os vestígios do minarete da mesquita que inclui na sua construção uma lápide romana.

Quando em 1248,Filipe III conquistou a cidade em nome dos reis castelhanos, estes cristãos, a mesquita passou a estar sob o domínio cristão altura em que foi construída uma capela em nome da Virgem Maria como símbolo de cristandade. Também o minarete da mesquita foi alterado e passou a ser uma torre sineira. No entanto, a 24 de Agosto de 1356 devido a um terramoto que assolou a cidade a parte superior da torre sineira foi destruída.

No entanto, outras construções foram adicionadas durante o século XVII como a Capela Sacramental e a Capela de Cristo Desamparado. No entanto, com o passar do tempo, a mesquita foi destruída, um novo templo foi construído o qual ruiu devido aos fracos pilares de suporte e só em 1712 foi finalmente acabada a nova igreja. Nos últimos anos tem havido vários trabalhos de restauração, num esforço de manter este edifício.

Durante a visita a esta igreja não só pode-se conhecer os vários retábulos magníficos como a exposição de vestígios romanos na parte inferior da igreja.

Para mais informações visitem o website oficial da Iglesia Colegial del Divino Salvador em https://www.catedraldesevilla.es/iglesia-de-el-salvador/

Uma das peças que gostei bastante quando visitei a igreja está associado a uma lenda conhecida em Sevilha. Esta refere-se às Santas Justa y Rufina que são consideradas como as padroeiras e protectoras da cidade. Estas raparigas foram duas irmãs que viveram no século III quando Sevilha se chamava Hispalis. Ambas foram martirizadas pela sua crença no cristianismo e por propagar a palavra do Evangelho.

Retábulo onde estão representadas as Santas Justa y Rufina na Iglesia Colegial del Divino Salvador

Nas iconografias mais tradicionais de Justa y Rufina ambas são retratadas junto à torre Giralda pois diz-se que foi devido à sua protecção que a torre não caiu durante o terramoto de 1504. Normalmente, têm as palmas das suas mãos viradas para cima simbolizando o seu mártir juntamente com objectos de barro alusivos à sua profissão como ceramistas. Nas suas representações, ambas aparecem juntas tal como no retábulo da Iglesia Colegial del Divino Salvador, obra esta criada em 1712.

Bar El Comercio

Depois de visitarmos esta imponente igreja, à qual aconselho imenso a irem, especialmente se tiverem entrada incluída com a visita à catedral, eis que fomos comer os nossos primeiros churros da viagem. Afinal não se pode dizer que se visitou bem a cidade sem experimentar esta massa frita acompanhada com molho de chocolate. E um dos lugares mais conhecidos para experimentar esta iguaria é o Bar El Comercio, que ainda por cima ficava bastante perto da igreja onde tínhamos estado.

Este local está aberto desde 1904 e vende outros petiscos tradicionais da cozinha Andaluza. Quando chegámos, o restaurante/bar estava bastante cheio, mas conseguimos uma mesa num dos cantos. E claro que pedimos os churros com chocolate (1 dose para partilhar) e para beber quis experimentar um viño dulce de naranja que era bastante parecido com o nosso vinho do Porto. O meu marido por sua vez escolheu uma cerveja local.

Churros com molho de chocolate no Bar El Comercio

Os churros chegaram à nossa mesa bastante rápido, aliás à nossa mesa e a outras pois havia mais gente a fazer o mesmo que nós. E os churros tinham acabado de ser preparados pois do salão onde estávamos sentados podíamos vê-los a serem amassados, fritos e cortados.

Os churros eram bons, achámos o chocolate um bocado aguado e experimentámos churros depois noutro sítio onde eram muito melhores, tanto os churros como o chocolate. Não sei se a fama deste local é resultado das muitas partilhas das redes sociais ou se simplesmente não os apanhámos no melhor dia. Mas no final, vir aqui acaba por fazer parte da experiência. Afinal nao é todos os dias que nos sentamos num espaço com mais de 100 anos de serviço.

De momento o Bar El Comercio não tem website, mas podem a sua conta de Instagram aqui: https://www.instagram.com/explore/locations/1023601570/cafe-bar-el-comercio/

Torre del Oro

Quando saímos do Bar El Comercio já passava das 5 da tarde e o próximo ponto de paragem era a Torre del Oro o que nos dava uma nova oportunidade de andar junto ao rio.

Passeando pela margem do rio é difícil não identificar esta torre de menagem do século XIII que conta com uma altura de 36 metros e que hoje alberga o Museu Naval de Sevilha. O seu nome, Torre del Oro, foi-lhe atribuído devido à luz dourada que o seu reflexo fazia nas águas do rio. Durante trabalhos de restauração foi descoberto que este brilho era devido a uma mistura de argamassa de cal e palha prensada.

Rio Gualdaquívir e Torre del Oro à direita

Nós não entrámos dentro da torre, mas pode-se visitar o museu. Dizem que a entrada é gratuita, mas para visitar o seu interior é necessário dar uma contribuição voluntária. Por isso diga-se que a entrada é mais ou MENOS gratuita. Para nós chegou-nos ver o seu exterior.

Para mais informações sobre a Torre del Oro e o Museu Naval de Sevilha visitem o website em https://fundacionmuseonaval.com/museonavalsevilla.html

Muitos de vós, tal como eu, já viram muitas fotografias da Plaza de España em Sevilha e é difícil não ficar com vontade de conhecer esta praça, os muitos azulejos coloridos que formam um semicírculo, as duas torres, as pontes e o canal onde barquinhos passam languidamente. Pois foram exactamente estas fotografias que nos levaram a querer visitar Sevilha.

Depois do nosso passeio junto ao rio e paragem rápida para admirar a Torre del Oro fomos para a Plaza de España para visitar este local sob a luz dourada do pôr-do-sol. Pelo caminho ainda parámos junto ao Palacio de San Telmo, um edifício magnífico do estilo barroco, construído entre 1682 e 1734. O interior do edifício não pode ser visitado sendo este é o edifício oficial do governo de Andaluzia.

Depois de tirarmos algumas fotografias à fachada do Palacio de San Telmo seguimos caminho parando naquela que acabaria por ser o ponto alto (pelo menos para mim) de Sevilha, a Plaza de España. Porque se as expectativas eram altas, este lugar conseguiu superá-las.

É incrível a majestosidade deste lugar, as torres altas, as pontes pitorescas que passam por cima do canal e os muitos azulejos coloridos. Tudo isto formou uma atmosfera sonhadora especialmente criada pela luz dourada do entardecer e ao mesmo tempo vibrante devido ao flamenco que se tocava e a dançarina que batia com força os sapatos no chão ao som da música.

Vídeo do pôr-do-sol na Plaza de España

Falando um pouco das origens desta praça, ela foi construída como atracção principal na Exposição Ibero-Americana em 1929. Não confundir com a Exposição Universal que decorreu no mesmo ano, mas em Barcelona, esta de maiores dimensões, onde curiosamente também foi construída uma praça de Espanha para o evento do qual falamos na nossa página sobre a viagem a Barcelona e Gavà.

A praça de Espanha em Sevilha foi arquitectada por Aníbal González construída em semicírculo com um diâmetro de 200 metros e com mais de 7000 azulejos. A sua forma semicircular representa a paz da cidade para com as suas colónias e províncias. De cada lado da praça foi construída uma torre que pelo que li foram bastante discutidas na época por terem quase a mesma altura da torre da catedral, a Giralda.

Pôr-do sol na Plaza de España em Sevilha

O mais impressionante e o mais conhecido são os bonitos conjuntos de azulejos que cobrem a praça. No total, existem 48 balcões, se assim se podem chamar e cada um representa uma província espanhola, organizados em ordem alfabética. Cada um destes balcões tem um conjunto de azulejos que para além do nome e escudo da província tem uma imagem associada ao local que representa. Também nesta praça encontram-se 4 pontes e cada representa um reino de Espanha: Aragão, Castela, Leão e Navarra. A toda à volta passa um canal de água onde corre o rio Guadalquivir e onde se pode passear por ele num barco alugado a remos.

Azulejo referente à província de Cadiz

Para quem passa aqui de visita e vê esta praça como está hoje não encontra o menor indício de que esta praça foi alvo de vandalismo durante muitos anos, afinal havia quem achasse que levar um azulejo para casa era uma das melhores recordações. Felizmente houve um grande projecto de restauro em 2010 que trouxe esta praça de volta ao seu esplendor.

Parque de María Luisa & Museo de Artes y Costumbres Populares

A Plaza de España fica no Parque de María Luisa, o maior jardim e por sinal o mais bonito da cidade. O jardim pertencia originalmente ao palácio de São Telmo, no entanto foi doado à cidade em 1893 para assim se puder criar um grande jardim público. Para além de ser um jardim de grandes dimensões também se encontram aqui várias esculturas e fontes. Há também outro local que encontrámos no meio deste jardim, o ‘Museo de Artes y Costumbres Populares de Sevilla’ que às 7 da noite ainda estava aberto. Ainda por cima a entrada era gratuita (para os europeus).

O edifício exterior de estilo mudéjar, um estilo que viemos a conhecer durante esta viagem, foi projectado pelo mesmo arquitecto da Plaza de España, Aníbal González, também este para a exposição Ibero-Americana de 1929. No seu interior, tal como o nome indica, há vários salas com peças do quotidiano de diferente épocas, incluindo peças de tecido, peças de loiça e de ferro.

O museu está aberto de terça a domingo encerrando às segundas. O seu horário de abertura é entre as 9 da manhã e as 9 da noite, sendo domingo a única excepção fechando neste dia às 3 da tarde.

Fachada do Museo de artes y costumbres populares de Sevilla

Se estiverem interessados em saber mais sobre este museu visitem o website oficial em https://www.museosdeandalucia.es/web/museodeartesycostumbrespopularesdesevilla.

Restaurante Mesón Las Migas

Para o nosso jantar quisemos ir até ao restaurante de comida tradicional, o Mesón Las Migas. Escolhemos este restaurante porque eu queria experimentar um prato típico da região, as Migas Extremeñas, e em vários locais tinha lido que este era o melhor restaurante para o fazer. E depois de olharmos para o menu encontrámos outro prato tradicional que apesar de ser típico da cozinha espanhola, não consta frequentemente nos menus dos restaurantes da cidade. O prato chama-se Menudo de Ternera e é feito com carne de vaca e também estômago. Sim, não me enganei, tem mesmo estômago de vaca.

Menudo de ternera do restaurante Mesón Las Migas

O restaurante não fica no centro da cidade por isso ainda tivemos de andar meia hora desde o parque de María Luisa até ao restaurante. O restaurante abre às 8 da noite, mas descobrimos que às 8 o restaurante ainda está a abrir. Chegámos pouco depois das 8 e ainda estavam a colocar as mesas e cadeiras de plástico na esplanada e não estavam ainda a receber clientes. Para passar o tempo fomos ao café que ficava no fundo da estrada, o El Condado II, para aproveitar o tempo livre e beber uma cerveja.

Depois das 8 e meia voltámos então ao restaurante e aí sim já dava para entrar e pedir uns petiscos. Aliás este restaurante é especializado em tapas, pequenos pratos para dividir. Por isso decidimos pedir 4 diferentes tapas para partilhar entre nós os dois. Chegou-nos assim à mesa uma porção de salmorejo (sopa fria), migas extremenãs (pão frito com presunto), menudo de ternera (guisado de carne e estômago de vaca) e torta de la serena (pão com queijo e geleia).

Salmorejo, migas extremeñas e torta de la serena do restaurante Mesón Las Migas

De todos os pratos o que menos se gostou foi a torta de la serena. Agora em relação ao ‘elephant in the room’, o prato mais estranho, o menudo de ternera – eu não consegui comer, nem sequer experimentar. Epá tudo o que seja entranhas faz-me um bocado confusão. No entanto, o meu marido diz e continua a dizer que foi das melhores coisas que comeu durante toda a viagem. Mas nem o seu grande entusiasmo conseguiu-me convencer a provar – também foi da maneira que ele comeu mais. A sopa, o salmorejo, era bom, mas talvez tenha sido o mais fraco da viagem. Depois de comer esta sopa todas as noites havia alguma que ia ficar com menos favoritismo e acho que foi a sopa deste restaurante. Mas gostei das migas, a razão para termos vindo aqui, com um bom sabor a alho e azeite, que em Espanha é de grande qualidade. Acho que nunca me apercebi tanto da diferença que um bom azeite pode fazer na comida como durante esta viagem.

Outra razão que nos trouxe a este restaurante foram os preços – cada tapa andava à volta dos 3 euros o que é muito barato para os preços normais de Sevilha.

Migas extremeñas do Mesón Las Migas

O restaurante não tem website oficial, mas fica aqui a morada para verem se conseguem também experimentar este restaurante durante a vossa viagem a Sevilha: C. Poeta Manuel Benítez Carrasco, n° 14, 41013 Sevilla.

Churros à noite no Kukuchurro

Depois do jantar voltámos para o centro da cidade, agora já de noite. Passámos de novo pela catedral e pela bela Giralda e antes de voltarmos para o nosso quarto, apeteceu-me comer algo doce. Afinal não tínhamos comido sobremesa (disse eu a mim mesma como se isso fosse desculpa) e depois de uma rápida pesquisa encontrei este local ainda aberto a esta hora mais tardia, o Kukuchurro.

Mas em minha defesa quando chegámos havia gente a fazer o mesmo, por isso 10 horas da noite ainda é uma hora aceitável para comer churros. Pedimos uma porção de churros para dividir que vinha juntamente com o tradicional molho de chocolate. A porção continha 5 churros bem grandinhos que nos custou 6 euros.

Comparando estes com os que experimentámos no início da tarde no Bar El Comercio estes eram muitos melhores. É engraçado que quando comparo as fotografias que tirei dos churros nos dois locais até diria o contrário. No entanto, tanto os churros como o molho de chocolate eram melhores e claro que fui muito mais satisfeita para o quarto do hotel. Nada como boa comida para deixar uma pessoa feliz.

Para saberem mais sobre o Kukuchurro vejam o website oficial em https://kukuchurro.com/

Mas churros à parte, este primeiro dia em Sevilha foi fantástico, começou com algum frio porque havia uma vaga de frio que durou praticamente toda a semana em que estivemos em Espanha e nessa manhã as temperaturas rondavam 1ºC. Mas depois de uma rápida mudança de roupa entre a visita à catedral e ao Real Alcázar, o dia foi melhorando cada vez mais. Como se diz, não há mau tempo, há má escolha de roupa. E aquele pôr-do-sol na Plaza de España foi uma experiência especial da qual guardarei memórias com muito carinho.


Segundo dia em Sevilha

Pelas ruas do centro histórico de Sevilha

O segundo dia em Sevilha e último da viagem começava com mais um céu azul sem nuvens. Depois do pequeno-almoço no nosso quarto, um ritual que passava por ir buscar as caixas de pequeno-almoço à recepção, saímos para a rua para explorarmos um pouco mais desta cidade que já tanto nos tinha impressionado. Aprendemos no dia anterior que não valia a pena sairmos muito cedo porque grande parte dos locais não abre antes das 10 da manhã.

Trabalho de cerâmica na parede de um dos restaurantes do centro histórico de Sevilha

Passámos pela capela de São José a qual já tínhamos visitado no primeiro dia mas só a encontrámos ao andarmos a explorar a zona ao pé do nosso hotel, uma vez que fica meia escondida entre as ruas estreitas do centro histórico de Sevilha. E foi a bonita fachada da igreja que nos incitou a sua visita. Esta igreja de 1746 é um valioso exemplo do estilo barroco e que pode ser incluído em qualquer roteiro que passe por esta parte de Sevilha onde para além desta capela também se encontram bonitas e inesperadas pinturas ou cerâmicas.

Também gostava de realçar a estátua que podem ver na fotografia abaixo à esquerda, uma homenagem a Clara Campoamor, considerada uma das primeiras mulheres a participar e a promover o movimento feminista e uma das primeiras sufragistas em Espanha. Clara era advogada, política e escritora, e teve um papel vital na luta a favor da igualdade de géneros e dos direitos das mulheres.

Archivo General de Indias

A próxima paragem era no Archivo General de Indias que fica ao lado da catedral. Tínhamos inicialmente pensado em visitar este local no dia anterior, mas acabámos por não ter tempo e deixar a visita para hoje. O Archivo General de Indias está aberto todos os dias, excepto à segunda-feira e a entrada é gratuita.

O Archivo General de Indias foi criado em 1785 com o objectivo de reunir todos os documentos relativos às Índias num só local. Isto porque os documentos na altura estavam espalhados por diferentes cidades espanholas como Simancas, Madrid, Cádiz e Sevillha. Este projecto foi criado por José de Gálvez, secretário das Índias e executado por Juan Bautista Muñoz, chefe cosmógrafo das Índias.

Neste local são guardadas as colecções de documentos e registos de instituições criadas pelo Governo Espanhol para administrar e gerir os territórios estrangeiros pertencentes a Espanha. Outros registos, também aqui guardados, estão relacionados com as colónias espanholas na América e Ásia.

O edifício Casa Lonja foi construído durante o reinado de Felipe II e é hoje a sede do Archivo General de Indias. Este edifício foi construído neste local devido a ser um ponto estratégico em Sevilha ficando entre a Catedral e o Real Alcázar, beneficiando da sua proximidade com o rio Guadalquivir.

No interior da Casa Lonja encontra-se uma das maiores coleções americanistas do mundo, com mais de 9Km de estantes que contém mais de 43 mil documentos. Em 1987, este edifício foi declarado como Património Mundial da UNESCO.

‘Memória do Mundo’ é o programa da UNESCO que abrange o património documental que reflecte a evolução do pensamento, descobertas e conquistas da Humanidade.

Desde 2007 que Espanha tem no registo internacional deste programa 14 documentos em que 6 estão guardados aqui em Sevilha, no Archivo General de Indias. Estes 6 documentos abrangem diversas culturas, diferentes zonas geográficas e alguns deles foram apresentados por Espanha juntamente com Portugal e com o Japão.

Durante a visita ao Archivo General de Indias vai-se passando por várias salas como a sala da Justiça onde para além de documentos também se encontram estátuas, pinturas e claro impressionantes filas de estantes..

Para mais informações sobre este local vejam o website oficial em https://www.cultura.gob.es/cultura/areas/archivos/mc/archivos/agi/portada.html

Bairro da Triana

Depois da visita ao arquivo chegava a hora de passarmos para o outro lado do rio Guadalquivir até ao bairro da Triana. Para isso voltámos a passar pela Torre del Oro e atravessar a ‘Puente de S. Telmo’ para a outra margem.

O bairro da Triana é um bairro tradicional com raízes antigas. Para alguns, Triana e Sevilha são duas cidades diferentes, uma em cada margem do rio. No entanto, apesar de haver esta preferência, o bairro da Triana é um bairro de Sevilha. Este bairro remonta aos tempos dos romanos, quando se estabeleceram aqui acampamentos em frente a Hispalis, o nome de Sevilha na altura.

Vista para a Ponte de Triana a partir da famosa Calle Betis

Mais tarde os almóadas construíram a primeira ponte que ligava as duas margens do rio, onde depois se construiu a ponte de Triana. Durante os séculos XV e XVI, altura dos descobrimentos, Triana viu partir várias expedições com o objectivo de descobrirem o mundo. Afinal era na ‘Escola de Mareantes’ que muitos marinheiros receberam o devido treino antes de se juntarem a grandes viagens como a de Cristóvão Colombo que levou este a descobrir a América, erradamente pensando que tinha chegado à Índia.

O bairro da Triana foi sempre um bairro de trabalhadores; de oleiros, fabricantes e marinheiros. Mas também de cantores e artistas, sendo Triana considerada como o berço do flamenco. Abaixo ficam alguns dos locais que ficámos a conhecer durante a tarde em que passeámos por este bairro.

Esta igreja foi construída em 1266 a mando do rei Afonso X depois de sofrer uma doença ocular que o rei acreditava se ter curado devido à intervenção de Santa Ana. Esta igreja foi construída seguindo o estilo arquitectónico Gótico-Mudéjar como o característico da altura na região Andaluza.

No seu interior encontramos 11 capelas: a capela das almas, a capela da divina pastora, a capela de nossa senhora da Vitória, a capela de São Joaquim, a capela do calvário, a capela da mãe de Deus do Rosário, a capela sacramental, a capela de São Cristóvão, a capela das Santas Justa e Rufina, a capela do Baptismo e a capela de São Francisco. Adicionalmente, temos a torre, o coro, a lápide com 32 azulejos, a cripta e o retábulo do alto-mor.

Para visitar o interior da igreja é preciso comprar um bilhete que em 2025 custa 4 euros. Para obterem mais informações sobre esta igreja podem aceder ao seguinte website: https://santanatriana.org/

Depois de sairmos da igreja e nos começarmos a dirigir para o mercado, acabámos por encontrar a Calle Betis, uma das ruas mais conhecidas deste bairro, não só por estar junto ao rio e oferecer paisagens sobre o centro histórico de Sevilha, mas também pelas coloridas fachadas das casas desta rua.

Ao andar pela Calle Betis e ao chegarmos à Ponte de Triana, oficialmente conhecida por Ponte de Isabel II, atravessámos a estrada para entrarmos para o mercado. Antes de entrar ainda vimos à nossa direita as ruínas do castelo de São Jorge que hoje alberga o posto de turismo. Também aqui existe um museu que mostra tanto às ruínas escondidas do castelo como conta a história de como este local foi usado como prisão durante a Inquisição Espanhola.

Mercado de Triana

O mercado de Triana é bastante popular neste bairro e vive-se aqui aquela atmosfera vibrante típica de mercado. O mercado existe desde 1823 e em 2025, mais de 200 anos depois, oferece imensos locais para comer. Nós acabámos por não experimentar nada por ainda estarmos naquela hora que não tínhamos bem fome e por isso não aproveitámos como deve ser a oportunidade. Ainda se pensou em jantar por aqui, mas acabámos por não o fazer. No entanto, recomendo a virem aqui e a experimentarem pelo menos um petisco já que os preços também são mais em conta.

Para mais informações sobre o mercado de Triana visitem o website oficial em https://mercadodetrianasevilla.com/

Depois de sairmos do mercado e andarmos por mais uma hora pelas ruas do bairro, agora sim estávamos com disposição para comer qualquer coisa. E acabámos por nos sentar no Bar Triana, uma vez que este restaurante estava bem avaliado na internet (4.6/5 no Google).

Como só queríamos mesmo petiscar acabámos por pedir um prato para dividir entre os dois. Decidimos pedir Milhoja Ibérica con Chimichurri, um prato que consiste em vários vegetais e carne de porco dispostos em camadas. Os vegetais e a carne vêm acompanhados com o molho de chimichurri, um molho argentino feito à base de azeite, alho, vinagre e ervas aromáticas..

Milhoja Ibérica com molho chimichurri do Bar Triana

Apesar deste restaurante não ser super barato, gostámos imenso deste prato. Muito saboroso e se calhar até tínhamos comido mais um bocadinho. O prato custava 12 euros, um preço normal para a cidade de Sevilha. E teríamos ficado contentes com o restaurante se tivéssemos ficado por aqui. Mas não, em seguida quisemos pedir a picanha – Picanha con mojo Picón – que também custava 12 euros.

Bem tenho a dizer que levou bastantes meses a ultrapassar o facto de ter gasto 12 euros num prato tão mau – a carne não tinha muito sabor mas o pior era a qualidade da carne, muito elástica, muito rija, afinal aquilo era mais nervos e tendões que outra coisa. Era tão rija que nem o meu marido a conseguiu comer. Foi mesmo muito mau. Sem dúvida o pior prato da viagem. E fiquei mesmo ressabiada – a sorte foi que o jantar do qual falarei mais tarde (quase) compensou este desperdício de dinheiro.

Prato de picanha do Bar Triana

Por isso já sabem, da minha parte recomendo a Milhoja Ibérica, mas digo que não de todo à picanha.

O Bar Triana não tem website oficial, no entanto fica aqui a sua página no Tripadvisor: Bar Triana

La Cartuja

Depois de sair um ‘bocado’ chateada do Bar Triana e já sem grandes planos até ao final do dia continuámos pela estrada com ideias de passar a ‘Puente del Cristo de la Expiración’ para o outro lado do rio. Pelo caminho ainda entrámos no centro comercial Torre Sevilla para certos actos fisiológicos aka ir à casa de banho e já agora dar uma volta por ali. Este é um centro comercial como muitos outros, a única diferença é que é assim meio ao ar livre como podem ver na fotografia abaixo.

Interior do centro comercial Torre de Sevilla

Afinal acabámos por não atravessar a ponte para o outro lado, mas sim continuar em frente onde nos deparámos com La Cartuja onde se encontra o ‘Instituto Andaluz del Patrimonio Histórico’. Para entrar dentro do recinto é grátis e por isso aproveitámos para andar lentamente pelos jardins onde encontrámos uma estátua em homenagem a Cristóvão Colombo. Vimos também outras estátuas bastante interessantes como a ‘El Hombre Orquestra’ e ‘Alicia’.

Estátua Alice do Instituto Andaluz del Patrimonio Histórico

Não chegámos a entrar dentro do edifício já que se tinha que pagar bilhete e por esta altura já não queríamos gastar dinheiro extra a menos que fosse necessário e por isso voltámos para trás para atravessarmos para a outra a margem da cidade.

Para mais informações sobre este local vejam o website: https://www.juntadeandalucia.es/organismos/iaph.html

Basílica de Jesús del Gran Poder

Quando saímos da La Cartuja atravessámos então o rio pela Pasarela de La Cartuja, e fomos visitar a última igreja desta viagem, a Basílica de Jesús del Gran Poder. Esta igreja é mais um exemplo da devoção à igreja católica e sem dúvida um bonito local para visitar quando se visita esta parte de Sevilha.

Fachada exterior da Basílica de Jesús del Gran Poder

Depois de visitar a igreja o relógio dava naquele momento as 4 e meia. Como não tínhamos nada agendado até às 8 da noite, hora em que iríamos ver um espectáculo de flamenco, demo-nos a nós mesmo umas horas de descanso e aproveitámos este tempo livre para pararmos nos 100 Montaditos e bebermos qualquer coisa, já que os preços eram bastante em conta.

Las Setas de Sevilla

Devido à localização do nosso hotel já tínhamos passado pelas Setas de Sevilla algumas vezes desde que tínhamos chegado à cidade. As Setas de Sevilla é uma construção metálica de formas arredondadas, o que lhe deu o nome, já que setas em espanhol significa cogumelos. Esta estrutura foi inaugurada em 2011 juntamente com o miradouro do topo que tem um espaço de 250 metros, do qual se têm vistas magníficas da cidade de Sevilha.

Las Setas de Sevilla ao pôr-do-sol

A estrutura das Setas de Sevilla foi resultado de um projeto inovador com o objectivo de renovar a Plaza de la Encarnación. No século XIX, nesta praça havia um grande mercado sendo por isso naquela altura um dos locais de grande importância social. Este mercado foi fechado em 1973 o que levou à degradação da zona até 2004, quando se iniciou o concurso de projectos de renovação da zona, que no final levaram à construção das Setas de Sevilla.

Qualquer pessoa pode visitar esta área, o que aconselho a fazerem ao final da tarde quando o sol se põe ou então à noite. No entanto para visitar o miradouro é preciso comprar bilhete o qual tem um custo de 16 euros por pessoa. Durante a compra do bilhete escolhe-se a hora; se durante o dia, ao pôr-do-sol ou à noite, pois o miradouro está aberto desde as 09:30 até à 00:30.

Las Setas de Sevilla à noite

Nós contávamos em ir ao miradouro, mas no final decidimos não o fazer. Pensámos que não valia a pena afinal já tínhamos visto a cidade do topo da Giralda, mas agora aqui a escrever até que me arrependo, porque as fotos que vi tiradas deste miradouro principalmente ao pôr-do-sol e à noite são fantásticas. Mas acuso-me porque até fui eu que fiz mais força para não irmos, por isso a culpa é minha por esta má escolha. Pode ser que um dia volte a Sevilha e tenha outra oportunidade de subir ao topo das Setas.

Para comprar bilhetes ou saber mais sobre a história das Setas de Sevilla clique no seguinte link: https://setasdesevilla.com/

Tablao Flamenco Las Setas

Tablao Flamenco Las Setas

Ver um espectáculo de flamenco em Sevilha é obrigatório, mesmo que não se seja grande apreciador – é obrigatório. O flamenco faz parte da cultura, história e arte de Sevilha, aliás como disse antes, o Bairro da Triana foi o berço desta arte. E estar em Sevilha é estar no local certo para ver e apreciar este tipo de dança e música.

Como tal, há imensos espectáculos de flamenco em Sevilha e em várias partes da cidade, incluindo claro no Bairro da Triana. Nós acabámos por escolher o Tablao Flamenco Las Setas que tal como o nome indica fica nas Setas de Sevilha. O que ajudou a escolha foi este ficar perto do nosso hotel. Marcámos os bilhetes para as 19:45 horas e cada bilhete custou 35 euros. Estes bilhetes incluíam o espectáculo e uma bebida. Sem bebida, o bilhete custava 25 euros, mas achámos que gostaríamos de ter um cocktail na mão enquanto víamos o espectáculo. E sem dúvida esta foi a escolha certa.

Cocktails do Tablao Flamenco Las Setas

Chegámos cerca de 15 minutos antes da hora marcada, depois de andarmos meio perdidos, já que a entrada para o espectáculo ficava meio escondida entre as lojas do mercado que àquela hora estavam quase todas fechadas. Quando finalmente descobrimos o sítio certo já havia fila à porta e como a entrada para a sala é por ordem de chegada, quando mais à frente na fila se está, maior é a probabilidade de se ficar com os melhores lugares. Quando as portas abriram e depois de mostrarmos os bilhetes, entrámos para uma sala de luz reduzida, num ambiente intimista e quase ilegal, apesar de não ser o caso. (Bem, espero eu). Sentámo-nos numa mesa assim de canto para o palco na segunda fila. Passado um bocado de estarmos sentados vieram os empregados perguntar que bebidas gostaríamos de escolher para aquela noite. Se bem me lembro as escolhas variavam entre cerveja, tinto de verano, vinho e cocktail. Ambos escolhemos o cocktail e tenho a dizer era muito, mas muito bom. Não sei bem o que tinha, mas pelo menu de cocktails que eles têm no website (ver aqui em cocktails) penso que era ou Dama de Noche ou La Mula de Xerez. Mas não tenho a certeza já que a escolha naquela noite se apresentava apenas como ‘cocktail’.

O espectáculo durou cerca de 1 hora e contou com 3 dançarinos, 2 cantores e 1 músico a tocar guitarra (que por sinal também cantou). O espectáculo foi aquilo que se pode esperar do flamenco, muita energia, muita intensidade e emoção. Também como tradicional do flamenco durante o espectáculo ouvia-se o ‘jaleo’, as interjeições como ‘olé’ e palmas a acompanhar a dança das bailarinas.

Acho importante aqui mencionar que o flamenco é considerado pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, devido à sua presença enraizada na cultura de Andaluzia. O flamenco apesar de ter raízes na cultura cigana foi incorporando influências de outras culturas sendo hoje o flamenco reconhecido internacionalmente como a arte tradicional desta zona de Espanha.

Espectáculo de flamenco no Tablao Flamenco Las Setas

Para comprar bilhetes para o mesmo espectáculo que o nosso, no Tablao Flamenco Las Setas, vejam o seguinte website: https://tablaoflamencolassetas.com/.

Para ver um espectáculo de flamenco, mas de outras companhias vejam esta página do Tripadvisor (clicar aqui).

Jantar no Bodegón Afonso XII

Foi depois do espectáculo de flamenco quando Las Setas já se iluminavam de azul e rosa que fomos à procura do restaurante para o último jantar. Não tínhamos nada pensado e foi por acaso que escolhemos o restaurante Bodegón Afonso XII. A escolha foi feita baseada pela informação que o Google nos dava – o restaurante não ficava longe, estava aberto e só fecharia dali a duas horas.

Quando chegámos ao restaurante havia mais gente sentada ao balcão do que na área do restaurante e por isso rapidamente nos indicaram uma mesa onde nos sentámos sem ainda sabermos que esta acabaria por ser a melhor refeição em Sevilha. O restaurante serve comida tradicional, mais uma razão para a nossa escolha, e com preços bem simpáticos.

Tabla marinera do Bodegón Afonso XII

Do menu escolhemos 4 pratos, 2 meias-porções e 2 pratos, mas acabámos por dividir todos eles entre nós os dois. O nosso pedido foi o seguinte:

  • Salmorejo, a sopa fria local que veio com ovo cozido picado
  • Tabla marinera, que consistia em batata-cozida, chocos, ameijoas e camarões grelhados
  • Flamequíns, rolo frito de queijo, fiambre e carne de porco. Nós já tínhamos experimentado este prato em Córdoba, no restaurante La Gloria, mas infelizmente o sabor a ranço tinha nos deixado mal impressionados. Mas os flamequíns deste restaurante mudaram completamente a nossa opinião
  • Boquerones, anchovas fritas servidas com salada e legumes. Eu que não gosto muito deste tipo de prato, de peixe frito, comi os boquerones com satisfação
Salmorejo no Bodegón Afonso XII

Para sobremesa pedimos toucinho do céu e para terminar a refeição ‘viño dulce’. Isto tudo custou uns surpreendentes 37.40 euros contando que pedimos para beber cerveja, tinto de verano e café. Uma refeição barata que nos deixou super satisfeitos com todo o que nos chegou à mesa. E o bom serviço incluiu a forma como fomos atendidos, o que é uma das coisas que nas reviews mencionam ser por vezes um problema. No entanto, nós não tivemos nenhuma razão de queixa e se há sítio que aconselho a experimentar é definitivamente este restaurante.

Apesar do restaurante não ter página oficial, deixo aqui a página do restaurante Bodegón Afonso XII no Tripadvisor.

Flamequíns (à esquerda) e boquerones (à direita) no restaurante Bodegón Afonso XII

Quando saímos do restaurante, agora já depois das 11 da noite, começámos a fazer o percurso de volta para o hotel. Afinal na manhã seguinte era acordar, tomar o pequeno-almoço e apanhar o autocarro na Plaza de Armas para o aeroporto. Para quem fizer o mesmo, o bilhete de autocarro custa 5 euros e pode-se pagar no autocarro tanto com dinheiro como com cartão de crédito.


E assim acabava uma semana a explorar três cidades no sul de Espanha, Ronda, Córdoba e Sevilha. Visitámos imensos locais, experimentámos pratos tradicionais e fizemos memórias que farão parte de nós para sempre.

Veja os roteiros das outras cidades incluídas nesta viagem