Índice nesta página
- Como chegar e parque de estacionamento
- Preços e horários
- Breve história
- A nossa visita pelos jardins
- A nossa visita pela casa
- Trilho junto ao rio Tamisa
Num domingo solarengo no início de março e com um voucher para um dos muitos locais do National Trust, a organização britânica que cuida de locais de cultura, arte e valor histórico no país, pegámos no carro e fomos até à parte sudoeste de Londres, especificamente à cidade de Richmond. O objectivo era o de visitar Ham House and Garden e assim usar o voucher com o qual tínhamos entrada gratuita.

Website oficial da Ham House and Garden: https://www.nationaltrust.org.uk/visit/london/ham-house-and-garden
Como chegar e parque de estacionamento
Para quem vem de transportes públicos do centro de Londres, a melhor opção é apanhar o comboio South Western Railway em Waterloo e depois o autocarro, o 371, na estação de Richmond. Claro que a melhor forma de chegar vai depender do local de onde partem, mas em princípio será chegar à estação de Richmond de metro ou de comboio e depois apanhar o autocarro.
Para quem conduz a melhor parte é que o parque de estacionamento é gratuito. Nós saímos do norte de Londres e demorámos cerca de 1 hora para cada lado. Nem é a distância o problema mas sim o trânsito porque já se sabe que quando se conduz por dentro da cidade vai-se ficar parado algures pelo caminho.
O parque de estacionamento gratuito pertence ao conselho municipal e fica na rua que dá entrada à propriedade. O parque de estacionamento de terra se estiver cheio ou se preferirem podem estacionar nas ruas em redor onde também não se paga. Nós conseguimos estacionar no parque de estacionamento, mas estava bastante cheio pois no céu azul sem nuvens o sol brilhava e em Inglaterra estes dias são raros e é de aproveitar para sair quando tal acontece.
Preços e horários
O preço normal do bilhete é de 18.70 libras por adulto ou se vierem em família o bilhete fica a 46.80 libras que inclui entrada para dois adultos e até 3 crianças.

Os jardins e o café em Ham House and Garden abrem às 10 da manhã e a loja de recordações meia hora mais tarde. A casa, no entanto, só abre ao meio-dia. Nós chegámos por volta das 11 e meia e como a casa estava fechada fomos primeiro visitar os jardins.
Breve história
Ham House and Garden foi construída em 1610 e oferecida pelo rei Charles I a William Murray, seu amigo de infância, em 1626. Ham House tornou-se residência do casal Murray, William e Catherine, e a partir de 1630 transformaram-na de forma a reflectir o seu gosto e a corresponder ao seu estatuto de amigos da família real e de membros da corte.
Infelizmente para este casal, em 1642 a guerra civil entre o rei e o parlamento começa e William como grande amigo do rei viu-se obrigado a combater contra o parlamento deixando a sua família em Ham House. Do resultado desta guerra, o rei Charles I foi condenado à decapitação por traição, o que veio a acontecer em 1649. Com isto William teve de permanecer em exílio e depois da morte de sua mulher também em 1649, a filha do casal, Elizabeth, torna-se proprietária de Ham House and Garden.

Nos jardins de Ham House (na secção dos Plats)
Mesmo na nova situação política Elizabeth pôde manter a sua residência e estatuto social devido à sua relação amigável com Cromwell, o agora ‘Lord Protector’ (lorde protector) da nova Commonwealth. Mas Elizabeth teve outro papel importante já que ela transportava em segredo cartas para o continente, onde o futuro rei de Inglaterra, Charles II se encontrava.
Durante todo este período Elizabeth continuou a adquirir mais obras de arte e a remodelar a casa com o apoio do seu marido actual Lionel Tollemache. Lionel morre depois em 1669 e Elizabeth volta a casar-se em 1672 com John, Duke of Lauderdale, e torna-se com esta união Duquesa de Lauderdale.

Tal como os pais de Elizabeth tinham feito, também os duques de Lauderdale quiseram mostrar o seu gosto pelo poder e pela decadência. Afinal o duque era membro do gabinete interno do novo rei e o casal queria que a sua residência mostrasse o seu estatuto social. Para isso fizeram extensões à casa e contraram os melhores artesões da altura para decorarem as salas interiores. Na parte exterior da casa os jardins foram re-organizados tal como se encontram actualmente.
A nossa visita pelos jardins
Como disse acima, a nossa visita começou pelos jardins. Mas lembremo-nos que estávamos no início de março e por isso os jardins ainda mostravam os efeitos do inverno e muito pouco da primavera que ainda tinha de chegar. Talvez isso tenha feito com que a nossa visita não tenha sido muito longa até irmos para dentro da casa. Mas não deixámos de passar pelas 5 partes diferentes dos jardins, que são as seguintes:
- Fountain Garden (jardim da fonte): este é o primeiro jardim que se encontra quando se entra pela entrada lateral. Este jardim dá acesso ao café e também às casas de banho e à loja de recordações
- Kitchen Garden (jardim da cozinha): Este jardim ainda está a ser restaurado de acordo com os planos, desenhos e documentos disponíveis da época de Elizabeth
- Plats (relvados): Oito relvados de forma quadrada. Quando aqui viemos estes coloriam-se de violeta das flores que davam os primeiros sinais da Primavera
- The Wilderness (região selvagem): Parte mais afastada da casa com várias casinhas para descansar e com locais ideais para picnics
- Cherry Garden (jardim das cerejas): Jardim privado da duquesa Elizabeth

É importante de notar que depois de Elizabeth morrer e ao longo dos anos estes jardins foram deixados ao abandono e só em 1975 o National Trust começou a recriar estes jardins tais como eram antigamente. Para isso não só foram usados os desenhos, planos e documentos antigos que ainda estão disponíveis e que dão indicações como eram os jardins como também apenas foram usadas plantas que já existam em Inglaterra antes de 1700.
A nossa visita pela casa


Depois de visitar cada secção dos jardins era a vez de irmos para dentro da casa. A visita à casa está marcada por setas ajudando o visitante a atravessar as várias salas e quartos. Na sala da entrada virámos à esquerda em direcção à escadaria que dava acesso ao piso superior. A escadaria foi instalada em 1937 a mando de William e Catherine Murray. A escadaria está decorada com troféus militares como canhões e armaduras.
Mas ainda antes de subirmos pela escadaria visitámos uma pequena sala com pouca luminosidade. Esta sala inicialmente era um espaço que convidava a conversa entre os membros da família, mas transformou-se numa capela durante as remodelações feitas pelos duques de Lauderdale na década de 1670. A tapeçaria e o tecido do altar dentro desta sala são inestimáveis vestígios da época.

Quando subimos ao piso superior chegámos a uma grande sala onde em destaque se encontrava o quadro pintado como celebração do casamento dos duqueses de Lauderdale em 1672. Em seguida fomos passando por várias salas algumas decoradas com tapeçarias outras com vários quadros até chegarmos à biblioteca, também ela adicionada como parte das renovações. Nesta sala para além dos esperados livros também se encontravam alguns mapas e globos que mostram como na época se pensava ser o mundo. A certa altura voltámos a descer para o piso do rés-do-chão e depois para outro piso abaixo onde se encontravam os aposentos dos empregados.


É engraçado que durante a visita fomos encontrando vários desenhos nas paredes representando diferentes empregados de Ham House e o período em que ali viveram. Algumas das salas de destaque deste piso são as seguintes:
- The beer cellar (adega de cerveja): Como dita a norma a adega ficava no piso subterrâneo para manter a temperatura ideal ao processo de fermentação. Em 1679 nesta sala haviam 14 plataformas para guardar barris de cerveja. Nesta época a Ham House era auto-suficiente no dizia respeito a leite, ovos, manteiga, pão, legumes e carne de aves, porco e vaca.
- The kitchen (cozinha): Durante o reinado de Charles II a comida, a bebida e o entretenimento estavam no centro da política e do poder. E a cozinha da Ham House foi o que impulsionou este local para ser eleito como favorito para a discussão política. O rei Charles II e a rainha Catarina de Bragança estiverem em Ham House para um jantar de esplendor. Nessa altura, a cozinha tinha a mais recente tecnologia tal como um fogão a carvão que era o instrumento perfeito para criar os molhos franceses muito na moda.
- The Duchess’s Bathroom (casa-de-banho da duquesa): Esta é uma das primeira casas-de-banho interiores (dentro de casa) em todo o país. Foi instalada não só a banheira, mas também uma cama para Elizabeth relaxar depois do banho de imersão. Elizabeth terá-se inspirado durante as suas muitas viagens a França. Afinal o rei de França, Luís XIV tinha seis casas-de-banho no seu palácio em Versalhes.


Depois de conhecermos todos os seus aposentos e a sua história saímos para a rua onde ficava a última parte da Ham House, The Still House. Este compartimento era onde Elizabeth criava as suas receitas para a produção de medicamentos, maquilhagem e licores. Uma das receitas que Elizabeth partilhou com a sua sobrinha-neta foi a de ‘Snail Water’ (água de caracóis) feita com caracóis e minhocas como medicamento para a tuberculose.
Antes de sairmos da Ham House and Garden ainda fizemos uma paragem rápida na loja de recordações onde vendiam vários productos regionais.


Trilho junto ao rio Tamisa
Como Ham House and Garden ficava junto ao canal onde passa o rio Tamisa e já que o tempo convidava a isso seguimos durante um bocado pelo trilho que atravessa o Ham Riverside Meadow e assim tivemos a oportunidade de passar pela Eel Pie Island, conhecida desde os anos 60 pelas actuações de vários grupos musicais famosos na ilha como os Rolling Stones e os The Who.
Neste dia ficámos a conhecer melhor esta parte de Londres, mas há outro sítio muito procurado nesta zona, muito mais que a Ham House and Garden, os Kew Gardens. Nunca visitei estes jardins mas é um dos lugares que está já à algum tempo na lista para futuros domingos solarengos. E por isso quando o sol vier cá estaremos preparados para mais uma viagem até Richmond.