Ronda

Indíce neste post

  1. Roteiro pelo sul de Espanha
  2. Chegada ao aeroporto de Sevilha
  3. Como chegar a Ronda
  4. Em Ronda
    1. Hotel Colón
    2. Iglesia de Nuestra Señora de la Merced
    3. Alameda del Tajo
    4. Plaza de Toros de la Real Maestrana de Caballería de Ronda
    5. Puente Nuevo e miradoro de Aldehuela
    6. Mirador de los Viajeros Románticos
    7. Casa Museo Don Bosco
    8. Desfiladero del Tajo
    9. As ruínas em Ronda da Era Mourisca
    10. Casa del Rey Moro
    11. Arco de Felipe V e Puente Viejo
    12. Jardines y Mirador de Cuenca
    13. La Taberna y el rabo de toro
    14. O anoitecer em Ronda
    15. Puerta de Almocábar
    16. Desfiladero del Tajo à noite
    17. Restaurantes Las Maravillas
    18. Doce de pastelaria típico

Para a nossa primeira viagem de 2025 queríamos ir a um sítio onde a probabilidade de estar sol fosse alta e onde as temperaturas fossem amenas. Depois de semanas sem ver o sol e com a noite a chegar às 3 da tarde estávamos a precisar de uma mudança de clima. Afinal viver em Inglaterra tem estas ‘pequenas’ desvantagens. Como já há algum tempo tinha Sevilha na ideia, marcámos uma semana para visitar Sevilha e já agora incluir outras cidades, que acabaram por ser Ronda e Córdoba.

Roteiro pelo sul de Espanha

O itinerário teve que ser organizado atempadamente para sabermos como e quando íamos para cada cidade. Ficou então escolhido voar para Sevilha no sábado à noite e ficar lá uma noite. No dia seguinte, apanhar o autocarro de manhã para Ronda. Na segunda-feira apanhar os comboios para Córdoba e depois passado 2 dias e meio o comboio para Sevilha onde ficaríamos mais dois dias antes de voltar para casa.

Puente Nuevo em Ronda do Mirador de Aldehuela

Com este itinerário em vista e com os bilhetes para visitas e transportes comprados atempadamente partimos de Londres para Sevilha. Deixo já aqui o spoiler que foi uma viagem fantástica, adorei imenso Sevilha, espantei-me com Córdoba e fiquei enamorada por Ronda.

Chegada ao aeroporto de Sevilha

Primeiro hotel em Sevilha

Aterrámos já ao final do dia em Sevilha e fomos logo para o hotel, onde iríamos passar a primeira noite. O hotel era o Ibis Styles Sevilla City Santa Justa. Para aqui chegar do aeroporto apanhámos o autocarro EA e a viagem demorou cerca de meia hora. Foi também este o autocarro que apanhámos quando voltámos para o aeroporto. Os hotéis desta viagem foram reservados em duas plataformas, no booking.com e no trip.com.

O nosso quarto no hotel Ibis Styles Sevilla City Santa Justa

No total ficámos em 2 hotéis diferentes em Sevilha e este foi sem sombra de dúvidas o melhor. Apesar de o termos escolhido por engano; quando tínhamos estado à procura de como ir de Sevilha para Ronda pensámos que o autocarro passava pela estação de comboios de Santa Justa, a poucos minutos do hotel. Afinal esse percurso já não é feito e para apanhar o autocarro tem de se ir à Plaza de Armas que fica a cerca de 40 minutos a pé. Mas foi um erro feliz, gostei imenso da decoração do quarto, do ambiente do hotel, o recepcionista foi muito simpático e o pequeno-almoço o melhor da viagem. E este foi mais barato do que o outro hotel onde depois ficámos na cidade. Por isso se for para ficar em algum sítio aconselho o hotel Ibis Styles. Pode ser este em Santa Justa ou outro da mesma cadeia de hotéis que estão espalhados pela cidade.

