Visitar Barcelona e Gavà em 48 horas

Índice desta página:

  1. Como chegar a Barcelona
  2. Acomodações em Castelldefelds e Gavà
    1. Hotel C31
    2. Dolce Gava
  3. Transportes públicos
  4. Compra antempada de bilhetes
  5. Restaurantes e estadias em Castelldefelds e Gavà
    1. Restaurante Kinza Villa
    2. De Castelldefels a Gavà
    3. SANTAGLORIA Coffee & Bakery
    4. Restaurante La brasa 2022
    5. El Café de la Rambla
  6. Primeira tarde em Barcelona
    1. Los Tortíllez
    2. Arquitectura modernista em Barcelona
    3. Antonio Gaudí, arquitecto modernista
    4. Casa Batlló
    5. La Pedrera ou Casa Milà
    6. Las Ramblas
    7. Mercado La Boquería
    8. Restaurante Colom
  7. Segundo dia em Barcelona
    1. Pequeno-almoço em Gavà
    2. La Sagrada Família
    3. Parc Güell
    4. Património Mundial da UNESCO
    5. A Vol a Vol
    6. Parc de la Ciutadella
    7. Arc de Triomf
  8. Terceiro dia em Barcelona
    1. Brunch em Gavà
    2. Montjïuc
      1. Torres Venezianas
      2. Fonte Mágica
      3. Quatro colunas
      4. Museu Nacional de Arte da Catalunha
      5. Miradouro panorâmico do centro comercial Arenas de Barcelona
    3. Ramen Shifu

    Os encantos de Barcelona já não me eram desconhecidos. Tinha visitado esta cidade durante uma semana em 2017 com um grupo de amigos e fazia-o novamente durante um fim-de-semana alargado mas desta vez com a família.

    Foi a primeira vez que visitava pela segunda vez uma mesma cidade estrangeira e ao contrário do que esperava, não houve uma sensação de desperdício, a de que podia estar a aproveitar a oportunidade para visitar um novo local. Em vez disso ganhei uma nova experiência da mesma cidade. Sim visitei locais onde já tinha estado, mas sem a urgência da primeira vez. Porque se aprendi uma coisa durante estes 7 anos foi a de aceitar de que não posso ver tudo o que uma cidade tem para oferecer em apenas alguns dias e o de saber disfrutar aquilo que posso.

    Vista da cidade do terraço do centro comercial Las Arenas

    Mas mesmo assim visitei locais novos, experimentei restaurantes diferentes e fiquei no final a conhecer outra cidade perto de Barcelona, a cidade de Gavà.

    Como chegar a Barcelona

    O nosso grupo consistia em 5 pessoas; uns viajariam de Portugal, Lisboa e Abrantes, e outros do norte de Londres. A melhor opção para ambos os grupos era o de voar para o aeroporto internacional de Barcelona.

    O aeroporto não fica no centro de Barcelona mas os transportes em Espanha são muito bons em termos de preço e de confiança. Nós ficámos instalados em Gavà, devido aos preços mais acessíveis de acomodação, e tivemos apenas de apanhar o autocarro L99 no aeroporto até ao nosso alojamento. A viagem de autocarro demorou cerca de 40 minutos.

    Para quem fica em Barcelona, por exemplo da outra vez tinha ficado em Capri by Fraser Barcelona, ao pé da torre Glòries, basta apanhar um autocarro e depois o metro, se necessário. Mas independemente de onde ficarem há-de-vos ser fácil chegar até lá.

    Acomodações em Castelldefelds e Gavà

    Como disse acima o nosso grupo ficou instalado num apartamento em Gavà. A ideia inicial era a de ficar em Barcelona, mas a cidade é bastante cara e a menos que queiram ficar num hostel as opções disponíveis podem ser bastante dispendiosas. Uma das minhas amigas que é exactamente de Gavà aconselhou-nos a procurar alojamento por aqui. Os transportes entre Gavà e Barcelona são regulares e assim também ficávamos a conhecer outra cidade em Espanha, uma cidade bastante mais calma e acolhedora.

    Em Gavà acabámos por ficar em dois sítios diferentes, porque enquanto os de Lisboa chegavam na sexta-feira de manhã, nós de Inglaterra chegávamos na quinta-feira ao final da tarde. As duas acomodações foram ambas marcadas através da plataforma do Booking.

    O primeiro local onde ficámos foi o Hotel C31. O hotel não fica bem em Gavà, mas em Castelldefels muito perto da praia. Por uma noite para dois, com pequeno-almoço incluído pagámos 84 euros. O check-in fecha às 8 da noite, mas se avisarem com antecedência podem-no fazer em qualquer altura. Tal como nós que chegámos depois das 8 e para entrarmos tivemos que digitar o código que nos tinha sido enviado. O nosso quarto de duas camas de solteiro não era enorme, mas estava limpo e tinha tudo o que se queria.

    Pequeno-almoço no Hotel C31

    O quarto tinha uma pequena varanda com uma vista magnífica e o hotel uma piscina, a qual infelizmente não tivemos tempo de experimentar. O pequeno-almoço do dia seguinte foi bastante razoável e não me importava nada de voltar a ficar neste hotel se revisitar esta zona. Para mais informações sobre este hotel vejam o seguinte link: Hotel C31

    Nas outras duas noites, aí já ficámos no centro de Gavà, a 5 minutos da estação de comboios, no apartamento Dolce Gava. Fizemos a reserva pelo Booking e ficou-nos a 307 euros pelas duas noites (30 euros a cada pessoa por noite), mas também podem fazer a marcação através do Airbnb. O apartamento dá para 6 pessoas, com dois quartos, um com uma cama de casal e outro com um beliche. O sofá-cama da sala dá para mais duas pessoas, e foi onde eu dormi. A zona sossegada, o apartamento bastante espaçoso, e gostámos imenso da localização. O serviço oferecido não incluía pequeno-almoço, o que é normal neste tipo de acomodações, e assim deu-nos a oportunidade de explorarmos dois cafés em Gavà, ambos muitos bons do qual falarei mais tarde. Para verem mais sobre este apartamento cliquem no seguinte link: DOLCE GAVA

    Transportes públicos

    Mesmo que fiquem no centro de Barcelona, os vários locais de interesse ficam espalhados pela cidade, de forma a que acabam sempre por ter de apanhar transportes públicos. Foi assim desta vez tal como quando aqui estive em 2017.

    Existem vários passes de viagem para diferentes durações e diferentes groupos. Os bilhetes podem ser adquiridos em qualquer estação de comboio ou se preferirem podem comprar os bilhetes online. Para verem os diferentes bilhetes disponíveis cliquem no seguinte link: https://www.tmb.cat/es/tarifas-metro-bus-barcelona

    O cartão que usámos para apanhar os transportes públicos

    Nós acabámos por escolher o T-casual, em que cada um de nós ficou com 10 viagens. Sabíamos que pelo menos todos nós íamos fazer 4 viagens, duas para Barcelona e duas de volta para Gavà. Também sabíamos que uma das viagens seria entre a La Sagrada Familia e o Parc Güell, mais as viagens do aeroporto para Gavà e de Gavà para o aeroporto. No total cada um faría certamente 7 viagens. E assim ficávamos com mais 3 para viajar dentro de Barcelona, se e quando fosse preciso. Estes bilhetes podem ser usados tanto no autocarro como no metro e comboio. Para nós foi a melhor opção e funcionou às mil maravilhas. No final ainda ficámos com viagens no cartão (1 ou 2, se bem me lembro). A única coisa que este cartão não inclui é o metro no aeroporto para Barcelona, mas para nós isso não foi um problema.

    Compra antempada de bilhetes

    Barcelona é uma cidade muito procurada e muito, muito turística. E é por isso que tem havido alguns protestos contra o turismo desmedido. Assim sendo é mais do que aconselhável marcar bilhetes ainda antes de viajar para os locais mais procurados, mais antecedência ainda se visitarem Barcelona durante a época alta.

    No Parc Güell, um dos locais a não perder em Barcelona

    Tendo em conta o que nós queríamos visitar marcámos com quase um mês de antecedência os bilhetes para a La Sagrada Familia e para o Parc Güell (incluindo a casa-museu de Gaudi).

    No primeiro dia também visitámos a Casa Batlò, uma das casas de Gaudí, mas só marcámos quando estávamos lá a chegar e felizmente não encontrámos nenhum problema com este ’em cima da hora‘. Não marcámos com antecedência porque não sabíamos bem se teríamos tempo ou a que horas estaríamos prontos para fazer a visita. No entanto para a La Sagrada Familia e para o Parc Güell é mesmo necessário ser-se mais organizado. Já da última vez tivemos problemas em visitar estes locais exactamente por causa disto.

    Vista do terraço da Casa Batlò

    Para quem queira visitar a cidade e tenha problemas de mobilidade e seja por isso mais difícil usar os transportes públicos há sempre a opção dos autocarros turísticos os quais param nos pontos principais da cidade. Para mais informações e compra de bilhetes visite o website: https://city-sightseeing.com/en/17/barcelona

    Castelldefels e Gavà são duas cidades a cerca 20 quilómetros de Barcelona e óptimas opções para quem quer conhecer Barcelona, mas não queira pagar os preços quase proibitivos da grande cidade. Se quiserem aproveitar a praia aconselho mais Castelldefels, mas para quem quer visitar Barcelona diariamente Gavà é a melhor opção. As ligações entre Gavà e Barcelona decorrem várias vezes ao dia e pode-se viajar de autocarro, porém a forma mais fácil é de comboio, que se for o directo, demora 20 minutos.

    Na primeira noite em que chegámos a Espanha, já no final do dia, apanhámos o autocarro L99 para Castelldefels. Depois de uma viagem que demorou cerca de 45 minutos chegámos ao Hotel C31, onde fizemos o check-in digital.

    Depois das primeiras impressões feitas no nosso quarto voltámos para a rua para jantar. Estivemos divididos entre algumas opções, mas até nem procurávamos nada de especial. Tentámos primeiro o Mincho Bar Pineda, que nos pareceu uma opção simples com vários petiscos, mas quando chegámos vimos que estava encerrado. Acabámos por entrar no restaurante Kinza Villa, um restaurante de comida tradicional da Geórgia. Apesar de tentarmos sempre experimentar a cozinha local o horário tardio não dava para muitas procuras.

    Kinza Villa está extremamente bem avaliado e o seu decor é de uma certa classe sem ser pomposo. Como estava bastante calor, mesmo à noite, decidimos ficar numas mesas exteriores. Neste restaurante acho que o nosso erro foi ter pedido demasiada comida com dois dos pratos de queijo – e atenção que eu adoro queijo, mas até eu senti um ligeiro enjoo com a overdose deste lacticínio no final da refeição.

    Como entradas pedimos Tolma que foi o melhor prato da nossa refeição (16.00 euros). Tolma é um prato que consiste em couves enroladas e recheadas com carne e especiarias.

    Depois cada um pediu outro prato, o meu marido pediu o tradicional Khachapuri Adjaruli, que é uma espécie de pão em forma de barco recheado com queijo e gema de ovo (17.90 euros). Eu pedi Mkhlovani, que é uma variação daquilo que o meu marido pediu, mas com espinafres e queijo (17.50 euros). Para acompanhar pedimos uma cerveja tradicional georgiana, a Kapiani (5.00 euros cada). A refeição ficou meio carota para o que estávamos a contar, mas como disse pedimos demasiada comida. Acho que a Tolma com um outro prato tinha chegado. Apesar do atendimento não ter sido o mais amistoso, gostei bastante da decoração e do ambiente, especialmente indicado para uma noite de Outono com temperaturas de Verão.

    Depois da refeição já não fizemos grande coisa sem ser voltar para o hotel.

    Para ver o menu e horários de funcionamento do restaurante clique no seguinte link: https://kinzavilla.es/

    No dia seguinte acordámos com um lindíssimo céu azul sem nuvens, onde se adivinhava mais calor. Foi nesta altura que nos apercebemos da bonita paisagem que tínhamos da varanda do nosso quarto.

    Vista do nosso quarto no Hotel C31

    Depois de um bom pequeno-almoço, sem exageros, que o queijo ainda nos corria nas veias, fomos a pé desde Castelldefels até à estação de comboios em Gavà. Podíamos facilmente ter apanhado o autocarro, novamente o L99, mas acho sempre que andar pelas ruazinhas da cidade é a melhor maneira de a conhecer. No entanto, percebo quem não o queira fazer já que se demora cerca de 1 hora a completar este percurso.

    Quando chegámos à estação de comboios foi quando decidimos que bilhetes de transporte comprar. Entretanto fomos ter com o resto da família que chegava de Portugal para irmos fazer o check-in no Dolce Gava. O check-in só começava às duas mas tínhamos pedido se não podíamos fazer o check-in um bocadinho mais cedo, para não irmos com as malas para Barcelona. Felizmente a senhoria conseguiu acomodar o nosso pedido. Para mais informações sobre a acomodação Dolce Gava clique nos seguintes links: Booking.com ou Airbnb.

    Depois do check-in feito fomos passar o resto do dia a Barcelona. Mas estando hospedados em Gavà, apesar de não termos explorado muito a cidade, acabámos por conhecer alguns dos cafés e restaurantes perto do apartamento.

    O primeiro pequeno-almoço foi no café SANTAGLORIA. Mesmo sendo cedo, a pastelaria já estava aberta e com muitas opções por onde escolher. Assim aproveitámos para conhecer uma pastelaria típica de Espanha numa cidade acolhedora como Gavà.

    As muitas escolhas da pastelaria SANTAGLORIA café

    Eu pedi um cappuccino com um croissant misto, um pequeno-almoço não muito diferente do português. No entanto, houve quem pedisse panquecas e chocolate quente para uma refeição mais especial. Este pequeno café tal como os outros locais onde fomos em Gavà ficavam perto (ou na) estrada principal, a Ramblas de Maria Casas, que vai dar à estação de comboios, o que nos deu imenso jeito.

    Capuccino com croissant misto

    Para mais informações sobre o SANTAGLORIA café incluindo outras localizações clique no seguinte link: https://www.santagloria.com/

    Panquecas com frutos vermelhos e chocolate quente

    Outro local que experimentámos, agora para a ceia, dá-se pelo nome de La brasa 2022. No segundo dia da viagem, Sábado, acabámos por não ter muita fome ao jantar pois tínhamos andado a petiscar por Barcelona (do que falarei mais à frente nesta página). Foi assim que decidimos ir a este restaurante para umas tapas. No entanto este local é conhecido, tal como o nome indica, pelos grelhados como kebabs, costeletas e entrecosto. O que é engraçado é que este restaurante até nem está muito bem avaliado na net, mas foi o que nos foi recomendado pela minha amiga que é de Gavà. E pela nossa experiência não temos nada contra. Talvez o restaurante tenha um ambiente menos formal, alguns chamariam este tipo de restaurante de tasca, mas isso não fez com que não disfrutássemos da refeição.

    O restaurante fecha bastante tarde e quando chegámos já era perto das 10 da noite. Para petiscar pedimos algumas das iguarias locais como as patatas bravas, calamares e pimientos padrón. Também aqui os preços foram bastante confortáveis para as nossas carteiras. Tudo acompanhado com um grande copo de Tinto de Verano.

    Para mais informações sobre este restaurante clique no seguinte link: https://la-brasa-2022.eatbu.com/

    Os locais mencionados acima, o SANTAGLORIA café e o restaurante La brasa 2022, foram os que experimentámos no Sábado. No Domingo, no dia em que voltámos para casa, decidimo-nos por um pequeno-almoço com mais consistência, mais uma espécie de brunch. E foi assim que acabámos sentados à esplanada no El Café de la Rambla.

    Houve inicialmente alguma confusão porque era preciso ir ao balcão pedir e tal como se espera numa cidade mais pequena, a língua falada era o espanhol e muito pouco o inglês. Isto deu azos a alguns enganos em relação àquilo que se pensava ter pedido e aquilo que nos chegou à mesa. Mas isto foi mais uma razão para a galhofa do que outra coisa.

    Mesmo que não se venha com intenções de um grande pequeno-almoço este é um óptimo local para bebericar um simples café ou um cappuccino durante uma manhã bonita e sossegada como aquela que nos recebia.

    Para mais informações sobre este café incluindo menus e horários de funcionamento clique no seguinte link: https://elcafedelarambla.es/

    Primeira tarde em Barcelona

    Começam aqui as nossas 48 horas em Barcelona, de sexta-feira à tarde até domingo à tarde. Depois de deixarmos as malas no apartamento Dolce Gava fomos apanhar o comboio. O comboio que faz a ligação entre Gàva e Barcelona passa de 20 em 20 minutos e normalmente chega a horas. Mas preparem-se que nós apanhámos sempre o comboio a abarrotar. A que hora fosse! A sorte foi mesmo a viagem ser rápida.

    Como chegar

    A primeira coisa que queríamos fazer era ir comer qualquer coisa já a poder ser considerado como um almoço tardio. E começámos por um dos pratos mais conhecidos em Espanha, as famosas tortilhas de batata. Para chegarmos ao lugar escolhido saímos na estação de comboio Passeig de Gràcia que dá acesso a uma das ruas mais importantes da cidade e andámos cerca de 10 minutos até ao restaurante Los Tortíllez. Quando chegámos, por volta das duas da tarde, o restaurante encontrava-se bastante cheio e ainda tivemos que esperar um bocadinho até termos uma mesa livre. Mas também enquanto se esperava aproveitou-se para decidir o que iríamos pedir, porque a escolha era (e é) imensa.

    História

    Quando nos sentámos na nossa mesa que ficava num cantinho e começámos a olhar com atenção para a decoração do restaurante, percebemos pelas muitas fotografias de família espalhadas pelas paredes que aquele restaurante tinha história. História de uma família que desde 1982 oferece a oportunidade a muitos de conhecer a famosa iguaria espanhola.

    Tortilha com sobrasada ibérica, queijo e mel

    Para quem não conhece, a tortilha espanhola, não confundir com a tortilha mexicana, é um prato que tem o seu papel enraizado na cultura de país. Pensa-se que este prato é oriundo da região da Extremadura e confeccionado desde 1798 (século XVIII). Apesar de actualmente este prato ser preparado de imensas maneiras, a sua base é bastante simples, batatas e ovos. E tal como acontece com estes tipo de pratos as suas raízes vêm de famílias ou comunidades mais pobres que tentavam fazer o melhor possível com os ingredientes que tinham à mão. E por isso quando comerem as tortilhas espanholas lembrem-se que apesar de não parecer este prato tem origens bastante humildes.

    As nossas tortilhas

    Agora em relação à nossa experiência no Los Tortíllez; como o menu inclui outros pratos tradicionais pedimos como entrada o famoso pão com tomate regado com azeite como manda a tradição. Como disse acima, o menu das tortilhas é bastante extenso e o difícil é escolher uma. Há desde tortilhas simples, com ou sem cebola, até tortilhas com bacalhau, calamares, queijos e carnes fumadas. Para provar o que digo basta darem uma olhadela à carta que está disponível no website oficial: https://www.lostortillez.com/carta/. Apesar de não ter visto no menu eu acho que cada uma destas tortilhas se relaciona com um membro da família – mas isto é apenas uma suposição da minha parte.

    Nós depois de bastante indecisão escolhemos as seguintes:

    • Abuela Tortíllez – tortilha simples com cebola
    • Aitor Tortíllez – tortilha com bacalhau, tomate, salsa e alho
    • Tomeu Tortíllez – tortilha com sobrasada ibérica (enchido típico espanhol), queijo e mel
    • Guadalupe Tortíllez – tortilha com bacon, jalapeños e queijo

    Quando pedimos as tortilhas perguntaram como as queríamos, isto se bem passadas ou mal passadas. Quem escolheu as tortilhas de bacalhau pediu bem passadas, enquanto os restantes pediram mal passadas. Da minha tortilha, a Tomeu, posso dizer que gostei imenso. Também cheguei a experimentar a de bacalhau e concordo com a opinião geral, a de que faltava um bocadinho de sal. A minha não teve esse problema porque o enchido, a tal sobrasada ibérica, dava o sabor salgado que precisava. Tal como a Guadalupe com o bacon.

    O atendimento foi super-rápido e as empregadas foram bastante atenciosas. Como hoje era o dia de aniversário da minha mãe pedi às escondidas se podiam por uma velinha na tortilha dela. E não foi que o fizeram? Nada como cantar os parabéns meio em espanhol meio em portunhol para o embaraço ser maior. Mas fiquei muito agradecida pela atenção especialmente estando o local a abarrotar com clientes. Aliás o ambiente até chegou a estar tenso quando vimos duas das empregadas a refilar uma com a outra. Não que isso afectasse ou mudasse a nossa opinião ou a nossa experiência.

    Como já devem ter percebido este é um dos locais que recomendo a visitarem, para além de provarem boas tortilhas a refeição ficar-vos-á bastante económica para os preços da cidade.

    Vejam mais sobre Los Tortíllez em: https://www.lostortillez.com/

    A Barcelona que conhecemos hoje foi moldada pelo modernismo, um movimento artístico que apareceu na Europa nos finais do século XIX, e se estendeu rapidamente pelos vários países. Actualmente, grande parte dos locais turísticos em Barcelona são exemplos de edifícios e monumentos criados seguindo este tipo de arquitectura. E isso deveu-se também à competição entre arquitectos modernistas promovida pelos prémios urbanos dados pela câmara municipal. Muitos destes edifícios, agora considerados como obras de arte, foram construídos no Passeig de Gracìa a rua que se tornou a espinha dorsal de Barcelona, onde todas as famílias com poder e estatuto na sociedade se queriam estabelecer. Este focos no Passeig de Gracìa resultou do Plano Cerdà, ambicioso projecto urbano aprovado em 1860 para elevar a cidade Barcelona cultural e artisticamente.

    Park Güell, criação de Antonio Gaudí

    O aparecimento e destaque do modernismo em Barcelona de forma tão prominente deveu-se a uma junção de vários aspectos históricos da época como a primeira Exposição Universal organizada em Barcelona em 1888, que foi um dos grandes motores para a construção de magníficos edifícios, a Revolução Industrial e o ‘Desastre del 98’ altura em que Espanha perde as suas últimas colónias como Cuba, Puerto Rico e Filipinas. Foi durante este período que muitos espanhóis que tinham emigrado para a América em busca de riqueza agora regressavam com vontade de fazer mudanças no seu próprio país. Por último, como factor condutor do modernismo podemos mencionar o movimento da Renaixença (Renascença em português), um movimento que exaltava os valores catalães. Este movimento mudou o pensamento geral na burguesia que se virou para a cultura, arte e arquitectura associado a um forte sentimento nacionalista.

    Antonio Gaudí, arquitecto modernista

    Um dos grandes arquitectos que tiveram um impacto enorme na cidade de Barcelona foi Antonio Gaudí. Mesmo que nunca se tenha ouvido este nome, certamente que o ouvirá mais do que uma vez quando se explora Barcelona. Aliás grande parte das atracções mais procuradas em Barcelona são criações de Gaudí (e com boa razão de ser). Entre elas conta-se La Pedrera (ou Casa Milà) e a Casa Batlló, o Parc Güell e talvez a mais conhecida a inacabada La Sagrada Família.

    Quem era Antonio Gaudí?

    Antonio Gaudí nasceu a 25 de junho de 1852 numa província em Espanha e desde muito cedo que começou a ajudar no negócio de família na produção de caldeiras. Isto deu-lhe uma enorme percepção sobre espaço e volume que mais tarde aplicou nas suas obras. Desde muito novo que Gaudí tinha um fascínio pela natureza e pelas suas formas, o que se tornou o centro das suas criações. Não numa tentativa de imitar a natureza, mas de a celebrar de uma forma equilibrada e deveras fascinante. Alguns desses exemplos podem ser encontrados na Casa Batlló como os motivos marinhos e lareira em forma de cogumelo, que podem ver nas fotografias abaixo.

    Em 1870 Gaudí muda-se para Barcelona para se formar em arquitectura, o que faz com sucesso em 1878. Foi a partir daqui que Gaudí começou o seu grande legado artístico. Mas apesar de aos longos dos anos a sua notoriedade ser cada vez maior, Gaudí com o tempo começou a isolar-se da sociedade. Ao contrário do Gaudí que durante a sua juventude frequentava vários eventos sociais tais como teatros, concertos e tertúlias, Gaudí começou-se a distanciar da sua vida social enquanto o seu fascínio em relação à religião e ao místico se tornava cada vez mais obsessivo.

    Antonio Gaudí morre a 10 de Junho de 1926, atropelado por um eléctrico, enquanto caminhava em direcção à La Sagrada Família, projecto onde na altura punha todo o seu esforço. Inicialmente Gaudí não foi reconhecido devido ao seu aspecto descuidado e falta de documentação. A sua identidade foi descoberta já no Hospital de la Santa Cruz por um padre que trabalhava na La Sagrada Família. O enterro de Gaudí decorreu dois dias mais tarde na La Sagrada Família, e é aqui onde o seu corpo ainda hoje permanece.

    Nós tínhamos escolhido os Los Tortìllez exactamente devido à sua proximidade ao Passeig de Gracìa. E foi por isso que depois da nossa refeição rapidamente chegámos à entrada da Casa Batlló. Como não tínhamos a certeza das horas em que estaríamos prontos para visitar a casa não tínhamos marcado os bilhetes com antecedência. Mas felizmente isso não foi um problema. Quando chegámos conseguimos marcar bilhetes para entrar dali a 15 minutos. O bilhete para a visita custou-nos 29 euros por pessoa.

    A Casa Batlló fica no número 43 do Passeig de Gracìa no entanto este não é o edifício original. O primeiro edifício foi construído em 1877 numa altura em que ainda não havia electricidade na cidade. Em 1903 o edifício foi adquirido por Josep Batlló y Casanovas, um industrialista têxtil com várias fábricas espalhadas por Barcelona e um empresário de poder. E claro está, tal como ditava as regras da sociedade da altura, Passeig de Gracìa era a rua onde morar se se queria marcar a sua posição social. Josep Batlló contratou Antonio Gaudí em 1904 e deu-lhe ‘cartão verde’ para transformar por completo o edifício. Na sua ideia original, Josep queria que o edifício fosse deitado abaixo e re-construído de novo, mas Gaudí conseguiu evitar que isso acontecesse. Apesar de claro a transformação do edifício tê-lo tornado numa obra de arte que desde 2005 é considerado Património Mundial pela UNESCO.

    Interior da casa Batlló

    Primeiro vou falar da nossa visita à zona interior da casa e depois da fachada exterior que é indubitavelmente a parte mais conhecida do edifício.

    Tal como disse acima a natureza tinha um papel central nas obras de Gaudí e aqui o é demonstrado. A entrada simples da casa pretende que o visitante se sinta debaixo de água com clarabóias que lembram carapaças de tartaruga. Esta sala termina numa escadaria que leva ao piso principal.

    Aqui, primeiro passa-se por um espaço onde se encontra uma lareira em forma de cogumelo, espaço esse que fazia de escritório de Josep Batlló. Em seguida o visitante entra para a sala principal onde uma grande janela panorâmica com padrões marinhos tem um papel de grande relevância. Esta janela é talvez uma das partes mais conhecidas da casa.

    Janela panorâmica do piso principal com padrões marinhos

    Enquanto se sobe pelos vários andares do edifício começamos a notar pequenos pormenores que permitem o equilíbrio de luz e de ventilação nos vários pontos da casa. Por exemplo, note-se que os azulejos azuis vão escurecendo à medida que se vai subindo e as janelas ficando mais pequenas. Isto foi assim construído com o intuito de equilibrar a quantidade de luz que cada piso recebe. É importante aqui lembrar que esta era uma casa familiar e por isso tinha de ser funcional, o que era aliás uma das premissas deste projecto.

    No último andar, a zona dos criados, encontramos uma simplicidade que se destaca dos outros pisos com vários arcos simples pintados de branco. Há quem acredite que estes arcos representam os ossos da caixa torácica de um animal.

    No terraço superior para além da privilegiada vista sobre os vários edifícios da cidade, encontramos como principal construção as 4 chaminés policromadas projectadas de forma a evitar que o ar voltasse para dentro do edifício (imagens abaixo).

    Quando descemos as escadas, depois da visita ao terraço superior, entrámos dentro de uma espécie de sala espelhada. As portas fecharam-se e pudemos assim experienciar um show de luzes e de imagens feitas a computador com as várias obras de Gaudí. Sem dúvida uma das experiências mais marcantes desta visita.

    Durante a subida pelos vários andares um dos locais que não pudemos visitar por se encontrar em trabalhos de conservação e restauro foi o pátio.

    Fachada da Casa Batlló

    A fachada única da Casa Batlló representa Gaudí na sua imaginação livre inspirada pelos padrões e vida marinha.

    Manzana de la Discordia

    A fachada exterior é algo que não se deve perder numa visita a Barcelona. Entendo se não quiserem ou não estiverem interessados em visitar o interior da casa, mas o exterior merece ser contemplado.

    Aliás, devido às competições organizadas pela câmara municipal de Barcelona, a casa Batlló faz parte de uma fachada de 5 edifícios todos eles exemplos do modernismo, todos eles criados por arquitectos da época. Este conjunto de edifícios é chamado de Manzana de la Discordia (o quarteirão da discórdia). Os edifícios são:

    • Casa Batlló de Antonio Gaudí – Número 43
    • Casa Amatller de Josep Puig i Cadafalch – Número 41
    • Casa Josefina Bonet de Marcel-li Coquillat – Número 39
    • Casa Mulleras de Enric Sagnier – Número 37
    • Casa Lléo Morera de Luís Domènech i Montaner – Número 35

    Quando olharem para Casa Batlló não deixem de reparar na arquitectura dos outros edifícios daquela fachada.

    A lenda associada à Casa Batlló

    Apesar de Gaudí nunca ter mencionado tal facto há a crença popular que a fachada da Casa Batlló se baseia na lenda de Sant Jordi, o santo padroeiro da Catalunha. De uma forma muito simplificada a lenda conta que Sant Jordi matou o dragão com a sua espada para salvar a princesa e o povo da ira do animal.

    Com base nesta interpretação, a coluna no topo do edifício simboliza a espada de Saint Jordi que está espetada no dorso do dragão, representado pelas várias escamas coloridas. Adicionalmente diz-se que as colunas que se encontram mais abaixo e tem aparência de ossos são homenagens às vítimas do dragão.

    É justamente esta conexão entre a Casa Batlló e a lenda que ao longo da história a casa foi também conhecida como a casa dos ossos ou a casa do dragão.

    Para saber mais sobre a Casa Batlló e a sua história vejam o website oficial: https://www.casabatllo.es/en/

    Outro edifício projectado e construído por Gaudì, também ele no Passeig de Gracìa, é a La Pedrera, também conhecido por Casa Milà. La Pedrera devido à sua face exterior que lembra uma pedreira a descoberto enquanto que Casa Milà é devido ao nome dos donos que adquiram a propriedade e quem contractou Gaudì, Pere Milà e Roser Segimon. Este edifício foi construído depois da Casa Batlló; a Casa Batlló foi construída entre 1904 e 1906, a La Pedrera foi construída entre 1906 e 1912.

    Os bilhetes para visitar La Pedrera, tal como para visitar a Casa Batlló, custam 29 euros e por isso tínhamos decidido que íamos apenas visitar uma delas. A nós pareceu-nos que o interior da Casa Batlló era mais interessante apesar da história da Casa Milà ser bastante mais atribulada.

    Fachada exterior de La Pedrera

    Quando compraram a propriedade o objectivo do casal Milà era de viver no primeiro piso e de alugar os restantes quartos. O projecto começou em 1906, no entanto o processo não foi de todo sem contratempos já que Gaudí alterava constantemente o projecto incluindo o aspecto e a estrutura do edifício. Estas alterações frequentes, por um lado fez com que a construção do edifício tivesse um valor financeiro muito acima da estimativa orçamental prevista. Por outro lado, Gaudí borrifou-se (para não dizer pior) para os regulamentos da câmara municipal e construiu um edifício onde o volume do sótão e do terraço superior eram ilegais. Para mais um dos pilares da fachada acabou por ocupar parte do passeio do Passeig de Gracìa, sendo este outro incumprimento dos regulamentes municipais.

    Claro que hoje em dia o edifício que ali se ergue é a prova que o incumprimento não levou a alterações da construção, mas isto porque o edifício foi certificado como o de ter um valor cultural e por isso não ter que se submeter às regras da câmara. Mas isto não ficou concluído sem que o casal Milà pagasse uma multa de 100.000 pesetas para legalizar a construção.

    Como devem calcular tudo isto deu aso a várias discussões entre Gaudí e os donos da Casa Milà num confronto que acabou por chegar aos tribunais. Para além de ser assunto muito falado na sociedade. Como Gaudí ganhou o processo o casal teve que hipotecar a Casa Milà para pagar 105.000 pesetas ao arquitecto catalão que doou o dinheiro a um convento de freiras.

    Mais impressionante ainda é que só quando Gaudí morreu, Roser Sigmon alterou toda a decoração do seu apartamento removendo as mobílias e os tectos falsos escolhidos por Gaudí, uma vez que nunca tinha gostado da decoração.

    Seria de esperar que depois de tantas querelas entre o casal Milà e Gaudí incluindo ter de pagar uma multa de 100.000 pesetas, ao menos o apartamento fosse ao gosto do casal. O facto de Roser ter esperado que Gaudí morresse para o fazer mostra o nível de respeito que a sociedade tinha para com Gaudí.

    Para saber mais sobre a Casa Milà e a sua história vejam o website oficial: https://www.lapedrera.com/

    Depois de visitar as casas de Gaudí no Passeig de Gracìa era altura de começarmos chegar-nps à zona do restaurante onde queríamos jantar naquele dia. Para isso começámos a descer a rua passando pela Praça da Catalunha, um local a fervilhar de gente mesmo no coração de Barcelona em direcção a outra rua bastante conhecida na cidade, La Rambla ou Las Ramblas.

    Entrada principal para o mercado St Josep (La Boquería) pelas Las Ramblas

    O uso do plural, Las Ramblas, é porque a rua consiste na verdade em 5 trechos, 5 ramblas, que seguem pela a rua abaixo. Las Ramblas liga a parte alta da cidade que parte da praça da Catalunha até ao passeio marítimo mais especificamente ao Mirante de Colom.

    Breve história de Las Ramblas

    Durante o Império Romano Las Ramblas não tinha o mesmo aspecto de hoje, até porque na altura esta rua era rodeada por dois ribeiros que transbordavam quando chovia inundando por completo a zona. Mas em alturas de pouca chuva esta era usada como local de passagem para viajantes e fazendeiros. No século XV, mais precisamente em 1440, foi construída a muralha do Raval o que fez com que o rio Malla, que chegava até às Las Ramblas, se desviasse colocando esta zona a descoberto. E pode-se dizer que esta foi a verdadeira origem das Las Ramblas. Com isto esta zona começou rapidamente a desenvolver-se e no século XIX era um dos locais predilectos de vários artistos na cidade.

    Em 1888 foi construído o Monument a Colom (Monumento a Colombo) devido à Exposição Universal organizada em Barcelona nesse ano. Este monumento ainda existe e encontra-se na ponta sul (ao pé do mar) das Las Ramblas.

    Hoje Las Ramblas é uma, senão a, rua mais visitada em Barcelona onde fica também o mercado de Sant Josep (São José) mais conhecido por La Boquería.

    E foi a este mercado que fomos a seguir, e acreditem que é muito fácil ficar-se tentado a comprar alguma guloseira, seja ela doce ou salgada. E a tentação está por todo o lado, neste enorme mercado onde se encontra várias barraquinhas a vender enchidos, queijos, frutas, gomas, chocolates, empanadas, enfim frios, crus, cozidos e quentes todos juntos no mesmo espaço. E a preços bastante simpáticos para Barcelona.

    Breve história de La Boquería

    Os primeiros registros da existência de um mercado nesta zona da cidade remonta a 1217. Neles mencionam-se bancas temporárias que vendiam carne na praça de La Boquería, fazendo estas partes de um conjunto de vários mercados. Como disse acima por esta altura ainda havia o risco de inundação e por isso estas bancas eram montadas apenas quando era possível.

    Entre 1701 e 1900 o mercado passou por várias mudanças. Por exemplo, em 1777 depois da demolição do arco do portal da Boquería que fazia parte do antigo muro das Las Ramblas, as bancas de carne mudaram-se para o passeio marítimo, que fica ao pé do mar, na ponta sul das Las Ramblas. Mais tarde já no século XIX o mercado foi mudado para o jardim do convento de St Josep e temporariamente em 1823 para o convento dos Carmelitas. Em 1827 quando foi publicado o primeiro regulamento para o mercado este já contava com mais de 200 bancas; 100 a vender carne fresca e curada, 48 a vender peixe e as restantes a vender produtos diversos.

    A 28 de março de 1836 o mercado muda outra vez de localização desta vez para onde ficava o convento de St. Josep destruído depois do grande incêndio em 1835. Apesar de ser aqui a sua morada permanente até aos dias de hoje foi só em 19 de março de 1840 que se começa a construir o espaço do mercado propriamente dito seguindo o projecto de Josep Mas i Villa. Neste projecto o espaço central era para as várias bancadas enquanto que a peixaria ficaria numa outra localização, na praça de Sant Galdric. Mais tarde em 1911, também as bancas de peixe se mudam para o espaço central do mercado.

    Em 1913 é colocado o arco à entrada que seguia o movimento artística da época, o modernismo e um ano mais tarde, em 1914, é colocada a cobertura metálica sobre o mercado.

    Mais recentemente, mais precisamente desde 1985 várias remodelações e alterações têm acontecido de forma a manter este que é o mercado municipal mais antigo de Barcelona. Hoje em dia são aqui agendados vários eventos culturais, os quais podem ver no site oficial do mercado: https://www.boqueria.barcelona/home

    Para além de poderem assistir a estes eventos é claro que também se aconselha a passear pelos vários corredores do mercado passando pelas várias bancas para se deixarem cair na tentação das iguarias espanholas.

    Para jantar queríamos um prato tradicional e nada é mais tradicional do que a famosa paella. Depois de uma pesquisa sobre onde comer a melhor paella escolhemos o restaurante Colom avaliado em 4.7 (em 5). Para chegar a este restaurante basta descer Las Ramblas e entrar por uma rua transveral a Carrer del Escudellers. Como os espanhóis normalmente jantam bastante tarde nós às 7 e pouco já estavámos a ir para o restaurante até porque o restaurante não aceita reservas. Mas mesmo a esta hora já havia uma fila enorme. Acho que não minto quando digo que estivemos uma hora na fila à espera da nossa vez mas finalmente entrámos. O interior do restaurante é bastante rústico com pinturas e objectos marinhos tal como o nome sugere. Afinal Cristovão Colombo (ou Colom, Colón, Columbus, como preferirem) teve um papel enorme nos descobrimentos tendo sido ele quem descobriu a América sob a armada Espanhola.

    Para jantar pedimos 3 paellas, 1 de frango, uma mista (marisco e carne) e 1 vegetariana. As paellas eram enormes mas nós comemos tudo porque eram mesmo muito boas. E bastante baratas apesar de ter pensado que o preço do menu era por paella mas afinal era por pessoa. E por paella são duas pessoas, por isso acabou por ser o dobro do que pensava. Mas mesmo assim não foi caro, afinal por pessoa foi 9 euros e meio. E como disse a paella, melhor as paellas, eram muito boas incluindo a vegetariana.

    Ainda pedimos sobremesa que eu acho que foi caro para o que era, duas bolas de gelado e chantilly por 5.50 euros, mas ainda recebemos de oferta um aperitivo no final da refeição quando souberam que era o aniversário de um de nós (ou se calhar fazem a todos e usaram isso para nos fazer sentir mais especiais, sem o ser).

    Se acho que valeu a pena esperar uma hora? Penso que sim porque a comida era realmente boa, o atendimento rápido e simpático. No entanto quando estamos com pessoas mais velhas e depois de um dia desgastante já se começa a pensar duas vezes em nos metermos nestas aventuras. Mas apesar de tudo todos nós adorámos a paella e comeu-se bastante bem por um bom preço.

    Depois deste bom jantar foi apanhar o metro e o autocarro de volta para Gavà. Porque afinal este dia estava prestes a acabar mas o próximo muito mais nos traría. Outro dia para explorar Barcelona e a sua arquitectura moldada pelo modernismo.

    Sábado, segundo dia em Espanha, o dia em que iríamos entrar nas primeiras 24 horas das 48 da nossa viagem. Acordámos cedo e às 8 e meia já estávamos a caminho para tomar o pequeno-almoço na pastelaria SANTAGLORIA Coffee & Bakery. Esta pastelaria tinha aberto às 8 horas e quando chegámos, meia hora mais tarde, ainda estava vazia. Mas depois de nos sentarmos e de recebermos os nossos pedidos o movimento dentro do café começou rapidamente a aumentar.

    Um dos pequenos-almoços no SANTAGLORIA Coffee & Bakery em Gavà

    E foi assim que começámos propriamente o dia entre croissants, panquecas e muitos cafés. Pouco depois das 9 da manhã já descíamos a rua principal de Gavà em direcção à estação de comboio para irmos para Barcelona. Como já mencionei várias vezes, o comboio entre Gavà e Barcelona passa várias vezes por dia e por isso é que ficar em Gavà foi uma decisão que fizemos sem termos grandes dúvidas.

    Chegada

    A razão para acordarmos cedo foi porque tínhamos comprado os bilhetes com antecedência para visitar a La Sagrada Família com entrada marcada para as 11 da manhã. Os bilhetes vinham com um aviso que se não chegássemos a horas podíamos já não puder entrar. E vou deixar aqui a ressalva que se querem visitar este lugar é quase obrigatório comprarem os bilhetes antes de viajarem senão podem não conseguir arranjar bilhetes. Isso já eu tinha aprendido na primeira vez que tinha visitado Barcelona em 2017. Os bilhetes neste momento, em 2025, custam 26 euros por pessoa.

    Interior da La Sagrada Família

    Para chegar à La Sagrada Família de Gavà tivemos que apanhar o comboio e sair na estação Barcelona-Sants e depois apanhar o metro e sair na estação da Sagrada Família. Com medo de chegar tarde (aliás eu é que estava com medo, parte inerente da minha personalidade) acabámos por chegar cedo demais. Afinal chegámos nem eram 10 e meia e tivemos que esperar quase meia hora, uma vez que só nos deixavam entrar no minímo 10 minutos antes da hora marcada no bilhete. Aproveitámos este tempo para dar a volta a esta basílica para a ver o seu exterior de todos os lados.

    Aplicação de telemóvel da La Sagrada Família

    Uma das coisas que realmente recomendo a fazerem antes da vossa visita é o download da aplicação da La Sagrada Família e trazerem convosco fones – a informação como fazer o download vem com a compra dos bilhetes. Assim poderão ouvir calmamente o guia gratuito que está disponível através da aplicação com informações sobre cada parte da basílica incluindo o simbolismo dos diversos detalhes em cada parte que estão a visitar. Nós demorámos mais de 1 hora e meia a visitar a basílica, mas pode-se passar aqui muito mais tempo se quiserem ver cada detalhe com atenção.

    Fachada do Nascimento

    A visita à basílica começa de frente para a fachada do Nascimento, onde está representado o nascimento de Jesus. O que é importante ter em conta quando se visita a La Sagrada Família é que esta criação de Gaudí não é só para exaltar as formas da natureza, mas também da religião. Afinal nesta parte da sua vida, o arquitecto catalão era obcecado por ambas e isto reflecte-se em todas as partes desta basílica. A fachada do Nascimento é a exaltação da criação divina, de todos os seres vivos inseridos na natureza.

    Nesta fachada há tantas detalhes e símbolos que foi por aqui que Gaudí começou a construir a basílica. Gaudí sabia que não viveria para ver a sua obra acabada e por isso começou por esta fachada, sendo ela uma das mais complexas do edifício deixando instrucções específicas para aqueles que o substituíram. Gaudí sabia que acabando ele esta fachada os seus sucessores conseguiriam seguir os seus planos de forma a construir o resto da basílica da forma como ele tinha a projectado.

    Interior

    Quando se entra para a basílica, no seu interior encontra-se um espaço amplo onde há uma simplicidade majestosa. Os corredores no interior da basílica formam uma cruz onde a entrada (fachada do Nascimento) e a saída (fachada da Paixão) são os braços mais curtos da cruz e a futura fachada da Glória a parte mais comprida. Gaudí queria aqui representar o interior de um bosque, um espaço onde se encoraja a espiritualidade e a elevação da alma e da oração.

    As colunas que formam os troncos das árvores vão ficando mais altas à medida que avançamos para o altar. Mas o mais memorável são os muitos vitrais que dão cor às janelas à volta da basílica. Do lado da fachada do Nascimento, os vitrais são de várias tonalidades de azul e verde representando as cores da manhã. Do lado contrário, o da fachada da Paixão, as cores prominentes são os amarelos, laranjas e vermelhos, as cores do final do dia.

    Fachada da Paixão

    De volta ao exterior, agora do lado da saída, encontramos a fachada da Paixão. Nesta está representada os últimos dias de vida de Jesus incluindo a sua morte. Aqui Gaudí queria representar a realidade cruel e crua da morte e da dor, e por isso a arquitectura angulosa desta fachada contrasta não só fisicamente, mas também simbolicamente com a da fachada do Nascimento.

    Fachada da Glória

    La Sagrada Família ainda se encontra em construção o que nos é lembrado pela presença do permanente guindaste. É notável que esta basílica tenha vindo a ser construída por mais de 100 anos, desde 1891, quando Gaudí começou a construir a fachada do Nascimento, depois de ter ficado encarregue do projecto em 1883. A construção de uma basílica na cidade foi um projecto começado pelo arquitecto Francisco de Paula del Villar e desde 1914 até a sua morte em 1926, Gaudí trabalhou apenas neste projecto.

    Quando visitei a basílica pela primeira vez em 2017 o final da La Sagrada Família era esperado para 2026, aquando dos 100 anos da morte de Gaudí. Entretanto o COVID-19 e outros factores levaram a uma alteração de planos e de momento não há uma data prevista para a finalização da construção da La Sagrada Família. Mas sabemos que a última parte a ser construída será a fachada da Glória, que ficará ao fundo de frente ao altar.

    Interior da La Sagrada Família

    Todos estes pormenores e mais detalhes estão disponíveis na aplicação, a qual recomendei acima, mas para quem não vai visitar a basílica e queira saber mais pode aceder a vários documentos sobre a construção da La Sagrada Família, as várias partes deste edifício tal como mais informações sobre Gaudí no website oficial: https://sagradafamilia.org/

    Como chegar

    O próximo local da nossa agenda era o Parc Güell. Também para o Parc Güell é preciso, ou melhor é altamente recomendado, a compra atempada de bilhetes. Tínhamos marcado entrada para as 2 e meia e felizmente ainda tínhamos tempo até porque chegar ao Parc Güell da Sagrada Família não é tão fácil como se possa pensar. Pelo menos não era na hora em que queríamos ir. E o problema com o Parc Güell não é a distância mas sim o caminho que é sempre a subir se não se ficar numa estação de metro ou de autocarro perto do parque.

    Como tínhamos tempo começamos a subir devagar a rua para depois apanharmos o autocarro que nos deixaria praticamente à porta do Parc Güell. Ainda pelo caminho, na Travessera de Gracìa, encontrámos uma espécie de concerto com música e pessoas a dançar e fizemos uma paragem rápida para uma bebida um pouco mais acima na rua, no Artesano Bistrò.

    Bebidas no Artesano Bistrò

    Acho que eles não gostaram muito que nos ficássemos apenas pela bebida, mas a próxima refeição estava marcada para mais tarde. Depois de um descanso na esplanada lá fomos apanhar o autocarro V19 na Pi i Margall. Contudo se os comboios estavam cheios nem sei bem o que dizer deste autocarro. Mas passado 15 minutos lá chegámos à nossa paragem e quase à hora marcada nos nossos bilhetes.

    Visita

    Chegámos à entrada do parque com 5 minutos de antecedência e foi aqui que nos disseram que a hora que estava nos bilhetes era a de entrada na Casa-Museu de Gaudí e que era para aí que nos devíamos dirigir imediatamente.

    Caminho das Palmeiras

    Com estas instrucçōes seguimos as tabuletas que indicavam o caminho e foi assim que o começo da nossa visita foi na casa onde Gaudí viveu com o seu pai e com a sua sobrinha desde 1906. De todos os locais que visitámos em Barcelona, este foi sem dúvida o local onde passámos mais tempo e mesmo assim não o vimos todo. Mas acho que vimos o suficiente para saber que este parque público não é um parque normal e que o contributo de Gaudí tornou este lugar de grande valor cultural e artístico.

    Plano inicial para o Parc Güell

    Eusebi Güell, um empresário catalão que fez a sua riqueza com a revolução industrial na Catalunha, deu o projecto do Parc Güell a Gaudí em 1900. Mas a relação entre os dois já vinha de anos vindouros, tendo começado em 1878 quando Güell viu uma vitrine que Gaudí criou para um vendedor de luvas, Esteve Comella, na Exibição Universal em Paris. A partir desta data houve vários projectos que levaram Güell a contractar Gaudí como colaborador o que deu a oportunidade a este de trabalhar com outros arquitectos como Joan Martorell i Montells e Francesc Berenguer. Um destes projectos foi a construção da casa da família Güell no centro de Barcelona, o Palau Güell em 1898. O Palau Güell para quem o queira visitar fica numa rua transversal à Las Ramblas do lado oposto da rua onde jantámos no dia anterior, o restaurante Colom.

    Vista de Barcelona do roteiro da biodiversidade do Parc Güell

    Eusebi Güell adquiriu o terreno de 12 hectares na Muntanya Pelada (montanha nua) com a intenção de construir aqui uma urbanização privada para famílias abastadas. Eusebi Güell terá pensado que aquela zona seria muito procurada uma vez que ficava no meio da montanha com vistas magníficas para o mar e para a cidade. O plano era de construir 60 lotes para 60 casas, mas no final apenas duas foram construídas.

    Apesar do projecto não ter tido o sucesso pretendido o seu planeamento inicial requereu um especial cuidado devido ao tipo de terreno da propriedade. Gaudí construiu vários sistemas para recolher e armazenar água, tendo estes sido projectados com base nos sistemas rurais que o arquitecto tinha conhecido na sua infância. Também Gaudí não quis remover a flora local e apenas adicionou plantas mediterrâneas que não necessitassem de muita água. Estas escolhas e acções foram para proteger o solo da erosão causada pelas chuvas fortes do mediterrâneo e para que houvesse água suficiente para os habitantes da urbanização.

    Viaduto do nível inferior

    A construção do parque começou em 1900 e em 1907 já a praça principal (a que se deram os nomes de Teatro Grego e Praça da Natureza) recebia vários eventos. Em 1914 foi concluído o famoso banco que rodeia esta praça o qual é muito procurado hoje. Aliás aviso desde já que há uma grande competição para tirar fotografias neste longo banco. E como se sabe o que acontece neste tipo de sítios, o comportamento humano torna- se ridículo e até desrespeitoso. Afinal não precisamos de nos sentar ao colo de desconhecidos para tirar a fotografia de um certo ângulo. Enfim, problemas de primeiro mundo.

    Teatro Grego também conhecido por Praça da Natureza

    Como disse acima no final apenas duas casas foram construídas e a primeira foi a casa Trias quando o primeiro lote foi vendido em 1902 ao advogado Martí Trias i Demènech. Ao mesmo tempo que esta casa era construída pelo arquitecto Juli Batllevel também era construída a casa modelo (que hoje é a Casa-Museu) projectada pelo assistente de Gaudí, Francesc Berenguer. O objectivo desta casa era de incentivar a compra de lotes na propriedade. Como já disse, Gaudí mudou-se para aqui com a sua família em 1906. Também Güell e a sua família mudaram-se para o parque depois da casa Larrard ser remodelada em 1907.

    Do sonho da urbanização privada a parque público

    Em 1914 devido à falta de compradores o projecto tornou-se inviável. E a falta de interesse deveu-se a vários factores; a antigos e complexos arrendamentos enfitêuticos, a falta de um sistema de transportes apropriado e a exclusividade do empreendimento. A propriedade tornou-se então num grande jardim privado onde decorriam eventos públicos e o qual começou a atrair grande interesse turístico.

    Depois de Güell morrer em 1918 a família doou o parque à Câmara Municipal que se tornou a sua oficial proprietária a 26 de maio de 1922. A casa onde a família Güell viveu tornou-se numa escola e a casa modelo foi aberta ao público em 1963.

    Para além dos locais já mencionados outras zonas de interesse podem ser visitadas, tais como:

    • Viadutos (nos 3 níveis do parque)
    • Entrada e os pavilhões da guarita do porteiro (entrada sul)
    • Montanha das Três Cruzes
    • Jardins da Aústria
    • Caminho das Palmeiras
    • Escadaria do Dragão
    • Roteiro da Biodiversidade

    O percurso que fizemos pelo Parc Güell

    Mapa do Parc Güell disponível no website oficial: https://parkguell.barcelona/

    Nós não entramos pela porta principal na zona sul do parque, mas antes pela entrada mais a norte ao pé da Casa-Museu (número 5 no mapa) e foi por esta casa que começamos a visita.

    Descemos depois até ao Teatro Grego para nos sentarmos e apreciar a vista magnífica da cidade. Bastou alguns minutos ali para nos apercebemos da tal euforia desmedida para tirar a fotografia no ponto certo o que fez com que o civismo e o respeito pelo espaço pessoal fossem descartados. E foi por isso que não ficámos muito tempo aqui e subimos pelo roteiro da biodiversidade (ponto 2 no mapa). Chegámos ao ponto mais alto do parque (ponto 1 no mapa) onde se encontram as 3 cruzes. Nos planos iniciais para este parque aqui pretendia-se construir uma capela para os habitantes da urbanização, mas como tal não aconteceu as cruzes foram colocadas ali para marcar o local.

    O pico mais alto do Parc Güell, a montanhas das três cruzes

    Foi por trás deste local, agora voltados para as montanhas, que nos sentámos por um bom bocado nos bancos. Afinal parecendo que não o dia estava a ser longo. Interessante, mas longo. Deste ponto do parque conseguimos avistar Tibidabo onde se encontra o Templo do Sagrado Coração.

    Depois das fotografias tiradas, conversa posta em dia e pés e pernas mais repousados começámos a dirigir-nos para a saída agora passando pela casa de Trias (ponto 4 no mapa). Pelo itinerário que fizemos fomos passando pelos viadutos construídos nos vários níveis da montanha, o que tornou o caminho ainda mais bonito.

    Viaduto do nível médio do Parc Güell

    Os bilhetes para o Parc Güell, sem a visita à Casa-Museu, custam 18 euros e com a Casa-Museu custam 24 euros por pessoa.

    Para quem quer conhecer o Parc Güell sem sair do sofá, o melhor é mesmo aproveitar a tour virtual disponível em: https://parkguell.barcelona/visitavirtual/

    No Parc Güell acabava-se a nossa viagem pelas obras de arte de Gaudí. O resto da viagem seria passada a conhecer outros locais por Barcelona que não estavam associados a este grande arquitecto catalão. E sim, sem dúvidas que Gaudí foi um grande arquitecto, sendo 7 das suas construções parte do Património Mundial da UNESCO. Para além dos locais que visitámos nesta viagem – Casa Battlò, Casa Milà (La Pedrera), a fachada da natividade da La Sagrada Família e o Parc Güell – também outros edifícios de Gaudí constatam nesta lista, os quais são:

    • Palau Güell
    • Casa Vicens
    • Cripta da Colónia Guell

    Todos estes locais podem ser visitados e certamente que valerá a pena incluí-los nos vossos itinerários.

    Depois de visitarmos a La Sagrada Família e o Parc Güell chegava a hora de irmos para a parte sul da cidade perto do mar. Como não queríamos voltar a fazer o caminho de volta dentro de um autocarro sem espaço e meio aos tombos decidimos descer a rua até à estação de metro Afonso X e sair em Barceloneta. Afinal a descer o caminho já se fazia bem.

    Por esta altura o pequeno-almoço já tinha sido há bastante tempo e estava na hora de irmos comer qualquer coisa. Ao contrário do que é hábito nosso escolhemos um sítio para uma refeição ligeira que não vende comida tradicional espanhola, mas sim italiana. O local chama-se A Vol A Vol e está muito bem avaliado na internet.

    Da estação de Barceloneta tivemos apenas de andar 10 minutos para chegar a este pequeno estabelecimento. E é bastante pequeno, mas felizmente conseguimos arranjar uma mesinha num canto já que não estava muita gente quando chegámos e a maior parte dos clientes vinha e ia com a comida na mão. As escolhas aqui variam entre fatias de diferentes pizzas e vários productos de pastelaria.

    Primeiro começámos pelas fatias de pizza – escolhemos fatias da pizza margherita, pizza de prosciutto e funghi e pizza de mortadela com stracciatella e pistachio. O menu das pizzas está disponível na conta deles de instagram: https://www.instagram.com/avolavolbcn_.

    Cada fatia de pizza (ou melhor cada quadrado) ficou entre 6.5 a 9 euros, dependendo do tipo de pizza. Acabámos por não resistir e também experimentámos os croissants – um recheado com creme de baunilha e outro com creme de pistachio. Ambos eram uma delícia e muito baratos – cada croissant custou 1.5 euros.

    Productos de pastelaria doce do A Vol A Vol

    Também pedimos uma espécie de biscoito porque pensámos que fosse frittelle, uns doces que experimentámos na nossa última viagem a Itália (ver aqui), mas apesar de bom não era o tal doce pelo qual nos tínhamos apaixonado em Veneza.

    Depois da refeição como já passava das 6 e meia da tarde já não fomos à praia da Barceloneta, a praia mais famosa de Barcelona. Já agora menciono que também aqui fica o Museu da História da Catalunha. Nós não os visitámos durante esta viagem, mas sim em 2017 quando visitei Barcelona pela primeira vez (ver aqui).

    Em vez da praia fomos para o Parc de la Ciutadella, onde àquela hora muitos aproveitavam para descansar ou passear. Nós fomos andando devagar pelos caminhos dentro do parque em direcção ao Arco do Triunfo. Espalhados por este parque há vários locais de interesse, tais como:

    • Jardim zoológico de Barcelona
    • Castell dels Tres Dragons (castelo dos três dragões)
    • Museu Centre Martorell d’Exposicions (museu da história natural)
    • Parlament de Catalunya (edíficio do parlamento catalão do século XVIII)
    • Cascada monumental (escadaria)
    • Hivernacle del Parc de la Ciutadella (estufa)
    • Umbracle del Parc de la Ciutadella (jardim botânico)

    Pelo caminho fomos encontrando várias estátuas, tal como a estátua equestre do General Joan Prim, e vários artistas de rua como mostram os vídeos abaixo.

    Culminámos o nosso passeio com a chegada ao Arco do Triunfo, este com uma arquitectura bem diferente do seu homólogo em Paris. Este monumento de 30 metros de altura foi construído na segunda parte do século XIX pelo arquitecto Josep Vilaseca i Casanovas. O arco foi construído para funcionar como entrada para a Exposição Universal que decorreu em Barcelona em 1888, precisamente no parque da citadela. Exposição essa que foi um dos impulsionadores do movimento artístico, o modernismo, na cidade de Barcelona. Este arco de estilo neo-mudéjar, também conhecido por estilo neo-islâmico, marcou o início do modernismo na cidade.

    Arc de Triomf

    Os detalhes que se veem no arco têm o seu próprio simbolismo, como por exemplo o friso da parte do arco voltado para o centro da cidade que representa as boas-vindas de Barcelona às nações – não nos podemos esquecer que este arco foi construído como porta de entrada à Exposição Universal. Mesmo por cima do arco figuram os brasões das 49 províncias espanholas encontrando-se o brasão de Barcelona ao centro.

    Antes de deixarmos Barcelona ainda tirámos uma fotografia todos juntos. Isto porque havia uma rapariga que estava a tirar fotografias e a imprimi-las em páginas a imitar jornais como se a nossa visita figurasse na primeira página de um jornal. Já tinha visto nas redes sociais a fazerem isso em Londres, mas parece que a práctica se espalhou por outros países. Cada cópia ficou apenas a 1 euro e além do mais é uma memória gira e original da nossa viagem.

    Estátua equestre do General Joan Prim no Parc de la Ciutadella

    Com o sol mesmo a desaparecer no horizonte fomos apanhar o metro à estação Barcelona-Arc de Triomf para depois apanhar o comboio em Barcelona-Sants de volta a Gavà. Como afinal a refeição no A Vol A Vol tinha sido mais substancial daquilo que esperávamos já só fomos petiscar muito depois de termos chegado ao nosso apartamento. Foi por que isso que apenas às 10 e meia da noite é que decidimos ir comer umas tapas ao restaurante La brasa 2022.

    Domingo, o último dia da viagem, amanhecia mais uma vez solarengo. Aliás um dia de verão em pleno outubro. Todos os dias que tínhamos estado em Barcelona tinham sido de calor, mas o de hoje seria particularmente quente.

    Ao contrário de Sábado, hoje acordámos um bocadinho mais tarde. Como metade do nosso grupo tinha voo no início da tarde decidimos passar uma manhã lazeira em Gavà. Saímos de casa já perto das 11 da manhã para ir tomar o brunch. Escolhemos o ‘El Cafe de la Rambla’ que fica na rua principal de Gavà. Sentados à esplanada aproveitámos aqueles últimos momentos em família num ambiente relaxado e sereno antes de apanharmos o autocarro (L99) para o aeroporto.

    Depois de deixarmos os que partiam mais cedo para casa, apanhámos o autocarro para Barcelona, afinal o nosso voo era só às 10 da noite e mesmo assim acabou por se atrasar e sairmos bem mais tarde.

    Desta vez fomos para a zona de Montjïuc. Já tinha visitado uma parte deste lugar em 2017 (ver aqui) como por exemplo o castelo com vistas maravilhosas especialmente para a zona de Barceloneta, mas nesta montanha havia muito mais para visitar. Hoje iríamos ficar pela parte do sopé da montanha onde fica o Museu Nacional de Arte da Catalunha, as Torres Venezianas e a Fonte Mágica. Esta zona foi completamente transformada devido à Exposição Universal que decorreu em 1929 em Barcelona.

    Tal como a de 1888 também a exposição de 1929 impulsionou a arte e a cultura na cidade. Brevemente vou só dizer que a Exposição Universal é uma espécie de feira onde cada país tem a oportunidade de mostrar os grandes feitos da sua nação, o que pode ser em diferentes áreas tais como cultura, arte ou engenharia. Esta exposição oferece a oportunidade de conhecer o que está a acontecer no mundo, especialmente numa altura em que não havia internet e por isso a informação e o conhecimento não eram tão facilmente acessíveis. Como vimos quando falámos do Parc de la Ciutadella, em 1888 esse foi o local da exposição enquanto que em 1929 foi aqui em Montjïuc.

    Torres Venezianas

    Torres Venezianas

    Quando chegámos a este local o primeiro monumento que vimos foram as Torres Venezianas. Estas duas torres são símbolos icónicos da cidade fazendo parte do legado deixado pela exposição de 1929. Aliás estas duas torres foram instaladas para servirem de entrada à Exposição Universal. As duas torres simétricas foram construídas entre 1927 e 1928 com base na torre do Campanário de São Marcos em Veneza e por isso o seu nome, Torres Venezianas. Apesar de a torre de Veneza ter maiores dimensões, estas duas torres não deixam ninguém indiferente. A parte engraçada é que estas torres quando foram construídas eram para ser temporárias, ou seja, depois da exposição eram para ser demolidas. E por isso os materiais usados na sua construção não foram os de melhor qualidade. Como depois da exposição decidiu-se em manter as torres tem desde então havido um trabalho imenso de manutenção para compensar a falta de qualidade dos materiais.

    Fonte Mágica

    Fonte Mágica

    Depois de admirarmos as Torres Venezianas seguimos pela estrada em direcção à escadaria que subia para o Museu Nacional de Arte da Catalunha. A meio do caminho ainda parámos brevemente perto da Fonte Mágica. O seu nome é devido ao conhecido espectáculo de luzes e jactos de água organizado à noite. No entanto nos tempos que correm infelizmente este espectáculo está cancelado pois Barcelona, ou melhor toda a Espanha, tem sofrido de seca extrema. Sendo assim a água fornecida a esta fonte foi cortada. Um alerta de emergência foi comunicado pelas autoridades no início de 2024 depois de 3 anos de seca extrema. Por enquanto o espectáculo da Fonte Mágica é apenas uma miragem.

    Quatro colunas

    Entre a fonte e o museu, enquanto se sobe pelas escadarias, encontram-se as quatro colunas. Estas colunas não são as originais, as primeiras foram construídas em 1919 e demolidas em 1928. A sua demolição foi ordenada pelo Miguel Primo de Rivera y Orbaneja, ditador que governou Espanha entre 1923 e 1930, por representarem o nacionalismo catalão. A altura em que a ordem de demolição foi dada esteve ligada à Exposição Universal que decorreria no ano seguinte e que traria todas as nações a Barcelona.

    Quatro colunas

    Felizmente em 2008 o Parlamento da Catalunha com o apoio de todos os partidos políticos aprovou a restituição deste símbolo catalão. Em homenagem aos patriotas catalães as colunas foram reconstruídas em 2010 a poucos metros do seu local original.

    Museu Nacional de Arte da Catalunha

    Ao chegar ao topo das escadarias ficámos frente a frente com este magnífico edifício que é o Museu Nacional de Arte da Catalunha. E o melhor era que se olhássemos para trás teríamos uma vista magnífica daquela parte da cidade.

    A chegar à entrada do Museu Nacional de Arte da Catalunha

    A entrada do museu é paga tirando sábados depois das 3 da tarde e primeiros domingos do mês. Sem planearmos fomos visitar o museu no primeiro domingo do mês de outubro com a agradável surpresa de o puder visitar gratuitamente. Mas tivemos de ser rápidos porque o museu fechava às 3 e nós a entrar uma hora antes de fechar. Mesmo assim tivemos a oportunidade de visitar várias colecções do museu como por exemplo:

    • Românico medieval
    • Gótico medieval
    • Renascença e Barroco
    • Arte moderna

    Mas há muito mais para visitar por exemplo colecções de fotografia, desenhos, gravuras e cartazes. A construção deste museu foi impulsionada pela Exposição Universal em 1929 tendo as colecções aumentado com o tempo o que levou também à remodelação das várias salas dentro do museu.

    Para mais informações sobre o museu clique no seguinte link: https://www.museunacional.cat/ca

    Miradouro panorâmico do centro comercial Arenas de Barcelona

    Como às 3 da tarde o museu fechou voltámos a descer as várias escadarias, a passar pelas Torres Venezianas e a entrar no centro comercial que fica de frente, o Arenas de Barcelona. Como estava realmente calor, de tal maneira que se tivéssemos decidido antes fazer um dia de praia não teria de todo sido uma má ideia, aproveitámos o ar condicionado e um dos cafés para nos sentarmos a tomar uma bebida fresca.

    Miradouro panorâmico do centro comercial Arenas de Barcelona

    Mas a ideia de virmos a este centro comercial não foi nem pelas lojas nem pela bebida ou comida. Viemos sim pelo miradouro que fica no topo do centro comercial. E nem um cêntimo custa! O miradouro panorâmico de 360º oferece vistas magníficas de toda a cidade principalmente da zona de Montjïuc. Fica aqui a dica!

    Antes de irmos para o aeroporto ainda havia tempo para uma última refeição. E desde o início da viagem que sabíamos onde queríamos ir. Ramen tem-se tornado um dos pratos japoneses mais famosos da cidade com vários restaurantes óptimos (muito bem avaliados) por onde escolher. Como o meu marido tinha experimentado Ramen Shifu em Valência e tinha adorado era num destes locais da franchise que íamos finalizar a nossa viagem a Espanha. O restaurante mais perto de onde nos encontrávamos era o que ficava ao pé do Passeig de Gracía e até podíamos ter lá chegado em menos de 15 minutos se tivéssemos ido de metro, mas decidimos ir a pé num passeio de meia hora. O caminho é sempre a direito por isso não havia muito que enganar.

    Takoyaki (entrada)

    Quando chegámos o restaurante estava practicamente vazio e rapidamente nos vimos sentados numa das mesas. A decoração do restaurante era muito gira com vários desenhos animados japoneses (também conhecido por anime) espalhados pelas paredes.

    Para localizações e mais informações visitem o website oficial: https://www.ramenshifu.com/

    Vou já ser spoiler e dizer que não achei a refeição nada de especial e mesmo o meu marido disse que os mesmos pratos que tinha comido em Valência tinham sido melhores lá. Ou seja, para mim infelizmente foi uma desilusão. Mas talvez porque também ia com grandes expectativas.

    Para entrada pedimos Takoyaki, 4 croquetes de polvo com molho de okonomiyaki e maionese decorados com flocos de peixe. Da refeição este foi o prato que gostei mais mas o rácio polvo:massa não estava a melhor, muita massa e pouco polvo. Ficou até a pergunta no ar se um dos croquetes tinha polvo. Para ramen eu pedi o Fried Chicken Ramen para não ser o mesmo que o do meu marido, e foi uma grande desilusão – sabia a canja. O molho sabia exactament a canja. O do meu marido, o Spicy Fried Chicken Ramen era muito melhor. Apesar de ele ter pedido um nível de picante mais alto do que devia. Mas pronto, parece-me que eu é que pedi mal. Acontece. Mas claro que não fiquei super fã deste restaurante, mas talvez tenha só de voltar e pedir algo diferente. Algo com menos sabor a sopa portuguesa, isso é certo.

    Aliás o mesmo se passou este mês, mas agora em Inglaterra. Um dos famosos restaurantes franchise para comer ramen no Reino Unido é o Wagamama. E eu adorei o meu ramen de carne de porco desfiada e o meu marido odiou o dele, o de carne de vaca. Por isso digo que talvez tenha sido eu a escolher mal, porque certamente uma má escolha pode ter um impacto imenso sobre opinião com que ficamos sobre um certo restaurante.


    E foi aqui que se acabaram as nossas 48 horas em Barcelona. Apesar de tudo visitámos imensos locais para o tempo que tínhamos. E adorámos cada minuto. O que aprendemos sobre a cidade? Que o modernismo revolucionou Barcelona, que um arquitecto chamado Gaudí deu um valor artístico e cultural imbatível a Barcelona e que explorar pequenas cidades como Gavà é como encontrar pequenos tesouros escondidos.

    Se tiverem mais dias para explorar Barcelona não deixem de ir ao topo do Montjïuc, visitem as ruazinhas do Bairro Gótico e espantem-se no museu do chocolate. Isso e muito mais podem ver na página sobre a minha viagem de 4 dias a Barcelona: