





Índice desta página
- Preparativos e considerações
- Primeiras horas (Sexta-feira)
- Primeiro dia (Sábado)
- 2º Dia (Domingo)
- Últimas horas (Segunda-feira)
Preparativos e considerações
A primeira viagem de 2024 aconteceu em Janeiro durante um fim-de-semana prolongado; partimos na sexta à noite e voltámos segunda depois do almoço. Já há algum tempo que queria conhecer a cidade de York, no norte de Inglaterra, e foi desta vez que aconteceu. Por sorte não tivemos chuva, o mesmo não se pode dizer do frio. A conversa de circunstância passa sempre muito pela meteorologia, não é? Especialmente para nos queixarmos – não fez chuva? Ah, mas fez frio! Ah não estava frio? Mas estava nevoeiro! e por aí fora. Muitos já me tinham falado da beleza da cidade de York, da sua arquitetura, das ruas estreitas de calçada escura, o que nunca me tinham dito é que esta cidade tem um passado negro, um passado recheado de histórias de tortura, morte e como tal de fantasmas. De tal forma, que a International Ghost Research Foundation (fundação internacional de pesquisa paranormal) declarou certa vez York como a cidade mais assombrada da Europa. Uma cidade com todas estas premissas é claro que tínhamos de a explorar.

Como chegar
Para chegar York há duas opções para quem vem de outro país – aeroporto de Manchester e depois comboio. O comboio demora cerca de duas horas. Ou então voar para Londres e depois apanhar o comboio em King’s Cross e espantosamente este comboio também demora duas horas. O melhor é mesmo ver com antecedência os preços tanto do comboio como do avião para a viagem ficar mais em conta, para além que podem decidir juntar York a uma viagem a Londres. Digo com antecedência porque nós vivendo perto de Londres ainda considerámos ir de comboio, mas quando vimos os preços dos comboios, soubemos de imediato que ficava mais barato conduzir. E foi o que fizemos e o que aconselho se não quiserem ficar apenas na cidade, mas também explorar os Yorkshire Dales ou North York Moors, dois dos parques nacionais mais bonitos da zona. A viagem de carro a partir de Londres dura cerca de 3 horas e meia a 4 horas, dependendo do ponto de partida e do trânsito. Se forem em hora de ponta se calhar a viagem chegará às 4 horas e meia (a quem estou eu a enganar? Com o tráfico de Inglaterra chega facilmente às 5 horas de viagem se saírem depois das 4 da tarde numa sexta-feira). Isto vai depender também do gosto pessoal, se gostam de viajar de carro, se gostam (ou não se importam) de conduzir por longas horas. Fui eu que conduzi e tanto a viagem de ida como de vinda foram feitas fora das horas de mais trânsito, para não apanhar as chamadas de rush hour, por isso fez-se a viagem bastante bem. Há sempre a possibilidade de parar nas estações de serviço que normalmente têm várias opções para comer, beber, casas de banho, etc. Especialmente nas auto-estradas principais como a M1.

Tempo de estadia
Se se ficarem apenas pela cidade um fim-de-semana é suficiente para conhecer os pontos mais turísticos e ainda ter tempo para explorar alguns dos cantos e recantos mais pitorescos da cidade. Recomendo pelo menos passar uma noite em York para explorar esta cidade durante as horas mais calmas e também experienciar um ambiente mais intimista (e mais apropriado à aparição de fantasmas). Não recomendo ir e vir a York em um dia desde Londres ou até desde Manchester. Se claro quiserem explorar as York Moors ou Yorkshire Dales acrescentem mais uns diazinhos, dependendo do quanto a fundo os querem explorar, por exemplo nos York Moors, o qual visitámos por um dia (não foi suficiente, foi apenas um taster) tem-se não só vários trilhos para explorar as diferentes zonas dos Moors como também as diferentes vilas costeiras.

Onde ficar
Uma das desvantagens de conduzir é relativamente à acomodação, especialmente dentro das cidades, pois usualmente quer-se um local onde o estacionamento esteja já incluído. E isso limita bastante a escolha. Um outro dos nossos requisitos, que não tem assim tanto impacto é queremos pequeno-almoço incluído. Ah, e também a um preço que não nos leve um rim. Mas também onde não seja preciso levar umas vacinas extras antes (e depois) da viagem. (E também unicórnios a voar à volta da janela – rolar de olhos) Ou seja, um local apresentável, mas sem grandes luxos (claro que se houver um desconto fantástico num hotel de 5 estrelas, como aconteceu numa das viagens a Belfast não diremos que não, note-se). Para esta viagem a ideia era estacionar o carro e explorar a cidade a pé, por isso também era desejável que o local ficasse a uma distância que o permitisse. (E junta-se fadas aos unicórnios). Considerando todos estes requisitos acabámos por fazer a nossa reserva no The Crescent Guesthouse, um local avaliado em 4.2 no Google. Marcámos através da Trip.com com um pagamento acrescido de 5 libras por dia pelo parqueamento (pago na altura do check-in).
O estacionamento foi fácil, não era privado, mas na rua pública, mesmo por detrás do prédio. Tal como acontece muito em Inglaterra, o estacionamento no centro da cidade é reservado a residentes. Na altura do check-in demos o número da placa do carro ao dono da guesthousa e tivemos o permit electrónico, nem sequer foi preciso por nada dentro do carro e não houve qualquer problema. Mesmo depois do check-out na segunda-feira podíamos deixar o carro todo o dia estacionado.


As reviews dos quartos na internet é meias que misturado, eu penso que depende do quarto que calha. Vi fotografias de quartos minúsculos, de quartos em que o tecto era inclinado e nem dava para uma pessoa estar sentada em cima da cama. Felizmente acho que a nós calhou-nos o maior, tinha uma cama de casal, uma cama de solteiro, uma casa-de-banho privativa, mesa e cadeira. O local era sossegado e o quarto estava limpo – não até à última manchinha, mas satisfatório. Os lençóis e as toalhas estavam limpas e tinha uma decoração agradável. Tivemos frio durante as duas primeiras noites, mas a culpa foi nossa, porque só na última noite é que fomos explorar como ligar o aquecimento do quarto e quando finalmente descobrimos (não foi uma grande descoberta) este funcionou na perfeição.
Pequeno-almoço – bem no check-in o dono disse para escolhermos do menu o que queríamos e que se quiséssemos algo diferente para o dia a seguir para dizermos a quem estivesse a servir às mesas durante o pequeno-almoço. Mas a escolha era entre full breakfast (o tradicional pequeno-almoço inglês) ou o full breakfast. Ou seja, não havia ali mesmo uma escolha – ficámos a olhar para o placar, e demorámos mais tempo a tentar perceber qual era a escolha do que realmente a escolher. Suponho que a escolha seria se não se quisesse certos alimentos do full breakfast. Mas tivemos que escolher entre pão branco e pão integral, ovos mexidos ou ovos estrelados e entre café ou chá, em caso de pensarem que não havia ali decisões a precisarem de ser feitas.



O pequeno-almoço não deixou muitas recordações (as imagens acima, da esquerda para a direita são as fotografias dos 3 consecutivos dias) – o melhor que posso dizer era que as salsichas eram boas e normalmente é a parte que eu não como, mas não vinha com black pudding que normalmente é a parte que gosto mais. Todos os dias houve um pequeno problema mas com coisas diferentes. No primeiro dia o bacon estava frito até se poder dizer que o animal tinha sido cremado (imagem à esquerda), no segundo dia os cogumelos tinham um sabor avinagrado que não acho que era suposto (imagem do meio) e no último dia o ovo estrelado vinha com o seu lago privado de óleo (imagem à direita). Um problema que tive todas as manhãs (e que é uma das coisas que mais detesto) foi a minha chávena estar suja. A do meu marido não estava suja, por isso suponho que eu não tenha tido sorte, mas é uma das coisas que não gosto mesmo e que mostra falta de cuidado. Até porque as chávenas eram brancas e as manchas eram escuras.
O melhor de tudo, e viram como deixei o melhor para fim? tipo psicologia de internet, é a localização. Bastava 5 minutos a andar para estarmos no centro da cidade e ficava numa zona com pouco movimento o que dava jeito para uma boa noite de descanso. Tirando a parte que não fomos ver logo de início como ligar o aquecimento no quarto!
No fim disto tudo, o que posso dizer? Que tirando as chávenas sujas, o sítio foi o que procurávamos, e que facilmente voltava a ficar lá, se a oportunidade de visitar York voltar a proporcionar.
Primeiras horas (Sexta-feira)
Sobre o que fizemos no primeiro dia ou mais na primeira noite uma vez que quando chegámos já era noite – aliás em Janeiro, em Inglaterra, já é de noite a partir das 4 e meia. Ou se vierem perto do Natal, têm escuridão a partir das 3 com grande probabilidade de não ver o sol durante dias (quem nunca o desejou?)


The House of the Trembling Madness
Depois do check-in e de pormos as malas no quarto, fomos primeiro procurar bebida e comida. E decidimos começar pela The House of the Trembling Madness que fica numa das ruas da parte histórica da cidade. Para lá chegarmos tivemos oportunidade de começar a explorar as ruas York passando pela catedral e apesar de ser já meio de Janeiro a cidade ainda se encontrava enfeitada com as luzes de Natal, o que torna sempre tudo mais bonito.
The House of the Trembling Madness é um dos locais mais conhecidos pela sua história, decoração e seleção de bebidas. Na parte de baixo é uma loja com uma imensa variedade de cervejas internacionais enquanto a parte de cima faz de bar, onde também servem comida. A decoração é rústica, e pode não agradar a muitos, mas foi aqui que encontrei a melhor cerveja da viagem, a Chocolate Fudge Brownie Stout e o menu apesar de não ser extenso, leva a comida deliciosa. De tal forma que acabámos por vir jantar aqui duas vezes, experimentando pratos diferentes. E claro, também cervejas diferentes. No primeiro dia, comemos um dos pratos do dia, um estufado de carne de vaca. As porções eram bem maiores do que estávamos à espera, principalmente pelo preço da refeição. Eles não aceitam reservas, e em alturas mais movimentadas pode-se tornar difícil encontrar mesa.


Ghost Tour
Depois de algumas bebidas, marcámos uma tour de fantasmas. Afinal se ali estávamos, numa das mais assombradas cidades da Europa, mais valia ficarmos a conhecer quem eram esses tais fantasmas. O que há mais em York são tours semelhantes, a diversas horas (normalmente à noite) e a diversos preços. Como nós queríamos o mais baratinho e que ainda desse para fazer naquela sexta-feira escolhemos ‘The Original Ghoust Walk in York‘. Cada bilhete custa 7.50 libras e nós comprámo-los online meia hora antes de começar. Ponto de encontro era às 8 horas ao pé do pub, The Kings Arms Pub, um pub que fica muitas vezes submerso quando as águas do rio sobem. Quando isso acontece o ponto de encontro é na ponte que fica ao lado do pub. Não é preciso reserva, mas se não o fizerem lembrem-se que têm que pagar a tour com dinheiro.
Se eu acho que valeu a pena? Talvez sim. Mas o talvez é porque estávamos em York e é sempre interessante conhecer um pouco da história e cultura da cidade que visitamos. Se a tour em algum ponto se tornou sombria ou levemente assustadora? Não, quanto muito ainda se riem um bocado. Mas deu-nos uma dicas e fomos a alguns dos pubs mencionados durante a tour, que se dizem assombrados, mas de fantasmas aqui não vimos nada.Uma coisa que há muito em York, mais ainda que fantasmas, são pubs, restaurantes e bares. Por isso provavelmente as histórias de fantasmas podem mais vir de um copozito a mais.