Pequeno-almoço no hotel Ibis Styles Sevilla City Santa Justa

Com o check-in feito e as malas pousadas no quarto era hora de irmos jantar. Infelizmente a hora tardia impedia-nos de escolher livremente o que queríamos comer pois já não havia muitos estabelecimentos abertos àquela hora que vendessem comida. Mesmo quando perguntámos ao recepcionista, quando fizemos o check-in, disseram-nos que àquela hora só havia um sítio local, mas mesmo aí a cozinha fechava em meia hora. Como também não queríamos estar a fugir, até porque haveria muitas oportunidades para experimentar a cozinha local, acabámos por ir parar ao ‘nosso’ local de emergência: o Burguer King.

E estava bastante cheio principalmente quando já estávamos sentados, pois tinha mesmo nessa altura terminado um jogo de futebol. E já se sabe que no Burguer King a comida é rápida, razoavelmente barata e não há muito que enganar. E nos dias seguintes fartamo-nos de experimentar restaurantes locais.

Depois do jantar fomos para o quarto. Afinal tínhamos que acordar cedo no dia seguinte para ir apanhar o autocarro.

Como chegar a Ronda

No domingo de manhã acordámos ainda não eram 8 horas para nos arranjarmos, irmos tomar o pequeno-almoço, o qual já disse acabou por ser o melhor da viagem, e pormo-nos a caminho para a Plaza de Armas. Como não conhecíamos bem a zona saímos por volta das 9 da manhã para chegar à estação de autocarros com algum tempo de antecedência.

Quando começámos a nossa caminhada matinal de 40 minutos, o tempo estava meio ‘xoxo’ com bastante nevoeiro, mas durante o caminho o nevoeiro levantou-se e quando chegámos ao autocarro já o sol brilhava num céu azul sem nuvens.

O nosso autocarro estava marcado com saída às 10 da manhã. Tínhamos já comprado os bilhetes com 10 dias de antecedência com medo que se pudessem esgotar. Comprámos os bilhetes na Omio (https://www.omio.com/) e cada bilhete ficou a 12 euros e pouco. A companhia de autocarros que escolhemos chama-se DAMAS e não tivemos qualquer problema com os bilhetes ou com a viagem.

Castelo por onde passámos durante a nossa viagem de autocarro para Ronda
Uma das bonitas paisagens do percurso de autocarro de Sevilha para Ronda

A viagem demorou 2 horas e pouco e passou num ápice. Isto também porque a viagem entre Sevilha e Ronda é muito bonita, passa-se por vales, montes, montanhas e castelos. Sem falar das pequenas vilas. Paisagens completamente arrasadoras que mostraram que viajar de autocarro para Ronda tinha sido a escolha certa.

Em Ronda

Quando chegámos a Ronda fomos primeiro ao nosso hotel. Apesar de ser bastante cedo para fazer o check-in queríamos perguntar se podíamos deixar as malas e mais tarde voltar ao hotel para receber a chave do quarto. O hotel onde ficámos foi o Hotel Colón com uma óptima localização. Em 15 minutos estava-se no centro da cidade e mesmo ao lado tinha-se a Alameda do Tajo, um dos locais mais famosos da cidade.

Quando chegámos ao hotel disseram-nos que se voltássemos à 1 o nosso quarto estaria pronto e que poderíamos entrar mais cedo (eram agora perto do 12:20). Assim sendo, decidimos deixar as nossas malas e começar o nosso percurso por Ronda e a meio voltar para trás para fazer o check-in.

Com vista a voltar dali a quarenta minutos fomos primeiro visitar a igreja que ficava mesmo ao lado do hotel, a iglesia de Nuestra Señora de la Merced. Apesar de linhas simples o edifício é impossível de passar despercebido. A igreja é mais conhecida por guardar a relíquia ‘mano incorrupta de Santa Teresa’. Santa Teresa de Ávila reformou a Ordem Carmelita juntamente com São João no século XVI. Desta reforma resultou um braço da Ordem Carmelita, la Orden de los Carmelitas Descalzos, que se focava na oração, na vida comunitária e na austeridade. A palavra ‘descalzos’ neste tópico significa vida de pobreza e de simplicidade.

Junto à igreja encontra-se o convento onde moram as últimas 4 freiras parte desta Ordem. De momento, estão numa angariação urgente de mais membros pois de acordo com as leis do Vaticano, o convento requer no minímo a presença de 6 membros para se manter aberto. E por isso este convento do século XVI está em risco de ser encerrado.

Mesmo ao lado da igreja fica a Alameda del Tajo. Para quem não sabe ‘tajo’ em espanhol significa corte e neste caso significa desfiladeiro. E a palavra tajo aplica-se aqui uma vez que a cidade de Ronda é separada por um grande desfiladeiro. A Alameda del Tajo leva-nos através de um jardim até à ponta desse desfiladeiro. E as paisagens daqui são completamente inesquecíveis.

O nosso vídeo quando visitámos o Balcón del Coño

Indo tanto pela rua acima ou pela rua abaixo vão-se encontrando pequenos miradouros, mas a paisagem acompanha-vos por todo o caminho. No Mirador del Coño que tem ao centro um pequeno coreto encontrámos um ambiente de sonho, não só tínhamos aquela paisagem como um senhor a tocar músicas na concertina.

Descendo pela rua de repente vimos uma estátua imponente de um touro. Esta estátua ficava mesmo em frente à praça de touros onde hoje em dia também se encontra um museu que conta a história das touradas e das personagens importantes de Ronda nesta arte. Ambos podem ser visitados.

Estátua de um touro à frente da Plaza de Toros de la Real Maestrana de Caballería de Ronda

Aliás, as touradas é algo muito importante para Ronda, pois diz-se que esta cidade foi o berço das touradas, onde estas se tornarem uma arte e ganharam a fama que as segue até hoje.

Eu como sou completamente contra esta arte não quis entrar na praça de touros, nem aqui nem em Sevilha, mas fica aqui a dica para quem estiver interessado. Contudo ainda tirámos a fotografia à estátua do touro.

Mirador de Ronda

Descemos mais um pouco pela alameda e parámos no Mirador de Ronda. E acreditem que aquela paisagem não cansa.

Quando se chega ao centro da cidade chega-se à ponte mais famosa do sul de Espanha, el Puente Nuovo. Esta ponte é sem dúvida a parte mais conhecida de Ronda e mesmo que nunca tenham ouvido o nome desta cidade com certeza que já viram alguma fotografia da grande ponte de 98 metros. Aliás foram estas fotografias que nos fizeram incluir Ronda no nosso itinerário. E ainda bem que o fizemos.

Paisagem do mirador de Aldehuela do lado contrário à ponte

Puente Nuevo (ou ponte nova) liga as duas partes da cidade, a parte nova e a parte velha, separadas pelo alto e majestoso desfiladeiro no qual passa as águas do rio Guadalevín. Pela cidade espalham-se vários miradouros e para uma visão superior o melhor é o Mirador de Aldehuela. É impossível ficar indiferente perante a ponte e as fotografias são muito pouco comparado com a experiência de estar ali ao vivo.

A ponte começou a ser construída em 1751 e só foi acabada passado 40 anos depois em 1793. As obras deste grande projecto foram dirigidas por José Martín de Aldehuela (quem deu o nome ao miradouro). A ponte foi construída em três estágios, primeiro a base e o arco inferior, depois o grande arco e a sala por cima do arco que funcionou como prisão e hoje é um centro de interpretação com informação relevante sobre a ponte. Por último, foram construídos os dois arcos laterais.

O nosso vídeo de quando vimos pela primeira vez a ponte nova em Ronda no mirador de Aldehuela

Esta não foi a primeira ponte a ser construída em Ronda. Em 1735 já tinha sido ali construída uma ponte com 35 metros de diâmetro. Infelizmente, o arco da ponte desabou 6 anos mais tarde tirando a vida a cerca de 50 pessoas.

Hoje em dia Puente Nuevo é sem dúvida o que traz mais turistas a Ronda.

Como já estava a chegar a 1 da tarde voltámos para o hotel, contentes por pudermos entrar no nosso quarto mais cedo, mas com alguma pressa para não perdermos muito tempo a retomar o nosso percurso que continuava no sentido contrário.

Quando chegámos ao hotel disseram-nos que o quarto ainda não estava pronto e para esperamos mais uns 15 minutos. Para não ficarmos ali a olhar para o nada fomos para o café que faz parte do hotel e pedimos umas cervejas para aproveitarmos o melhor daquela interrupção. Assim também tivemos oportunidade de conhecer este espaço.

Pormenor na parede do café do Hotel Colón

No entanto, os 15 minutos passaram e mais 10 até que perguntámos se o quarto já estava pronto. Disseram que levaria mais 10 minutos. Como já estávamos quase a perder 1 hora do dia com o voltar para trás e esperas, dissemos que depois voltávamos mais tarde. A recepcionista ainda ficou com um ar meio ofendido. Mas lembrem-se que nós só tínhamos pedido para guardar as malas não para fazer o check-in mais cedo. E lembremo-nos que tínhamos apenas um dia para visitar Ronda.

Cervejas Cruzcampo

Por isso voltámos a sair e a caminhar de volta ao ponto onde tínhamos estado, junto à ponte nova. Talvez de toda a nossa experiência de Ronda, isto foi talvez o que deixou um sabor mais amargo. Se não conseguem cumprir simplesmente não prometam nada que neste caso teria sido melhor para nós.

Passámos pela Puente Nuevo e chegámos a um cruzamento. Primeiro íamos explorar a parte à direita e mais tarde voltaríamos a este ponto para explorar a parte à esquerda. Este cruzamento é facilmente conhecido pelo bonito mural de cerâmica conhecido como os Viajeros Románticos. À volta do mural principal existem outros mais pequenos com frases e pensamentos alusivos a Ronda escritos por viajantes románticos ao longo da história.

Painel de cerâmica dos Viajeros Románticos

Virámos à direita no cruzamento e seguimos por uma rua transversal até à entrada da Casa Museo Don Bosco. Comprámos os bilhetes de entrada que ficaram a 2,5 euros a cada um e pudemos tanto visitar este edifício histórico de 1850 como os jardins. Acho que ainda não tinha dito, mas para Ronda não comprámos nenhuns bilhetes atempadamente sem ser os do autocarro que fazia o percurso entre Sevilha e Ronda. Para os locais que visitámos e que requeriam bilhetes comprámo-los no dia o que não foi um problema, também porque visitámos a cidade em janeiro, numa época baixa.

A casa Don Bosco foi inicialmente uma casa particular e os últimos donos foram Don Francisco Perèz e Doña Dolores Martínez, um casal da alta sociedade. Depois da sua morte, em 1939, a casa foi doada à congregação católica Salesiana local. E até 2008 a casa foi um local de repouso, cura e convalescença para os membros desta ordem religiosa. Mas entre 1939 e 2008 a casa também teve outros papéis de relevância como ser residência para estudantes universitários que estavam sob a tutela de um padre salesiano, centro juvenil e até sede de um grupo de teatro espanhol salesiano.

Pátio principal da Casa Museo Don Bosco

Durante o século XX a casa foi remodelada reflectindo um estilo modernista e o interior da casa e a sua decoração foram mantidos até aos dias de hoje. Aqui encontramos exemplos de artesanato local da época, móveis de madeira talhados à mão, azulejos de inspiração nazireu e tapeçarias. Também quadros e cerâmicas figuram entre os muitos objectos e obras-de-arte que se pode ver durante a visita. Mas digamos que o ‘piece of resistance’ da Casa Museo Don Bosco é o pátio exterior que é em si um miradouro com vista privilegiada para a ponte e para o desfiladeiro. De notar para além da paisagem é a fonte central, conhecida como a ‘fonte dos sapos’ nome lhe atribuído pelas 6 estátuas de sapos que rodeiam a zona central da fonte. Provavelmente, os jardins serão muito mais impressionantes durante a Primavera e Verão do que no meio do Inverno. Mas mesmo em janeiro, valem imenso a pena serem visitados nem que seja pela vista maravilhosa.

Vista para Puente Nuevo do pátio da Casa Museo Don Bosco

Website oficial: https://casamuseodonbosco.com/

Depois de sairmos da Casa Museo Don Bosco continuámos pela estrada passando pela Plaza de María Auxiliadora até encontrarmos o caminho que desce até ao Desfiladero del Tajo. O ponto de partida do desfiladeiro fica na pequena casinha onde se compram os bilhetes. O Desfiladero del Tajo é um projecto recente que permite chegar à base da ponte, ou o mais perto que é actualmente possível. O objectivo deste projecto é o de se conseguir atravessar o desfiladeiro construindo uma plataforma para o efeito. Este objectivo ainda está por se concretizar. De momento, já está feita uma parte do percurso até à base da ponte permitindo ter uma vista da famosa ponte de outra perspectiva. Para fazer este caminho, desde a casinha até à base da ponte é preciso adquirir bilhete que em 2025 custam 5 euros por pessoa. É obrigatório usar capacete durante todo o percurso, devido ao perigo da queda de pedras. Existem outras regras que podem ser lidas no website oficial, para o qual deixo aqui o link: https://desfiladerodeltajo.info/

Durante o caminho vai-se encontrando mais detalhes sobre o início e evolução do projecto e também QR codes que se podem scanar para ler mais informações sobre os mesmos. Daqui consegue-se não só chegar perto da ponte e da cascata que desce pelo desfiladeiro como também das ruínas que ainda perduram da cidade e muralhas da época em que os mouros se estabeleceram em Ronda (entre 712 e 1485).

Devido à situação geográfica de Ronda atacar a cidade não era fácil. Mas para a proteger ainda mais os mouros que se estabeleceram aqui construíram muralhas e portões de entrada para a cidade à medida que esta crescia. Era em Ronda onde se encontrava o reino independente muçulmano, a Taifa de Ronda. Hoje em dia são vários os exemplos de edifícios e marcas desses tempos, alguns dos quais se podem visitar quando se sai do Desfiladero del Tajo e continua-se a descer até ao Arco Árabe. Juntamente com o arco, que oferece também uma vista magnífica para o desfiladeiro e para a ponte, encontram-se as Murallas Árabes e as Murallas de la Albacora. Durante o resto do dia fomos passando por outras ruínas de grande importância para a cidade hispano-muçulmana, as quais irei falando à medida que o dia se desenrola.

O caminho que liga a Plaza de María Auxiliadora até ao Arco Árabe está em bom estado, mas se a descer faz-se bem aviso que a subir pode ser preciso alguns intervalos de descanso pelo meio. Mas vale imenso a pena e no final de tudo acabámos por fazer este caminho duas vezes. Da segunda volta falarei mais tarde.

Com esta parte da cidade vista, ou pelos menos, aquilo que queríamos visitar deste lado da cidade, voltámos a fazer o caminho de regresso até ao cruzamento onde fica o Mirador de los Viajeros Románticos, passando de novo pela Casa Museo Don Bosco.

Descendo a rua C. Cta. de Santo Domingo fomos até à entrada da Casa del Rey Moro. Apesar do que o nome possa indicar esta casa não é dos tempos dos mouros, no entanto tem uma certa ligação. O bilhete de entrada custa 10 euros por pessoa. A propriedade tem três partes, a casa que de momento está em restauro, os jardins e a mina de água.

Pavões no jardim da Casa del Rey Moro

Casa

A casa de momento não pode ser visitada devido ao seu grau de degradação. No entanto, trabalhos de restauro estão em curso. Mas a casa não é apenas uma casa, mas sim um composto de vários edifícios que foram adquiridos pelos donos. O núcleo principal era uma casa do início do século XVIII constituída por diferentes divisões de dois pisos que rodeavam um pátio. Não me alargando muito na história da casa em 1911, a proprietária da altura, Trinidad von Scholtz Hermensdorff, a duquesa de Parchent, comprou as casas vizinhas para demolir as do lado nascente e criar em seu lugar um jardim enquanto que as do lado poente foram incorporadas na casa principal, seguindo o estilo neomudéjar. Este estilo arquitectónico procurava explorar os sinais de identidade de cada país. O que em Espanha foi considerado a técnica e estética hispano-muçulmana com influência da arte cristã.

Jardins

A arquitectura e estrutura dos jardins foram projectados por Jean Claude Nicolas Forestier, contratado pela duquesa de Parchent. A sua inspiração para os jardins foi a arquitectura hispano-muçulmana e as formas geométricas dos jardins franceses. Nos jardins estão integradas árvores de frutos e plantas aromáticas conhecidas por se adaptarem ao clima de Ronda. Os jardins estão abertos ao público e são o lar de vários pavões. Não é preciso dizer que as paisagens daqueles jardins são espectaculares.

Mina de água

A minha de água é a principal razão para visitar a Casa del Rey Moro. A mina de água foi construída no século XIV na altura em que a cidade de Ronda estava sob o poder muçulmano. Actualmente, esta mina de água é a mais bem preservadas de Andaluzia.

A mina de água, juntamente com as muralhas construídas à volta da cidade, faziam parte do sistema defensivo de Ronda, pois a mina de água serviria para fornecer água à população em caso de cerco. Para a sua construção foi escavada em profundidade a falha na muralha junto ao desfiladeiro até ao leito do rio. Para chegar à mina foram construídas escadas bastante estreitas onde os animais não conseguiam passar. Portanto eram os escravos cristãos a quem lhes era incumbida a tarefa de irem buscar a água e trazê-la para a cidade.

Hoje em dia é possível descer as tais escadas estreitas por onde os escravos cristãos passavam e é espectacular quando se sai para o leito do rio, parece que estamos noutro mundo escondidos entre as escarpas montanhosas. No entanto, é preciso algum cuidado a descer os 60 metros pois os degraus podem estar húmidos e portanto escorregadios e em algumas zonas a iluminação é bastante fraca.

Para mais informações sobre a Casa del Rey Moro vejam o website oficial: https://casadelreymoro.org/en/home/

Puente Viejo e arco de Felipe V

Depois da nossa visita à Casa del Rey Moro continuámos a descer a estrada até passarmos o Arco de Felipe V. Este foi um dos portões de entrada para a cidade durante o reinado muçulmano tendo sido alargado mais tarde quando a primeira ponte construída em 1935 abateu. Nesta altura, este arco era o único acesso entre a parte velha e a parte nova de Ronda até finalmente se ter construído a grande ponte, el Puente Nuevo. O nome do arco deve-se ao facto de ter sido durante o segundo reinado do rei Felipe V que o arco foi alargado (Filipe V reinou entre: novembro de 1700 a janeiro de 1724 e depois de setembro de 1724 a julho de 1746).

A passagem sobre o arco dá directamente para a ponte velha (puente viejo). Esta ponte é a mais velha das 3 de Ronda que passam por cima do rio Guadalevín. Esta ponte foi construída em 1616. Da ponte consegue-se ver as ruínas dos banhos árabes, também este um dos locais pertencentes à cidade hispano-muçulmana. Nós decidimos em não os visitar porque tínhamos outros locais em mente. Mas se tiverem tempo quando estiverem em Ronda não deixem de lá ir.

Paisagem de Puente Viejo e os baños árabes em baixo

Os banhos árabes eram semelhantes aos dos romanos, mas em vez de água quente o corpo era purificado através do suor. Os banhos árabes foram construídos durante a era mourisca tal como uma mesquita que ficava ao lado dos banhos sendo este um lugar estratégico para as tradições religiosas. Primeiro entrava-se nos banhos para purificar e limpar os corpos antes de entrarem na Mesquita para purificar as almas.

Depois de atravessarmos a ponte velha começámos a subir o monte, mas na outra margem do rio entrando assim nos Jardines de Cuenca. Dos jardins o que posso dizer? Era janeiro, não propriamente a altura certa para ver flores. No entanto, é sem dúvida um local perfeito para passear, ver o desfiladeiro e as pontes e neste dia para aproveitar o sol que continuava alto. As paisagens da cidade e arredores continuavam a maravilhar e assim foi pelo resto dia do dia e pela noite adentro.


Vista do Mirador de Cuenca

Foi por esta altura que a fome começava a dar de si. Por isso decidimos em ir para o hotel, afinal às 4 horas já estávamos dentro da hora em que poderíamos fazer o check-in e finalmente entrar no nosso quarto. Depois disso era altura de irmos procurar um lugar para comer. Fomos subindo a rua, mas sem grandes pressas, saboreando as ruas bonitas de Ronda, algumas delas ainda decoradas com efeitos de Natal.

Chegámos ao hotel e o quarto estava pronto! Entrámos com as nossas coisas e pudemos finalmente fazer uma apreciação do quarto. O quarto era bastante simples, decorado de uma forma modesta, mas estava limpo e tinha espaço suficiente para passar ali uma noite. Como a janela do nosso quarto ficava virada para a rua principal havia bastante barulho o que durante a noite foi por vezes um problema. Mas a localização do hotel era excelente. Do pequeno-almoço no Hotel Colón não posso dizer nada porque na manhã seguinte tivemos de sair bastante cedo, mais cedo do que a abertura para a pequeno-almoço. Se este hotel oferece alguma alternativa para casos como o nosso, por exemplo um saco com o pequeno-almoço, isso não nos foi oferecido.

Houve duas coisas que nos impediu de irmos aos restaurantes que queríamos experimentar. Um dos lugares que tinha visto em imensos websites como sendo o sítio mais barato e famoso em Ronda, o El Lechuguita, estava fechado. Infelizmente fecha ao Domingo e à Segunda-feira por isso nada feito. Depois outros locais que estavam abertos ao Domingo fechavam às 4 da tarde. Alguns deles depois abriam mais tarde, por volta das 7 da noite, mas outros só voltavam a abrir no dia seguinte. Talvez Domingo seja um dia menos preferível para visitar Ronda, mas olhem foi como calhou. Sendo assim decidimos ir a um dos restaurantes que estava na lista para potencial jantar, La Taberna.

Prato tradicional de rabo de toro na La Taberna

Um dos pratos tradicionais de Ronda e uma das especialidades de La Taberna é o rabo de toro. O prato constitui em rabo de touros cozinhados numa espécie de guisado que neste local vinha acompanhado com batata frita. Pagámos 18 euros por um prato pois decidimos dividi-lo. Afinal isto era só para petiscar não para jantar. Também pedimos umas cervejas para acompanhar. O que dizer deste prato? Acho que ou se gosta muito ou se gosta pouco. Eu gostei muito pouco, achei a carne bastante gordurosa e aquilo era mais ossos do que carne. Pelo contrário o meu marido adorou e disse que foi uma das melhores coisas que comeu durante toda a viagem. E falou imensas vezes deste prato. Apesar de eu não ter ficado uma apreciadora do prato, é um prato bastante típico da região e só por isso merece que se experimente pelo menos uma vez.

Quando saímos do restaurante La Taberna já passava das 5 e meia da tarde e tínhamos mais ou menos uma hora de sol para aproveitar. Passámos novamente pela ponte nova com mais uma paragem nos miradouros. É quase impossível não passar nesta zona várias vezes quando se explora Ronda, estando esta ponte não só no centro de cidade mas também no centro do comércio.

Vista sobre Puente Nuevo ao pôr-do-sol

Quando o pôr-do-sol começou a assentar e a lua a aparecer no céu, começámos a caminhar pela estrada principal de Ronda sem destino certo. Bem, não é completamente verdade. Havia uma parte de Ronda que não tínhamos colocado no itinerário, pois pensávamos que não teríamos tempo, mas afinal parecia que ir à Puerta de Almocábar era uma possibilidade. Pelo caminho, para além de paisagens magníficas, algo que Ronda nos deu vezes sem conta, também passámos por um largo onde ficava o Convento de la Caridad o Hermanas de la Cruz.

Entrada para o Convento de la Caridad o Hermanas de la Cruz

O convento na altura em que por aqui passámos estava fechado, mas pela praça sentia-se os resquícios de uma atmosfera onde tinha havido festa da rija, ouvia-se ainda alguns acordes de música e várias pessoas a irem para os seus carros.

Afinal chegar à Puerta de Almocábar acabou por ser num instante, em menos de 20 minutos num passo lazeiro, chegámos a este arco onde anos antes fora a entrada principal da parte sul da cidade hispano-muçulmana. A porta consiste em duas torres semicirculares e três arcos consecutivos. A Puerta de Almocábar fica a poucos metros da Iglesia del Espirito Santo e o Convento de Franciscanos.

Puerta de Almocábar e a Iglesia Espiritu Santo à direita

Depois de passearmos por ali e irmos até à praça em frente, a Plaza Ruedo Alameda, decidimos voltar para trás e começar a pensar no restaurante onde jantar.

Quando íamos pelo caminho começámos a falar de como seria a Puente Nuevo à noite e onde seria o melhor local para tirar uma bonita fotografia nesta altura do dia. E como um puxa o outro em menos de nada tínhamos decidido que íamos voltar a descer o caminho que passa pelo Desfiladero del Tajo até ao Arco Árabe. E foi assim que fizemos aquele caminho pela segunda vez com poucas horas de diferença. O caminho faz-se bem, mesmo a àquela hora, pois tem iluminação até quase ao arco. E claro que valeu a pena, nem foi por causa da fotografia, mas por pudermos ter aquela vista à nossa frente.

E mesmo sendo àquela hora e já estar de noite ainda encontrámos algumas pessoas a subir o caminho quando íamos a descer, provavelmente pessoas com a mesma ideia que nós.

Não tínhamos nenhum restaurante definido para jantar e também como tínhamos comido há pouco tempo decidimos escolher um restaurante onde pudéssemos partilhar umas tapas. A opção escolhida foi um dos restaurantes que ficava perto do centro da cidade, o restaurante Las Maravillas.

O restaurante estava bastante movimentado, mas felizmente ainda havia mesas livres onde nos pudemos sentar mal chegámos. Para beber eu pedi tinto de verano e o meu marido cerveja (fotografia em baixo à direita).

Fica aqui a dica: quando estiverem em Espanha e queiram pedir sangria, peçam antes tinto de verano.

O menu do restaurante é bastante extenso e nós acabámos por escolher 4 tapas diferentes para dividir e petiscar. Do menu pedimos o seguinte:

  • Salmorejo cordobes con helado de mascarpone y virutas de jamón
  • Mini burger de buey con cebolla caramelizada, rucula y salsa tartara
  • Mini burguer de buey con queso de cabra y pimientos confitados
  • Chorizo caramelizado al vino y canela

Foi logo neste primeiro dia que experimentei a sopa fria típica de Andaluzia, mais especificamente de Córdoba (fotografia em cima à esquerda), o Salmorejo. Pois eu gostei tanto desta sopa que a comi quase todos os dias durante a viagem. A sopa é bastante parecida com o gazpacho mas mais cremosa. Se por um lado o rabo de toro não me convenceu, o salmorejo enamorou-me. E de todos os locais onde experimentei, a melhor talvez tenha sido a deste restaurante. Menos tradicional talvez com a adição de gelado, mas que fez toda a diferença. O gelado sabia mesmo ao de baunilha e eu gostei imenso. Por outro lado, o meu marido não gostou muito, mas gostou do rabo de toro. Sabem o que isto significa? Que se tem de experimentar de tudo para ficar a saber o que se gosta ou não.

Depois do jantar quisemos uma sobremesa, mas não queríamos (pronto, eu não queria) uma sobremesa do restaurante. Apetecia-me antes algo que fosse de uma pastelaria típica. Antes de fazer uma pesquisa sobre o que havia disponível na zona pagámos a conta e saímos para a rua. Andar à procura de uma pastelaria ou gelataria lá isso andámos, mas àquela hora ou já estava fechado ou mesmo a fechar. Foi por que isso que a única escolha mais acessível foi a de irmos ao supermercado Carrefour que estava aberto até às 10 da noite. E já que aqui estávamos aproveitámos para comprar qualquer coisa para o pequeno-almoço do dia seguinte, quando estivéssemos em viagem para Córdoba.

Palmeras Surpremas

A sobremesa acabou por ser algo simples, mas sabem quando encontram mesmo aquilo que queriam? Para mim foi estes palmiers cobertos de chocolate (Palmeras Surpremas). Também comprámos umas bolachas cobertas de chocolate, que nunca tinha visto. As bolachas chamam-se Chapelas da marca Dulcesol. E garanto que são boas, tanto que as voltámos a comprar nesta viagem, já em Sevilha

Trouxemos os doces para o quarto e foi aqui que acabámos a nossa noite, a comer e a preparar-nos para o dia seguinte.


Veja a continuação desta viagem em: