Parque nacional Peneda-Gerês

AldeiasTrilhosMiradouros & Cascatas
CovideTrilho da Cidade da CalcedóniaMiradouro da Boneca
Vila do GerêsTrilho da Águia do SarilhãoMiradouro da Pedra Bela
FafiãoTrilho da PreguiçaMiradouro da Ermida
OuteiroTrilho do Poço AzulMiradouro de Fafião
Pitões das Júnias Mata de Albergaria Cascatas de Tahiti
XerteloPonte da Pigarreira Cascata do Arado
Ponte de MisarelaCascata de Pincães
Trilho de Pitões das JúniasCascata de Pitões das Júnias
Trilho dos Poços Verdes
Locais que visitámos no Gerês incluídos nesta página

Organizar a viagem

O parque nacional do Gerês localiza-se no norte de Portugal e ultrapassa a fronteira entrando por Espanha adentro tornando-se do lado de lá na Serra do Xurés. Até parece que é outro parque, outra floresta. É a natureza a mostrar que as fronteiras erguidas pelos homens para nada lhe interessam. Tinha algumas expectativas para esta viagem, afinal todos aqueles que conhecia que já lá foram garantiram-me que aquilo era realmente bonito. Nem sei porque as pessoas vão para fora quando têm o Gerês ali tão pertinho foi uma das frases mais repetidas que ouvi.

Ponte da Misarela no Parque do Gerês

Por vezes a antecipação é a melhor parte da viagem; é quando idealizamos e criamos expectativas, pois quando já estamos na viagem o tempo passa a correr, e mesmo que o tentemos agarrar, quando nos damos conta a viagem já passou e só nos ficam as memórias.

Pitões das Júnias, aldeia no Gerês

Desta vez, para comemoração dos 5 anos de casamento fomos passar uma semana no Gerês e aproveitar para percorrer as várias partes deste parque nacional. Não o percorremos todo, afinal tem cerca de 69,594 hectares ou seja, mais ou menos 695Km2. Mas conseguimos percorrer uma boa parte dele. No mapa abaixo está indicado as paragens de onde dormimos. Entre as paragens íamos parando pelo caminho para fazer os diversos trilhos que tínhamos escolhido. Como podem ver na imagem abaixo não visitámos a parte mais a Oeste do parque, algo que ficará para outra altura. Mas mesmo assim vimos imenso, foram 7 dias entre o incrível, o delicioso e o perigoso. E saio do Gerês a dizer que aquilo é bonito, sim senhor, mas não é feito para todos. Ainda estou para perceber se o Gerês foi feito para nós ou melhor se nós fomos feitos para ele.

Percurso entre as várias acomodações onde ficámos. Não está incluído neste mapa os locais onde parámos para os diversos trilhos e locais que visitámos.

Durante esta viagem passámos por muitas experiências, muitas das quais nem sonhava que uma dia ia passar. No final fizemos 100Km a pé, muitos mais de carro, e aprendemos a respeitar a natureza em especial os animais. Isto faz sentido quando se chega ao final desta página.


Como chegar e cuidados a ter quando se conduz no Gerês

1º – Avião ou comboio

Tanto se vierem do estrangeiro como de dentro de Portugal, a menos que vivam nas redondezas, têm duas opções, sendo que a melhor vai depender do ponto de partida.

  • Como vivemos em Inglaterra, para nós o mais fácil e barato foi apanhar o avião para o Porto a partir de London Stanstead. O voo foi de cerca de 2 horas e 20 pela companhia Ryanair. Este foi o voo mais barato e na altura era mais barato voar para o Porto do que para Lisboa, o que para nós foi melhor já que aterrar em Lisboa nos deixaria bastante longe do Gerês.
  • No entanto, se quiserem partir de Lisboa ou de uma parte mais a sul do país e não queiram apanhar o avião, podem apanhar o comboio que faz a travessia Lisboa-Porto várias vezes por dia. O meu conselho é que apanhem ou o comboio intercidades ou o alfa pendular. Não apanhem o regional senão demoram horas até chegar ao vosso destino! (CP comboios: https://www.cp.pt/passageiros/pt).
  • Claro que também poderão ir de carro a partir do vosso ponto de partida e assim evitar apanhar transportes públicos. No entanto, se escolherem esta opção têm que considerar que a viagem ficará provavelmente mais cara e será mais cansativa. Porque depois de chegarem ao Gerês é que a prova de condução começa.

2º- Alugar um carro

Para irmos do Porto para o Gerês alugámos um carro no aeroporto. E convém terem um carro devido não só à sua conveniência, mas também porque não creio que os transportes públicos dentro do Gerês sejam uma opção válida. Desta vez alugámos o nosso carro, depois de muita ponderação, com a Europcar, pois já eramos clientes. Como voámos para o aeroporto do Porto foi na loja do aeroporto onde fomos buscar o carro. A maior parte das reviews, não só desta companhia de aluguer de carros, mas da maioria senão de todas, são sempre as mesmas sendo elas à volta do facto da pessoa que os atendeu tentar vender mais uns quantos seguros e mais isto e aquilo assim como no final, quando entregaram o carro, os clientes foram obrigados a pagar por estragos que já lá estavam, ou acusados incorretamente de terem causado danos no veículo alugado. Por isso já íamos preparados.

O nosso carro da viagem

Primeiro foi o empregado a dizer-nos ou melhor a aconselhar-nos um carro maior (ou seja, mais caro) porque se íamos para o Gerês o nosso carro era muito pequeno e baixo, se não queríamos um mais alto, maior, mais aconselhado para o tipo de estradas que existem no Gerês. Digam que não! Porque no final foi por termos um carro tão pequeno (Fiat 500) que não ficámos presos ou entalados em algumas das ruas dentro das aldeias do Gerês. E tirámos muitas fotografias ao carro quando este nos foi entregue, tantas que achamos que a pessoa que estava a ‘rever’ o carro antes de nos entregar não se esqueceu de marcar nenhum dano por mais insignificante que fosse no papel. O aluguer do carro ficou-nos a cerca de 100 euros pelos 7 dias tendo um depósito de 350 euros que nos foi devolvido depois de devolver o carro. Atenção quando alugam um carro, pois o valor de aluguer até pode ser bem menor que 100 euros, mas confirmem o quanto pedem pelo depósito; nós chegámos a ver companhias a pedir 50 euros ou menos pelo aluguer, mas a requerer um depósito de 900 euros. Para chegar ao Gerês, a partir do Porto, leva-se cerca de 1 hora e meia a conduzir, passando por autoestradas com portagem.

Conduzir no Gerês

Conduzir no Gerês é uma completa aventura, não só há curvas e contracurvas a seguir umas às outras, como também as estradas são estreitas e mal dá para passar dois carros (às vezes mal dá para passar um carro), como também as pessoas conduzem no meio da estrada. Se não se sentirem confortáveis em conduzir, ou não tiverem muita experiência, talvez faça sentido pensarem em adquirir um seguro contra todos os riscos que vos permitá ir mais descansados em o caso de haver algum azar. Por acaso na altura em que fomos, meio a finais de maio, não havia muitas pessoas nas estradas, talvez porque as férias dos miúdos ainda não tinham começado, mas imagino que em julho ou agosto haja bastante mais movimento. Até porque mesmo nesta altura conseguimos ver a diferença entre o fim-de-semana e os dias de semana.

Um exemplo dos muitos obstáculos encontrados nas estradas do Gerês

Outro ponto importante a ter em conta são os postos de gasolina. Dentro do Gerês não há muitas opções, por isso não deixem o carro chegar à reserva para depois começarem a pensar numa opção. Tenham antes já um plano delineado. Por exemplo nós escolhemos uma tarde com menos coisas planeadas para irmos até à cidade de Montalegre e meter gasóleo. Também aproveitámos o desvio para comprar mantimentos para o resto da viagem já que Montalegre é a cidade mais perto deste parque nacional.


Locais para dormir

No final dormimos em 6 locais diferentes, repetimos o hotel Adelaide na Vila do Gerês, uma noite na ida e outra na volta. Posso dizer que em todos os locais onde ficámos foram boas escolhas, uns mais por umas razões outros por outras, mas não houve nenhum local que não tenha sido bom. Fizemos as nossas marcações através da Booking.com com cerca de 2 meses de antecedência. Outra vez faço menção que não havia muitos turistas na altura em que fomos, aliás acho que na maior parte dos locais em que estivemos só estávamos nós hospedados naquela noite, mas em alturas mais procuradas é capaz de ser mais complicado arranjarem bons lugares a bons preços.

Nós pagámos diferentes preços em cada local, mas tentámos ficar por volta dos 50 euros por noite. O mais caro foi cerca de 80 euros, mas para dizer a verdade não havia grande escolha na zona onde queríamos ficar (Fafião), e no final não foi nada dinheiro mal gasto já que foi um dos meus locais favoritos. Como sempre, tentámos ficar em locais com pequeno-almoço incluído e só em Pitões das Júnias (Casa d’Campo Ferreira) é que não tivemos pequeno-almoço incluído, o que foi facilmente resolvido pela nossa ida até Montalegre.

Vou falar de cada local com mais detalhe nesta página mas fica aqui a lista dos locais onde ficámos hospedados.

Local onde ficámos (ponto no mapa acima)Website
Outeiro do moinho (A)https://www.outeirodomoinho.com/
Hotel Adelaide (B) https://adelaidehotel.pt/
AL Costa da Banga (C)https://sites.google.com/view/al-costa-da-banga/inicio
Guest House Fojo dos Lobos (D)https://www.fojodoslobos.pt/
Hotel Bela Vista do Gerês (E)https://www.vistabela.com/
Casa d’Campo Ferreira (F)https://www.booking.com/hotel/pt/casa-d-campo-ferreira.pt-pt.html
Hotel Adelaide (o mesmo do ponto B)https://adelaidehotel.pt/
Lista dos locais onde ficámos hospedados no Gerês

Trilhos

Preparação é tudo

O que têm de colocar na mala vai depender da altura do ano em que visitam o Gerês; se forem no Inverno, para a neve, o tipo de roupa que têm de levar é bastante diferente da que a nossa. Penso, no entanto, que a altura em fomos vá de encontro com a maioria das pessoas que visita o Gerês, ou seja durante a altura de calor. Para quem vai fazer caminhadas e mesmo para quem não vai, pois mesmo para quem queira ir só aos miradouros vai ter de andar, aconselho a levarem uma mochila convosco com água (MUITA ÁGUA- nós levávamos cerca de 4,5L para os dois), snacks, lenços, telemóvel com GPS, protetor solar e claro um fato de banho e chinelos. Porque afinal vão ter oportunidade de nadar em vários dos trilhos e locais de interesse no Gerês. Mas aviso que a água vai estar bem fria! O maior conselho que vos posso dar é a levarem calçado confortável para além da roupa, claro. Mas o calçado é indispensável, vão andar muitos quilómetros, o piso não é liso, nem nivelado, nem fácil de percorrer. Este é o maior conselho que posso dar a alguém que vá ao Gerês: Água e calçado confortável e já têm 90% chances de ter um bom dia.

Trilho das 7 Lagoas

Trilhos no Gerês

O que há mais são trilhos pelo parque nacional fora, o que é difícil é escolher os quais fazer. Há trilhos com vários níveis de dificuldade, e tenho a dizer que mesmo os de nível fácil, não são assim tão fáceis. Mas talvez porque percorremos os de nível mais fácil mesmo no meio da viagem quando os músculos doíam e os pés queixavam-se.

A maior parte dos trilhos no Gerês estão muito bem sinalizados, o que poderá tornar a forma de placas a indicar a direção ou mais frequentemente as linhas horizontais de cores amarela e vermelha que indicam o caminho certo (se for o trilho em amarelo e vermelho que estejam a percorrer). Passo a explicar, as marcas amarelas e vermelhas indicam trilhos PR, ou seja, Pequenas Rotas, sendo que cada PR é numerado. Por exemplo o PR1, o nosso primeiro trilho feito no Gerês, corresponde ao trilho da Calcedónia. Por outro lado, se virem marcas vermelhas e brancas, estas referem-se ao longo trilho o chamado GR (Grande Rota) que no Gerês está numerado como GR50 – Grande Rota Peneda-Gerês, que percorre uma distância total de 190Km com 19 paragens. Foi engraçado irmos encontrando os vários pontos deste trilho (GR50) ao longo do nosso percurso, apesar de o termos feito na sua maioria de carro. Contudo, no final acabámos por andar mais do que 100Km, que mesmo assim, acreditem, não foi coisa pouca para nós. Em alguns dos trilhos também havia placas a marcar pontes de interesse como calçadas romanas ou abrigos de pastores.

Ajuda para os trilhos

Alguns dos trilhos que fizemos não se encontravam tão bem assinalados como outros. Para estes usámos dois websites de onde fizemos o download dos trilhos e fizeram-nos imenso jeito para saber não só qual o caminho a percorrer mas também porque nos deram uma maior segurança de que estavámos no local correcto. Os dois websites que usámos foram:


Covide

Outeiro do Moinho

O local onde íamos passar a primeira noite, perto da aldeia de Covide, o Outeiro do Moinho, recebeu-nos com o melhor que o Gerês pode oferecer, a natureza. Ficámos instalados num dos quartos do rés-do-chão, mesmo em frente à piscina com as montanhas como plano de fundo. Fizemos o check-in e entrámos no quarto ‘Portela do Homem’.

Engraçado como cada quarto tinha o seu próprio nome, nome esse com um valor histórico na zona. Por exemplo, a Portela do Homem era um importante local de ligação entre Portugal e Espanha. E foi devido a esta fronteira que os moradores das Terras do Bouro foram obrigados por um contracto oneroso a serem defensores da Portela do Homem por conta própria. Os moradores desta região foram proibidos de se alistar como soldados, fazerem contribuições com as suas fazendas para a guerra, ou de as utilizar como trabalhos de fortificação ou de mantimentos durante os reinados de D. Dinis até D. João V.

A nós, no Outeiro do Moinho, o único problema foi a internet, a qual não conseguíamos aceder do nosso quarto. Problemas de primeiro mundo. Mas quando resolvemos finalmente dizer alguma coisa aos proprietários, já depois do jantar, eles trataram do problema rapidamente e eis que havia internet no quarto! O Outeiro do Moinho, um local sossegado e isolado, foi como uma abertura relaxante para o Gerês. Mais ainda porque eramos os únicos hospedados no Outeiro do Moinho durante essa noite.


Restaurante Turismo

Depois de posarmos as malas, quisemos fazer o primeiro reconhecimento da área. Estávamos naquela hora que não é bem hora de jantar, mas que também já não dava para grandes passeios. E queríamos esticar as pernas nem que fosse por um bocado, que as horas de viagem tinham sido longas. Como queríamos levantar dinheiro pois nem todos os locais no parque nacional aceitam cartão, como por exemplo o Outeiro do Moinho, onde ainda nos faltava pagar uma parte da estadia, decidimos caminhar até à vila Campo do Gerês. O Campo do Gerês e Covide são ambas as aldeias mais próximas do Outeiro do Moinho, mas como o multibanco mais próximo ficava no Campo do Gerês e dava para ir a pé a escolha foi fácil. Foi um passeio rápido de cerca de 10 a 15 minutos para cada lado, mas que nos abriu o apetite.

Para jantar tínhamos alguns restaurantes locais e acabámos por escolher o restaurante Turismo, mesmo ao pé da aldeia de Covide. O restaurante estava bem avaliado e estava aberto. Talvez seja diferente no Verão, mas na altura em que visitámos o Gerês grande parte dos restaurantes nesta zona fechavam bastante cedo como era o caso do restaurante Turismo que fechava às 9 da noite. O nome do restaurante deixou-me em dúvida se estávamos a fazer a escolha certa, mais ainda quando chegámos ao restaurante e vimos que estava vazio. No entanto no dia seguinte descobrimos que é neste restaurante que algumas tours turísticas param para almoçar e que à hora de almoço o restaurante enche. Como vínhamos para jantar, acabámos por ter o restaurante só para nós durante toda a refeição.

Para a primeira refeição, e como a esta altura a fome já estava a apertar, atacámos as entradas que incluiu chouriça assada, queijo seco e pão. Posso já dizer que estas entradas estiveram presentes em quase todos os nossos jantares.

Para prato principal, a escolha acabou por ser difícil, mas a acertada. Fomos para a alheira com ovo, batata frita e salada. Estivemos ainda indecisos no bacalhau e na posta, dois pratos tradicionais da região, mas acabámos por escolher a alheira e houve oportunidades mais que suficientes para experimentar os outros dois pratos. Acabando a refeição com o doce da casa que no Norte é um doce de natas com bocadinhos de chocolate voltámos para o Outeiro do Moinho, onde então resolvemos o problema da internet e começámos a preparar-nos para o dia seguinte. Aliás, todas as noites acabaram assim, a preparar o trilho para o dia seguinte, fazendo o download do mapa, confirmar onde deixar o carro, etc.

Alheira com ovo, batatas e salada no restaurante Turismo

Primeiro dia

Com o amanhecer do primeiro dia chegou também o primeiro trilho. Mas primeiro a refeição mais importante do dia como muitos dizem, que para nós só o é durante as férias – o pequeno-almoço.

O pequeno-almoço em si foi o que esperávamos, mas foi mais que suficiente; havia queijo, fiambre, manteiga, cereais, pão, croissants, uns folhados em miniatura, uns pastéis de nata que talvez tenha sido o menos normal, e claro café e chá. Foi o suficiente e ainda restou duas carcaças às quais juntámos queijo (o meu marido também fiambre e ananás) e embrulhámos-lhas em guardanapos para o nosso almoço. E nós nem sabíamos o bem que nos ia saber!

Pequeno-almoço no Outeiro do Moinho

PR1 – Trilho da Cidade da Calcedónia

Depois do pequeno-almoço tomado e o check-out feito, que incluiu um episódio meio estranho em a senhora que nos recebeu as chaves insistiu em perguntar várias vezes se tínhamos tirado alguma coisa do mini-frigorífico (não tínhamos!), fomos para o nosso primeiro trilho, o PR1 Trilho da Cidade da Calcedónia, que cobre uma distância de 7Km.

Placa de indicação do trilho PR1

O desafio deste trilho não é a distância, mas sim o percurso em si. Já se sabe que quando se tem de rastear, usar as mãos para subir e descer rochas, o percurso não se pode dizer fácil. Mas tínhamos sido avisados – para quem procurava aventuras no Gerês este é o trilho indicado para tal.

Tinha feito o download do percurso (imagem abaixo) que está disponível neste website: https://turismo.cm-terrasdebouro.pt/listings/pr1-trilho-da-calcedonia/ na noite anterior. Neste mapa encontra-se informação sobre pontes de interesse durante o percurso e também os significados dos símbolos usando as linhas amarela e vermelha que vão indicando o caminho correcto.

Mapa do website https://turismo.cm-terrasdebouro.pt/listings/pr1-trilho-da-calcedonia/

Até que começámos o dia bem visto que ainda nem eram 9 e meia da manhã. Estacionámos o carro ao pé do restaurante Turismo, onde começa o percurso, e assim fomos pela fresca. No início o caminho era fácil, sim era um caminho era de terra, mas isso não era nada que não esperássemos. Pouco depois de começarmos já passávamos pelo primeiro ponto de interesse, a milha XXVI (Ponto 1 no mapa acima), o também chamado de Jeirinha: Lugar das Várzeas. Esta milha faz parte de um percurso romano, tendo assim o seu próprio valor histórico. E estávamos impressionados, tínhamos feito esta parte do percurso em bom tempo. Afinal o percurso dizia que durava 4 horas, mas indo naquele ritmo devíamos acabar mais cedo. O quanto estávamos enganados! O que isso significa é que íamos encontrar uma parte do caminho onde íamos demorar imenso tempo. E não devíamos nós já saber isso?

Paisagem no trilho PR1
Paisagem no trilho PR1

E o terreno mudou, especialmente depois da barragem (a imagem no mapa acima com uma espécie de quadrado e umas ondas), onde começámos a subir. E ainda bem que viemos cedo, que mesmo aquela hora o calor já começava a apertar. O caminho não é muito difícil durante a subida até nos encontrarmos entre as rochas, mais ou menos no ponto 2 do mapa. A partir daqui o caminho começava a estreitar, tendo-se mesmo de passar pelo meio das rochas que formam túneis. A parte mais difícil deste trilho, diria eu, é num túnel onde se tem de se escalar para continuar o trilho. Não sei bem como teria conseguido subir aquilo sem uma mãozinha do marido. Mas as vistas são magníficas e estas acompanharam-nos por todo o caminho. Agora uma coisa é certa, não pensem que descer é melhor que subir.

A expressão ‘todos os santos ajudam’ não significa que é mais fácil descer, significa é que todos têm de dar uma mão para não se escorregar e cair. Claro que foi na descida que mais se teve de dar uso às mãos para não cair, ter cuidado onde meter os pés para não escorregar e até rastejar para descer as pedras com mais segurança.

Nem parece que viemos de férias não é verdade? Mas fizemos os 7Km em cerca de 3 horas e meia. Ainda antes de chegar ao carro tivemos tempo para tirar a minha primeira foto aos espigueiros que são casinhas engraçadas muito típicas da zona e que servem para secar cereais (imagem abaixo).

Canastro ou Espigueiro

Sei eu isto agora que na altura não sabia e já tínhamos várias teorias sobre a sua funcionalidade. Teorias essas que incluía uma em que estas casinhas eram na verdade galinheiros e estavam altos para os lobos não chegarem às galinhas. Vá pronto, confesso, essa era a MINHA teoria. Mas agora já sei para que servem e que se chamam espigueiros ou canastros, sendo que o nome depende da zona da região onde se esteja.


PR5 – Trilho da Águia do Sarilhão

Depois de fazer o trilho PR1, que não tinha sido nada fácil, o que devíamos ter feito? Escolhido uma outra actividade, descansar um bocado, ir a banhos, mas claro que não. O que fomos fazer foi outro trilho, o PR5 – Trilho da Águia do Sarilhão, um trilho de 9Km que pensámos ser fácil – mas que de fácil afinal não tinha nada.

De toda a viagem provavelmente este é o trilho que não repetiria. Talvez tivesse outra opinião se o tivesse feito noutro dia, ou neste dia, mas só este trilho. Não me interpretem mal, o trilho é bonito, entram pela floresta adentro acompanhados em algumas partes pelo Rio Homem, mas sem nunca chegarem à sua margem, e conseguem mesmo ver a Barragem de Vilarinho de Furnas em alguns dos trechos. Mas apesar de tudo não sei se valeu a pena, o terreno em algumas zonas era difícil de percorrer, mas o pior foi estarmos sempre a subir e a descer como podem verificar no mapa abaixo.

Mapa do website: https://turismo.cm-terrasdebouro.pt/listings/pr5-trilho-da-aguia-do-sarilhao

Talvez tenha sido pior porque estávamos convencidos que encontraríamos fontes ao percorrer estes trilhos, mas nem no da Calcedónia nem neste encontrámos onde encher as garrafas e nos últimos quilómetros já estávamos a poupar na água, o que como sabem, principalmente aqueles que fazem trilhos regularmente, não é uma situação onde nos queiramos encontrar. E aprendemos com esta experiência, nos dias seguintes em vez de 1 garrafa de 1.5L por pessoa, levamos quase o dobro.

Claro que no final fizemos o trilho todo (que remédio!) e ainda houve tempo e paciência para tirar algumas fotografias pelo caminho. Quando chegámos ao final, já ao pé do Museu Etnográfico de Campo do Gerês, íamos cegos à procura de água. Quando estacionámos o carro tínhamos reparado que à frente havia um parque das merendas, mas infelizmente das torneiras não corriam água. Seguimos em frente entrando pelo Núcleo Museológico do Campo do Gerês onde encontrámos um café, o café Desafios, onde perguntámos se podíamos encher as nossas garrafas. Abençoadas mulheres! Deram-nos duas garrafas de água de graça que tinham enchido na vila! Disseram-nos que as garrafas não estavam lacradas, mas que eram delas que elas todas bebiam durante o dia.

Não é preciso dizer que matámos a sede logo que pudemos e como também precisávamos de descansar e comer, sentámo-nos nas mesas de pedra no parque das merendas, onde não só a água como a sandes feita ao pequeno-almoço nos alegrou o espírito, que estava a precisar de ressuscitação depois de percorrer dois trilhos. Nada como exagerar logo no primeiro dia!

Parque das merendas

Miradouro da Boneca

Nessa noite, a nossa estadia era no hotel Adelaide na Vila do Gerês, a vila principal e mais movimentada do parque nacional. Pensámos em ir parando nos vários miradouros pelo caminho de Covide até à Vila do Gerês. Mas ao contrário do que pensávamos também para chegar aos miradouros era preciso andar! A primeira tentativa foi o Miradouro da Junceda, mas quando vimos que se tinha de andar 3Km para cada lado decidimos deixar para outro dia. Nunca cá voltámos (e já explico porquê). Mas este miradouro talvez seja possível visitar de carro, se tiverem um carro alto que consiga passar facilmente por estradas de terra, o que não era o nosso caso. Assim fomos em seguida para o Miradouro da Boneca, e acabámos por o visitar uma vez que do local onde estacionámos o carro, ao pé da fonte de Lamas, até ao miradouro era 1.7Km (para cada lado).

Fomos pelo caminho que segue até ao miradouro e apesar de ser um caminho de terra era de fácil caminhada. A vista que se tem do miradouro a uma altura de 750 metros tinha valido a pena o esforço extra, mas o corpo a esta altura já só pedia descanso. Começámos o caminho de volta para o nosso carro quando encontrámos um boi parado no meio da estrada. Foi aqui que realmente começou as nossas aventuras com os animais durante esta viagem. O boi não saia do meio da estrada, os cornos eram pontiagudos e sem saber o que fazer saímos do caminho e fizemos um desvio pelo meio do mato. Com o boi sempre a seguir-nos com o olhar.

O nosso primeiro encontro com a fauna bovina no Gerês

Mal sabíamos nós que este encontro tinha sido o mais ‘manso’ de todos daqueles que viríamos a ter. Chegámos ao carro e seguimos para a vila do Gerês. Passar pela estrada que liga este miradouro à Vila do Gerês é em si uma experiência; curvas muito apertadas numa estrada que mal dá para um carro (mas que é dos dois sentidos) levou-nos a tomar a decisão quando estacionámos no hotel de que se não tínhamos feito os miradouros também já não os faríamos. A evitar aquela estrada a todo o custo.


Hotel Adelaide (Vila do Gerês)

Quarto

Depois de andar mais de 22Km chegámos ao hotel Adelaide de rastos. Fizemos o check-in e entrámos para o nosso quarto. Apesar do quarto ser bem mais pequeno daquele onde ficámos na noite anterior o espaço era agradável, sendo que o pior que tenha a dizer talvez seja da casa-de-banho que estava a precisar de uma renovação, mas nada do qual não conseguíssemos sobreviver. Especialmente quando passávamos para a varanda e tínhamos a vista maravilhosa sobre o vale estendendo-se depois da vila.

Massagens

O hotel Adelaide, um hotel de 2 estrelas, fica a cerca de 10-15 minutos a pé do centro da Vila do Gerês, a vila mais central e mais movimentada do parque nacional. Neste hotel também há um espaço de relaxamento, um serviço que inclui diferentes tipos de massagens. Como as marcações costumam estar lotadas, se se quer aproveitar é preciso marcar atempadamente. Desta vez não o fizemos, mas sendo este o local onde iríamos passar a última noite, a escolha de acabar a viagem com uma massagem foi logo aceite pelos dois. Mas da massagem falarei mais tarde quando falar do fim desta nossa passagem pelo Gerês.

Restaurante

Quando fizemos o check-in disseram-nos que se quiséssemos podíamos jantar no restaurante do hotel, para qual não era preciso marcação prévia. Apesar da vila ficar pertinho não estávamos com vontade nem de andar nem de conduzir. Foi assim que acabámos instalados, depois de banho tomado e uns minutos de descanso na varanda do quarto, numa mesa com uma vista sobre o vale, a mesma que tínhamos do quarto. Aconselho imenso, se tiverem oportunidade claro, de se sentarem na parte mais exterior do restaurante para puderem apreciar a vista. Para entradas pedimos o queijo e melão com presunto e para prato principal, querendo embarcar na cozinha tradicional, escolhemos a Posta à Serrana. Acabou este por ser um dos meus pratos favoritos da viagem, a carne tenrinha e até os espinafres deliciosos.

Acabámos a refeição com o doce da casa, e foi nesta altura que descobrimos que o doce da casa naquela região era o mesmo, um doce de natas com pedaços de chocolate, muito parecido ao que tínhamos experimentado no dia anterior no restaurante Turista.

Bar

Para acabarmos o dia, antes de aterrarmos na cama, fomos nos sentar um bocado no bar do hotel, que fica mesmo ao lado da recepção. Querendo experimentar uma coisa mais regional acabámos por beber um gin (sim, também não esperava) que é feito na zona, o Gin Valley, cuja composição inclui não só as águas do Gerês, mas também várias ervas que aqui crescem como o zimbro, hortelã-pimenta, laranja e limão dando a este gin notas florais e cítricas tornando esta bebida muito agradável. Para uma bebida menos tradicional do Gerês, mas sim de Portugal, escolhemos também uma amêndoa amarga, bebida bastante apreciada por ambos.


Pequeno-almoço do dia seguinte

A primeira paragem deste segundo dia no parque nacional do Gerês foi o salão de pequenos-almoços, o mesmo onde tínhamos jantado na noite anterior. A escolha era bastante variada, desde vários pães, croissants, tortas, queijos e fiambre, ovos mexidos e cereais. Em poucas palavras, um bom pequeno-almoço era aquilo que nos esperava. Sentámo-nos outra vez numa das mesas ao pé da janela e descobrimos que apesar da hora matinal, o calor já se começava a sentir. Comemos, fizemos o check-out e voltámos a entrar no nosso Fiat 500 para mais um trilho.


PR10- Trilho da Preguiça

Hoje era mais um dia intenso, e começávamos por duas cascatas, a da Laja e a Leonte. Ambas fazem parte do PR10- Trilho da Preguiça. E a nossa ideia inicial era realmente fazê-lo na sua totalidade, mas depois de vermos que o primeiro quilómetro e meio era sempre a subir e a subir bem acabámos por fazer um pequeno encurtamento. O que queríamos deste percurso era visitar as cascatas, por isso começámos o percurso no sentido contrário. Assim o percurso em vez dos cerca de 4Km foi apenas de 2,5Km (ir e vir) evitando a grande subida.

Deixámos o carro onde o Trilho da Preguiça começa (e acaba), mesmo ao pé do Miradouro da Preguiça. Como viemos bastante cedo não havia mais nenhum carro estacionado, mas o mesmo não se pôde dizer quando voltámos. Começámos o nosso percurso ao pé da placa que indicava ser o fim do trilho e entrámos pela floresta andando junto ao riacho. Passámos primeiro pela cascata da Laja onde existe uma ponte de madeira. Tirámos as obrigatórias fotografias e seguimos pelo caminho até à cascata Leonte. Pelo caminho fomos passando por vários pontos de interesse como a Calçada Portuguesa e o Curral da Mijaceira.

Quando voltámos para trás para não fazer o mesmo caminho e também para chegarmos mais rápido ao carro acabámos por descer pela estrada, já não passando pela cascata da Laja.


Mata de Albergaria e a fronteira com Espanha

Próxima paragem era na Mata de Albergaria, uma mata com algumas particulares. Esta mata é um dos bosques mais importantes do parque nacional constituído predominantemente por um carvalhal secular; carvalhos galaico-portugueses da espécie Quercus robur e Quercus pyrenaica, havendo um significativo esforço de conservação e preservação da área. Também na mata se encontra ruínas da via romana Geira.

Com o aumento do turismo tem vindo a crescer o número de regras para assegurar o estado natural da mata e é por isso que existem várias normas a seguir quando se visita este local como por exemplo não se poder parar ou estacionar no troço dentro da mata sendo apenas possível parar na Portela do Homem, perto da fronteira com Espanha. Também a velocidade máxima é de 40Km/hora. O incumprimento destas regras poderá resultar em multa. Durante os meses de Verão, de 1 de junho até 30 de setembro encontra-se uma portagem na entrada da mata com o custo de 1,50 euros. Nós fomos no final de maio, altura do ano em que esta taxa não está em vigor. Mas claro que se pode visitar a mata o quanto se quiser a pé, existindo vários trilhos a escolher.

Nós percorremos a mata de carro até à Portela do Homem (lembram-se do nome do nosso quarto no Outeiro do Moinho? Era em relação a este local) e fomos primeiro até à fronteira, apenas para dizer que estivemos em Espanha. Muito pouco se passa daquele lado da fronteira. Por isso voltámos para trás e seguindo pela estrada, entrando dentro da mata, fomos até à cascata de São Miguel.


Miradouro da Pedra Bela

Albufeira da Caniçada (rio Cávado) do Miradouro da Pedra Bela

Depois de voltarmos a passar pela Mata de Albergaria o próximo ponto era num miradouro, o miradouro da Pedra Bela. Entrávamos nesta altura pela tarde deste segundo dia no Gerês. Este é um dos miradouros mais conhecidos e por muitas boas razões. A paisagem é parecida com a do Miradouro da Boneca, mas do outro lado do vale. Para mim a paisagem deste lado é muito mais bonita. Do lado norte do miradouro vê-se as montanhas, os picos mais altos da Serra do Gerês, enquanto a sul se vê as águas azuis e calmas do rio Cávado formando a albufeira da Caniçada. Todo o vale do Rio Gerês a nossos pés, num miradouro com 829 metros de altura. Este vale resultante da falha geológica Gerês-Lobios (Portugal-Espanha) é responsável pela rica composição da água da região. Neste miradouro também se pode aproveitar as mesas de pedras que formam uma espécie de parque das merendas.

Os mais altos picos da Serra do Gerês no Miradouro da Pedra Bela

Nada é mais português do que tirar da mala umas carcaças e umas fatias de chourição como vi um casal fazer. E não é que na altura também se fazia? Não comemos, mas aproveitámos as mesas para descansar um bocado e decidir o que fazer a seguir. Ah, e este foi finalmente um dos miradouros em que podemos estacionar ali ao pé sem termos de andar quilómetros para chegar à paisagem. Aliás a duas paisagens, porque existem dois miradouros na mesma zona – o Miradouro da Pedra Bela e também o chamado Miradouro Novo da Pedra Bela. Ambos a ser visitados.


Cascata do Arado

Apesar de não estar nos nossos planos para aquele dia, como estávamos perto da cascata do Arado foi para aí que fomos. E ainda bem que o fizemos que no dia seguinte, o dia em que éramos para visitar a cascata foi atribulado o suficiente. Mas isso fica para o próximo capítulo. Deixámos o carro ao pé do Miradouro das Rocas, e foi aqui que encontrámos o maior número de carros e de pessoas em toda a viagem. Podia-se deixar o carro mais perto da cascata, atravessando um caminho de terra. Mas a menos que se tenha um carro mais alto do que o nosso, talvez seja não seja boa ideia aventurar-se muito por este caminho. Também o caminho de terra é de cerca 1,1Km até ao Miradouro da Cascata do Arado.

A cascata do Arado tem uma altitude de 900 metros criando sucessivas cascatas que vão descendo pelas rochas. Para mim, claro que isto é opinião pessoal, a paisagem da ponte ao pé da cascata do Arado, para o lado das montanhas foi uma das mais bonitas que vi no Gerês. Repito, isto é apenas a minha opinião.


AL Costa da Banga

O calor a esta altura apertava e quando chegámos ao carro decidimos ir para o local onde iríamos passar a terceira noite, muito perto da Vila do Gerês, já em Vilar da Veiga, AL Costa da Banga, uma acomodação de 3 estrelas. Chegámos por volta das 4 da tarde, bastante mais cedo do que o normal, mas também tínhamos começado a caminhar às 9 da manhã. Estacionámos o carro e mal olhei para o terraço da casa vi uma piscina que sabia imediatamente que teria de experimentar.

O nosso quarto em AL Costa da Banga

Fizemos o check-in, a senhora Maria José, dona da casa, foi simpatiquíssima recebendo-nos da melhor maneira. Ficámos instalados num quarto do primeiro piso, um quarto enorme com 1 cama de casal e 1 cama de solteiro. Um quarto enorme, uma casa-de-banho moderna e uma piscina à espera. Talvez melhor era se o quarto tivesse varanda como o do Hotel Adelaide, mas também não se pode ter tudo. E aquilo que tínhamos chegava bem. Pusemos as malas no quarto, descansámos por uns minutos e ala para a piscina. Assim às 4 e meia andava eu no meio das águas da piscina a refrescar-me de um longo dia que ainda não tinha acabado.


Vila do Gerês

Mais ou menos uma hora depois com a barriga a começar a dar horas, afinal a última vez que tínhamos comido tinha sido no Hotel Adelaide, decidimos ir visitar a Vila do Gerês, já que não o tínhamos feito no dia anterior. A viagem de carro demorou cerca de 5 minutos, e estacionámos logo ao pé do restaurante Lurdes Capela, onde queríamos jantar seguindo o conselho de um amigo que já tinha visitado o Gerês. Mas ainda nem eram 6 por isso fomos mordiscar qualquer coisa antes do jantar. Assim também aproveitávamos para visitar a vila.

Entrámos no Lirio’s Coffee e pedimos cerveja Tango (cerveja com groselha), um lanche (merenda de queijo e fiambre) e um guardanapo. Nada como uma pausa com a pastelaria/padaria portuguesa. Bem mais satisfeitos fomos passear pelas ruas da vila, subindo a estrada principal até ao Jardim da Praceta Honório de Lima. Fomos passando por várias lojinhas assim como pelas termas do Gerês, local muito procurado não só pelas termas como também pelo spa. Não chegámos a experimentar este local, uma vez que queríamos experimentar as massagens no Hotel Adelaide. Se estiverem interessados podem sempre ver o que eles têm para oferecer no website: https://www.aguasdogeres.pt/

Depois de passearmos pelas ruas da Vila, fomos para o restaurante Lurdes Capela. Aconselho a virem bastante cedo porque este restaurante é bastante aclamado, enche rapidamente e não aceitam reservas. Lurdes Capela abre às 6 e meia para jantar e pouco mais disso passava quando chegámos. Entrámos, algumas mesas já estavam ocupadas, e sentámo-nos assim num restaurante de aspecto rústico e acolhedor. As entradas foram simples, umas manteigas e um queijo que era muito bom, afinal tínhamos comido há bem pouco tempo. Para prato principal quisemos experimentar mais um prato tradicional, o Bacalhau à Lurdes Capela, um prato de bacalhau em posta acompanhado com cebolada e batatas fritas às rodelas. Não vale a pena dizer que ficámos cheíssimos e nem espaço para a sobremesa houve. Também provámos a cerveja artesanal que apesar do preço aconselho a experimentar.

Depois do jantar e para queimar as calorias ingeridas fomos dar mais uma volta pela vila. Para acabar o dia, voltámos para AL Costa da Banga onde depois de estacionar o carro fomos dar uma volta pela estrada abaixo, onde ainda tivemos o prazer de ter como fundo o rio Cávado.

Paisagem em Vilar de Veiga

AL Casa da Banga – Pequeno-almoço

O nosso terceiro dia no Gerês começou com algo que é pouco conhecido na cidade, mas que ainda é a realidade em muitas aldeias por Portugal fora. Falo da visita do padeiro à porta de cada casa. Esta práctica não será conhecida por muitos que vivam em cidades ou em vilas, mas em locais mais recantados onde o supermercado não está ao virar da esquina, é práctica comum. E foi assim que nos vimos no terraço da AL Casa da Banga, ao lado da senhora Maria José à espera do padeiro, ainda antes das 8 e meia. E assim começámos o dia, à espera do pão para o nosso pequeno-almoço – e quem não gosta daquele cheirinho a pão fresco? Sem falar do sabor!

Pequeno-almoço na AL Casa da Banga

Mas esperem que não é só a visita do padeiro que se espera nas aldeias, também a do peixeiro, dos congelados e até do talho. As visitas podem não ser diárias como a do padeiro, mas são visitas que decorrem durante a semana para todos puderem fazer as compras que aqueles que vivem nas cidades, como eu, temos como garantidas.

Apesar da espera, que não foi longa, ainda antes das 9 horas estávamos sentados à mesa para um bom pequeno-almoço. O pão era uma delícia, acompanhado com manteiga, queijo, fiambre e até de bolos caseiros. Tivemos ainda direito a uns ovos mexidos que estavam no ponto, assim muito fofos. E enquanto comíamos fomos falando do frasco de Tofina que estava na bancada, aliás não se pode chamar uma casa tradicional portuguesa se ainda não viu um frasco de Tofina para o café da manhã. Talvez as gerações mais novas não conhecem este tradicional (e atrevo-me a dizer essencial) alimento, mas que fazia parte de qualquer casa nacional. Apesar de nas minhas recordações o frasco ser menos estético, mais o da figura ao lado do que o da figura em baixo.

Bebidas disponíveis no pequeno-almoço na AL Casa da Banga. Nada como uma caneca de tofina para se sentir um verdadeiro português.

Trilho do Poço Azul

Para o dia de hoje a lista de locais que queríamos percorrer não era longa, mas no final este dia acabou por ser um dos mais inesquecíveis da viagem. E não apenas por bons motivos.

A percorrer o trilho do Poço Azul

O trilho do Poço Azul começa na Cascata do Arado e percorre uma distância de cerca de 9Km (4.5Km para cada lado). Mas para quem não tem um carro todo-o-terreno, o melhor, para salvaguardar o estado do carro, é deixá-lo ao pé do Miradouro das Rocas e percorrer o quilómetro de caminho de terra a pé até à Cascata. Isto adiciona mais dois quilómetros, um para cada lado, ficando assim a cerca de 11Km no total. Nós tínhamos visitado a Cascata do Arado no dia anterior, sem sabermos que hoje faríamos este caminho de novo. E quisemos arriscar em deixar o carro mais perto da cascata, já na estrada de terra. Não percorremos o quilómetro completo, porque realmente a estrada não está assim em tão bom estado, mas deixámos a meio, cortando um quilómetro da nossa caminhada (meio quilómetro para cada lado).

Se tiverem um carro todo-o-terreno podem estacionar o carro no parque de estacionamento que fica a cerca de 300-400 metros depois da cascata, já na primeira subida, poupando no total cerca 2,5Km incluindo uma parte da subida inicial. Mas não se iludam, que a pior parte tem de ser feita a pé na mesma. Até porque já se sabe que a dificuldade não é na distância, mas no trilho em si. E este pode-se dizer que é um desafio.

O trilho do Poço Azul não faz parte dos percursos pedestres (PR) oficiais como temos feitos até à data no Gerês, mas é sim antes considerado como um trilho selvagem. E atenção que alguns pontos deste percurso estão mal sinalizados. Contudo, este é um dos percursos mais procurados no Verão e o conselho geral é de virem bem cedo; começarem o trilho ainda antes das 9, porque rapidamente se enche, e com 10 pessoas o Poço Azul já se sente estar a abarrotar.

Mas afinal o que tantos procuram encontrar neste percurso?

Chegar à lagoa alimentada por uma cascata, lagoa essa não com uma cor azul como o nome indica, mas de cor verde. E sim, é possível nadar, mas aviso que a água é gelada, mesmo nos dias de calor. Não podes é pensar – ouvi uma senhora dizer à filha antes de se atirar à água.

O percurso que vou falar mais em detalhe foi aquele que nós fizemos ou seja, a partir de metade da estrada de terra que no total foram 11Km. A metade do caminho entre o Miradouro das Rocas e o Cascata do Arado será assim o Km 0, o ponto de partida.

  • Estacionámos o carro numa das bermas, à sombra e partimos com 2 litros de água cada um. Passámos pela ponte junte à cascata do Arado e a partir daqui foi subir. A subida é de cerca 1,2Km e é aqui nesta subida que vão passar pelo último parque de estacionamento. A subida poder-se-á dizer íngreme, mas não haverá mais subidas pronunciadas como tal durante o caminho.
  • Quando o caminho começar a nivelar, vão encontrar um cruzamento mais ou menos ao 1,6Km e aí vira-se à direita, seguindo pela rua da Malhadoura. Mais ou menos 200 metros à frente vão encontrar a Fonte do Curral da Malhadoura. Quando passámos por aqui, tanto na ida como na volta havia gente ao pé da fonte; quando íamos estavam a fazer lume para grelhar carne e quando voltámos estavam já a almoçar.
  • Depois da fonte continua-se a descer e depois claro como tudo o que desce também sobe, começa-se a subir sempre em frente. Ao chegar ao 2.6Km passa-se pelo Curral dos Portos que fica à esquerda.
  • A 200 metros à frente encontrarão outro cruzamento onde há uma placa a dizer ‘Tribela’. Aqui, o caminho mais rápido e fácil é virando à esquerda e esse é o caminho que recomendo, tendo nós feito, no regresso, o caminho que segue em frente neste cruzamento. Esta estrada, a que segue em frente, para quem vêm do Poço Azul não é má, é um bocado inclinada logo de início, mas vimos a descer. Agora imagino que subir aquele troço não seja nada divertido. Mas não pensem que é assim tão fácil este caminho que vos estou a aconselhar (virar à esquerda no cruzamento), talvez seja no início já que primeiro é a descer até à Ponte das Servas, mas depois é 50 metros a subir bem. No final da subida encontrar-se-ão de novo na estrada larga.
  • A boa notícia é que o caminho não é seguir a estrada que sobe, mas sim virar à esquerda na primeira oportunidade – por trilho bastante mais estreito. Incrivelmente é neste último quilómetro que a coisa aperta. O trilho em algumas partes não é de fácil passagem. Pelo caminho passámos por um grupo de escuteiros que estavam parados em exercícios. Nem sabíamos o quanto nos iam ajudar. Passámos pelos escuteiros, seguimos caminho até encontrarmos o primeiro verdadeiro obstáculo, um boi. Sim, um boi mesmo no meio daquele trilho estreito. E até acredito que alguém os ache fofinhos e mansos, mas naquele momento aqueles cornos afiados tinham um aspecto mortal. Felizmente, os escuteiros já lá vinham e o boi ao ver tanta gente junta acabou por subir a barreira (não sei bem como) e foi assim que pudemos passar.
  • Acabámos por fazer o resto do percurso ao lado dos escuteiros até chegarmos a um pequeno riacho o qual tivemos de atravessar. Andámos mais cerca de 200 metros quando finalmente chegámos ao poço azul. Ainda pensámos em ir à água, mas ela estava gelada. No entanto houve quem fosse bem mais corajoso que nós e se mandasse lá para dentro.

Agora faltava voltar para trás, pelo mesmo caminho de onde tínhamos vindo. E não erámos só nós apreensivos em fazer o mesmo percurso com receio de encontrar mais obstáculos animalescos a meio do trilho, porque ouvimos outras pessoas que chegaram depois de nós a perguntar aos escuteiros se seguindo o trilho em frente era mais fácil do que voltar para trás. Aparentemente não é!

Começámos então o caminho inverso, atravessámos de novo o riacho e eis que a poucos metros demos caras com o nosso pior receio, outro boi a meio do caminho, mas este numa atitude menos amistosa. Digamos apenas que o bater de pata no chão avisava que por ele não se passaria. Fizemos um desvio por dentro do mato e passámos devagarinho sempre com o olho no boi, não fosse ele atacar. O que faríamos se ele o tivesse feito não sei bem. E se nós olhávamos para ele, ele retribuía o gesto, seguindo-nos com o olhar. E mesmo depois de passarmos por ele e voltarmos ao trilho houve um momento de meio pânico quando o mesmo boi começou a vir atrás de nós, ou assim parecia, cada vez mais rápido. Eu já estava para começar a correr quando vimos pessoas a virem pelo caminho onde o boi tinha estado, atrás de um pastor que tinha com um grande cajado na mão. Não posso dizer que tenha gostado da experiência, aliás muito pelo contrário.

Fizemos o resto do estreito trilho sem percalços e quando chegámos outra vez à estrada larga, o menos que queríamos por esta altura era mais adrenalina e por isso decidimos descer sempre pela estrada em vez de segurimos outra vez pelo caminho que passava pela ponte das Servas. Talvez tenhamos feito mais meio quilómetro com esta alteração de percurso, mas pelo menos a estrada larga era bem melhor.

Chegámos ao entroncamento da ‘Tribela’ e continuámos o caminho inverso, mas tenho de confessar que a cada boi ou vaca que via, passava ao lado, mesmo ao longe, com uma certa apreensão. Chegámos ao carro inteiros, mas cansados. O caminho não tinha sido fácil e as dificuldades acrescidas tinham sido intensas. Se valeu a pena fazer aquele caminho? Epá se não tivesse sido a presença dos animais diria que sim, agora assim com um potencial risco de morte ou no mínimo de danos físicos não sei responder. Talvez se tivéssemos ido com um pastor como guia para lidar com os animais a experiência tivesse mais segura. E nós que nos tínhamos rido ao ver à venda um cajado por 10 euros. Afinal deve ser das coisas mais valiosas que se pode ter no Gerês.


Miradouro da Ermida

Depois de tirar uns momentos para descansar, beber água e recarregar baterias, fomos para a segunda paragem, um local muito mais calmo – o Miradouro da Ermida. O miradouro com cerca de 550 metros de altitude fica em Ermida, tal como o nome indica, uma aldeia tradicional do Gerês. O miradouro oferece uma paisagem típica da região.

Paisagem do Miradouro da Ermida

Este miradouro é o ponto de partida para o trilho PR14 – Trilho do Sobreiral da Ermida, o qual percorre uma distância de 14Km.


Cascatas de Tahiti

Saímos do Miradouro por volta das 2 e meia da tarde e começámos a ir para o nosso próximo alojamento, agora em Fafião, com ideias de ir parando pelo caminho. A primeira paragem foi nas cascatas Tahiti também conhecidas pelas cascatas de Fecha das Barjas. Encontrámos várias pessoas a tomar banho na cascata de Várzeas que pelos vistos tem sido palco de acidentes mortais. Eu sei, esta viagem começa a ter um lado mórbido. Não nos aventurámos muito, até porque a esta altura tinha um dos dedos dos pés tão inchado que mal conseguia andar (as consequências de não sabermos estar quietos nas férias).

Cascatas Tahiti

Infelizmente apesar dos avisos que estão nos placares alguém decidiu tirar a coleira ao seu cão e o cão escorregou na cascata. Não sei como é que não caiu. Mas acreditem que era morte certa. E podem confirmar nas notícias o perigo real destas cascatas. Aliás ficámos num hotel no dia seguinte onde o dono nos contou que um casal hospedado lá foi para estas cascatas nadar. A rapariga bateu com a cabeça e ficou a boiar na água enquanto o namorado dormia. Quando este acordou e a viu boiar de cabeça para baixo foi quando se apercebeu do que tinha acontecido. Não vale a pena dizer que o rapaz estava completamente desconsolado.

Mas nós quando saímos do carro apercebemo-nos que o local não devia ser seguro quando no parque de estacionamento há um lugar reservado a ambulâncias. Apenas um local onde a sua presença é requerida constantemente precisa. de um lugar reservado para estas viaturas.


Ponte da Pigarreira

Acabámos por não ficar muito tempo nas cascatas e seguimos caminho. O último ponto de paragem antes do local de alojamento foi na ponte ao pé da Ponte da Pigarreira, na rua da Ponte de Várzeas. Tenho pena que o meu humor não estivesse no melhor estado quando aqui estivemos, porque o local é muito bonito. O humor não estava bom porque cada vez mais me doía o dedo e porque estava a começar a ficar com fome. E já se sabe quando uma mulher tem fome não há nada que faça o dia brilhar sem ser quando já estiver a comer. Eu confesso que sofro deste mal.

Mas reconheço que o local é muito bonito; fizemos um pequeno trajecto circular, passando pela Ponte da Pigarreira o que em si foi uma experiência. A ponte é uma ponte suspensa e por isso move-se à medida que se a vai atravessando. Também nesta zona se pode tomar banho e parece ser bastante mais seguro do que nas cascatas de Tahiti.


Fafião

Fafião é uma das mais pitorescas aldeias de Montalegre, no parque Nacional do Gerês, que da nossa viagem se tornou uma das nossas preferidas. Navegar dentro da aldeia nem sempre foi fácil deparando-nos com algumas estradas tão estreitas que o que nos valeu foi o nosso carro ser pequeno. Fosse um carro maior ou mais largo temo que tivéssemos ficado ‘presos’ dentro de Fafião.

Fafião – paisagem do Miradouro da Eira da Galega

Locais de interesse e valor histórico

Fafião é uma das nossas recomendações como local para passar uma noite já que estando bastante perto do trilho do Poço Verde, da Ponte da Pigarreira, das cascatas Tahiti e do miradouro de Fafião, torna-se um ponto central. Mas a aldeia de Fafião tem um outro valor histórico, este associado aos lobos mais especificamente ao fojo dos lobos. Fojo é o que se chama às antigas armadilhas de lobos usadas numa tentativa de proteger o gado caprino e bovino deste predador. O fojo consiste numa estrutura de granito com paredes convergentes, formando uma cova de planta circular. Hoje em dia, não só os fojos caíram em desuso, como existe um movimento de preservação da comunidade dos lobos ibéricos na região.

O esforço de manter a tradição e a de preservação está de tal forma presente na região que em seu nome todos os anos se organiza um festival comunitário, o festival Aldeia dos Lobos, nas aldeias de Fafião, Cabril e Serra do Gerês que em 2024 vai na sua quarta edição. Este festival realizar-se-á nos dias 12 e 13 (hoje e amanhã) de julho em 2024. É também em Fafião onde se pode visitar o mais bem preservado fojo dos lobos na Península Ibérica.


Onde ficar

Devido à sua localização com vários pontos de interesse em seu redor escolhemos Fafião para o nosso terceiro alojamento. Reservámos o quarto no Guest House Fojo dos Lobos, um local bastante moderno, com quartos de bom tamanho, limpos e com uma vista local soberba. O alojamento não tem estacionamento próprio e não tentem levar o carro para o pé da porta de entrada (como nós fizemos, só para depois termos de fazer o mesmo percurso de marcha atrás uma vez que não há espaço para fazer inversão de marcha). Para estacionar o carro basta seguirem a estrada principal e encontrarão lugares de estacionamento disponíveis.

Nesta Guest House encontrámos um local onde houve uma atenção cuidada ao detalhe como por exemplo se pode ver pelas toalhas personalizadas oferecidas pelo alojamento. Também foi na Guest House Fojo dos Lobos que tomámos o melhor pequeno-almoço da viagem, onde encontrámos uma variedade e qualidade bastante superiores às nossas expectativas. Este acabou por ser um dos meus locais preferidos de alojamento.


Onde comer

Fizemos o check-in às 4 da tarde e como não tínhamos almoçado, e o pequeno-almoço na AL Casa da Banga tinha sido bem cedo, quisemos ir petiscar qualquer coisa antes do jantar. Mesmo ao lado da Guest House encontrámos o Café Fojo dos Lobos, que acabou por ser a maior surpresa (na positiva) da viagem. O café estava practicamente vazio quando chegámos, mas enquanto aqui estivemos fomos nos apercebendo que é ponto de paragem de tours turísticas assim como ponto de paragem para os locais depois do trabalho.

Hambúrguer Peleiroso e dose de batatas fritas no café Fojo dos Lobos

Pedimos cerveja para acompanhar o hambúrguer Peleiroso, um hambúrguer com cebola roxa, presunto e molho de mostarda e mel. Assim como uma dose de batatas fritas. O hambúrguer custou 5.5 euros e uma dose de batatas 1.70. Foi uma das melhores refeições da viagem, atrevo-me a dizer que se não a melhor, a segunda melhor. E por um preço impensável. Foi uma infeliz decisão não termos também jantado aqui, mas vimos depois do jantar para uns cocktails que também nos surpreenderam. É um dos locais aos quais voltaria sem pensar duas vezes.

Para jantar, porque quisemos também experimentar o restaurante Fojo dos Lobos, fizemos reserva de uma mesa através da recepcionista da Guest House. Mas afinal não era necessário fazer reserva atempada, pois quando chegámos o restaurante estava vazio, e só mais uma mesa além da nossa foi ocupada nessa noite. O restaurante só estava aberto das 8 às 9 e meia e uma das coisas que não nos apercebemos é que alguns dos pratos que estão no menu têm de ser marcados com antecedência (até às 7 da tarde do mesmo dia). E aquele que nos atraiu mais, o Bacalhau Especial no Forno, era um deles. Acabámos por pedir a Posta Grelhada, mas não foi tão boa como a que tínhamos comido no restaurante do Hotel Adelaide na Serra do Gerês. A carne era bastante mais rija, faltava-lhe sal e o prato em geral precisava de um molho, pois tornava-se bastante seco. Quando digo que o melhor do prato foram os vegetais que vieram como acompanhamento já podem ver que não ficámos muito impressionados. O melhor da refeição acabou por ser a entrada, moura com ananás, que para o meu marido foi o melhor que comeu durante a viagem ao Gerês.

Entrada moura com ananás no restaurante Fojo dos Lobos
Posta grelhada acompanhado de batata à murro, arroz branco e couve branca cozida

E foi durante a refeição que nos arrependemos de não termos ido jantar ao café. A comida teria sido muito melhor e ter-nos-ia ficado bastante mais barato.


Miradouros

Já mencionei em cima vários pontos de interesse perto de Fafião. Mas visitar a aldeia em si tem o seu próprio charme oferecendo a possibilidade de conhecer uma aldeia típica da região. E foi explorando um pouco as ruas de Fafião que passámos o tempo entre a nossa refeição no café e voltarmos para o quarto para nos prepararmos para jantar. Descendo a estrada de empedrado escuro até ao largo da Sobreira do Chão fomos de encontro aos tanques onde antigamente se lavava a roupa. Pelo menos penso que já não seja práctica comum nos dias de hoje.

Tanques em Fafião

Mais abaixo virámos à esquerda para a Rua da Eira da Galega que sem sabermos foi dar ao miradouro da Eira da Galega. O miradouro é recente na aldeia, tendo sido construído em 2023, e ainda não figura em muitos dos websites de viagens. Mas certamente que começará a aparecer pela bela paisagem que oferece. Quando voltámos para o largo da Sobreira do Chão acabámos por ir dar à paragem de autocarro onde se encontra um mural representativo da fauna local, a espécie de gado bovino proeminente da zona.

Paisagem do miradouro Eira da Galega
Os tradicionais canastros da região

Outro miradouro a não perder, o qual visitámos já no dia seguinte depois do pequeno-almoço, é o Miradouro de Fafião. Este é com todas as certezas um miradouro de design instagramável. Este miradouro construído em 2021 é um local de paragem obrigatória. Da Guest House do Fojo dos Lobos até este miradouro é preciso andar cerca de 15-20 minutos. Mas ao contrário do que tínhamos encontrado na maior parte do Gerês, o caminho não era difícil de percorrer.

Miradouro de Fafião
Miradouro de Fafião depois de passar a ponte suspensa

Mas o miradouro talvez não seja aconselhável para quem tem medo de alturas. Um miradouro formado por duas grandes pedras de granito ligadas por uma ponte suspensa oferece uma experiência inesquecível já que a ponte suspensa se vai movendo à medida que passamos por ela. A vista é magnífica tanto do lado do miradouro tal como a que nos acompanha pelo caminho até ele.

Paisagem do Miradouro de Fafião
Paisagem pelo caminho até ao miradouro de Fafião

Pincães

O nosso objetivo ao parar em Pincães era o de visitar a cascata, a cascata de Pincães. O percurso para chegar à cascata a partir da aldeia de Pincães é de mais ou menos 3Km (ida e volta) não sendo possível chegar à cascata sem ser a pé.

Estacionamento

A nossa ideia inicial era a de estacionar o carro mais ou menos no fim da Rua da Casa Nova, dentro da aldeia de Pincães, e percorrer o caminho de terra a pé, mas não foi possível. Isto porque num esforço de melhorar a qualidade de vida dos habitantes da aldeia e para impedir o estacionamento inapropriado de viaturas a circulação destas, dentro das estradas da aldeia, está apenas autorizada a moradores ou naturais da região. Não sendo nem uma coisa nem outra, estacionámos o carro no parque de estacionamento na rua principal, na estrada N308, ao pé do cemitério de Pincães. Assim também tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais a fundo o centro da aldeia.

Vida em Pincães

Em Pincães, a vida rural é a predominante sendo o fumeiro e a produção de mel duas atividades bastante importantes para a região a nível económico. E ao percorrer as ruas da aldeia sente-se que estamos no meio do campo, onde se vive maioritariamente entre o gado e a agricultura. É também um local onde a religião católica ainda é dona e senhora – encontrámos uma aldeia onde o silêncio era apenas cortado pelo som da missa da manhã de Domingo que ouvimos a sair da janela de uma das casas.

Trilho para a cascata de Pincães

O trilho para a cascata não está sinalizado com tanta frequência como em alguns outros trilhos no Gerês, contudo as indicações vão sendo encontradas espaçadamente pelo caminho. Depois de passar pelas ruas da aldeia, segue-se pelo caminho estreito de terra, levando-nos para dentro da floresta. Pela caminho encontra-se a levada que serve como companhia durante a maior parte do percurso. Também se encontra moinhos de água que estão agora em desuso. O caminho não é difícil de percorrer, sendo a parte mais difícil nos últimos 250 metros, onde a subida pelos pedregulhos é bastante acentuada. Para algumas pessoas esta subida é ainda mais desafiadora ao não usarem calçado adequado para a tarefa em mãos.

A cascata e lagoa de Pincães

Se visitarem a cascata de Pincães durante um dia de calor podem mergulhar na lagoa alimentada pela cascata. A nós bem nos apeteceu, mas depois do grande pequeno-almoço que tínhamos comido na Guest House Fojo dos Lobos (ver último post) as consequências de nos atirarmos à água gelada não seriam as melhores. E foi com muita pena que não o fizemos, acabando por voltar para trás, passando novamente pela levada e pela aldeia até ao carro.


Ponte da Misarela

A paragem seguinte, a ponte da Misarela também conhecida por Ponte de Mizarela ou Ponte do Diabo (devido a uma lenda, ver em baixo) acabou por se tornar numa maior aventura do que aquela que esperávamos. E foram vários fatores que reuniram as condições para a aventura acontecer.

Ponte da Misarela

Primeira paragem

A primeira decisão foi o local onde estacionámos o carro. Pensámos que o melhor ou mais apropriado lugar para deixar o carro seria depois da ponte que passa por cima do Rio Cávado, na estrada CM1021. O nome do local indicado no Google Maps, ‘Parkplatz Ponte da Misarela’, foi a razão pela qual escolhemos este sítio. Saímos do carro e tivemos de começar a subir para o ponto onde se teria acesso ao ‘Trilho para a ponte da Mizarela’. Depois de quase 10 minutos a subir, descobrimos que podíamos ter deixado o carro mais acima e que escusávamos de ter feito aquela subida.

O segundo fator foi o facto de não termos feito uma boa pesquisa sobre o trilho circular PR5 – MTR, o trilho da Ponte da Misarela, porque se o tivéssemos feito saberíamos que no total o trilho percorria uma distância de 11.35Km.

Miradouro da Ponte da Misarela

Sem saber, pensando que chegaríamos à ponte num instante, começámos a percorrer o caminho estreito de terra onde as condições iam piorando à medida que avançávamos. Eu como de costume, estava a ver no mapa do GPS o quanto ainda nos faltava andar para chegar à ponte e foi quando me apercebi que não só ainda estávamos bastante longe como era do outro lado da ponte onde havia alguns pontos de interesse como o miradouro e a calçada romana. E este foi o terceiro fator, ao percorrermos cerca de meio quilómetro decidimos voltar para trás e deixar o carro mais perto da ponte da Misarela, possivelmente ao pé da capela da Misarela.

Segunda paragem

Fomos todos lampeiros a pensar que estávamos a ser muito espertos. Enfiámo-nos no carro, atravessámos novamente a ponte sobre o rio, depois passámos por uma ponte mais estreita ao lado central hidrelétrica de Vila Nova e começámos a subir pela estrada que nos daria acesso à aldeia. Foi quando chegámos que nos defrontámos com um problema – tal como em Pincães aqui também as ruas dentro da aldeia eram apenas para circulação de viaturas pertencentes a moradores ou naturais da região. Sendo assim, tivemos de deixar o carro no ‘parque de estacionamento da Ponte da Misarela’ – que como o nome indica é onde os turistas devem deixar o carro. Ao sairmos demos-nos conta que estávamos ao lado do recinto de festas e que a festa devia decorrer naquele fim-de-semana pois havia imensos miúdos e graúdos com fatos de escuteiro a circular por ali, altifalantes dos quais se ouvia a esperada música pimba e as ruas enfeitadas com fitas de papel multicoloridas. Bem que devíamos ter calculado que era uma altura especial para a aldeia pois quando percorríamos o trilho do outro lado do rio ouvimos a missa alto e bom som.

Resignados, afinal não íamos poupar muitos quilómetros às pernas, descemos as ruas da aldeia que se transformaram num caminho de terra batida. Mas o caminho fazia-se bem e acabámos por chegar ao miradouro. Daqui tinha-se uma fantástica paisagem da ponte ao fundo rodeada de colinas altas verdejantes (ver imagem em cima). Deleitados, depois da fotografia tirada claro, seguimos caminho, tendo comentado o cheiro a bode que se fazia sentir. Era um cheiro intensificado característico do queijo de cabra. Poucos minutos passaram quando descobrimos a razão do cheiro: um bode de cornos enormes a mascar erva na berma da estrada.

Encontro com gado caprino

O meu marido, mais conhecedor da vida rural, disse logo que se passássemos do outro lado da estrada não ia haver problema nenhum. Eu não estava muito confiante. O meu marido passou, mas quando o fez o bode fez uma espécie de uma marrada, pondo a cabeça a jeito de forma a dar a marrada com a ponta bicuda dos cornos. O meu marido passou, agora quase a fugir, e teve que rapidamente se afastar, porque um segundo ataque viria com toda a força como o bufar do bode indicava. E talvez não seja do conhecimento comum, mas quando um bode marca um alvo, ataca-o vezes sem conta. Houve já vários incidentes onde pessoas ficaram seriamente feridas ou que morreram devido a serem alvos de ataques de bodes.

Não sabíamos o que fazer, eu definitivamente não ia tentar passar pelo bode, nem o meu marido no sentido contrário. Ainda me meti pelo meio do mato colina acima e houve certa altura que nem sabia onde estava a meter os pés pois as ervas davam-me pelos ombros. Tudo para de repente me vir de frente com mais cabras e outro bode, este mais pequeno. E daqui não conseguia descer para a estrada principal, apenas por um caminho que ia dar mesmo aonde o bode estava pois este, entretanto tinha começado a avançar pela estrada em direção ao meu marido. Confesso que nesta altura estava em pânico, as minhas mãos tremiam e já estava para me atirar para a estrada. O meu marido é que me chamou a razão, de que me ia aleijar se me atirasse pela colina abaixo. O bode continuou pela estrada em direção ao meu marido, que nesta altura estava meio escondido por uma curva. Eu cheguei então à estrada pelo tal estreito trilho, mas estávamos na mesma situação, tínhamos o bode a separar-nos. Quem acabou por resolver a coisa foi o meu marido que arranjou um pau de madeira grande, género cajado, e apareceu com ele a ‘mandar vir’ com o bode, a mandá-lo sair da estrada. Penso que mais do que as ordens e o refilar foi o pau que fez sucesso pois o bode subiu a colina para junto do resto do gado, deixando a estrada livre para eu passar.

O gado que encontrámos no trilho para a Ponte da Misarela

Eu agora a escrever isto até me rio, mas na altura acreditem que rir era a última coisa que me passava pela cabeça. E claro que durante o resto do caminho, sempre de pau na mão, não fosse haver mais encontros indesejáveis, passando pela calçada romana, semelhante à calçada portuguesa no Trilho da Preguiça, fomos sempre a falar do que se tinha acabado de passar. E chegámos à ponte da Misarela. Mas não nos esqueçamos que tínhamos de fazer o caminho de volta; e se o bode estivesse outra vez no meio do caminho? Mas soubemos ainda na ponte que não ia estar porque o bode ia guiando as cabras pela colina abaixo e já o víamos da ponte. Ao longe, mas aproximando-se a pouco e pouco.

Foi nos explicado mais tarde que os bodes estão mais violentos em maio quando é a altura da criação do gado caprino (quando as cabras estão saídas em jargão rural), sendo também a razão para o cheiro intenso a bode. Afinal o bode estava só a mostrar que era o macho alfa.

Felizmente no caminho de regresso o bode já estava mais abaixo, longe da estrada, e não houve mais eventos peculiares até chegarmos ao carro.

Ponte da Misarela e as invasões francesas

Ponte da Misarela

A ponte da Misarela foi um dos locais mais pitorescos que visitámos no Gerês. Uma paisagem digna de ser retrata vezes sem conta em fotografias e pinturas – a colina verdejante, a ponte de pedra com 13 metros de altura construída na Idade Média e a poderosa cascata.

A ponte da Misarela foi palco de um dos episódios importantes da história de Portugal. Durante as invasões francesas, o exército francês sitiado no Porto ao saber do risco de um ataque iminente das forças aliadas decidiu abandonar a cidade e fugir para Espanha. E o caminho fazia-se através da Ponte da Misarela. Contudo, as tropas de Napoleão depararam-se não só com a passagem obstruída, mas também com o exército inimigo que contava com cerca de 400 homens. Os franceses na ânsia de atravessarem a ponte avançaram a todo o custo levando a que neste confronto homens fossem atirados para o abismo e mulas e cavalos aterrorizados fossem mutilados, abatidos ou lançados à ravina, quando se recusaram a atravessar a ponte. Depois de várias tentativas frustradas, o exército francês acabou por passar pela ponte e seguir em direção a Montalegre para chegar à fronteira com Espanha. Interessante é que a ordem que tinha sido dada ao exército português era o de destruir a ponte, para impedir a passagem dos franceses, o que foi recusado pelos homens do exército naturais daquela região. Concordaram sim em levantar barreiras, construir obstáculos de grandes dimensões para impedir a passagem, mas não destruí-la. Se não fossem esses portugueses hoje não haveria ponte da Misarela.

Lenda da Ponte de Misarela

Reza a lenda que a ponte foi construída pelo diabo e por isso a ponte também é conhecida por ponte do diabo. Eu por esta altura não sei se foi ou não, mas se foi aquele bode de cornos enormes foi certamente nomeado como guardião da ponte.

Assim é a lenda:

Um fugitivo deparou-se com uma zona intransponível do rio quando fugia das autoridades. Encurralado, evocou o diabo para o ajudar a atravessar aquela zona, oferecendo-lhe em troca a sua alma. O diabo rapidamente aceitou o pacto e fez aparecer do nada uma ponte de pedra para o fugitivo atravessar. Depois de passar para o outro lado do rio, o fugitivo ouviu um estrondo e quando olhou para trás viu a ponte a ruir para assim os seus perseguidores não o conseguirem apanhar.

Mais tarde, o homem arrependeu-se de ter oferecido a sua alma ao diabo e procurou um padre que o pudesse ajudar. O padre voltou ao local onde o fugitivo tinha passado e tal como este evocou o diabo e ofereceu-lhe a sua alma. O diabo aceitou e fez aparecer de novo a ponte. Nesse momento o padre tirou do bolso uma garrafinha com água benta com a qual benzeu a ponte enquanto recitava a reza dos exorcismos. O diabo fugiu espavorido deixando intacta a ponte, a ponte da Misarela.


Hotel Vista Bela do Gerês

Para o nosso 5º alojamento no Gerês escolhemos o Hotel Vista Bela do Gerês, um hotel de 3 estrelas com vista para a Barragem de Paradela, ao pé da aldeia do Outeiro, a mais ou menos 1Km de distância. Tal como o nome indica, a paisagem circundante é o ponto alto deste hotel com o brilhante espelho de água envolvido por picos montanhosos.

Barragem de Paradela (paisagem do Outeiro)

Confesso que estávamos um pouco apreensivos com o que iríamos encontrar neste hotel, já que online tínhamos lido uma mistura de boas e más reviews, que incluíam o facto de não haver acesso ao WiFi nos quartos, o hotel ser velho e ter um aspeto acabado, gritando por urgentes remodelações. Por isso, apesar de positivos, as nossas expectativas eram conservadoras.

Para entrar dentro do hotel de carro é preciso passar por uma cancela que depois de aberta leva para o parque de estacionamento que fica na parte frontal do hotel onde se encontra o restaurante. Fizemos o check-in, disseram-nos que se quiséssemos jantar ali para dizer os pratos principais até às 7 da noite, e deram-nos as chaves do nosso quarto que ficava no piso térreo.

Quarto

O nosso quarto era enorme e sim rústico tal como o hotel, mas com carácter, oferecendo uma experiência própria de uma casa de campo portuguesa. E da varanda do nosso quarto tínhamos aquela paisagem que poderíamos admirar por horas. Portanto acabámos por gostar imenso do hotel e sim, não havia acesso à internet no quarto, mas já vínhamos a contar com isso. Talvez o que possa ter de menos bom a dizer é da iluminação do quarto que era bastante fraca.

Depois do check-in e de pormos as nossas malas no quarto demos uma volta pelo hotel, que é bastante grande, passando pela convidativa piscina da qual acabámos por não experimentar, mas que está disponível aos hóspedes do hotel.

Piscina

No fim de tarde, quando o sol começava a baixar, aproveitámos o bocadinho que tínhamos até à hora de jantar para nos sentarmos na varanda quando apareceu uma gata. A gata era muito meiguinha e não demorou muito tempo até a termos no nosso colo a ronronar. Ficámos a saber mais tarde que a gata pertence aos donos do hotel e que é seu costume meter-se nos quartos dos hóspedes que ao encontrarem uma gata tão meiga, acabam por lhe dar comida e atenção. Por a gata ser tão meiga os donos já receberam diversos pedidos dos hóspedes para ficarem com ela. Os quais o dono sempre recusou.

Varanda do nosso quarto

Ela foi a nossa companhia no final da tarde do primeiro dia e durante o pequeno-almoço do dia seguinte.

Restaurante

Na zona do Outeiro não há muitas escolhas para jantar e por facilidade decidimos jantar no hotel. O restaurante abre às 8 da noite e no dia em que aqui estivemos só nós estávamos hospedados no hotel e a tirar vantagem do restaurante.

Os pratos disponíveis são de comida tradicional local desde carne de vaca, a chamada posta, até à truta, peixe que apanham na barragem de Paradela. Como disse acima nós tivemos de fazer ‘a reserva’ dos pratos que queríamos atempadamente e escolhemos o salmão grelhado e a truta recheada com presunto, sendo este prato típico da região.

Truta recheada com presunto

O restaurante não é muito grande, mas a paisagem é indiscritível. Ainda antes dos nossos pratos de peixe, pedimos também entradas, alheira e chouriça assadas. A alheira era caseira como nos foi dito e tanto um enchido como o outro eram de boa qualidade.

Salmão grelhado

Ambos os pratos de peixe vierem acompanhados com batata cozida, feijão verde e brócolos também estes cozidos. Para nós o melhor foi o salmão, mas a truta também era bastante boa, apenas achámos que o presunto era desnecessário. No entanto, eu que não sou muito apreciadora de peixes com espinhas fiquei muito contente com a escolha feita.

No final da refeição não tivemos sobremesa, mas sim uma aguardente de café e uma aguardente simples, ambas de fabricação caseira, oferta do dono do hotel. Apesar de ambas as bebidas serem bastante fortes, acabei por gostar bastante da de café. E acabámos por ficar à conversa com o dono do hotel, já que sendo os únicos hóspedes tínhamos a sua atenção. Falou-nos de como é viver na região, de como o Gerês é muito procurado durante o Inverno quando começa a nevar. Contou-nos também a trágica morte da rapariga nas cascatas Tahiti da qual já mencionei (ver post aqui) e foi ele quem nos explicou o que eram os canastros, para que serviam e como se lhe davam um diferente nome, o de espigueiros, em outras zonas do Gerês. Foi um jantar muito agradável, boa comida, boa conversa e uma vista especial.

Já no quarto, sem internet, acabámos por ficar a ver um bocado de televisão antes de adormecermos. Sem barulho e numa cama confortável, acabou por ser uma das noites em que ser dormiu melhor no Gerês.

No dia seguinte, fomos recebidos pela cozinheira, pelo dono do hotel e pela gata na sala de pequenos-almoços. Tivemos direito a uns ovos mexidos com bacon e ao normal pequeno-almoço continental. Como os pequenos-almoços são servidos no restaurante aquela vista que já começávamos a conhecer estava ali como companhia.

Pequeno-almoço

Em geral, gostámos muito do hotel. Sim, não havia WiFi no quarto, mas não foi por isso que a experiência se tornou horrível. Muito pelo contrário, até porque fomos recebidos e tratados de uma forma calorosa durante toda a nossa estadia.


Outeiro

Depois de fazermos o check-in e da volta inicial pelo hotel como ainda era cedo, mas não querendo voltar a sair com o carro, decidimos ir a pé até à aldeia do Outeiro. Ao descer a estrada apercebemo-nos que aqui é uma das paragens do trilho GR50 indicando que é um local de interesse. Antes de chegar à aldeia, passámos por um pastor num trator seguido por uma manada de bois que estava a ser controlado por um cão-pastor. Eu depois das experiências dos últimos dias com bois e bodes já todos os animais me assustavam e passei o mais longe possível deles.

A caminho para o Outeiro

No Outeiro, fomos recebidos por uma bonita igreja paroquial com uma torre sineira erguida no adro em frente à fachada da igreja. Esta igreja de pedra escura dava-nos entrada para uma aldeia de arquitectura característica da região; casas de pedra escura tal como a calçada. Fomos passeando pelas ruas da aldeia sem destino concreto, encontrando pelo caminho os tradicionais canastros (ou espigueiros) sempre acompanhados por uma paisagem lindíssima, um conjunto harmonioso do lençol de água da barragem, colinas verdejantes e picos montanhosos altíssimos.

Antes de voltarmos para o hotel, ainda no Outeiro, passámos por um galinheiro onde patos grasnavam ferozmente e ouvimos à distância o barulho de gado que nunca chegámos a ver.

No Outeiro, apesar da contraditória vida do campo, dura mas de ritmo lânguido, a vista da barragem de Paradela nunca nos deixou. A construção da barragem, em funcionamento desde 1956, alterou a paisagem envolvente, resultando num microclima local, que hoje está presente. Esta barragem tem uma arquitectura peculiar, quando se compara esta com as outras barragens da região, sendo a de Paredela uma barragem de enrocamento constituída por rochas acumuladas a granel. A barragem de Paradela é considerada como a maior obra de engenharia da Europa dentro deste tipo de tipologia.

Paisagem de uma das ruas na aldeia do Outeiro

Pitões das Júnias

Depois de fazermos o check-out no Hotel Vista Bela do Gerês seguimos para Pitões das Júnias, a aldeia mais a oeste no parque nacional que iríamos explorar. Não só iríamos fazer o trilho que passa pela cascata de Pitões das Júnias e pelo Mosteiro de Santa Maria das Júnias, mas também passaríamos aquela noite na aldeia, na Casa d’Campo Ferreira.

Aldeia Pitões das Júnias

Trilho de Pitões da Júnias

O trilho de 4.3Km percorre um trajecto circular que começa (e acaba) no Anjo, ao pé do cemitério de Pitões das Júnias. O percurso não é difícil, a parte onde se terá maior dificuldade é na do caminho de terra que sai do trilho principal até às ruínas do mosteiro. Essa parte do caminho não é circular, ou seja desce-se até ao mosteiro e depois sobe-se pelo mesmo caminho para chegar outra vez ao trilho principal.

Estacionámos assim o carro ao lado do cemitério, debaixo de uma árvore, para proteger o carro do sol – que mesmo àquela hora matinal o calor já se fazia sentir. Começámos a descer pelo trilho até encontrarmos um cruzamento, virámos à esquerda para o mosteiro (para a direita o caminho vai dar à cascata) e descemos o estreito trilho de terra batida.


Mosteiro de Santa Maria das Júnias

Chegada ao mosteiro de Santa Maria das Júnias

Apesar de não se ter certezas, pensa-se que o mosteiro surgiu a partir de um eremitério no século IX. Em termos arquitetónicos, o mosteiro enquadra-se no estilo românico juntamento com características do estilo gótico. O mosteiro de Santa Maria das Júnias é considerado monumento nacional.

Até meados do século XII, os monges que viviam neste mosteiro seguiam a regra de São Bento (regra beneditina), tendo adoptado posteriormente a regra da Ordem de Císter. O mosteiro esteve afiliado, durante período alternados, ao mosteiro de Oseira, na Galiza, e ao mosteiro de Santa Maria do Bouro, no Gerês.

Igreja do mosteiro de Santa Maria das Júnias

Existe apenas uma inscrição neste mosteiro com uma data específica, inscrição essa que se traduz por ‘Era Hispânica de 1185, Anno Domini de 1147‘. É curioso que esta é também a data de quando D. Afonso Henriques conquistou a cidade de Lisboa aos mouros, conseguindo-o com a ajuda do Bispo do Porto, D. Pedro Pitões.

No século XV, o mosteiro entra em decadência depois da morte do abade D. Gonçalo Coelho e é abandonado em 1820. Apesar de várias partes do mosteiro estarem em elevado grau de degradação, em 1566 retomava-se a vida monástica com a presença do abade D. Valeriano de Villada. De acordo com vários documentos, houve várias campanhas de reforma durante 1726 a 1728, contudo as precárias condições do mosteiro levaram ao seu encerramento em 1834/1835.

Nas ruínas do mosteiro da Santa Maria das Júnias

Hoje, o mosteiro encontra-se em ruínas e como tal existem vários avisos de perigo alertando para a possibilidade de derrocadas. É possível passear por dentro das ruínas, mas não é possível visitar o interior da igreja. Mesmo em ruínas, o mosteiro ainda tem um ar majestoso.

Ao lado do mosteiro fica um ribeiro que faz parte da ribeira de campesinho; águas essas que alimentam a cascata de Pitões das Júnias.

E era para visitar a cascata que voltámos a subir pelo caminho de terra batida até ao trilho, virando agora no entroncamento para o lado contrário.


Passadiços e miradouro da cascata de Pitões das Júnias

A certa altura o trilho é substituído por passadiços que estão em óptimo estado depois da sua restauração parte de um projecto de 60.000 euros. Este projecto piloto do parque nacional da Peneda-Gerês dá-se pelo nome de ‘Substituição e melhoria infraestrutural e de usufruição do passadiço de Pitões das Júnias’. O projecto foi financiado pelo Fundo Ambiental e teve apoio logístico do município de Montalegre e da junta de freguesa de Pitões das Júnias. Os passadiços não levam até ao pé da cascata e não dá para ir à cascata desde o ponto em que os passadiços terminam, que é no miradouro da cascata de Pitões das Júnias.

Passadiços para o miradouro da cascata de Pitões das Júnias

A cascata tem uma altura de 30 metros e encontra-se entre fracturas das rochas graníticas envolventes. Há uma maneira de chegar ao topo da cascata por um trilho muito estreito, mas para além de perigoso não é aconselhado para aqueles que têm medos de alturas. Para além disso, a paisagem que o miradouro oferece é bastante bonita sem ser necessário correr riscos desnecessários.

Voltando a subir os passadiços e seguindo pela estrada chega-se à entrada da aldeia de Pitões das Júnias.

Para quem quiser estender o trilho há um que passa pela igreja de São João, uma igreja branca que fica no cimo do monte, que é possível avistar da aldeia. Se assim pretenderem contem em percorrer uma distância de cerca de 17.7Km. O mapa e as indicações para este percurso podem ser acedidos através do link: https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/pitoes-das-junias-capela-de-sao-joao-mosteiro-de-santa-maria-cascata-de-pitoes-85489955


Montalegre – uma paragem útil

Quando chegámos ao carro ainda era bastante cedo para a hora do check-in, que tinha sido combinado para as 4 da tarde, e por isso decidimos que esta era a melhor altura de ir até Montalegre. Até teríamos feito primeiro uma pausa na ‘Taberna de Caskais‘, um restaurante mesmo ao lado do cemitério, que nos pareceu com potencial para se tornar uma surpresa tão boa como o café em Fafião, mas infelizmente fecha às segundas-feiras.

Montalegre fica a cerca de 20 a 30 minutos de Pitões das Júnias e não chegámos a explorar a vila ficando-nos pelo supermercado à sua entrada para pôr gasóleo e comprar mantimentos pois o alojamento em Pitões das Júnias não incluía pequeno-almoço. Apesar de não ter muito para dizer sobre Montalegre, esta deve ser uma paragem a considerar especialmente para meter gasolina, não havendo muitas oportunidades dentro do parque nacional do Gerês.


Aldeia e Casa d’Campo Ferreira

Cozinha da Casa d’Campo Ferreira

Voltámos para Pitões das Júnias e deixámos o carro no largo que fica à entrada da aldeia, no fim da rua de Chães. Isto porque as estradas dentro da aldeia são bastante estreitas e não quisemos ter mais aventuras. Também a Casa d’Campo Ferreira, onde íamos ficar alojados, ficava apenas a cerca de 5 a 10 minutos a andar. Às 4 da tarde fomos recebidos no nosso alojamento e como não havia mais hóspedes para aquela noite ficámos com a casa inteira para nós. A casa está dividida em duas partes – a parte debaixo que antes devia ser a loja ou o curral dos animais, está agora dividida em quartos individuais. A parte de cima, a casa em si é normalmente alugada a famílias. A casa tem 4 quartos, sala e cozinha. Penso que 2 dos quartos tem casa-de-banho privativa, pelo menos o nosso tinha, e outra na zona partilhada.

A casa foi restaurada e tem todas as comodidades precisas, mas mesmo assim o seu carácter rústico de uma casa por onde já passaram muitas gerações foi mantido.

A única coisa que estava a faltar era acesso ao WiFi. Pelo que nos disseram não havia internet porque na semana anterior tinha havido uma trovoada fortíssima que tinha queimado alguns cabos. E pelos vistos, as trovoadas são comuns naquela região. E eu não duvido, porque apesar de estarmos no final de maio não deixámos de acender a lareira depois do jantar, para nos aquecermos, para tornar a casa mais confortável enquanto aproveitávamos aquele prazer lânguido com algumas das bebidas que que tínhamos trazido de Montalegre.


Restaurante Casa do Preto

Não havia muitos restaurantes à escolha, mas havia um e era esse que eu queria experimentar depois de ler que era aqui que se comia o melhor bolo de chocolate do mundo – o restaurante Casa do Preto.

Bem não sei se assim será, mas o bolo de chocolate é realmente famoso neste restaurante e foi no final uma das refeições que mais nos ficou na memória desta viagem. E não só pelo bolo.

Restaurante Casa do Preto

Fizemos o caminho a pé e apesar de não termos marcação tivemos mesa. Aliás tivemos todo o restaurante. Eu acredito que quem vá passear no Gerês durante o Verão não ache possível que todos os restaurantes estejam vazios em época baixa. Mas assim foi mais uma vez, tivemos o restaurante inteiro para nós! Até chegámos a perguntar se era sempre assim, mas tal como no restaurante em Covide, Turismo, também aqui é a hora de almoço que o restaurante tem mais movimento.

E como as férias estavam quase a acabar mandamo-nos de cabeça para a comida, começado nas entradas – chouriça assada e queijo. O queijo vinha acompanhado com um doce, eu penso que era doce de marmelo ou de abóbora, que complementava o queijo maravilhosamente. Para prato principal decidimos dividir uma feijoada à transmontana. A feijoada em si era deliciosa, mesmo muito boa. Disseram-nos depois que os enchidos são locais, feitos pelo próprio restaurante.

Mas agora feijoada ao jantar não sei se terá sido a escolha mais acertada. Nem fazendo os 17.7Km nos livrava do quanto tínhamos comido. Mas claro, como sempre, no final havia um estômago especial reservado para as sobremesas, pois tínhamos de experimentar o bolo de chocolate. E valeu imenso a pena, mesmo saindo empanturradíssimos do restaurante.

Aconselho imenso a virem a este restaurante – bom ambiente, boa vista, bom atendimento e o melhor – boa comida.

No final, já a pagar, perguntámos o porquê do nome do restaurante. Até porque na nossa aldeia há famílias com essa alcunha devido à cor morena da pele. E é exactamente o mesmo aqui, como a família era conhecida como os pretos por terem uma pele morena foi esse o nome que deram ao restaurante. É engraçado como aldeias tão distantes tem um pensamento cultural tão semelhante.

Não sei explicar porquê, mas esta foi a aldeia que mais me marcou de todas aquelas que visitei no Gerês. Não sei se foi pela sua atmosfera sombria ou por ser um local recatado como se estivéssemos separados do mundo. Talvez por ambas razões, talvez por nenhuma, mas o que é certo é que Pitões das Júnias me marcou.

A viagem completa ao Gerês, com todos os trilhos, restaurantes e hotéis, está disponível na página Parque nacional Peneda-Gerês.


Xertelo

A nossa viagem pelo Gerês estava a acabar e após uma semana estávamos prestes a realizar o último trilho. Depois de deixar Pitões das Júnias chegámos ao Xertelo para fazermos o trilho PR9 MTR- Trilho dos Poços Verdes.

O trilho começa na aldeia de Xertelo que tal como em outras aldeias por onde tínhamos passado não é autorizada a circulação de viaturas não pertencentes a locais ou residentes. Portanto tivemos que estacionar à entrada da aldeia ao lado do Bar Sete Lagoas.

Na subida incial do trilho PR9 MTR

PR9 MTR – Trilho dos Poços Verdes

O trilho pode ser feito de várias formas uma vez que existem caminhos alternativos que vão dar às lagoas. Aquele que nós fizemos teve uma distância de 10.76Km e demorou cerca de 3 horas e meia. Recomendo este caminho a quem também quiser fazer este percurso. Certamente seria a nossa escolha se o fizéssemos de novo.

Moinho

Começámos o trilho ao entrar na aldeia de Xertelo. Mais adiante encontrámos uma placa com a indicação ‘moinho (cubo vertical)’, um dos pontos de interesse deste trilho. A partir deste ponto começámos a subir até ao moinho.

O moinho, agora restaurado, é um dos legados mais importantes da região, recebendo ainda as águas transportadas pelas levadas. Este moinho é especial devido à sua estrutura que permite transportar a água até ao tecto, que ao cair do telhado forma uma cascata. Na altura em que aqui estivemos infelizmente as levadas estavam secas e sem as águas das levadas não vimos este efeito cascata.

Moinho cubo vertical

Depois de passarmos o moinho seguimos sempre pela estrada larga. Mesmo quando a certa altura encontrámos uma placa a direccionar para um trilho mais estreito. Esse trilho foi o caminho que fizemos quando voltámos, que segue junto às levadas. Seguindo pela estrada larga, depois da subida inicial, o caminho segue quase sempre a direito.

As paisagens desta parte do caminho foram das mais bonitas da viagem. Mais ou menos no quilómetro 3 chegámos a um cruzamento onde virámos à esquerda. Mesmo antes de chegarmos ao cruzamento passámos por uma família de cavalos. Mas em vez de me sentir numa espécie de conto de fadas na minha cabeça já corriam imagens de patadas, feridos e mortos. Tudo à conta das nossas últimas experiências. Felizmente não se passou nada de inédito e começámos a descer em direcção às lagoas. Foi quase ao fundo da descida que o caminho se cruzou com o do trilho mais estreito.

Cruzamento antes de começar a descer para as lagoas

Represa do Pinhedo

Mesmo antes de chegarmos às lagoas, a cerca de 1Km de distância, passámos por uma represa. Penso que esta será a represa do Pinhedo. Este é um bom local para tomar banho, sendo o caminho para chegar à água mais fácil aqui do que nas lagoas.

Poços Verdes do Sobroso

As sete lagoas chamadas de Poços Verdes do Sobroso fazem parte do complexo hídrico da Serra do Gerês. As lagoas são alimentadas pela represa que funciona como posto intermédio entre as águas do rio Fafião e da barragem de Paradela. Parte deste complexo fazem parte mais de 12Km de túneis que atravessam os maciços graníticos. Estes túneis são quase invisíveis a olho nu de forma a manter a paisagem natural da serra e ao mesmo tempo fornecer água às várias localidades da região.

A cada um destes poços está atribuída uma ‘acção’ diferente, cuja ordem da lagoa mais próxima da represa até à mais afastada é a seguinte: nadar, relaxar, meditar, desfrutar, usufruir, cuidar e revigorar.

Ainda pensámos em tomar banho numa destas lagoas, mas no final não conseguimos encontrar um caminho com o qual nos sentíssemos seguros. Talvez influenciados pelos avisos que tínhamos ouvido antes, a de que os acidentes acontecem aqui com regularidade. E devem realmente acontecer pois quando chegámos encontrámos um placar com o aviso de perigo. Nele aconselhava-se a não fazer a travessia de uma margem para a outra nem no Inverno nem em alturas de muita chuva. Isto porque com o piso molhado existe o perigo real de queda e afogamento.

Ainda fizemos uma tentativa de chegar a uma das lagoas através de um carreiro, mas acabámos por desistir e voltar para trás. Tal como disse, se quiserem tomar banho nesta zona, recomendo a represa do Pinhedo (ou assim penso ser o nome da represa).

No caminho de regresso seguimos pelo carreiro mais estreito, e apesar de ser um piso diferente, não foi difícil de percorrer. Não só o percurso foi practicamente feito a direito, como também assim tivemos a oportunidade de ver as levadas com os seus vales envolventes.

Fojo do Lobo

Tal como em Fafião, também mesmo a chegar à aldeia de Xertelo existe ainda um fojo do lobo, a antiga armadilha para a captura de lobos. Este fojo considerado património nacional encontra-se em óptimas condições que se podem ver a partir do trilho. Se quiserem fazer um pequeno desvio, podem ir até ao miradouro que faz agora parte do fojo.

Fojo do lobo em Xertelo

De novo na Vila do Gerês

Para a nossa última noite voltámos ao Hotel Adelaide na Vila do Gerês. Não vou falar muito sobre o hotel uma vez que o fiz no post 2ª Paragem no Gerês. Não houve nenhuma razão específica para ficarmos no mesmo hotel, mas não nos arrependemos.

O quarto onde ficámos desta vez tinha uma varanda ainda maior para aquela vista espectacular. E foi aqui que acabámos a tarde, sentados à varanda a beber e a comer.

Para jantar acabou por haver uma mudança de planos. Inicialmente tínhamos pensado voltar ao restaurante Lurdes Capela para experimentar o Bife à Gerês, um bife com molho de queijo que muito nos tinha sido recomendado. Mas depois da tarde passada a petiscar decidimo-nos por algo mais leve.

Vai…Vai Gerês

Foi por isso que acabámos a descer a rua do hotel até à vila e jantar no café ‘Vai…Vai Gerês’. O nome pode ser original, mas a comida que oferecem é a normal para a de um café, hambúrgueres, sandes e pizzas. Não significa que a comida não era boa, pelo contrário foi de encontro àquilo que procurávamos. Escolhemos o prego no pão e o hambúrguer especial com queijo, fiambre, alface e ovo. Para quem procura uma coisa simples e descontraída, este café é o ideal.

Hambúrguer especial no Vai…Vai Gerês

Depois da refeição fomos dar uma volta pela vila, mas a vila não sendo grande levou-nos a passar pelos mesmos locais dos da primeira vez em que aqui estivemos.

Massagens e um adeus

Para o dia seguinte tínhamos marcação para duas massagens no Hotel Adelaide. A nossa ideia inicial era o de as termos feito no dia em que chegámos ao hotel, mas sem marcação atempada era impossível arranjar vaga para aquele dia. Só conseguimos dividir uma sessão de 1 hora por 2 de meia-hora para o dia seguinte.

Aconselho a fazerem marcação atempada, especialmente se quiserem um tratamento mais completo, porque o serviço de wellness e relax do hotel é bastante procurado.

Por isso, a última manhã no Gerês foi passada com um de nós a aproveitar o seu último pequeno-almoço enquanto o outro estava na massagem. A massagem que nos foi marcada (de 30 minutos) é chamada de terapêutica ou descontruturante. Esta é uma massagem localizada com o objectivo de aliviar a dor e contracturas musculares resultantes por exemplo do stress ou má postura. Como devem calcular depois de uma semana a andar com peso às costas, não contando com todos os episódios caricatos, a senhora acabou por ter algum trabalho em conseguir relaxar-nos. Aconselho imenso a aproveitarem deste serviço.


Apesar de termos passado uma semana no Gerês e termos percorrido uma grande parte do parque nacional ainda há zonas que estão na lista para uma próxima visita. Estas são zonas que ficam na parte mais oeste do parque como Castro Laboreiro, Soajo e Lindoso. Fica assim marcada mais uma viagem para um futuro próximo.