Pubs
Depois de uns 45 minutos a andar pela cidade e assim acabada a tour fomos explorar os pubs, primeiro fomos ao Blue Boar, onde se encontra um caixão no andar inferior. Diz-se que este pub está assombrado por Dick Turpin, um criminoso famoso cujo corpo foi colocado ’em exposição’ neste mesmo local, atraindo uma multidão de curiosos. O dono do local até cobrava às pessoas que queriam ver o corpo. O corpo foi aqui colocado depois de ter sido executado em praça pública. Nós também curiosos viemos aqui mas as caixas de pizza em cima do caixão tornaram a experiência menos interessante. Se alguma coisa estava para assustar eram as vozes do que estavam no Karaoke no andar de cima.
Depois de uma cidra, ainda passámos por outro bar bastante famoso, o Golden Fleece York, mas a selecção de cervejas não era nada de especial e decidindo não ficar fomos a Valhalla. Valhalla é um bar em homenagem ao ancestrais Vikings. O melhor é o hidromel, existem vários sabores como de mel, de framboesa, de ruibarbo, de uva, etc. E claro que os tivemos que experimentar todos. Acabámos as três noites aqui, em Valhalla, nome do paraíso Viking.


Primeiro dia (Sábado)
Sábado foi o dia para explorar a cidade em pleno. É aquele dia numa viagem que vale tudo ou nada, um dia para conhecer uma cidade, para juntar mil e uma experiências numa caixa que tem menos de 24 horas. É sempre muita pressão para apenas um dia. Será que esse dia quando nasce sabe a pressão que se espera dele? Ou isso não acontece convosco? Planificarem uma viagem, imaginarem como vai ser e depois chega o dia e as expectativas para aquele dia, para aquela viagem, são tantas que já passam o impossível, onde já nem o perfeito é suficiente. Pelo menos é assim comigo, mas estou a trabalhar nisso, a dar tempo à agenda para as coisas correrem mal, para dar lugar e aceitação quando acontece o inesperado. Um trabalho em progresso.
E o frio naquele dia em York não impediu as pessoas de saírem à rua. Em Inglaterra é sempre assim quando está frio, mas o sol espreita, já que o sol não aparece assim tanta vez, especialmente durante o Inverno. Depois de tomarmos o pequeno-almoço que incluiu uma luta de faca e garfo com o bacon lá saímos bem agasalhados e prontos para andar. A cidade de York não é muito grande, especialmente a zona centro que fica dentro das muralhas, um dos locais explorados mais tarde.

Museum Gardens e St Mary’s Abbey
Um dos primeiros locais a que fomos foram as ruínas da abadia de Santa Maria (St Mary’s Abbey) que ficam nos chamados jardins do museu (Museum Gardens). A abadia foi construída em 1088 e a sua história está ligada a dois eventos importantes para Inglaterra; começou com o William the Conqueror (o conquistador) a reforçar o seu domínio sobre o norte e terminou com Henry VIII e a sua influência na Reforma da Igreja, cuja história podem encontrar na página deste blog Hampton Court Palace. Lá podem encontrar o como e porquê da formação da igreja Anglicana (não esperem nenhum romance, apenas um inglês bruto, gordo e com mania). Antes da dissolução da igreja cristã St Mary’s Abbey fazia parte de um dos mais ricos e poderosos mosteiros beneditinos de Inglaterra, onde vivam vários monges que se dedicavam a tarefas diversas desde à administração do mosteiro, a criar e manter relações com comerciantes até à cópia de livros. As paredes de pedra que rodeavam a abadia foram construídas em 1260 e continuam hoje a ser a parte mais resistente do complexo. As ruínas atuais já não suportam um edifício interior mas mesmo assim representam um ponto de relevo na história cultural de York.


Igreja de St Olave
Ainda antes de virmos até as estas ruínas entrámos numa igreja, a igreja de St Olave. A porta da igreja estava aberta, mas completamente vazia, ou assim pensámos. Digamos que tivemos uma experiência meio bizarra no seu interior, talvez sugeridos pela fama da cidade, mas a verdade é que ouvimos passos, primeiro devagar como se a andar, seguidos por passos de corrida. E ninguém estava naquele momento a percorrer os corredores da igreja. Nunca saberemos o que aquilo foi, mas nunca se sabe, se calhar a fama de York tem alguma razão de ser.
A igreja de St Olave foi construída em 1055 em homenagem ao santo padroeiro da Noruega (a ancestralidade Viking a deixar a sua marca na cidade). A igreja foi reconstruída no século XV e ainda nos dias de hoje mantem a sua aparência exterior da de um castelo, com a sua torre quadrada ao centro a erguer-se mais alto do que que as torres dos cantos. Há uma história de fantasmas ligada a esta igreja, apesar de não refletir a nossa experiência. Conta-se que se vêem sentados ao fundo da igreja uma mulher e um menino ambos vestidos de preto. Não foi o que vimos, aliás não vimos nada, no entanto: ‘Será que foi este o menino que ouvimos a correr pelos corredores?? Parece-me que nunca saberemos (e ainda bem, que eu gostava de conseguir dormir nos próximos 20 anos).


Nos Museum Gardens encontra-se o museu de Yorkshire cujo bilhete de entrada custa 8 euros. Como decidimos organizar esta viagem de maneira a ficar de baixo budget apenas pagámos para visitar os lugares que não queríamos mesmo perder, e mesmo assim houve algumas dúvidas em relação à catedral, a York Minster, que é o edifício principal da cidade. E foi mesmo este o nosso ponto seguinte de visita, depois de decidirmos não visitar o museu. Ainda antes passámos pelas ruínas do hospital medieval St Leonard’s, ainda no Museum Gardens. Este hospital foi na sua altura o maior hospital do norte de Inglaterra. Este hospital tinha uma ligação forte com a catedral e por isso também sofreu com a reforma da igreja acabando por fechar e deixar York sem hospital até 1740.

York Minster
Agora sobre a catedral, a York Minster, o que tenho primeiro a dizer é que o bilhete é um bocado caro, custando 18 libras por pessoa. É que doi a alma dar esse dinheiro para visitar o que no fundo é uma igreja (e assim tenho uma multidão de homens de Yorkshire a vir em debanda do Norte com tochas na mão, com tal heresia!). Ou não que isto está em português para além que o Google tradutor não é muito bom. É verdade que o bilhete é válido por 12 meses e pode-se visitar a catedral as vezes que se quiser durante esse período, mas a não ser alguém que more ali perto e seja fanático por vitrais ou santos, quem é que vai visitar a catedral milhares de vezes num ano? Só se for para fazer valer o preço do bilhete. Com muita relutância lá demos as 18 libras cada um e entrámos. Agora era a altura de dizer que a nossa reação foi meio à americano e que mal entrámos exclamámos ‘Uau, mas que catedral’ ‘Oh my God, look at that!’ – enquanto rodopiávamos sobre nós mesmo. Mas não, não foi de todo o que aconteceu. É uma igreja grande dou-lhe isso, mas não vale as 18 libras (e isto vai fica aqui a remoer, talvez só com a venda dos bilhetes no ebay isto passe).


Se formos a olhar para o início da história da catedral teremos de voltar a 627 quando rei Edwin se casou com a princesa cristã, Ethelburga. O rei voltando-se para a religião da mulher foi baptizado numa pequena igreja de madeira (e onde era essa igreja de madeira? Onde? Exactamente onde hoje fica a catedral! Bolas, que reviravolta!
Julga-se que por volta de 633 (ou melhor os historiadores julgam) que neste mesmo local construiu-se uma igreja de pedra para substituir a de madeira onde o rei tinha sido baptizado. O rei depois de morrer em batalha foi enterrado nesta igreja de pedra. Passando rapidamente para o ano de 1080, uma nova catedral foi construída depois do edifício que aqui se encontrava ter ardido por completo. E desde 1154 a igreja tem-se expandido e demorou mais coisa menos coisa 250 anos até se tornar no edifício que é hoje. Mas esta catedral já passou por muito, não julguem que não, sofreu incêndios em 1753, 1829, 1840 e 1984. Na altura da primeira guerra mundial os vitrais foram retirados para segurança, o que também aconteceu durante a segunda guerra mundial quando 80 janelas foram retiradas também para proteção das mesmas. Entre 1967 e 1972 um grande projeto de conservação que custou uns meros 2 milhões de libras foi avante com o objetivo de reforçar as fundações da torre e reparar os danos nos trabalhados de pedra. E hoje ali está imponente, a levar 18 libras a quem a quer visitar – suponho que alguém tenha que pagar aqueles 2 milhões.


Vamos lá ver, não me interpretem mal, mesmo que fosse a York agora ia na mesma visitar a York Minster que é um, senão o, ‘monumento’ principal da cidade e que faz parte de York. Por isso independente do preço de entrada a York Minster edeve ser visitada. E de qualquer das formas talvez o preço não seja assim tão exagerado pois com ele visitam a catedral, a cripta e o museu undercroft onde se encontram restos romanos, e descobertas arqueológicas encontradas ao longo dos séculos. Para aqueles que são residentes em York ou estudam em York a entrada é gratuita pois não nos esqueçamos que no fundo estamos a falar de uma igreja e como tal um local de reza e de prática à religião anglicana. Mas esqueçam os meus desabafos, a igreja é bonita, vale a pena visitá-la, pelos vitrais, pelos trabalhados e pelo seu peso na história da cidade. Podem também subir ao topo da torre mas existem vários avisos sobre esta subida uma vez que as escadas medievais são muito estreitas contando com 275 degraus que demoram mais ou menos 10 minutos a subir. Se também quiserem subir à torre o bilhete fica a 24 libras (é que nem sequer vou comentar).


City Walls
Depois da visita à catedral, museu e cripta decidimos ir apanhar ar fresco e explorar as muralhas da cidade. Andar por todos os ‘segmentos’ das City Walls dar-vos-á diferentes perspetivas da cidade, algumas mais bonitas do que outras é verdade, mas todas merecem o nosso tempo. O caminho, pode-se este chamar de caminho circular mesmo não formando um círculo, compreende as muralhas medievais mais bem conservadas de Inglaterra. As muralhas de pedra foram construídas pelos Vikings nos séculos XIII e XIV substituindo assim as estacas de madeira que formavam antes uma muralha rústica. As muralhas originais de pedra incluíam 4 portões principais, também conhecidos como ‘Bars’ – Botham Bar, Monk Bar, Walmgate Bar e Micklegate Bar – e é através destes ‘bares’ que se entra para cada caminho na muralha, que ainda hoje têm condições seguras para se caminhar sobre elas, a menos que esteja mau tempo. Quando saem de cada ‘bocado’ de muralha encontram um mapa a indicar-vos o próximo local de entrada para o seguinte segmento até se completar o caminho à volta de York.


Clifford’s Tower
Quando passávamos pela parte sul das muralhas, depois de entrar no portão Walmgate, conhecido por ‘Bar’ Walmgate, e vimos o castelo, decidimos descer aqui e depois mais tarde visitar o resto das muralhas. Até porque a ideia era visitar dois locais, o York Castle Museum e a Clifford’s Tower, que ficam ao lado um do outro. Acabámos por não visitar a torre, tirámos só a fotografia ao seu exterior. O ponto alto de subir à torre é a vista sobre a cidade, mas não achámos que valia a pena, principalmente depois de andarmos pelas muralhas de onde a vista é diversa e abrangente sobre a cidade de York. Para subir à torre é preciso comprar um bilhete de 8.50 libras. Esta torre teve vários propósitos e foi palco de vários cenários, mas talvez o mais conhecido, ou o mais trágico, foi o de 1190 quando ocorreu um massacre anti-semita contra os judeus. Durante o século XII havia-se criado um clima de tensão entre cristãos e judeus, agravado pelo facto de muitas pessoas se terem endividado com agiotas judeus e devido a uma propaganda disseminada contra muçulmanos e judeus. Quando o rei Richard I foi coroado, espalharam-se rapidamente rumores, falsos que se diga, que o rei tinha ordenado morte aos judeus. Em York em 1190 a comunidade judaica foi sitiada e atacada. Cerca de 150 judeus procuraram proteção na torre Clifford. Infelizmente os judeus ao perceberam que estavam encurralados dentro da torre, procederam a um suicídio em massa. No final, antes de se mataram, os judeus atearam fogo à torre. Há relatos que alguns judeus que não participaram no suicídio ao saírem da torre foram imediatamente assassinados. Em 1978 na base do monte foi colocada uma placa para lembrar este acontecimento.



York Castle Museum
Não indo à torre fomos ao museu do castelo (York Castle museum), um dos locais que queria mesmo visitar, depois de ler que aqui existe uma representação de uma rua de York na época vitoriana. A entrada para o castelo é paga, 16 libras por pessoa se comprarem os bilhetes no local, ou 14.50 libras se comprarem o bilhete on-line. O museu está dividido em duas partes, a rua vitoriana e a parte mais tradicional de museu com coleções sobre a primeira guerra mundial e sobre os anos 60. O bilhete também dá acesso às celas da prisão do castelo que estiveram ativas durante o século XVIII. Nesta exibição aprende-se como era a vida na prisão e alguns dos seus mais famosos ‘residentes’ de forma mais interativa do que o tradicional. Gostei imenso de visitar o museu, sendo que o ponto mais marcante foi a rua vitoriana, onde até o cheiro (a urina) característico da altura estava retratado. A recriação da rua vitoriana é uma das mais antigas do mundo e representando o período histórico entre 1870 e 1901. Pela rua encontram-se várias lojas como de doces, de roupa e sapatos, a farmácia, todas elas com nomes de lojas que existiam na época em York. A retratação da rua é uma experiência que nos leva para outros tempos. Não é de espantar que esta rua seja um dos pontos que atraem mais visitantes à cidade de York.


Cocoa Joe’s
Depois do museu precisávamos de descanso, estávamos a andar sem parar desde manhã e com o sol a pôr-se também se começava a sentir o frio. E nada melhor para combater o frio do que um chocolate quente. Foi assim que nos vimos no Cocoa Joe’s, um dos locais especializado em chocolates de todo o mundo. O difícil é escolher que chocolate é que vão escolher. Nós estávamos meio perdidos no menu, mas o empregado ajudou-nos a fazer as nossas escolhas. E acreditem que aqui não há lugar para chocolate em pó, o chocolate quente e as bebidas frias com base de chocolate são feitas a partir de bocados de chocolate, os chamados buttons (butões). Primeiro escolhe-se o chocolate, este branco, preto ou de leite e entre cada secção a percentagem de cacau e sabor que gostavam de experimentar. Depois pode-se escolher entre outros sabores como avelã, framboesa, etc. Nós na primeira vez, sim porque viemos cá outra vez antes de deixarmos York, escolhemos o chocolate da Colômbia, com 46% cacau, o meu com chantilly e marshmallows em cima, o do meu marido misturado com avelã. Na segunda vez, já no último dia, quisemos experimentar o chocolate negro e acabámos por experimentar o chocolate da Tanzânia com 75% cacau. Ficou a vontade de experimentar o chocolate de Madagáscar com uma surpreendente percentagem de 100% cacau. Talvez para a próxima vez. No Cocoa Joe’s também vendem os botões de chocolate para que se possa fazer o chocolate quente em casa, um miminho para os dias frios de Inverno.

Shambles
Depois de mais quentes e aconchegados, atacámos o frio e fomos passear pelas Shambles. As Shambles é um dos locais mais conhecidos da cidade de York, uma das ruas comerciais da era medieval mais bem preservadas em toda a Europa. Acredita-se que as Shambles foram a inspiração para o Diagon Alley nos filmes de Harry Potter. Nas Shambles ainda se podem encontrar vestígios dos tempos medievais tais como os ganchos para pendurar a carne para venda por cima das portas de algumas lojas. Atualmente existem imensas lojinhas de doces, de vestuário, de poções (sim, poções), sendo as mais famosas, a loja do Harry Potter e o The York Ghost Merchant’s. E isso vê-se pelas grandes filas à espera para entrar nestas duas lojas, chegando a demorar horas em certas alturas do ano. Como havia imensa gente pelas ruazinhas estreitas, acabámos por dar um volta rápida, antes de irmos para o quarto, arranjarmo-nos para jantar.


The House of Trembling Madness
E acabámos por ir jantar ao mesmo local da noite anterior, The House of Trembling Madness. Para o jantar houve várias discussões, se íamos a outro sítio para comer ou acabar no mesmo. Eu queria experimentar a Yorkshire pie, a famosa tarte de York. Tivemos indecisos entre dois restaurantes, mas depois da boa experiência do dia anterior, acabámos por ir ao mesmo bar. Como disse num primeiro post sobre York, este local não aceita reservas e o bar estava bastante mais cheio do que na noite anterior. Ainda estivemos para desistir, apenas beber qualquer coisa e ir a outro restaurante, quando uma mesa ficou disponível. E assim acabámos por experimentar aqui as tais pies. O prato pode não parecer o mais apetitoso visualmente, mas de sabor era delicioso. Não sei como teria sido a nossa experiência se tivéssemos ido ao outro restaurante, mas tal como a noite anterior, a comida era muito boa. E grandes porções pelo preço. Acabámos também por experimentar mais umas cervejas, já que ali estávamos. Mas nenhuma bate a primeira que experimentei, a chocolate fudge brownie stout – se aqui vierem e se estiver no menu, não percam a oportunidade de a experimentar


Pivní York
Durante a noite quisemos experimentar outro pub, também este bastante recomendado, o Pivní York, onde existe uma boa seleção internacional de cervejas. Houve uma que quis experimentar, uma cerveja preta com sabor a profiteroles – Choco Profiterole French Vanilla Oat Cream Stout era o seu nome, mas mudei de ideias quando quem nos atendeu nos disse que cada pinta custava 10 libra. Assim não experimentei essa, mas uma mais em conta. Vou só aqui agradecer a quem nos atendeu e nos alertou para o preço. Tenho a certeza que já tiveram problemas e por isso o fizeram. Fiz agora uma rápida pesquisa na internet e consegue-se comprar esta cerveja online por um preço mais baixo, no entanto todos os sites a que fui (para aí uns cinco) esta cerveja em particular está esgotada. Agora ainda estou mais curiosa…se alguém já a tiver experimentado ou for experimentar que me diga se vale a pena voltar a York ou procurar por aqui um sítio que a venda!
O pub tem 3 andares, por isso não fiquem desapontados se quando chegarem o pub parecer cheíssimo. Nós tivemos de ir para o terceiro andar e acabámos numa mesa com dois locais que nos disseram o quanto é bom viver na zona e para deixarmos Londres, que as pessoas aqui são mais simpáticas, preços mais baratos e melhor qualidade de vida. Até podiam ter razão, mas também estavam de tal forma que acredito que na manhã seguinte nem se devam ter lembrado desta conversa, mesmo que quisessem.


Valhalla
Para acabar a noite fomos para Valhalla, que fica mesmo em frente ao Pivní York, por isso foi sair de um bar e entrar logo de seguida no outro. Como também aqui estava mais abarrotado do que na noite anterior fomos para o segundo andar. Penso que no total também sejam 3 andares. Para alguns talvez a decoração não seja a gosto, com os seus crânios de animais alinhados numa das paredes. Mas tudo vale para dar um ar mais ‘Viking’ ao espaço. Ainda não nos tínhamos sentado e já sabíamos o que queríamos – hidromel. Acho que foi durante esta noite que experimentámos a maior parte dos sabores – ficando a ganhar o hidromel de saber a ruibarbo. Mais uma noite acabada em Valhalla, o paraíso dos Vikings, no meio de uma cidade pitoresca e com uma cultura incrível, York.
2º Dia (Domingo)
North York Moors
O nosso terceiro dia a visitar o norte de Inglaterra, mais especificamente a zona de York, foi um bocadinho diferente. Deixámos a cidade, desviámo-nos para Este e fomos até North York Moors, um dos parques nacionais de Inglaterra. O parque é enorme, com uma área de 2.2 Km2, com imensos trilhos, onde se pode perder horas a andar sempre acompanhados por paisagens magníficas, vivendo uma experiência à volta da natureza. Como nós estávamos em York decidimos que não iríamos até à zona mais a norte do parque nacional, uma vez que a zona sul (a mais perto de York) ficava a uma hora de distância. E como era uma viagem de um dia só, não queríamos perder muito tempo útil dentro do carro. Ainda pensámos que visitar o Castle Howard seria uma boa opção, pois incluiria uma visita à casa e aos seus jardins, mas o castelo encontrava-se encerrado durante esta altura do ano, e foi assim que escolhemos o trilho circular de Rosadale.

Na verdade, agora procurando bem na net, acabo de me aperceber que fizemos um trilho diferente do que tínhamos planeado, fizemos o trilho em Rosadale mas acabámos por fazer um caminho mais longo que nos deu problemas, mas já lá vamos. Então o trilho circular de Rosadale é cerca de milha e meia (2.4Km) e demora mais ou menos 50 minutos a percorrer (figura em baixo à esquerda), mas nós fizemos o chamado de Rosadale Abbey, Blakey Ridge and Ironstone railway que percorre 16.4Km e que leva 4 horas e meia a percorrer (imagem em baixo à direita), o que foi mais ou menos o quanto levámos. Eu acho que o primeiro trilho também era pouco tempo, mas o segundo foi demais. Deixámos o carro perto Rosadale Abbey, num dia solarengo, numa rua onde não se pagava estacionamento. O primeiro problema foi que não sabíamos onde começava o trilho, porque surpresa das surpresas não tínhamos acesso à internet, sim, nem mesmo à de dados e. E o que somos hoje nós sem acesso ao Google Maps? Humanos perdidos à deriva!


Fomos ao salão de chá da pequena vila de Rosadale perguntar onde começava o trilho. A senhora lá nos deu as direções mas também perguntou ironicamente se eram aqueles os sapatos que íamos levar? Devíamos ter aqui suspeitado que o caminho não devia estar famoso. Mas com a mania que somos caminhantes fanáticos, seguimos as instruções e primeiro foi subir e subir e subir. Para agora, aqui sentada, descobrir que se tivéssemos feito o nosso trilho, o que tínhamos inicialmente planeado, tínhamos encontrado um parque de estacionamento no topo da subida e que não era preciso termos começado o trilho a suar como estivesse dentro de uma sauna. O que mais odeio é subir desalmadamente especialmente se desnecessário…se quiserem confirmação basta perguntarem ao meu marido como o meu humor fica depois de uma subida ou melhor quando ainda vou na subida. Mas lá finalmente descobrimos onde começava o ‘bom’ caminho onde ficava o primeiro ponto de interesse do trilho; as ruínas dos fornos de calcinação em Bank Top. Se calhar convém situar o valor histórico deste trilho.

Hoje em dia Rosadale oferece vistas deslumbrantes do vale, onde a natureza perdura e onde se encontra uma pequena e sossegada vila com a sua pequena Abadia, a Rosadale Abbey. No entanto, há 160 anos a história era outra. Há 160 anos devido à fervorosa ‘corrida ao ferro’ o ar ali seria descrito como uma mistura de fuligem e vapor. A mineração em Rosadale começou em 1856, com o minério a ser retirado das minas de Hollins e transportado por uma máquina a vapor até estes fornos por uma via férrea, em Bank Top (fotografia em baixo). Mais de 300.000 toneladas por ano de minério eram retiradas destas minas e depois processadas nos fornos gigantes. Em Bank Top encontravam-se também depósitos de carvão, as casas onde moravam os trabalhadores e um barracão para as máquinas. As minas foram abandonadas 29 anos depois quando as reservas de ferro nas minas se terem esgotado. E é aos ‘restos’ desta época que este trilho nos leva.

Depois de passarmos pelas ruínas continuámos em frente, agora num caminho sempre a direito e de bom pavimento. Era aqui que passava a antiga linha férrea, apesar de ser difícil imaginar o actual trilho com a linha férrea de há 160 anos. Outros sinais permanecem desta era como o Sheriff’s Pit que começou em 1857 como uma mina flutuante para fechar passado dois anos e reabrir em 1875 como um poço de mineração (fotografia em baixo à esquerda). Os restos do poço são acompanhados por um canto da casa do gerente da minha que resistiu ao tempo. Uma nota; a mineração começou em 1857, mas só em 1861 a linha férrea foi construída, sendo inicialmente feito o percurso entre as minas e os fornos com o recurso de animais, o que tornava o percurso muito longo e não rentável. Daí que Sheriff’s Pit abriu, fechou e reabriu depois da linha férrea já estar a ser usada por vários anos.


A diferença dos dois percursos, o nosso que queríamos fazer e o que fizemos, é que no mais curto a certa altura volta-se para trás para depois apanhar um caminho mais a norte que leva de volta ao parque de estacionamento de Chimney Bank (aquele que fica no cimo da montanha). No entanto, nós continuámos pela antiga linha férrea de Ferndale até descermos para apanhar o percurso de volta em direção a Rosadale Abbey mas agora pelo sopé da montanha. Foi um erro, não seria um erro se tivéssemos vindo no verão ou não tivesse chovido há tipo duas semanas, mas um dia de sol não foi o suficiente para secar o terreno. E quanto mais andávamos mais lama encontrávamos, e cada vez mais era preciso ter atenção aonde púnhamos os pés. E claro que passado uns metros já estava com os sapatos todos enlameados, já era mais lama do que sapato. É que já nem houve mais fotografias até quase ao final do percurso quando já estávamos a chegar ao carro. agora em estrada alcatroada. Como podem ver o sol estava a desaparecer e acreditem que a esta altura já só queríamos era chegar ao carro. Principalmente depois de passar por um bocado tão mau que tivemos de fazer de acrobatas e passar por cima de um muro rústico e, no mínimo instável, para não ficarmos atolados na lama. No final de tudo o nosso percurso ainda foi mais que os 16.4Km porque a certa altura depois de já estarmos em estrada alcatroada o percurso indicava de novo seguirmos em direcção à lama. Nem pensámos duas vezes, continuámos pela estrada. Podia ser mais longe mas pelo menos não haveria mais aventuras indesejadas.

Vejam só que tínhamos planeado sair dos North Moors por volta das 3 no máximo, para ainda irmos comer ao mercado das Shambles que fecha às 4 e meia, mas já chegámos a York por volta das 6 e tal. Basicamente uma das nossas típicas caminhadas!
Jantar
Para jantar acabámos por ir ao Fat Hippo York, um local de hambúrgueres. Os preços são os normais da atualidade, onde se paga 13 libras por um hambúrguer. Eu gostei do meu, pedi o ‘Swiss Tony’ com bacon, cogumelos e cebola. O meu marido, no entanto, pediu o ‘Fat Hippo’ e achou-o muito gorduroso. Achamos que foram os aros de cebola que estando afogados em óleo estragaram o hambúrguer, mas também pelo nome não se podia esperar uma coisa saudável. O que foi a grande surpresa foram os acompanhamentos, os Tater Tots, eu tinha pedido as batatas fritas normais, mas devia ter ido para os Tater Tots como o meu marido.

Pubs
Para acabar o dia e para não destoar acabámos por experimentar mais uns pubs e bares. Fomos primeiro ao Ye Old Shambles Tavern, que nos tinha sido aconselhado por locais, por terem uma boa seleção de cervejas não só locais, mas também internacionais. Não ficámos muito tempo porque havia uma atuação na parte exterior e o abrir e fechar constante das portas tinha feito descer consideralvemente a temperatura no seu interior.


Depois fomos a um local para cocktails, Evil Eye, onde há uma ennnnooooorrrrrmmmeeee seleção de cocktails, o difícil é mesmo escolher – é que tivemos mais de 10 minutos para escolhermos o que queríamos. O meu marido foi para um com absinto e depois admirou-se que era forte (rolar de olhos), enquanto eu fui para – eu acho que foi para o que se chama ‘Meet your maker‘ – mas para dizer a verdade eu estava indecisa entre tantos que já nem sei bem o que acabei por escolher. Eu podia ter experimentado uns 10 cocktails diferentes (mas na boa), no entanto a 10 libras cada tive de me conter e como ainda estava meio com frio do pub anterior pedi um Black Forest, um chocolate quente alcoólico que me fez muito feliz (é a velha dentro de mim a falar). No final, já se sabe, Valhalla, afinal era a nossa última noite em York. E claro que os hidroméis não faltaram na nossa mesa. No final da noite, demos uma voltinha rápida pela cidade até ao nosso hotel. A volta foi rapidíssima porque durante os dias que tivemos em York as temperaturas foram baixando rapidamente a cada dia que passava e na última noite já se faziam sentir temperaturas negativas.


Últimas horas (Segunda-feira)
Depois do nosso terceiro pequeno-almoço inglês, fomos explorar a parte final das muralhas que acabámos por não fazer no sábado, depois da visita ao museu do castelo. Entrámos pelo portão, Bootham Bar, e não é que é desta secção das muralhas que se tem a paisagem mais bonita sobre York?

Depois de percorrida a última parte das muralhas que nos faltava, fomos andando sem destino pelas ruas da cidade, passeando pelo caminho junto ao rio, acabando por visitar a igreja de St Martin’s Le Grand. Tal como a igreja de St Olave, esta também se encontrava vazia até que numa certa zona ouviu-se uns baques…eu desta vez digo que eram ratos.


Para acabar a viagem fomos finalmente experimentar a comida do Shambles Market! Uma pequena, mas deliciosa food tour. E no momento em que experimentámos a comida soubemos logo ali que devíamos ter aproveitado e vindo aqui todos os dias! O mercado em si abre às 9 da manhã, mas o food court, os balcões de comida abrem pelas 11. Há várias escolhas e se fosse por nós tínhamos dobrado o volume do estômago para poder provar de tudo. Como não deu e também depois de termos comido um grande pequeno-almoço escolhemos dois sítios – primeiro o Ambrosia Greek Street Food York para um souvlaki; com pão super macio e mistura de carne com salada e molho tzatziki, completamente delicioso. Só foi mesmo por não haver mais espaço que não pedimos mais um, mas já tínhamos dividido este a meias para dar oportunidade a outras experiências culinárias. Um dos locais que queria ir, já um pouco desviado do mercado, mas ainda nas Shambles era a Shambles Kitchen para provar uma das sandes deles. Fui para a sandes de beef barbacoa chamada de ‘Guy Fawkes’ que se quiserem levam uma pequena vela, não sei como se chama, é daquelas velas que fazem faíscas quando se acende. Cada sandes ficou a 8 euros, o que é muito bom, especialmente comparado com a qualidade da comida.


Ficaram dois locais por experimentar, o NaNa noodles bar e o Smokehouse Burrito. Apesar de não saber quando voltarei a esta zona de Inglaterra (não é se, é uma questão de quando) já tenho uma lista de coisas para fazer. E a lista inclui também uma visita a Whitby, uma cidade costeira ao pé dos North York Moors, onde se diz encontrar o melhor fish and chips do país (o prato tradicional britânico de peixe frito com batatas fritas).
No mercado as mesas são ao ar livre, mas cobertas, no entanto, o frio era tanto que chegou a uma altura que nem conseguia sentir os dedos para agarrar na sandes. De forma a nos aquecermos antes de deixarmos esta cidade fantástica fomos então dizer adeus ao Cocoa Joe’s onde pedimos um chocolate quente com o chocolate negro da Tanzânia.


E assim fica a nossa primeira viagem de 2024 e a primeira visita a York. Já tenho dito, Inglaterra é muito mais que Londres, é um país de contrastes com aldeias, vilas e cidades onde se encontram os mais diversos tesourinhos escondidos. Se tiverem oportunidade de virem a York venham e sairão daqui de coração cheio.