Exmoor National Park

Exmoor National Park – Dunster, Dunkery Hill and Dark Sky Reserve

National Park – Natureza, trilhos e um funicular especial


A última viagem de Verão de 2021 foi a uma zona não muito conhecida de Inglaterra, nem por estrangeiros nem por britânicos. Apesar de ser não muito conhecida não significou que não houvesse bastantes touristas a visitá-la e a passear pelas zonas costeiras, a apreciar a paisagem e a natureza.

Afinal de onde estou a falar? Do Parque Nacional de Exmoor, uma área de quase 700Km, na zona sudoeste de Inglaterra. E apesar de não ser muito conhecida é uma zona lindíssima. No entanto, tivemos uma razão especial para conduzirmos até aqui durante cerca de 3 horas desde Londres para um fim-de-semana grande. Exmoor National Park é conhecido como um dos locais especiais do mundo classificados como “International Dark Sky Reserve” (tradução direta para o Português – reserva internacional de céu escuro). Estes poucos locais que têm a honra de ser classificados como tais são locais preservados da poluição e da luminosidade de origem humana e que por isso oferecem um céu noturno espetacularmente belo para a observação de estrelas, astros e da Via Láctea. Estas zonas são têm um valor científico, natural e educacional muito importante.

Eu e o meu marido viemos a Exmoor National Park exatamente neste fim-de-semana de 4 a 6 de setembro porque as condições atmosféricas e lunares eram as ideias para se observar a Via Láctea. Para se ter as melhores condições para ver a Via Láctea a olho nu e para captar uma intensidade mais forte é preciso haver pelo menos dois fatores essenciais – céu limpo e lua nova (escuridão completa). Com as nossas pesquisas quando marcámos esta viagem ficámos a saber que há alturas do ano com melhores condições para observar o céu noturno. Seguimo-nos pela aplicação que se pode encontrar neste website: https://capturetheatlas.com/milky-way-calendars/ que vos informa não só quais os melhores dias para fazer o que se chama de “Stargazing” (observar as estrelas) mas também quais são as melhores horas para o fazer.

Depois de vos ter dado a conhecer um bocadinho de um mundo que eu também não conhecia até à data sobre observar as estrelas e os locais especiais do mundo indicados para o fazer vou então falar do que fizemos nesta viagem.


Vila de Dunster

A pequena e bonita vila de Dunster foi a nossa primeira experiência em Exmoor. A vila é super pitoresca – ruas com lojinhas muito engraçadas e decoradas com flores multicoloridas.

Rua principal de Dunster

E depois, temos a preciosidade da vila, o castelo de Dunster. Para entrar para o castelo é preciso bilhete, cerca de 14 libras. O bilhete dá tanto para visitar o castelo como os maravilhosos jardins em volta. Contem com pelo menos 2 a 3 horas se quiserem ver tudo com atenção e passear por todos os pontos dos jardins. Na entrada dar-vos-ão um mapa que vos guiará a todos os pontos da visita.

Mapa do castelo, dos jardins e do moinho

Partes que me prenderam mais a atenção (apesar de todos os locais desta visita serem pontos que devem visitar)

  • Cellars (caves) – as caves não têm nada de especial a nível estrutural, no entanto eles têm uma secção sobre este castelo e em particular sobre as caves serem assombradas. Estão aqui expostos vários testemunhos de pessoas que tiverem experiência sobrenaturais. Se gostam de histórias de fantasmas, fenómenos sobrenaturais, vão de certeza gostar das caves. E não é que antes de sair dali senti um ventozinho que me arrepiou a espinha?

  • Jardins e moinho – Gostei imenso de passear pelos jardins, existem vários trilhos que passam pelo meio de um riacho e que vos levará até ao moinho que ainda está hoje em funcionamento.

Depois do castelo e ainda não querendo deixar Dunster decidimos ir almoçar. Existem várias opções na rua principal da vila mas acabámos por escolher “Tessa’s Tea Shop“, uma casa de chá engraçadíssima onde servem umas deliciosas sandwiches. Também servem bolos, scones e se quiserem o famoso “chá das 5”. Antes de partimos ainda fomos ao “The Village Shop and Deli” onde encontrámos umas deliciosas – mesmo muito boas – sobremesas. Nós escolhemos o “Apple and Blackcurrant Yoghurt Flapjack” e só nos arrependemos de termos só comprado uma barra para partilhar.

Antes de deixar Dunster não vou deixar de mencionar que o estacionamento nesta rua é gratuito, algo muito importante para quem visita Inglaterra.


Dunkery Hill

Este é o ponto mais alto de Exmoor e por isso também o nosso local de escolha para a noite que se avistava. Porque queríamos conhecer o percurso e o local durante o dia deixámos o carro no parque de estacionamento (também gratuito) e subimos o trilho por 15-20 minutos até chegarmos ao marco no topo do monte.

Fotografia da autoria de Carlos Silvério

De Dunkery Hill consegue-se ver os bonitos e verdes planaltos em volta e também o mar. Se o silêncio era imenso durante o dia imaginem durante a noite. Subir o monte durante a noite cerrada (já eram cerca de 10 e meia) em puro silêncio, apenas com a presença de umas cabritas que andavam ali a pastar pelo monte foi simplesmente uma experiência incrível. Mas melhor foi olhar para aquele céu de seda preta ponteada de milhões e milhões de luzinhas brilhantes. E ali estava ela, a Via Láctea, o risco branco a cruzar o céu. Um momento de reverência e de modéstia – saber que aquele é um sítio especial do planeta e puder observar um show natural sem beleza comparável. É escusado de se dizer que o meu marido estava nas sete quintas, o céu limpo (que já de si é bastante raro em Inglaterra) e poder captar exatamente aquilo que vinha à procura. Para nós Exmoor tinha ganho um significado bastante especial.


Acomodação e jantar

Com Dunkery Hill passei de final de tarde para noite cerrada, mas ainda há mais para falar sobre este dia. Depois de Dunkery Hill seguimos para o local onde passaríamos as duas noites seguintes. Devido à sua localização escolhemos Exmoor Lodge em Minehead. Exmoor Lodge é uma guesthouse e fomos recebidos muito afavelmente. Os donos da gesthouse, um casal muito simpático, foram sempre atenciosos e sempre prontos a dar informações sobre a área. E foram eles mesmo que nos indicaram o local para jantar – The Exmoor White Horse Inn. Na verdade, ali nas redondezas só existem dois pubs por isso não havia muita escolha. No entanto, sem reserva, mas com o tempo de Verão muito agradável acabámos a jantar junto ao canal, numa atmosfera muito pitoresca e agradável. A qualidade da comida era a padrão para o tipo de estabelecimento. Uma refeição comfortável para um dia deslumbrante.


Depois de no último post vos ter deixado uma ideia do porquê o parque nacional Exmoor é considerado um local especial para observação do céu, agora deixo-vos as razões porque este lugar é especial para amantes da natureza. Nós estivemos cerca de 2 dias e meio em Exmoor e foi tempo suficiente para pararmos nas zonas mais turísticas, nos locais mais conhecidos e percorrer os trilhos mais bem avaliados. No entanto, se quiserem percorrer a área a fundo terão que estender a vossa estadia. Mas, como disse, para nós foi o suficiente.


O trilho de Watersmeet

Depois de um pequeno-almoço no Exmoor Lodge que inclui fruta fresca, café/chá, sumo de fruta natural e ovos mexidos com salmão fumado, Watersmeet foi a nossa primeira paragem do dia.

Watersmeet é um dos trilhos mais bem avaliados em Exmoor e por isso não podemos deixar de aqui vir. Estacionámos ao pé da ponte Hillsford onde existe uma entrada para o trilho de Watersmeet. O percurso não é longo e também não pede muito ao corpo (como muitas vezes acontece). O percurso circular (ida e volta) demorará cerca de 1 hora se forem com calma e são cerca de 3Km.

Nós não fizemos o percurso oficial que pode ser encontra no website: https://www.nationaltrust.org.uk/watersmeet/trails/watersmeet-to-ash-bridge-circular-walk, que começa no estacionamento “oficial” do local e começa em Watersmeet até à ponte de Ash. Como normalmente esses parques de estacionamento são pagos, preferimos deixar o carro noutro local (ao é da ponte de Hillsford) e começar o trilho pela ponta oposta. Assim sendo, Watersmeet foi o nosso marco de viragem. Como o tempo estava ótimo e a paisagem pedia a isso, estivemos bastante tempo por aqui a tirar fotografias e como não podia de ser a molhar os pés. E mesmo só os pés porque a água era muito fria. Nesta zona também existe um café com mesas no jardim onde podem desfrutar relaxadamente da paisagem.


Lynton and Lynmouth Cliff Railway

Segunda paragem foi em Lynmouth, uma cidade costeira. Existe um trilho que liga Watersmeet a Lynmouth, mas nós fizemos o caminho entre os locais de carro, devido a restrições de tempo. Aviso que para estacionar em Lynmouth não é assim muito fácil, existe um parque de estacionamento na cidade, mas pelo menos no dia em viemos estava cheíssimo. Mas o tempo estava fantástico, o mar mesmo ali ao lado e uma cidade bonita fazem o conjunto perfeito para o chamamento de turistas e locais. Nós quisemos vir a Lynmouth devido ao funicular que liga Lynton (topo da escarpa) a Lynmouth (rapé). Este funicular foi construído em 1888 e encontra-se em funcionamento desde 1890. O funcionamento do funicular é bastante único porque é unicamente movido a água, água essa proveniente do rio completamente renovável. Este funicular é a ferrovia mais alta e mais íngreme movida a água do mundo. O bilhete para a ida são 3 libras por pessoa.

Como fizemos a subida de Lynmouth até Lynton aproveitámos por passear pelas ruazinhas da vila e fizemos uma paragem rápida num pub até seguirmos para a nossa próxima paragem.


Valley of Rocks

O Valley of Rocks, ou traduzindo para português, o vale de rochas é um local conhecido pela sua geologia e paisagem. O Valley of Rocks fica a cerca de 1Km de Lynton, por isso podem sempre fazer o percurso de Lynton até aqui a pé. No Valley of Rocks fizemos o trilho que vai junto à escarpa, onde se é acompanhado pelo azul do mar.

Também ainda subimos até um dos montes mas não nos atrevemos a subir até ao topo, visto que a queda era muito provavelmente fatal.Dizem que este local também é conhecido pelos rebanhos de cabras selvagens, mas nós não as encontrámos.


Tarr Steps

 Este foi o nosso último local de paragem em Exmoor, já na segunda-feira. Tarr Steps é mais conhecido pela ponte pedonal antiga feita de pedra que atravessa o rio Barle. Seguimos pelo trilho circular em volta do rio (eu diria que é mais um riacho de que um rio) e aproveitámos para tirar mil fotografias. Assim como nós, muita gente andava ali a aproveitar o bom tempo e o contacto com a natureza.


O último jantar

Bem, estou a deixar a escrever relutantemente a review do local onde jantámos no Domingo à noite – “The Crown Hotel Exmoor”. O local até está bem avaliado, mas talvez seja pela acomodação que oferecem. A comida não era má, talvez um bocadinho mais cara do que o esperado para comida de pub, mesmo com a apresentação bonita das sobremesas. No entanto, o que ficou bem aquém desta experiência e posso mesmo dizer que me causou desconforto foi o ambiente que ali se gerou. É normal que não havendo muita seleção de pubs, os locais se concentrem num local para beber e parece que este foi o local escolhido. No entanto, quando acabámos a refeição, as pessoas que estavam a beber ao balcão – e a nossa mesa estava a poucos metros deste – estavam aos berros e completamente bêbados. E como ocupavam todo o balcão nem sabíamos como poderíamos pedir a conta, visto que já nem havia serviço às mesas. Depois de nos resignarmos lá fomos ao balcão, onde como se esperava começaram a fazer comentários desnecessários de tal modo que até o funcionário do estabelecimento nos disse para sairmos por outra porta. Uma situação extremamente desagradável, para uma refeição bastante mais dispendiosa que o normal e quando reviews semelhantes à minha se encontram na internet.


E como não quero acabar a minha viagem com uma nota negative sobre o Parque Nacional de Exmoor, até porque foram 2 dias e meio a passear em locais maravilhosos e bonitos deixo-vos uma curiosidade – uma árvore que se encontra em Tarr Steps:

Money tree – “Árvore do dinheiro”

Era costume no início do século XVIII colocar-se moedas em troncos árvores para pedir desejos. Estas moedas eram cravejadas no tronco das árvores com martelos ou com a ajuda de pedras. As pessoas deste tempo acreditavam por exemplo que enfiar uma moeda desta forma no tronco da árvore passaria a doença para a árvore e ocasionalmente para a pessoa que se atrevesse a tirar a moeda da árvore.