





Índice desta página
- Visitar os Dolomitas
- Preparativos para a viagem
- Resumo do nosso itinerário de 8 dias
- Primeiro dia
- Segundo dia
- Terceiro dia
- Quarto dia
- Quinto dia
- Sexto dia
- Séptimo dia
- Oitavo dia
- Conclusão da viagem
Visitar os Dolomitas
Onde ficam os Dolomitas?
Nos últimos anos temos explorado várias cidades em Itália, como por exemplo Milão, Veneza e Pádua que ficam mais para norte de Itália tal como Nápoles e Pompeia, estas mais a sul. Temos também aproveitado estas viagens para visitar zonas mais voltadas para a natureza como a Ilha de Capri e Lago Como.
E sem dúvida que ainda temos muito para ver, locais que queremos um dia visitar, mas havia uma zona em particular que nos chamava a atenção. Era daqueles sítios que vinha constantemente à conversa e esse sítio era os Dolomitas, a zona mais a norte de Itália que faz parte dos Alpes. Decidimos finalmente visitar os Dolomitas em junho de 2025 e conhecer duas das suas regiões, Veneto e Sul de Tyrol.
É sem surpresas que os Dolomitas fazem parte do Património Mundial da UNESCO desde 2009. Afinal o que encontrámos foi uma beleza quase estonteante, um local como poucos no mundo.

No final posso dizer que foi uma semana intensa, mas no melhor dos sentidos. Ficámos a conhecer um pouco da história associada aos Dolomitas, como por exemplo que parte dos Dolomitas pertenciam à Áustria até à Primeira Guerra Mundial, altura em que passou a estar sob domínio de Itália. E hoje esta região faz parte de Itália, no entanto os vestígios da cultura austríaca continuam presentes e enraizados, houve mesmo alturas que podia jurar estar noutro país que não Itália. E isto é evidente não só na arquitectura mas também na cozinha local. Uma das coisas interessantes que aprendemos foi que em certas zonas, mais em Tyrol, as pessoas falam uma língua diferente que não é nem italiano nem austríaco, mas sim Ladin (ou ladino em português). E Ladin é reconhecida como a língua oficial da região Trentino-Alto Ádige nos Dolomitas.
Agora em relação à nossa viagem, esta calhou naquela que é chamada a época baixa, em inícios de junho, o que trouxe muitas vantagens, mas também algumas desvantagens que vou descrever abaixo. Mas certamente que as vantagens ultrapassaram as desvantagens, pelo menos a meu ver, e em nada diminui a experiência.
Época alta e época baixa nos Dolomitas
Primeiro é preciso perceber quais são os meses que fazem parte da ‘época alta’, a altura do ano em que mais turistas vêm visitar os Dolomitas, em oposição aos meses da ‘época baixa’ quando é tudo mais calmo. Para os Dolomitas as alturas mais intensas são julho, agosto e a primeira metade de setembro e depois novamente de dezembro a fevereiro. Se os Dolomitas são famosos pelos trilhos que se podem fazer durante o verão, são ainda mais conhecidos pela oferta imensa de desportos de inverno nos meses mais frios. Aliás de acordo com a rapariga da pensão onde ficámos, os meses de inverno são muito mais caóticos do que os de verão. Por exclusão de partes, março a junho são meses considerados de época baixa tal como outubro e novembro.

Como nos Dolomitas os locais aproveitam para ir de férias nas épocas baixas, é importante ter em consideração que grande parte dos estabelecimentos focados no turismo como restaurantes e hotéis estão fechados durantes estes meses. É sem dúvida algo a ter em conta, mas que não impede de viajar até aos Dolomitas. Aliás eu diria que a melhor altura é mesmo no início de junho, quando as coisas começam a abrir, ou então finais de setembro, quando o tempo ainda não é muito frio e tem-se aquelas cores maravilhosas de Outono. E claro, sem grandes multidões. Mas deixo em seguida a lista de vantagens e desvantagens de viajar durante a ‘época baixa’ para que vocês mesmos possam decidir quando é a melhor altura para visitar os Dolomitas.
Desvantagens e vantagens de visitar os Dolomitas durante a época baixa
Desvantagem: Muitos dos restaurantes e hotéis estão fechados durante a época baixa. Isto foi algo que não nos demos conta quando marcámos a viagem até porque escolhemos ficar apenas num local, que acabou por ser a Pensione Edelweiss em San Cassiano. Mais chato foram os restaurantes que estavam fechados, por isso as nossas escolhas, mesmo boas eram um pouco limitadas. Houve até uma noite que andámos a ver de 3 restaurantes até encontrarmos um que estava de facto aberto. E não confiem nas informações no Google – mesmo que diga que está aberto, poderá na verdade não estar.

Vantagem: Como não haviam muitos restaurantes abertos acabámos por experimentar alguns que não teríamos feito de outra maneira e dos quais gostámos tanto que fomos duas vezes. E se fomos duas vezes, não foi apenas por as opções serem limitadas, mas porque gostámos imenso da primeira refeição que quisemos repetir.
Desvantagem: Foi preciso organizar a viagem com atenção porque alguns dos teleféricos ainda estavam fechados e não é muito engraçado subir durante horas se se tiver a contar com o teleférico.
Vantagem: Para nós isto não foi uma desvantagem, mas uma vantagem. Se por um lado os teleféricos estão fechados, por outro as estradas que fecham durante o verão estavam abertas. Foi por isso que pudemos conduzir até ao cimo de Cinque Torri e poupar o dinheiro nos bilhetes do teleférico, que se diga de passagem não são nada baratos. E pudemos também visitar o Lago di Braies chegando depois das 10 da manhã, enquanto no verão é preciso chegar antes das 9 da manhã porque a estrada fica cortada entre as 9 e as 5 da tarde.

Vantagem: Isto traz-me à maior vantagem de visitar os Dolomitas nesta altura – o número de pessoas. Não só não há trânsito nas estradas, como não há congestionamento nos trilhos, como também não tivemos de acordar nem às 4 nem às 5 da manhã para arranjar parque de estacionamento ou para não termos de dividir o mesmo espaço com dezenas de pessoas. E se por um lado poucos restaurantes estavam abertos por outro não tivemos problemas em arranjar mesa, mesmo sem reserva. Para mim esta foi a maior vantagem, não só nos Dolomitas mas em qualquer lado.
Desvantagem: Esta desvantagem é apenas para quem viaja em 2025. Como em 2026 os jogos olímpicos de inverno vão ser nos Dolomites há imensas obras nas estradas. E foi algo que nos prejudicou porque a estrada que conectava Cortina d’Ampezzo e San Cassiano, Passo Valparola, estava fechada e sendo a única estrada, tivemos que fazer várias vezes um desvio significativo no nosso itinerário. Foi também devido a estas obras que evitámos ficar hospeados nas cidades principais, Cortina d’Ampezzo e Ortisei.
Vantagem: Quem visitar os Dolomitas em 2026 vão encontrar estradas em melhor estado e melhores infraestruturas devido aos todos os melhoramentos que estão a ser feitos em 2025.
Preparativos para a viagem
Os preparativos necessários para visitar os Dolomitas, especialmente referindo-me ao tipo de roupa vai depender muito da altura do ano em que se vai. Para quem for no inverno, tem de levar roupa completamente diferente daquela que eu levei em inícios de junho.
O que levar para os Dolomitas?
O que é então necessário levar para uma viagem no início de junho?
Para fazer os trilhos é obrigatório levar roupa confortável, calças ou calções, melhor ainda se não forem de ganga, t-shirts, um casaco para a chuva e uma camisola ou outra mais quente em caso de estar frio no topo das montanhas. Acho que não preciso dizer, mas vou escrever na mesma, nunca desvalorizem um bom e confortável par de ténis ou botas. Para as caminhadas é preciso levar água e uns snacks, mesmo se estão a pensar parar nos refúgios que se encontram pelo caminho.

Outra coisa que não pode faltar é protector solar. Nós não levámos e até podia dar a previsão de mau tempo como desculpa, já que dava chuva e trovoada para todos os dias, mas o tempo é algo que não se pode confiar. Não só a previsão estava errada, como o tempo pode mudar num instante. Por exemplo, no segundo dia quando fomos a Seceda estava um sol resplandecente, quando a previsão era de chuva, e não nos esqueçamos que estando no topo da montanha estávamos bastante mais perto do sol. O escaldão com que ficámos era tal que passado dois dias a minha cara inchou devido a uma reacção ao sol. Por isso façam um favor a vocês mesmos e levem protector solar forte.
O que é preciso fazer meses antes de viajar?
Também houve preparativos a fazer uns meses antes da viagem. Um deles era escolher o aeroporto para onde se voava. Para ir até aos Dolomitas pode-se voar para Veneza, que foi o que fizemos, mas também para Verona ou Milão. Mais ainda, pode-se até voar para Innsbruck na Áustria.
Depois é escolher como se vai viajar dentro dos Dolomitas – para nós a escolha foi fácil – quisemos alugar um carro para termos facilidade em chegar aos vários locais às horas que quiséssemos. Para isso alugámos um carro no aeroporto de Veneza pela companhia Noleggiare. O aluguer do carro por 8 dias ficou-nos a cerca de 250 euros. Claro que o carrito não era dos mais luxuosos, calhou-nos um Renault Clio, mas o que nos deram ainda era novo com muitos poucos quilómetros.

Depois foi escolher onde ficar hospedados. Decidimos ficar sempre no mesmo sítio e acabámos por escolher a Pensione Edelweiss em San Cassiano. Para além de este local oferecer parque de estacionamento, também oferecia pequeno-almoço e o preço por noite não era muito caro. Por isso não interpretem mal o que vou dizer a seguir, porque adorámos ficar aqui e achámos esta zona lindíssima. No entanto, se fizesse a viagem outra vez tinha ficado pelo menos uma noite perto de Ortisei para visitar Seceda e Alp di Siusi. Isto porque o caminho entre Ortisei e San Cassiano é feito de curvas e contra-curvas apertadas. Mas voltava a ficar na Pensione Edelweiss sem qualquer hesitação. Falarei mais sobre esta acomodação à medida que for falando da viagem, tal como dois outros dois hotéis onde ficámos hospedados. Na primeira noite ficámos num hotel perto do aeroporto de Veneza, já que aterrámos depois das 11 da noite e no último dia ficámos já mais a sul para encurtar a distância de volta ao aeroporto de Veneza.
O que mais tivemos que marcar com antecedência? – Nada, mesmo o parque de estacionamento no Tre Cima di Lavaredo que tem agora um novo sistema de reserva online não podia ser feito até termos a matrícula do carro. E mesmo assim marcámos apenas com 2 dias de antecedência. Mas não marcámos nem parques de estacionamento, nem teleféricos, nem restaurantes e não foi preciso. Talvez o que teríamos marcado se fosse agora era a viagem de parapente em Seceda. Mas até visitarmos Seceda nem sonhávamos que queríamos experimentar isto. No entanto foi das coisas que ficámos com muita pena em não fazer.
Resumo do nosso itinerário de 8 dias
Um conselho que vos dou quando começarem a ver do vosso itinerário nos Dolomitas é o de não caírem na armadilha do FOMO (fear of missing out), aquela sensação que tem de se ir a todo o lado ou então onde vamos não é o melhor local, não é o mais bonito, não é o mais alegre. E isto começa logo no início, porque há imensa informação nas redes sociais, de todos estes lugares maravilhosos. O meu conselho é: leiam sobre cada local e escolham aqueles que se ajustam a vocês, seja a dificuldade ou a distância de um trilho, ou onde fica, ou que se gosta de ver. O pior que podem fazer, o que por certo estragará a viagem, é um itinerário muito compacto sem tempo para descansarem, sem tempo para simplesmente apreciarem a paisagem, ou mesmo tempo para se sentarem a comer e beber. Porque podem ter a certeza que aquilo que escolherem vai valer a pena e se não incluírem o mundo e o outro no vosso itinerário não ficam com a sensação que estão a perder alguma coisa.

O nosso itinerário teve uma espécie de regra – primeiro o local principal para aquele dia, aquele sítio que não se podia perder e depois um secundário, um local para aquele ‘pode ser que dê’. E não tentem pôr mais do que um trilho por dia, um vai ser suficiente.
Em baixo deixo um resumo por alto do nosso itinerário e do qual vou falar em mais detalhe nas próximas semanas. Para cada local vou descrever exactamente os trilhos que fizemos, a distância que andámos, a dificuldade, tal como um mapa. Porque foi isso que eu andei à procura quando começámos a ver sobre o que fazer nesta viagem, mapas que descrevessem exactamente o percurso a seguir. Até porque em cada trilho há muitas placas, muitas direcções e o que não queríamos era acabar num trilho de 30 quilómetros em que metade fosse escalada.
Dia 1 – Sair do aeroporto de Veneza em direcção aos Dolomitas. Visitar Cinque Torri.
Dia 2 – Trilho em Seceda. Segundo trilho em Vallunga
Dia 3 – Trilho em Alpe di Siusi. Visitar depois as igrejas de St.-Valentin-Kirche e de St. Konstantin
Dia 4 – Trilho Adolf Munkel Weg. Depois visitar a famosa Chiesetta di San Giovanni
Dia 5 – Trilho em Tre Cime di Lavaredo. Segundo trilho à volta do Lago di Landro e ainda rápida paragem no Lago di Dobbiaco.
Dia 6 – Visitar o lago di Braies. Depois trilho em San Cassiano
Dia 7 – Trilho na Croda do Lago. Segundo trilho à volta do lago di Alleghe
Dia 8 – Ir parando pelo caminho até ao aeroporto de Veneza, como por exemplo no Lago di Mis e Lago Morto
E é pelo princípio que vamos começar a relembrar esta viagem que embora ainda recente, já deixou muitas, mas muitas saudades. Dolomitas é um local absolutamente fantástico onde apetece parar em cada canto. Porque acreditem quando digo que cada canto é um miradouro, uma paisagem de um quadro, sem dúvida um dos locais mais bonitos que alguma vez visitei.
Primeiro dia
Aeroporto Marco Polo e serviço de autocarros
Para quem compra bilhetes de avião com alguma frequência já se deve ter apercebido que os voos mais baratos são a meio da semana e à noite. Foi por isso que marcámos o último de voo de sexta-feira para Veneza (aeroporto Marco Polo) com a hora de chegada já a passar da meia-noite. Como chegámos a Itália bastante tarde marcámos um hotel perto do aeroporto para essa noite. No dia seguinte de manhã então voltaríamos ao aeroporto para irmos buscar o carro alugado e seguir caminho para os Dolomitas.

O hotel que escolhemos foi o Hotel Mary que apesar de não estar assim muito bem avaliado (7.0 em 10 no Booking e 3.4 em 5 no Google) ao menos incluía pequeno-almoço e o preço era em conta. Pelas fotografias esperávamos que o hotel fosse simples, mas limpo. E oferecia aquilo nos dava jeito, check-in disponível durante 24 horas.
Para chegar ao hotel tivemos de apanhar o autocarro, mas no aeroporto foi um bocado confuso. E mais, pelo preço do bilhete do autocarro mais valia termos apanhado um Uber, tanto que foi o que fizemos no dia seguinte quando regressámos ao aeroporto.
Porquê confuso? Porque pelo Google Maps sabíamos que àquela hora tínhamos de apanhar o autocarro número 35, mas quando chegámos às paragens de autocarros reparámos que havia duas, o 35a e o 35b, cada um com destino diferente. Pelas indicações parecia ser o 35b que queríamos já que o 35a ia directo para a estação de comboios Mestre. Mas mesmo assim para confirmar perguntámos ao motorista do 35b se o autocarro parava em ‘Orlanda Tiburtina’ (a paragem que ficava ao pé do hotel Mary) ao que o condutor do autocarro respondeu ‘sei lá onde isso fica’. Bem se ele não sabia muito menos nós, mas vá lá, era aquele o autocarro certo. Apesar de ser irónico que a pessoa que conduz o autocarro e passa por ali todos os dias não saber as paragens do trajecto. Para mais o bilhete custou 5 euros por pessoa (portanto, 10 no total) por menos de 10 minutos de viagem. Que era quase mesmo preço do Uber que rondava os 12 euros.
Hotel Mary
No entanto, depois deste episódio quase caricato, chegámos ao hotel sem mais eventos. O nosso quarto era aquilo que esperávamos, simples, limpo e de tamanho considerável. Talvez a casa de banho e a decoração do quarto pudessem passar por uma renovação, mas nada que nos tirasse o sono. O pequeno-almoço do dia seguinte também era simples, o típico continental, e tinha uns croissants com creme de limão que para mim foram o melhor. Não temos nada a dizer de mal desde hotel e para aquilo que queríamos serviu muito bem.

Deixo aqui o website do hotel Mary: https://www.venicehotelmary.com/, apesar de termos marcado sempre as nossas acomodações pelo Booking.com
Do aeroporto de Veneza aos Dolomitas
Depois de fazermos o check-out apanhámos o Uber logo à entrada do hotel para o aeroporto de Veneza. Mal chegámos ao aeroporto fomos logo para a zona de aluguer de carros, onde estava já bastante gente e em quase todas as companhias. A nossa companhia era a Noleggiare. Quando chegámos tínhamos 3 pessoas à nossa frente e acabámos por estar cerca de meia hora à espera para ser atendidos. No entanto, tudo foi rápido quando chegou a nossa vez e em menos de nada fomos buscar o carro que nos tinha calhado.

Para chegar aos Dolomitas tínhamos duas opções, não pagar portagens e passar pelas várias terrinhas ou ir pela autoestrada e pagar portagens (8.5 euros de Veneza a Belluno). O trajecto pela autoestrada era cerca de 45 minutos mais rápido. A decisão foi feita em menos de nada, para os Dolomitas íamos pela autoestrada, mas na volta passaríamos pelas várias cidades uma vez que teríamos mais tempo. Entre o aeroporto e Cinque Torri, onde íamos primeiro parar antes de irmos para San Cassiano, onde ficaríamos alojados, levou-nos quase 3 horas.
Cinque Torri
Como nesta altura do ano (início de junho) o Rifugio 5 Torri está fechado, pudemos conduzir até perto deste Rifugio e deixar o carro a cerca de 10 minutos dos cinco picos montanhosos, os quais se dá o nome de Cinque Torri. Não é possível fazer o percurso desta maneira quando este Rifugio está aberto, normalmente entre meados de junho até setembro, já que a estrada que sobe a montanha é fechada. Na época alta, a maneira mais fácil de chegar ao topo é apanhar o teleférico em Cortina d’Ampezzo. Aliás a estrada estar aberta quando cá estivemos foi uma das vantagens mencionadas sobre visitar os Dolomitas na época baixa.

Cinque Torri ou as cinco torres foi o local que nos deu as boas-vindas aos Dolomitas. E ficámos logo apaixonados. Para além das paisagens brutais também há uma particularidade no Cinque Torri, o de ser um museu aberto sobre a Primeira Guerra Mundial. Foi nas Cinque Torri que entre 1915 e 1917 se estabeleceu parte do exército italiano usando este local como posto de artilharia. Hoje em dia podem-se visitar as conservadas trincheiras, bunkers e ‘armazéns’ de artilharia e ficar a conhecer as condições onde os militares viviam.
Para conhecer estes locais ao vivo é possível escolher um dos 4 trilhos nas Cinque Torri, onde nas várias paragens se encontram explicações e informações detalhadas daquele período da história. A diferença dos trilhos é a distância e por isso também a duração:
- M5a – Trincea alta – aproximadamente 20 minutos
- M5b – Sentiero delle trincee – aproximadamente 30 minutos
- M5c – Giro delle 5 Torri – aproximadamente 2 horas
- M5d – Sentiero del lago – aproximadamente 2 horas

A nossa ideia inicial era fazer o trilho Giro delle Torri que passa pelos pontos relevantes da Primeira Guerra Mundial e depois dá a volta às 5 torres. E adorava pôr aqui o mapa deste trilho. Mas digo-vos que depois de várias tentativas não conseguimos dar com o trilho. Mesmo olhando para o mapa que estava junto a um dos tais bunkers não conseguimos perceber por onde avançar. E em minha defesa não fomos os únicos. Até fizemos conversa com um rapaz que andava a tentar fazer o mesmo, mas nenhum de nós teve sorte. Depois de algumas idas e vindas por caminhos que nos pareciam trilhos, mas que acabavam por não ter seguimento decidimos ficar por ali perto do Rifugio Scoiattoli (que também estava fechado) a 2255 metros de altitude. Acabámos por visitar alguns dos locais sinalizados, mas não demos à volta às Cinque Torri.
Por isso em baixo deixo o mapa do trilho encurtado que fizemos em Cinque Torri. Infelizmente o Google Maps não reconhece os trilhos apenas a estrada principal o que faz as direcções sejam ainda mais difíceis de seguir.

Pequena descrição do percurso:
Estacionámos o carro perto do Rifugio 5 Torri (ponto A) e subimos o trilho de terra que ia ter a um cruzamento (ponto B). Aqui virámos à esquerda até ao próximo cruzamento (ponto C) de onde se via o Rifugio Scoiattoli. Virámos neste cruzamento à direita (as Cinque Torri ficavam à nossa direita até ao ponto panorâmico (ponto D). Fomos descendo e seguindo os caminhos de terra e escadas, passámos por vários locais da Primeira Guerra Mundial (Ponto E). Depois subimos até ao Rifugio Scoiatolli (ponto F) e seguimos pela estrada principal até chegar ao cruzamento (Ponto G). Aqui virámos à esquerda e descemos pela estrada larga de volta ao Rifugio 5 Torri.
Foi aqui que pela primeira vez estive num local com neve, mas com calor suficiente para andar de manga curta. Meio estranho para o cérebro conseguir fazer sentido nisto. Mesmo assim sem fazermos o trilho que queríamos ainda passámos duas horas a explorar a zona. Por isso se calhar até foi bom não termos feito o trilho Giro delle Torri o qual provavelmente nos levaria mais outras duas horas (quando o finalmente tivéssemos encontrado).
Passo Falzarego
Quando saímos do Cinque Torri já passava das 4 da tarde e ainda tínhamos uma paragem antes de San Cassiano, o parque de estacionamento de Passo Falzarego. A ideia era estacionar o carro e depois andarmos até ao ponto panorâmico em Passo Valparola. Sem sabermos inevitavelmente teríamos de parar aqui – não bem no parque de estacionamento que era pago, mas do outro lado da estrada, na terra batida. Esta zona entre Passo Valparola e Passo Falzarego fica num entroncamento e foi onde vimos o sinal a informar que o Passo Valparola estava fechado. O que nos deixou meio consternados, já que essa era a estrada que nos levaria até San Cassiano.

Aproveitando que já ali estávamos e para confirmar se não podíamos mesmo passar por aquela estrada fomos beber uma cerveja ao café-bar Passo Falzarego. Enquanto pagávamos foi-nos confirmado que a estrada estava fechada até meados de junho e que tínhamos de seguir por Passo Falzarego. Infelizmente isto fez que a nossa viagem de 20 minutos passasse a ser de 1 hora. Por isso digo que se calhar até foi uma sorte não termos feito o trilho em Cinque Torri. São males que vêm por bem, como diz o ditado. Foi assim que depois de estarmos sentados um bocado à esplanada maravilhados com a paisagem e consternados com a alteração de planos, seguimos caminho. Não antes sem pararmos junto à Cappella della Visitazione. Com isto chegámos a San Cassiano já às 6 e meia da tarde.


Quando começarem a procurar por locais a visitar nos Dolomitas vão com certeza encontrar mencionados estes ‘Passo’, que são as estradas onde as paisagens são simplesmente magníficas. O que é verdade, conduzir nestes trechos de estrada deu-nos realmente paisagens de abrir a boca, mas também são estradas de curvas e contracurvas. Por isso bonito, mas atenção na estrada.
Pensione Edelweiss em San Cassiano
Quando chegámos a San Cassiano encontrámos estacionamento na parte detrás da Pensione Edelweiss. Apesar de não haver muitos lugares nunca tivemos problemas em estacionar, até porque nos disseram que podíamos estacionar nos lugares destinados ao alojamento do lado. Depois de tirarmos as nossas malas do carro subimos a estrada até à entrada da pensão. Ainda antes de entrarmos, reparámos na bonita igreja que ficava mesmo em frente à pensão, a igreja de San Cassiano com as montanhas altas e imponentes ao fundo. Só isto prometia ser um bom lugar onde ficar. Fomos recebidos por uma rapariga super simpática, a Jo, a quem ficámos a conhecer durante a semana e até foi ela quem nos falou sobre a língua oficial da zona, o Ladin. Aliás em conversa durante um dos pequenos-almoços ela acabou por nos contar como era viver nos Dolomitas durante todo o ano e como varia as marés de turistas. Também ficámos a conhecer a mãe, que era a dona da pensão. Fomos mesmo muito bem recebidos por ambas que foram sempre muito prestáveis em tudo o que pedíamos.

Como no início da viagem pensávamos que tínhamos de sair de manhã muito cedo (de acordo com o que tínhamos lido sobre os Dolomitas) e como o pequeno-almoço só começava às 8, a dona da pensão e a filha concordaram em deixar-nos o pequeno-almoço num saco para o irmos buscar à recepção quando saíssemos. E das duas vezes que o fizeram os sacos vinham bem recheados com 4 sandes (2 para cada um, e cada uma feita com um tipo de pão diferente), 2 fatias de bolo e 2 sumos. Depois dos dois primeiros dias apercebemo-nos que não era preciso acordar assim tão cedo nesta altura do ano e a partir do terceiro dia já tomávamos o pequeno-almoço na pensão antes de sairmos. Mas aquele pequeno-almoço empacotado deu-nos imenso jeito já que com toda aquela comida não era só pequeno-almoço mas também almoço.


O quarto onde ficámos era simples, mas espaçoso e tinha varanda a qual aproveitámos num dos dias para jantar al fresco. E todos para ver a paisagem. Como o nosso quarto era voltado para a parte detrás não tivemos grandes problemas com o toque da igreja, o que tínhamos lido era algo que tinha aborrecido alguns dos hóspedes. Para mim, esta foi uma das melhores estadias desde há muito tempo. Vê-se que este é um negócio de família sendo a pensão gerida pela mãe e pela filha que tem também uma loja de recordações colada à pensão. Do outro lado da estrada, o restaurante-pizzaria La vita è bella é gerido pelo filho da dona da pensão. Também jantámos neste restaurante num dos dias e viemos apenas para bebidas noutro. Muito bom ambiente, muito bem recebidos e tivemos imensa pena de nos virmos embora. Por isso, aconselho imenso este local, nem que seja apenas para passarem uma noite antes de seguirem com o vosso itinerário.
O website oficial da Pensione Edelweiss pode ser acedido através do seguinte link: https://www.pensionedelweiss.it/en/home-english/
Nós como o normal fizemos a reserva pela página da Pensione Edelweiss no Booking.com: para aceder clicar aqui.
Restaurante L’Fanà (primeira noite)
Para jantar naquela primeira noite não queríamos ter de ir muito longe e o ideal até seria poder ir a pé. Perguntámos à rapariga da recepção que nos recomendou o restaurante Mumant. O engraçado é que falámos deste restaurante durante toda a semana, mas acabámos por nunca lá ir. Pelas fotografias deste restaurante parece caro e os pratos vamos dizer sem muito conteúdo. Mas posso estar completamente enganada. E por isso deixo aqui o website do restaurante Mumant: https://www.mumant.it/it/.
No final acabámos por pegar novamente no carro e conduzir até à vila seguinte, La Villa Stern, e jantar no restaurante L’Fanà o qual nos tinha chamado a atenção quando estávamos a ir para o hotel.

Quando entrámos fomos rapidamente direccionados para uma mesa e o serviço foi excelente tal como a comida. Pedimos dois pratos principais e depois uma pizza para dividir. Fizemos este pedido sem contar que cada prato traria imensa comida e por isso no final da noite estávamos completamente a abarrotar. Mas gostámos tanto deste restaurante que viemos cá noutra noite.
Nesta região a comida local atravessa fronteiras dando a possibilidade de ter uma refeição com pratos italianos e austríacos.Para beber pedimos um aperol spritz e uma cerveja local. Fica aqui a dica que os cocktails tal como o aperol spritz são mais baratos que a cerveja. E para comer pedimos:
- Tris di canederli con cappuccio – dumplings de espinafres, queijo e speck (uma espécie de presunto fumado específico da zona) com salada de couve
- Gnocchetti di spinaci con finferli – uma espécie de gnocchi muito pequeninos com espinafres e cogumelos
- Pizza carbonara

Dos três pratos talvez o que gostámos menos foi os gnocchetti, mas adorámos a pizza e os dumplings. Talvez nos devêssemos ter controlado e pedido só dois pratos porque no final não havia espaço para pensar em sobremesa. Mas assim não teria pedido a pizza, que para mim foi a melhor da viagem.
O website oficial do restaurante L’Fanà pode ser acedido através do seguinte link: https://www.lfana.com/en/restaurant-pizzeria-la-villa-alta-badia. Para nenhuma das vezes que viemos aqui fizemos reserva, mas talvez seja aconselhado fazê-lo em alturas com mais turistas.

Para ajudar a digerir a refeição acabámos a noite a passear pelas bonitas ruas da vila de San Cassiano e assim a ficar a conhecer esta que seria a nossa casa por uns dias.
Segundo dia
De Seceda, o que se pode dizer? Foi o nosso trilho preferido desta viagem, apesar de termos feito outros dois dos quais gostámos muito, Adolf-Munkel Weg e Tre Cime di Lavoredo. Mas, as paisagens de Seceda são tão espectaculares que parece irreais. Seceda é sem dúvida um dos locais mais conhecidos dos Dolomitas, e com toda a razão.
De San Cassiano a Ortisei a Seceda
Mas vamos primeiro ao começo do dia. Saímos da Pensione Edelweiss ainda não eram 7 da manhã. E houve duas razões para estarmos já a pé a esta hora matinal. Em primeiro lugar de San Cassiano até Ortisei, onde íamos apanhar o teleférico para Seceda, ainda era cerca de uma hora de caminho. Em segundo lugar, o nosso cérebro ainda estava formatado que para escapar as multidões e filas tínhamos de chegar muito cedo.
E a viagem entre San Cassiano e Ortisei mostrou por paisagens que não é preciso sentir aquele receio de perder alguma coisa, o receio de não visitar todos os locais ou de não percorrer todos os trilhos. Basta pegar no carro e nem se tem de conduzir por muito tempo para ver paisagens arrebatadoras.
Onde estacionar em Ortisei
Agora fica aqui a dica de onde estacionar em Ortisei. Isto é válido mesmo para quem não quer visitar a cidade, que apenas quer apanhar o teleférico para Seceda ou mesmo qualquer outro teleférico na zona. Mas vou falar de Seceda em particular, já que era para aqui que vínhamos. Há um estacionamento mesmo ao lado do teleférico onde entre as 7 da manhã e as 7 da tarde tem um custo de 2.80 euros por hora. Eu sei, completamente insano. Que os preços vão ser caros já se sabe, mas quase 3 euros por hora é simplesmente demasiado. Nós deixámos o carro no estacionamento no centro de Ortisei, no Parking Garage Central, o qual custou-nos 1.90 euros por hora. O que também não deixa de ser caro, mas é mais aceitável. Se deixarem lá o carro o dia todo, fica no máximo a 18 euros. Este preço máximo não existe no parque de estacionamento junto ao teleférico – cada hora está sempre a contar. Se bem me lembro, nós pagámos à volta de 11 euros por 7 horas.

E entre o Parking Garage Central e o teleférico que sobe para Seceda são cerca de 10 minutos a andar e assim também aproveitam para ver um pouco de Ortisei. E para quem quer ver depois a cidade, o parque de estacionamento está no sítio ideal.
Teleférico e funicular para Seceda
Em 2025, o teleférico e o funicular que sobem para Seceda abriam dia 1 de junho. E não é que foi no dia 1 de junho que viemos a Seceda? Com tanta preocupação de chegar cedo, encontrar estacionamento, evitar filas, etc, fomos dos primeiros a apanhar estes meios de transporte para Seceda no dia em que abriram.

Agora preços e a viagem em si. É preciso apanhar tanto o teleférico como o funicular para chegar de Ortisei a Seceda. Primeiro apanha-se o teleférico onde cabem 6-8 pessoas. Este faz o percurso Ortisei – Furnes e sobe 450 metros. Depois em Furnes sai-se do teleférico e apanha-se o funicular que é como uma espécie de carruagem de metro sem assentos. Este leva até 30 pessoas e faz o percurso Furnes-Seceda subindo mais 700 metros.
Se calhar é preciso dizer que em Furnes o teleférico e o funicular estão ao lado um do outro, por isso não há motivo para confusões. Agora sobre preços (em 2025); se for para fazer o percurso todo Ortisei-Seceda, ida e volta, são 52 euros por pessoa. Se for este percurso, mas só subida ou só descida fica a 39 euros. Também é possível fazer só metade do percurso, isto é só apanhar o teleférico ou só o funicular e fazer o resto do caminho a pé. Neste caso, o bilhete custa 30 euros se for ida e volta (nesse mesmo meio de transporte). Se for só num sentido fica a 22 euros. Nós pagámos os 52 euros e não acho que tenha sido dinheiro mal empregue, mesmo sendo caro.
Seceda
Seceda fica localizado em Val Gardena e pertence ao parque nacional Puez-Odle. Este parque nacional é enorme cobrindo uma área de 4000 hectares e chega a uma altitude máxima de 2500 metros – onde fica o miradouro de Seceda. Deste miradouro, construído em 2007, pode-se avistar todas as montanhas que ficam em redor do Sul de Tyrol estendo-se até Großglockner na Aústria. Neste miradouro encontra-se uma estrutura de metal que ajuda a identificar as várias montanhas que se avistam de Seceda.

Saindo-se do funicular e olhando à nossa volta sabe-se logo porque este é um dos lugares mais procurados nos Dolomitas. A paisagem é completamente deslumbrante, e este deslumbramento não se esmoreceu durante o tempo que aqui passámos. Aliás com esta paisagem a única coisa de que nos arrependemos foi de não termos marcado um voo de parapente em Seceda. Porque se há lugar onde deve ser magnífico ter esta experiência é sem dúvida aqui. E se algum dia voltarmos a Seceda, não deixaremos passar uma segunda oportunidade.
Trilho de 12Km em Seceda
Uma das coisas que encontrámos não só em Seceda, mas em quase todos os trilhos, foram muitas placas com direcções. Os trilhos que atravessam os Dolomitas são mais que muitos e por isso há placas a apontar em todas as direcções com todo o tipo de nomes e em várias línguas (e também a indicar o tempo que se demora a chegar ao lugar, o que achei bastante útil). Nós quando viemos para Seceda já vínhamos com um itinerário traçado para evitar nos perdermos ou envergarmos por um trilho de quilómetros e quilómetros.
O nosso trilho teve uma distância de 11.6Km e fizemo-lo em 3 horas com uma paragem a meio para comer qualquer coisa e muitas para tirar fotografias e até ver marmotas. Em relação à dificuldade: a maior parte do percurso faz-se bem, especialmente entre o ponto panorâmico de Seceda (ponto B no mapa) até ao Balcone Panoramico da UNESCO (ponto F). O pior é a subida entre a Fermeda Kapelle (ponto G) de volta ao funicular. Esta subida não é para fracos de coração. E sim, houve muitas paragens usando a desculpa de ter que tirar fotografias para ter 1 minuto de descanso. O percurso que fizemos diria que era de dificuldade média, mas para alguns pode ser considerada difícil já que algumas partes da subida eram bastante acentuadas.

Mas é possível fazer o mesmo percurso de ida e volta entre o teleférico (ponto A) e Pieralongia (ponto E) e assim escapar a subida extenuante. Ah e o mapa acima até está meio que enganado porque há um caminho que segue do ponto D directo ao ponto E, o que faz este trecho do percurso ser ainda mais fácil. O problema é que o Google Maps não reconhece este caminho e por isso não dá para ter o percurso correcto no mapa entre este dois pontos. Uma coisa a notar sobre os trilhos em Seceda é que de um ponto do trilho se consegue ver os outros caminhos. Por isso consegue-se ter uma percepção do quanto se quer ir para a direita ou do quanto se quer descer, já que depois quanto mais se descer mais vai ser preciso subir.
Descrição do nosso itinerário
A – O trilho começa na saída do funicular em Seceda.
B – Sobe-se pela estrada principal até ao ponto panorâmico de Seceda que fica a 2500 metros de altitude, onde está uma estrutura redonda de metal. A seguir é continuar pelo caminho que vai junto à ravina até ao segundo ponto panorâmico.

C – Continuando por esse caminho vai-se descendo pela rampa e no cruzamento vira-se à esquerda. Depois é continuar a seguir pelo carreiro que sobe ligeiramente e que acaba no ponto mais próximo da ravina. Não é possível continuar a subir a partir do ponto C.
D – Ao chegar ao ponto C desce-se pelo carreiro até à estrada principal e vira-se à esquerda. Há aqui várias placas e a que queremos seguir é ‘Pieralongia Schwaige’. O caminho entre o ponto D e o ponto E não aparece no Google Maps, mas é seguir sempre o caminho a direito. Quando se chega a um pequeno Rifugio, Malga Pieralongia Alm, segue-se o trilho que sobe ligeiramente até Pieralongia (as duas rochas altas pontiagudas).

E- Depois é voltar para trás, passando novamente pelo Rifugio mas agora continuar pelo caminho a descer até a uma plataforma com uma estrutura metálica, o Balcone Panoramico UNESCO Mastlè Santa Cristina.
F – No ponto panorâmico nós continuámos a descer até irmos apanhar a estrada larga que depois no ponto G, onde fica uma pequena capela, começa a subir. Se não quiserem ter de descer para depois ter de subir toda a montanha podem voltar para trás e apanharem a mesma estrada principal de onde vieram.
G – Desde a capela até ao funicular, passando pelo ponto H, é sempre a subir e é este o trecho mais difícil, e por isso digo que se não quiserem subir tanto podem sempre escolher um caminho mais fácil. Aqui a regra é simples, quanto mais se desce mais tem de se subir.

Foi ao chegar ao ponto H que decidimos fazer uma pausa. Sentámo-nos na relva a comer o nosso pequeno-almoço, que a esta hora já era mais almoço, e a ver aquela paisagem maravilhosa. As paisagens de Seceda são das mais bonitas nos Dolomitas, apesar de a competição ser renhida já que tudo é lindíssimo.
Quando chegámos ao funicular não fomos muito inteligentes porque nos fomos logo embora, embora em Furnes, antes de apanharmos o teleférico termos feito uma paragem para comer mais qualquer coisa. Mas agora olhando para trás, depois de voltarmos para o ponto inicial do trilho devíamos ter passado mais algum tempo em Seceda, agora a descansar e a aproveitar mais um pouco daquela paisagem.
Apesar de não termos entrado em nenhum deles, durante o percurso encontrámos vários Rifugios; restaurantes e cafés onde se pode fazer uma pausa para comer e beber. Nós não o fizemos em Seceda, até porque levávamos comida connosco, mas é sempre algo a considerar, já que a subida pode mesmo tirar o folgo a qualquer um. Em junho havia vários Rifugios que ainda estavam fechados, mas passámos por dois que estavam abertos com muita gente sentada à esplanada, o Baita Sofie Hütte e o Malga Pieralongia Hütte.
Ortisei
Quando regressámos a Ortisei quisemos dar uma volta rápida pela cidade. Confesso desde já que as cidades não foram o nosso foco e passámos muito pouco tempo em Ortisei, e ainda menos em Cortina d’Ampezzo. Mas ainda fomos conhecer o centro de Ortisei, passear pela zona pedonal, onde encontrámos imensas lojas e pessoas sentadas nas esplanadas dos restaurantes e cafés. Talvez mais porque viemos durante a hora de almoço. Mas ainda visitámos a Chiesa St. Ulrich, uma igreja construída no final do século XVIII, mesmo no centro da cidade.

Talvez tivéssemos passado mais tempo na cidade se não tivéssemos outro trilho programado para aquele dia. E sim, se puderem passar uma noite em Ortisei façam-no que pelo menos ficam perto de dois grandes pontos que certamente vão querer visitar, Alp di Siusi e Seceda.
Cascata de Tervela
Depois de Seceda e Ortisei a nossa próxima paragem era na vila ao lado, em Santa Cristina Valgardena, para visitarmos não a cidade, mas a cascata de Tervela. Quando adicionámos esta cascata ao itinerário a ideia era fazer uma paragem rápida antes de irmos para o segundo trilho que começava na vila seguinte, Selva di Vale Gardena. Mas esta cascata foi um claro exemplo como um itinerário muito compacto faz com que não se tenha tempo para tudo.
Como não dava para estacionar junto à cascata, deixámos o carro à entrada da vila Santa Cristina, de onde já se podia ver a parte da cascata que desce junto à estrada. E no final foi só daqui que tirámos fotografias. Para chegar à cascata desde onde estava o nosso carro era preciso andar cerca de 25 minutos. Como eram 2 e meia da tarde e fazendo as contas já íamos começar o segundo trilho por volta das 4, o que a nosso ver já seria tarde. Tínhamos também de ter em consideração que precisávamos de voltar para San Cassiano e não o queríamos fazer de noite já que o caminho não era o mais fácil de conduzir.

Conclusão, não fomos à cascata, mas ficámos com pena de não fazermos esta parte do itinerário. As fotografias pelo menos dizem que vale a pena fazer o percurso até porque esta cascata é considerada uma hidden gem.
Só uma mais coisa antes de passarmos a Vallunga. Nós deixámos o carro na Via Dursan mesmo à saída da estrada principal, a SS242, onde o estacionamento é gratuito nos primeiros 60 minutos. Acreditem que depois de todo o dinheiro que gastámos em parque de estacionamentos, este é um ponto importante.
Vallunga
Depois da manhã e parte do início da tarde passados a explorar Seceda e Ortisei chegávamos a Selva di Val Gardena para o segundo trilho do dia, o trilho de Vallunga.

Tínhamos escolhido este trilho por ser de nível fácil, sendo considerado um dos melhores trilhos para quem vem com crianças pequenas ou tem problemas de mobilidade. É também um bom local para picnics. Nós vínhamos com a ideia de fazer o trilho de 5km, mas como estávamos enganados! Porque acabámos por fazer mais que 10Km. Mas já lá vamos.
Onde estacionar
Para quem vem a Vallunga de carro há um pequeno parque de estacionamento logo à entrada do trilho, perto do café Ristoro Jause. O parque de estacionamento é pequeno, mas à hora que viemos, por volta das 3 da tarde, havia bastante estacionamento e o melhor ainda é que o parque era gratuito. Pelo menos as máquinas não estavam a funcionar no início de junho, mas suspeito que em julho e agosto já não seja assim. Para nós foi uma óptima surpresa.
Vallunga
Vallunga é um vale parte do parque nacional Puez-Odle, ao qual também pertence Seceda. Apesar de não se ter as vistas magníficas de Seceda não deixa de ser um lugar lindíssimo com planatos e floresta envoltos por magníficas montanhas.
Trilhos em Vallunga
Logo no início do trilho há um mapa com os vários caminhos e as diferentes distâncias (fotografia abaixo). O que nós queríamos fazer era o caminho de 5Km, ou seja, o DROC, mas em algum ponto perdemos a placa a indicar onde virar para trás e continuámos a andar e a andar até chegarmos ao grande planalto Pra da Rì. Ou seja pelo mapa acabámos por fazer o trilho dos 10Km.

Pelo trilho fomos encontrando certos pontos de interesse. Nos primeiros quilómetros passámos por uma pequena capela, a Cappella di San Silvestre, e por uma estátua de uma cabra ou talvez bode montanhês. Curiosamente, não vimos nenhuma ao vivo. Nem cabras, nem vacas, nem ovelhas, que são alguns dos animais que alguns websites dizem podermos encontrar em Vallunga. Mais à frente entrámos na zona florestal onde encontrámos a Selva fontana naturale, uma fonte que nos deu imenso jeito no caminho de volta quando já estávamos quase sem água. Também passámos por um ponto histórico, Kalkbrennofen, um forno de cal que data 1870. Este forno foi usado até 1950, altura em que o cimento passou a ser o material de eleição para construção. Pelo caminho também encontrámos em pontos estratégicos vários bancos de madeira que serviam tanto para descansar como para apreciar a paisagem.
A mais ou menos meio caminho passámos por um portão de ferro onde indicava que estávamos prestes a entrar no parque nacional Puez-Odle. E pouco mais à frente foi quando chegámos ao grande planalto Pra da Rí. Depois de passarmos este planalto encontrámos um pequeno riacho que supusemos ser alimentado por uma das cascatas que vimos ao longe pelo caminho. E o trilho continua depois do riacho, mas foi aqui que decidimos voltar para trás.

O caminho de volta foi practicamente o mesmo da ida, mas depois da fonte quisemos seguir pelo trilho que continuava pela floresta em vez do que passava junto à capela (ver o mapa abaixo).
O que não sabíamos é que esta escolha ia ter um impacto enorme na forma como acabaria para nós este trilho. Então não é que passa um cervo mesmo à nossa frente no meio do caminho? Isto foi quase momento da Disney. Mas o cervo nem se manifestou com a nossa presença, passou de um lado para o outro da floresta sem nos ligar nenhuma.
Com isto tudo acabámos por sair de Vallunga já às 7 da tarde, o que foi bem mais tarde do que queríamos.
Mapa do nosso trilho
Concluindo, Vallunga é um bom trilho para quem não quer grandes desafios, mas quer ver bonitas paisagens. Eu confesso que não dei o devido valor a este trilho, depois de Seceda estava cansada, a ficar com fome, a ficar sem água, que é uma das piores coisas que pode acontecer num trilho, e as pernas e os pés já começavam a queixar-se. No entanto, voltaria a fazê-lo, mas noutras condições, ou com mais tempo ou menos cansada.
Restaurante La Vedla
Chegámos à Pensione Edelweiss pouco antes das 8 da noite e a esta hora a barriga já estava a pedir por alimento. Por isso foi tomar banho, mudar de roupa e ir jantar. Depois deste dia intenso a nossa vontade era de não voltar a pegar no carro. E foi por isso que decidimos ir jantar ao restaurante-pizzeria La Vedla que ficava mesmo ao lado da pensão.
Mesmo sem marcação rapidamente nos arranjaram mesa e apresentaram-nos os menus. Nós vínhamos com ideias de comer pizza e foi isso que escolhemos.

Eu pedi uma pizza com mortadela, burrata e pistachio (Mortazza), enquanto que o meu marido escolheu uma com anchovas (pizza Estate), que era algo que ele já andava há algum tempo para experimentar. Para beber ‘teve de ser’ um aperol spritz. O serviço foi rápido e gostei do ambiente animado do restaurante. E gostava de puder dizer que as pizzas eram deliciosas. Mas penso que este foi o jantar mais fraquinho de todos os que tivemos nos Dolomitas. A massa da pizza não era a melhor, especialmente comparando com a do dia anterior, no restaurante L’Fanà. A pizza do meu marido era bastante salgada devido às anchovas e a mistura com as azeitonas não ajudava a cortar o salgado. A minha pizza, no entanto, não era má. Aliás as pizzas não eram más, de todo, apenas piores em comparação com as dos outros restaurantes onde fomos. Tal como o aperol, os dos outros restaurantes foram melhores. Ou seja, bom ambiente, bom serviço, mas comida e bebida medianas.
Mas a localização do restaurante era ideal para nós especialmente depois de um dia longo a fazer mais de 25Km a pé. Por isso não houve nenhum arrependimento em vir jantar aqui.

Desta vez ainda houve espaço para sobremesa e escolhi algo que estava na minha lista de ‘pratos a provar nos Dolomitas’ – o famoso strudel. Nada como acabar uma refeição com algo doce acompanhado por um bom café espresso.
Website oficial do restaurante La Vedla pode ser acedido aqui: https://lavedla.it/la-vedla-2/.
Terceiro dia
Mais um dia em que começámos bastante cedo, com saída antes das 7 da manhã. Hoje a paragem principal do dia era em Alpe di Siusi, também conhecido por Seiser Alm (em alemão). E este ficava ainda mais longe de San Cassiano do que Seceda em Ortisei.
Com mais de uma hora e meia de caminho à nossa frente e com o nosso saco de pequeno-almoço que a Pensione Edelweiss nos tinha arranjado, estávamos prontos para mais um dia nos Dolomitas.
Alpe di Siusu
Alpe de Siusi é o maior planalto da Europa com uma área que cobre 56 km2. Há mais de 450 km de trilhos para quem gosta de fazer caminhadas, mas também há trilhos específicos para correr e andar de bicicleta. Alpe de Siusi é procurado tanto no Verão, pelos seus trilhos, como no Inverno, pelas suas pistas de neve ‘fáceis’. Pelos trilhos vão-se encontrando vários restaurantes em casas de madeiras, os chamados huts, onde se pode experimentar comida local.

A maior peculiaridade deste sítio é que sendo um enorme planalto fica a uma altitude considerável; o ponto mais baixo de Alpe di Siusi fica a 1680 metros de altitude e o ponto mais alto a 2350 metros. As paisagens são arrebatadoras, podendo-se avistar diferentes montanhas como Sassolungo, Sasso Piatto, e Sciliar. Infelizmente, no dia em que viemos apesar de estar sol, as montanhas estavam escondidas pelas nuvens. No entanto, não deixámos de percorrer um dos muitos trilhos, tendo o planalto todo para nós numa paisagem que a mim fazia-me lembrar a fotografia da abertura do Windows XP. Em todo o bom sentido, claro.
Onde e quando estacionar
Quando falei mais acima sobre ficar em Ortisei pelo menos uma noite, uma das razões é a facilidade de como chegar a Alpe di Siusi. A melhor opção é apanhar o teleférico em Ortisei ou então em Seiser Alm, e neste último até há um grande parque de estacionamento gratuito. Para quem quer vir até Alpe di Siusi de carro, o que foi o que nós fizemos, é preciso ter atenção a alguns pormenores.
A estrada que sobe até Alpe di Siusi está aberta até às 9 da manhã e depois só volta a abrir às 5 da tarde. Isto aplica-se apenas à subida, voltar a descer pode ser a qualquer hora, por isso não pensem que ficam ‘trancados’ em Alpe di Siusi. Entre as 9 e as 5 só se pode chegar ao topo de Alpe di Siusi indo de teleférico, a menos que a vossa acomodação seja no hotel que fica perto deste planalto. Neste caso, têm autorização especial para conduzir nesta estrada quando vos bem apetecer.

Por outro lado, a estrada está aberta durante todo o dia quando os teleféricos estão fechados, o que acontece entre meio de abril e meio de maio, e depois entre inícios de novembro até inícios de dezembro. Ou seja, naquelas que são consideradas épocas baixas. No entanto, eu vi pessoal a chegar ao parque de estacionamento às 2 da tarde, por isso talvez isto se estenda até inícios de junho. Por outro lado, talvez fosse por ser feriado naquele dia em Itália. Também há que ter atenção que entre as 11 da noite e as 6 da manhã é proibido estacionar em Alpe di Siusi (apenas permitido aos hóspedes do hotel e apenas no parque de estacionamento deste). Esta restrição aplica-se a todo o ano.
Agora em relação ao parque de estacionamento em si. O parque de estacionamento P2 que fica em Compatsch custa 28.50 euros por dia e só há uma tarifa. Por isso para valer bem a pena o dinheiro do bilhete é passar aqui o maior tempo possível. Se vierem na altura quando o teleférico está fechado (o que não foi o nosso caso), o parque de estacionamento só custa 14 euros por dia, o que é um valor bem mais razoável.


Também há outro parque de estacionamento, o P1 car park Spitzbuhl, que desde junho de 2025 custa 15 euros por veículo e só aceitam pagamento em dinheiro. Mas este parque de estacionamento ainda fica bastante longe de Alpe di Siusi, por isso não recomendo de todo a fazer aquela subida. Quando chegam ao destino já estão prontos para voltar para trás. Ou pelo assim seria comigo. No caso de não houver estacionamento no parque P2, o que pode acontecer durante as épocas altas, a melhor opção é considerar mesmo apanhar o teleférico em Seiser Alm ou em Ortisei.
Para mais informações sobre o estacionamento em ou para Alpe di Siusi aconselho a lere estas duas páginas:
O nosso trilho de 11 km
A- Estacionámos o carro no parque P2 em Compatsch.
B – Fomos pela estrada larga e virámos à esquerda no primeiro cruzamento seguindo o trilho mais estreito. Neste trilho parámos ao pé de um grande e alto banco de madeira. Este é o lugar ideal para tirar fotografias e foi construído especialmente para o Instagram.
C – Depois das fotografias tiradas continuámos pelo mesmo caminho. Passámos ao lado de uma estação de teleférico e quando vimos a primeira montanha deixámos a estrada principal e começámos a subir por um carreiro de terra. Esta é a parte mais difícil do percurso, mas a subida não é muito exaustiva e o carreiro rapidamente nivela. O carreiro passa por 2 bancos de madeira, os pontos panorâmicos de Alpe di Siusi.
D – Chegámos à estação de teleférico que sobe de Ortisei. Aqui perto sentámo-nos num dos bancos de madeira na colina da montanha para comer uma parte do nosso pequeno-almoço e ver a paisagem.
E – Depois de comermos e estarmos sentados por um bocado, começámos a descer a estrada e pelo caminho passámos por Malga Schgaguler Schwaige onde àquela hora serviam o pequeno-almoço. Nós ficámos mais interessados nas alpacas que por ali andavam, mas pode ser uma opção para quem tem intenção de comer em Alpe di Siusi, já que este hut fica mais ou menos a meio caminho (se fizerem o mesmo percurso que nós).

F – Antes de deixarmos Alpe di Siusi e voltarmos para o carro, sentámo-nos outra vez e passámos um bom bocado num segundo banco de madeira onde se teria uma bonita vista para as montanhas. Infelizmente no dia em que viemos as montanhas estavam escondidas pelas nuvens. No entanto, não deixou de ser uma bonita paisagem.
G- Fizemos o mesmo caminho de volta para o parque de estacionamento. É à saída que se paga o parque.
No total foram 11 km feitos em 4 horas e apesar de apenas termos visto uma pequena parte de Alpe di Siusi, no nosso percurso tivemos oportunidade de passar por vários pontos panorâmicos e de vermos não só alpacas, mas também burros e até cabras montanhesas muito pequeninas que andavam aos saltitos num pequeno muro. E claro, houve oportunidade de nos maravilharmos com a paisagem. No entanto, penso que se o tempo tivesse melhor e as montanhas fossem visíveis, teríamos feito um percurso mais longo e passado aqui mais tempo.
O que faríamos de diferente
Uma das coisas ideais para fazer em Alpe di Siusi, sendo este um planalto enorme, é passear pelos trilhos de bicicleta que se estendem por mais de 1000 km. Aparentemente há várias lojas para alugar bicicletas na área, mas eu não me lembro de ver alguma. Provavelmente não vi porque não estava à procura. No entanto, consigo ver a atracção de andar de bicicleta por aqui e provavelmente se voltasse a Alpe di Siusi seria algo que consideraria para puder ver uma maior área. Porque apesar de termos explorado uma parte muito pequenina de Alpe di Siusi, ainda foram 11 km a caminhar. Portanto de bicicleta parece-me a forma mais eficiente de ficar a conhecer melhor este local.

Concluindo, Alpe di Siusi é um óptimo local para quem quer fazer um trilho sem grandes desafios, mas com bonitas paisagens. E há 450 km para caminharem o quanto quiserem.
Mas para nós apesar de ter sido um local marcante da viagem foi um dos trilhos que gostámos menos. Não sei se foi do tempo, mas não ficámos apaixonados. Pelo menos não como por Seceda. No entanto, não deixo de recomendar visitar Alpe di Siusi porque é realmente diferente, um planalto no alto dos Dolomitas.
Valentin Kirche
A St. Valentin Kirche, ou em português a igreja de São Valentino, fica em Castelrotto, acima da vila de Siusi allo Sciliar (ou em alemão, Seis am Schlern). Para chegar a igreja não é possível ir de carro, tem-se mesmo de ir a pé.
Onde estacionar
Nós depois de sairmos de Alpe di Siusi fomos estacionar na vila de Siusi no parque de estacionamento Parkhaus, que fica por detrás da bomba de gasolina da Esso. Depois de pararmos o carro foi quando tivemos o primeiro sinal que devia ser feriado naquele dia. Apesar de no parque de estacionamento haver uma máquina para pagar e um placar com as tarifas, a máquina não estava a funcionar. Tentámos várias vezes até que um casal teve pena de nós e nos veio dizer que não se pagava estacionamento naquele dia.

Ainda antes de seguirmos pelo ‘Sentiero per Chiesa di San Valentino’ (o trilho que sobe até à igreja) ainda tentámos ir a um supermercado, mas este estava fechado. Este foi o segundo sinal de que aquele dia não era ‘normal’. Até porque ainda era só 1 da tarde.
Mas foi só quando chegámos à igreja e demos com a porta fechada é que fomos ver se era feriado e eis que descobrimos ou melhor confirmámos que sim, era feriado, o Dia da República (Festa della Repubblica).
O trilho
Para chegar à igreja tivemos que primeiro apanhar o trilho que sobe pela montanha. E podemos dizer que a subida não é assim tão fácil. O estado do trilho não é mau, pelo contrário, mas a subida é bastante acentuada. Talvez por isso se vá encontrando pelo caminho bancos de madeira para descansar.
A igreja
Depois de uns bons 25 minutos a meia hora a dar à perna chegámos ao pé da igreja. Quando a encontrámos fechada e depois de descobrirmos que era feriado pensámos que era essa a razão para não pudermos entrar. No entanto, parece que a igreja está normalmente fechada e que apenas se pode visitar o seu interior através de visitas guiadas que podem ser marcadas entre finais de junho a inícios de setembro.

Assim sendo, tivemos mais tempo para admirar a parte exterior da igreja onde ainda se vêm frescos dos séculos XIV e XV. Um dos mais conhecidos e peculiares é o que representa a chegada dos três reis magos ao pé de Jesus com os picos dos Dolomitas pintados no fundo. Apesar de não se saber bem quando esta igreja foi construída, ela encontra-se mencionada em documentos que datam 1244. Como o nome indica esta igreja foi consagrada a São Valentim, padroeiro dos namorados.
Lenda
Existe uma lenda relacionada com esta igreja. A lenda conta que certo dia um touro encontrou um sino enterrado no solo perto da igreja. Este sino ficou conhecido como o ‘Touro de San Valentino’ e foi pendurado na torre da igreja. De acordo com esta lenda, este sino protegia os habitantes das fortes tempestades que eram resultado dos feitiços realizados pelas bruxas que viviam no Monte Schlern (a montanha que fica em frente à igreja). Ao tocar o sino, o feitiço era quebrado e por isso as bruxas passaram a temer o som do sino desta igreja.
Quanto a nós, depois de vermos o exterior da igreja e de nos sentarmos a ver a paisagem da vila no vale e as montanhas mesmo de frente ainda passeámos um pouco pelos campos em redor passando por cabras e ovelhas que pastavam por ali.
St. Konstantin Kirche e trilho dos 7 lagos
A igreja de São Constantino
Para mim de todas as igrejas que visitámos, esta foi sem a dúvida a mais bonita. Gostei imenso do mostrador do relógio da torre especialmente dos ponteiros em forma de coração. Por qualquer razão fez-me lembrar a Alice no país das maravilhas.


A igreja fica na povoação de St. Konstantin a cerca de 10 minutos de carro da vila de Siusi. Ao lado da igreja há um pequeno parque de estacionamento de terra. Esta igreja também estava fechada e por isso só a pudemos admirar pelo seu exterior. Foi em 1281 que pela primeira vez foi mencionada esta igreja (pelo menos nos documentos encontrados até então). Nesta igreja encontram-se elementos de 3 estilos arquitectónicos; românico, gótico e barroco.
Trilho dos 7 lagos
Como a igreja estava fechada acabámos por não ficar ali muito tempo. Mas houve uma placa na estrada à frente da igreja que me chamou a atenção. A placa indicava o trilho dos ‘7 laghi’ (o trilho dos 7 lagos). Ao que parecia estávamos entre os lagos que fazem parte deste trilho. E já que ali estávamos e já tínhamos feitos as paragens do nosso itinerário para aquele dia, seguimos a placa para visitarmos pelo menos o lago mais próximo, que afinal era o último do trilho, o lago de São Constantino.
Demorámos cerca de 20 minutos a chegar ao lago, seguindo sempre as placas que indicavam o caminho. O que encontrámos foi um pequeno lago de águas esverdeadas onde algumas pessoas passeavam junto à orla. Nós fizemos o mesmo e ainda nos sentámos brevemente em frente ao lago, num banco que ali estava.

Não vou mentir e dizer que este lago foi o ponto alto da viagem, mas ficámos assim a conhecer uma parte escondida da floresta em St. Konstantin.
Se alguém estiver interessado em fazer este trilho, este é considerado de nível difícil e demora cerca de 4 horas a completar (só numa direcção). Depois de se chegar ao último lago pode-se apanhar o autocarro 176. O trilho começa em Aica di Fiè e passa pelos seguintes lagos:
- laghetto Salmseiner
- Laghetto Gflierer
- Laghetto di Fiè
- Laghetto Superiore
- Laghetto di Umes
- Laghetto di Aica
- Laghetto di San Costantino
Pontos panorâmicos em Paso Gardena

Depois de voltarmos para o carro, ainda estacionado ao lado da igreja de St. Konstantin, e como por esta altura tinha começado a chover, decidimos fazer o caminho de volta para San Cassiano. E como nos esperava mais uma hora e meia a conduzir, decidimos desta vez parar em alguns pontos panorâmicos pelo caminho.
Entre chuvadas ainda conseguimos parar duas vezes. A primeira foi depois de passarmos um dos lados da montanha por qual a estrada de Paso Gardena nos leva. Este ponto panorâmico fica ao lado de uma capela, a cappella de San Maurizio. Daqui vê-se o magnífico vale rodeado pelos picos montanhosos.

A segunda paragem foi depois mais à frente na entrada para Calfosch, uma das vilas do Sul de Tyrol por onde tínhamos passado várias vezes durantes as idas e vindas entre San Cassiano e Ortisei. Parámos ao pé das letras enormes que formam o nome da vila. Deste lugar ainda conseguimos ver uma cascata, que penso ser a cascata de Pisciadù.
Restaurante L’Fanà (segunda noite)
Acabámos por chegar à Pensione Edelweiss às 6 da tarde, o que era uma boa hora para nos prepararmos para jantar.
Quando ficámos a saber que era feriado naquele dia tínhamos ficado preocupados em caso de todos os restaurantes estarem fechados. No entanto, foi ao passarmos pelo restaurante L’Fanà quando voltávamos para San Cassiano, que reparámos que o restaurante estava aberto. E ficou logo ali feita a decisão de virmos aqui outra vez. Já que nenhum de nós se importava de voltar.

Uma vez despachados voltámos a entrar no carro até ao restaurante. Tal como da primeira vez, fomos rapidamente atendidos. Mas, desta vez fomos bem mais controlados quando chegou a altura de fazer o nosso pedido. Eu desta vez pedi o prato de Gnocchi alla Sorrentina (gnocchi com molho de tomate) e o meu marido pediu um prato tradicional da zona, ‘Salsiccia con polenta e funghi’ (salsicha com polenta e cogumelos).
A dose de gnocchi era razoável já que normalmente quando peço gnocchi as porções são mais pequenas comparadas com as dos outros pratos de massas, ou assim me parece. O do meu marido é que vinha mais ou menos. Boa apresentação, bom sabor, mas a quantidade não tanta quanta a esperada. Especialmente tendo em conta que este era um dos pratos mais caros do menu.

O que significou que desta vez havia espaço para sobremesa. Como em Itália come-se italiano eu pedi o tradicional tiramisù. Já o meu marido pediu um afogatto; café com bola de gelado de baunilha. Se eu gostei do tiramisu, mais ainda o meu marido gostou do afogatto, espantado com o quanto aquilo era bom.
Depois da sobremesa e dos cafés, pagámos a conta e voltámos para a Pensione Eldeweiss. Apesar de termos gostado mais da primeira vez, ficámos adeptos deste restaurante. Se passarem pela zona de San Cassiano não deixem de experimentar este restaurante em La Villa Stern.

Para saber mais sobre este restaurante vejam a página oficial: https://www.lfana.com/en/.
Quarto dia
Foi neste dia que começámos a sair mais tarde da Pensione Edelweiss e a aproveitar o pequeno-almoço como devia ser. E quanto ao pequeno-almoço, havia uma boa variedade com pão fresquíssimo e uns croissants de morrer e chorar por mais.
Apesar do trilho que guardámos para este dia ter sido um dos nossos preferidos, este foi o dia com pior tempo, com alguma chuva e muitas nuvens. Mas como se diz, não há mau tempo apenas má roupa (there is no bad weather, only bad clothes). E é por isso que uma viagem aos Dolomitas requer uma preparação que conte com todo o tipo de tempo.

Mas não foi o tempo que fez o dia começar da pior maneira, mas sim ao acordar aperceber-me que tinha a cara inchada. Ao que parece a minha pele reagiu ao sol intenso que tínhamos apanhado em Seceda dois dias atrás. Ainda por cima nesse dia não tínhamos posto protector solar. Para tentar reduzir o inchaço ainda antes de sair do quarto andei a pôr toalhas ensopadas com água fria por cima da cara. O efeito não foi muito, mas felizmente o inchaço foi diminuindo à medida que o dia foi passando. E ficou muito melhor depois de pôr bastante creme, o qual tínhamos comprado no dia anterior. Isto que seja uma lição para todos especialmente para nós!
No final até deu jeito o tempo estar mais murcho, pois duvido que a minha pele aguentasse mais uma sessão de sol intenso.
Trilho Adolf Munkel-Weg
Tal como Seceda e Vallunga, também o trilho Adolf Munkel-Weg faz parte do parque nacional de Opuez-Odle, este na zona mais a noroeste. E este trilho quase não foi feito devido à opinião dos outros. A primeira vez que li sobre este trilho a review era de que Adolf Munkel-Weg era um dos trilhos mais fraquinhos já que se passava grande parte do tempo dentro da floresta e por isso a paisagem não era tão fascinante. E isto pode ser a opinião de alguém que andou pelos Dolomitas e é completamente válida, mas não é a nossa. Na verdade, ainda bem que decidimos incluí-lo no nosso itinerário.

Neste trilho tivemos oportunidade de andar pela floresta, ver as montanhas, as cascatas e até um veado. Também parámos no Rifugio Geisleralm para uma bebida e provar uma sobremesa austríaca tradicional chamada de Kaiserschmarrn.
Para quem vem de carro o melhor lugar para estacionar é em Zanser Alm/Malga Zannes de onde se pode ‘apanhar’ directamente o trilho Adolf Munkel-Weg. O parque de estacionamento é pago e em 2025 custa 10 libras pelo dia todo. Tal como em Alpe di Siusi apenas há uma tarifa no parque de estacionamento.
Na secção seguinte está explicado em mais detalhe o percurso que fizemos. Quero apenas mencionar que durante o caminho houve uma parte que não seguimos pelo trilho mais conhecido. No cruzamento antes de chegar a Geisleralm fizemos um pequeno desvio que nos levou a subir pela floresta (trilho 36 em vez do 36a). E se a subida no início nos pareceu desnecessária rapidamente mudámos de opinião.

Quando chegámos ao fim da subida pelo trilho 36, não só a vista para as montanhas foi das mais impressionantes de todo o caminho como de repente um veado apareceu-nos à frente. E este era bem mais robusto do que aquele que tínhamos visto em Vallunga, já que era mesmo um veado e não um cervo. Claro que foi um dos melhores momentos do trilho. Mas penso que apenas conseguimos ver este veado porque aquele pequeno desvio não sendo muito conhecido não tinha mais ninguém. Naquela altura só estávamos nós, a floresta, as montanhas e o veado. Duvido que com mais gente e mais barulho tivéssemos tido esta experiência.
Mapa do trilho circular de 11km
Aqui fica o percurso que fizemos em Adolf Munkel-Weg, com indicações dos números dos trilhos que seguimos. Estes números estão marcados nas placas que se vão encontrando pelo caminho. O percurso que fizemos foi de 11km e demorámos cerca de 5 horas a completá-lo.
A – Estacionámos no parque de estacionamento Malga Zannes. Daqui entrámos logo no trilho Adolf Munkel-Weg.
B – Para chegar ao ponto B seguimos o trilho número 6, que vai dar a uma ponte onde se podem ver as cascatas com as montanhas ao fundo.
C – Depois da ponte saímos da estrada principal e começámos a subir pela floresta entrando agora no trilho número 35. Durante este caminho passa-se por uma clareira, a Palestra di roccia Alta Via di Adolf Munkel onde uma placa de metal está colada a um grande pedregulho (ver fotografia abaixo).

D – No cruzamento há duas opções; a primeira é seguir pelo trilho 36a que vai ter directamente a Geisleralm. Este é o trilho que quase toda a gente faz e é talvez o mais fácil. A segunda opção é seguir o trilho número 36, que foi o que fizemos, e que sobe pela encosta da montanha. Apesar da subida, esta parte do percurso vale a pena fazer principalmente pela paisagem. Seguindo por este caminho passa-se por outro rifugio, Malga Casnago (ponto D).
E -Parámos em Geisleralm para comer e beber qualquer coisa enquanto olhávamos para as montanhas que iam espreitando por entre as nuvens.
F – Depois da paragem no ponto E continuámos pelo trilho número 36 de volta ao parque de estacionamento.
Geisleralm
Depois de fazermos vários trilhos nos Dolomitas finalmente nos sentávamos numa destas casas de madeira, os chamados ‘Rifugio’. Quando chegámos a Geisleralm eu queria sentar-me nas mesas com a melhor vista para as montanhas, mas como estava imensa gente a comer e a beber nessas mesas, a única que estava livre era assim meio que escondida.

Geisleralm fica a mais ou menos a meio caminho do percurso circular e não é possível chegar aqui de carro, tem-se mesmo de vir a pé. O menu é bastante extenso, todo ele focado em pratos tradicionais da zona onde as influências da cultura austríaca estão bem presentes. Aliás ali sentados se nos dissessem que tínhamos atravessado a fronteira e chegado à Áustria não teríamos ficado minimamente espantados.
Eu já vinha com a ideia fixa do que queria comer. E sem hesitações foi o que pedimos acompanhado por cerveja, a minha com sumo de limão. A sobremesa que pedimos, Kaiserschmarrn, é uma espécie de crepes fritos cortados aos bocados polvilhados com açúcar em pó e acompanhados por puré de maçã, geleia e fruta.

Devo dizer que as expectativas eram altas, mas o que nos chegou à mesa superou-as. A porção era grande de tal forma que dividimos entre os dois. Aliás acho que essa é mesmo a ideia já que o prato que é servido é demasiado para uma pessoa. E sim posso até dizer que o humor melhorou bastante aqui sentados à esplanada com aquela paisagem magnífica, a comer e a beber como turistas.
Para verem o website oficial de Geisleralm incluindo o menu cliquem em: https://www.geisleralm.com/it.
Igreja de San Giovanni
Depois de completarmos o trilho, o que fizemos em cerca de 5 horas (11:00-16:00), contando com o intervalo em Geilseralm, tínhamos apenas mais um local para visitar antes de voltarmos para San Cassiano. Isto sem contar com a rápida paragem em Panchina Panoramica, na estrada Zanser, onde tirámos a fotografia abaixo.

O local que queríamos visitar é uma das igrejas mais conhecidas e faladas nas redes sociais, a igreja de San Giovanni. Talvez seja pelas montanhas como plano de fundo, a verdade é que em qualquer guia turístico esta igreja em Val di Funes é mencionada. No entanto, penso que esta igreja apenas é famosa, ou melhor apenas tanta gente a visita, exactamente pela sua presença nas redes sociais. Para mim não foi a mais bonita e é bastante óbvio que se tornou num turist trap (armadilha para turistas).

Primeiro o pequeno parque de estacionamento é pago. Turist trap número 1. Foram os 4 euros mais mal gastos da viagem. Depois para se chegar perto da igreja é preciso passar por um portão de ferro o qual é pago. Turist trap número 2. É que nem fui ver quanto é que era. Com tantos pagamentos se havia alguma vontade de visitar esta igreja, por aquela altura esgotara-se. Ainda a vimos do ponto panorâmico que por agora é gratuito. E sim, a igreja é bonita por fora, pelo menos daquilo que conseguimos ver, mas as igrejas que visitámos no dia anterior, as igrejas de St Valentin e St Konstantin para mim são bastante mais bonitas, e a experiência mais em conta.
Infelizmente este foi daqueles locais que perderam o interesse ao serem espremidos ao máximo como forma de ganhar dinheiro. Mas se acharem que é algo que gostariam de visitar, mesmo que seja só para ver ao longe, como nós, sim façam-no. Mas na minha opinião vir aqui de propósito não vale a pena. Especialmente num dia nublado com aquele onde não se viam as montanhas.

Concluindo, sim a igreja é bonita, mas há outras igrejas tão ou mais bonitas nos Dolomitas. A lição aqui é que nem sempre o que está nas redes sociais é o melhor.
Restaurante La Tor em La Villa Stern (primeira noite)
Regressámos a San Cassiano por volta das 6 e meia. A rotina foi a mesma dos outros dias; tomar banho, arranjar-nos para jantar e escolher o restaurante. Mas hoje foi o dia em que realmente tivemos problemas em encontrar um restaurante aberto. Quando falei das vantagens e desvantagens de visitar os Dolomitas no início de junho (ver aqui), mencionei que uma das coisas negativas a apontar era o facto de muitos restaurantes ainda estarem fechados nesta altura. Infelizmente, o Google não dá a informação correcta pois neste caso indicava que os restaurantes estavam abertos quando na verdade não estavam. E aliás até nos websites oficiais dos restaurantes não havia nenhuma indicação de que estivessem fechados. Mas a verdade é que só depois de 4 tentativas é que conseguimos encontrar um restaurante aberto que não fosse nenhum daqueles onde já tivéssemos ido.

Primeiro fomos ao ‘Restaurant & Pizzeria Sass Dlacia’, entre San Cassiano e Paso Valparola, mas o restaurante estava fechado. Na verdade, já ali tínhamos ido no dia anterior, mas pensámos que estava fechado por ser feriado. Afinal só abriria dali a duas semanas. Depois tentámos o restaurante Tiac em San Cassiano. No Google dizia que estava aberto, mas não estava. Depois disto decidimos ir para La Villa Stern enquanto ligava para vários restaurantes a tentar descobrir um que estivesse aberto nas vilas mais próximas. Até houve um restaurante que estava aberto, o restaurante La Ciano, mas quando chegámos à entrada o ambiente não nos agradou muito. Para mais o restaurante não estava muito bem avaliado. E por coincidência quando íamos a caminho deste restaurante, passámos por outro, o restaurante La Tor, que por sinal estava aberto e que nos pareceu ter melhor aspecto. Para além que as reviews no Google eram bastante melhores.
E a mudança de planos foi a escolha acertada. Apesar de quando chegámos o restaurante La Tor ter já bastante clientela felizmente havia uma mesa livre para nós. E o serviço foi óptimo, a comida deliciosa, nada de negativo a apontar.

Acabámos por escolher pizza para jantar, eu pedi a ‘Quattro Stagioni’ com cogumelos, pepperoni, fiambre e alcachofras e para beber mais um aperol spritz. A pizza era bastante boa, mesmo assim gostei mais da do restaurante L’Fana. Contudo esta segue rapidamente em segundo lugar. Quanto aos cocktails este restaurante ganhou. Como no final da refeição ainda havia espaço escolhemos os Frittelle di Miele, uma espécie de donuts de maçã fritos para dividir.
Tanto gostámos deste restaurante que decidimos naquele dia que este seria o local certo para o nosso último jantar, antes de deixarmos San Cassiano. E para mim o segundo jantar ainda foi melhor do que o primeiro. Por isso talvez tenhamos tido sorte em termos encontrados os primeiros restaurantes fechados, senão poderíamos nunca ter vindo ao restaurante La Tor.
Website oficial do restaurante La Tor: https://www.dolomit.it/en/la-tor.asp.
Quinto dia
Tre Cime di Lavaredo
Para o quinto dia nos Dolomitas tínhamos guardado um dos mais conhecidos trilhos perto de Cortina d’Ampezzo, Tre Cime di Lavaredo. Inicialmente erámos para ter feito este trilho no dia anterior, mas depois de uma rápida revisão da meteorologia, decidimos mudar o roteiro. Infelizmente, como a estrada de Paso Valparola esteve fechada durante a semana que aqui estivemos em vez de 50km tínhamos quase 90km para percorrer entre San Cassiano e Tre Cime di Lavaredo, o que adicionou mais de meia hora ao percurso para cada lado.

Isto também fez com que visitássemos neste dia alguns dos lagos que ficavam mais perto de Tre Cime di Lavaredo os quais estavam no percurso para o dia seguinte. Desta forma evitámos fazer a longa viagem novamente.
Estacionamento em Tre Cime di Lavaredo
Voltando novamente ao tema das vantagens de visitar os Dolomitas durante a época baixa, o estacionamento em Tre Cime di Lavaredo foi uma delas. Porque em 2025 foi introduzido um novo sistema online para marcação do parque de estacionamento que fica ao lado do Rifugio Auronzo a 2333 metros de altitude. É a partir daqui que se pode começar o trilho que dá à volta às três grandes rochas que dão o nome ao local. O parque de estacionamento apenas pode ser marcado com 30 dias de antecedência e é válido por 12 horas – por exemplo, se se marcar para as 9:30 da manhã, o que foi a nossa escolha, então o carro pode ficar no estacionamento até às 21:30 desse dia. E mesmo sendo este marcado para as 9:30 da manhã pode-se chegar mais tarde, por exemplo às 10 ou ao meio-dia, tendo em conta que se tem de sair antes do tempo permitido terminar, que neste caso é às 21:30.

O parque de estacionamento em 2025 custa 40 euros pelas 12 horas. Nos casos em que se quer ficar mais de 12 horas é necessário duas ou mais marcações que cubra o tempo necessário de estacionamento. Todas as informações sobre o parque de estacionamento incluindo regras e condições podem ser encontradas neste website: https://auronzo.info/en/parking-tre-cime-di-lavaredo/
Quando disse no início que vir em inícios de junho tinha sido uma vantagem foi porque pudemos marcar o estacionamento com apenas 2 dias de antecedência e até podíamos tê-lo marcado no dia anterior. Havia estacionamento disponível para qualquer hora que quiséssemos – apesar de curiosamente os slots das 9 da manhã serem os mais populares. No caso de encontrarem o estacionamento lotado para o dia que pretendem visitar Tre Cime di Lavaredo há outras opções como apanhar o autocarro em Cortina d’Ampezzo ou em Dobbiaco.
O trilho de 10km em Tre Cime di Lavaredo
Creio que o trilho que fizemos é aquele que a maioria das pessoas fazem. Pelo menos seguimos e fomos seguidos pela maior parte das pessoas. O percurso que fizemos teve uma distância de 10km e apesar do nevoeiro, principalmente na primeira parte do trilho, foi um dos melhores trilhos da viagem. Desde o momento que estacionámos até acabar o trilho foram cerca de 4 horas com 2 paragens pelo caminho, uma no Rifugio Locatelli (ponto G no mapa abaixo) em frente ao Laghi dei Piani e uma outra já depois a chegar ao estacionamento para almoçar.
O mapa do nosso itinerário
A – Estacionámos no parque perto do Rifugio Auronzo
B – Passámos em frente ao Rifugio Auronzo onde começa o trilho à volta de Tre Cime di Lavaredo
C – Passámos pela pequena capela que fica no caminho, a Cappella degli Alpini
D – Passámos junto ao Rifugio Lavaredo. Aqui é um óptimo local para descansar e encher as garrafas de água. Depois de passar pelo Rifugio Lavaredo começou a primeira subida do percurso

E- Depois de completar a primeira subida chegámos ao ponto panorâmico Forcella di Lavaredo. A partir daqui o caminho começou a descer.
F – Neste cruzamento podíamos ter logo virado à esquerda e começar a descer pelo trilho que dá a volta ao Tre Cime di Lavaredo. Nós, no entanto, quisemos ir até ao Rifugio Locatelli.
G – Chegámos ao Rifugio Locatelli e sentámo-nos de frente ao Laghi dei Piani para aproveitar a paisagem panorâmica. É também nesta zona que se encontram as famosas caves que são antigas posições militares da Primeira Guerra Mundial que hoje podem ser exploradas.
H- Voltámos para trás até ao cruzamento (ponto F) onde virámos à direita, onde o caminho segue a descer. No entanto, a partir do ponto H começou a maior subida de todo o percurso. Esta é uma subida considerável que requer algumas paragens pelo caminho, e é sem dúvida a parte mais difícil de todo o trilho.
I- Depois da subida seguimos sempre a direito até Malga Langalm, um restaurante típico da zona onde muitos aproveitaram para comer e beber qualquer coisa, para além do merecido descanso.

J – O resto do percurso foi sempre a direito, passando por uma alta ravina. Para quem tem medo de alturas possivelmente esta é parte mais desafiadora do trilho. O caminho acabou no parque de estacionamento ao pé do Rifugio Auronzo, mas não sem antes pararmos mais uma vez agora para almoçar.
Detalhes do nosso percurso
Apesar de termos passado por 4 ‘rifugios’ durante o trilho apenas um deles estava aberto, o Malga Langalm. Durante a época alta é possível ficar hospedado tanto no Rifugio Lavaredo como no Rifugio Locatelli, mas não durante a época baixa. Quanto a altitudes, a Forcella di Lavaredo foi o ponto mais alto de todo o nosso percurso estando este a 2454 metros acima do nível do mar enquanto o parque de estacionamento fica a 2333 metros. Quanto às três grandes rochas que se alongam em direcção ao céu temos o Cima Piccola com 2857 metros, Cima Ovest com 2973 metros e Cima Grande que dá a altitude máxima a Tre Cime de Lavaredo com 2999 metros.

Para mim a pior parte do caminho foi entre a Forcella di Lavaredo (ponto E) e o cruzamento seguinte (ponto F) já que ainda havia neve. O caminho era, portanto, uma mistura de gelo, neve e água, muito escorregadio e ainda por cima a descer. O problema não era só cair, era cair para o nosso lado esquerdo o que resultaria numa queda que poucos sobreviveriam. Para mais no meio do trilho estava uma máquina de construção e por isso tinha-se de fazer umas manobras estranhas para passar para o outro lado do trilho. Apesar da subida que mais à frente nos esperava, foi esta a parte do percurso à qual achei menos piada.
Por outro lado, ir até ao Rifugio Locatelli é um pequeno esforço que vale a pena fazer para visitar a parte dos lagos e a zona das grutas. Apesar de não termos apanhado o melhor tempo isto não diminuiu em nada a beleza deste local.

Um outro trilho que também é bastante conhecido nesta zona é o trilho Cadini di Misura com uma distância de 3km que também parte do Rifugio Auronzo. Nós tomámos a decisão consciente de não o fazermos. Preferimos antes sentarmo-nos na relva por um bom bocado a comer as nossas sandes e a apreciar aquela paisagem que se estendia à nossa frente com as montanhas ao alto e o lago di Misurina à nossa espera na base do vale.
Lago di Misurina
Lago di Misurina fica a cerca de 8km do parque de estacionamento de Tre Cime di Lavaredo e este é conhecido não só pelas suas águas calmas, mas também pelas várias montanhas que o rodeiam como o Monte Cristallo, Sorapìss, o grupo montanhoso Cadini, o Monte Popena e claro Tre Cime di Lavaredo. O lago fica a 1754 metros de altitude numa zona curiosamente conhecida pelo seu microclima saudável, tanto sendo que é apenas aqui que se encontra o único centro em toda a Itália focado no tratamento de asma infantil em altas altitudes.

A nossa ideia inicial era de fazer o percurso circular que dá a volta ao lago. O percurso é de 2km e é categorizado como sendo fácil. No entanto, quando aqui chegámos e começámos à procura de estacionamento reparámos que todo ele era pago. Como já tínhamos pagado os 40 euros pelo parque de estacionamento em Tre Cime di Lavaredo decidimos parar para tirar uma ou duas fotografias, mas não fazer o trilho. Em vez disso seguimos para o próximo lago, o lago di Landro.
Lago di Landro e trilho até ao ponto panorâmico
A paragem no Lago di Misurina acabou por ser bastante rápida e depois de uma curta viagem de apenas 10 minutos parávamos o carro perto do lago di Landro num parque de estacionamento não oficial. O local não está bem marcado no Google Maps mas pode-se usar o ponto ‘Landro Classica’ para o efeito. Nós descobrimos este parque de estacionamento por acaso, mas finalmente encontrávamos um que era não pago.

O lago di Landro é o terceiro maior lago em Val Pusteria e é conhecido pelas suas águas azul-turquesa. Acredito que este deva ser um local de eleição para banhos quando o tempo está mais quente. Aliás para duas raparigas estava naquele dia quente o suficiente para o fazerem. A paisagem do lago com os picos do Monte Cristallo ao fundo foi uma das minhas preferidas, em relação aos lagos que visitámos nos Dolomitas. No entanto, seria injusto não adicionar que todos os lagos que visitámos nos deram paisagens magníficas.
Trilho até à Vista Panorâmica Tre Cime di Lavaredo
Para chegarmos ao lago di Landro apanhámos o caminho ‘Lunga Via delle Dolomiti’. Depois de passearmos um bocado pelas margens do lago reparámos que o caminho continuava na direcção oposta. Fomos ver no Google Maps se havia algo de interessante mais à frente e encontrámos o ponto de nome ‘Vista Panorâmica Tre Cime di Lavaredo’ a 15 minutos de distância a pé. Apesar deste desvio não fazer parte do percurso fomos ver o que era, até porque estávamos com tempo uma vez que não tínhamos feito o trilho à volta do Lago di Misurina.

O que encontrámos foi uma pequena construção com uma plataforma onde se destacavam informações sobre as várias montanhas em redor. A Sul via-se os picos do Monte Cristallo enquanto a Este espreitava o Monte Piana, importante local de batalha durante a Primeira Guerra Mundial. Mas o que nos impressionou foi o que vimos quando olhámos para Oeste e reconhecemos os grandes pedregulhos que já eram para nós conhecidos, Tre Cime di Lavaredo. Também aqui havia uma pequena escultura destes 3 picos acompanhada por uma linha do tempo que marcava importantes eventos de escalada em Tre Cime di Lavaredo.

Pouco depois regressávamos ao Lago di Landro, mas quando chegámos quisemos ir dar à volta ao lago. Vou apenas dizer que o caminho pela outra margem não é tão acessível como indo pelo Via Lunga delle Dolomiti, mas eventualmente chegámos ao carro.
Por último vou falar de uma modalidade conhecida nesta zona. Porque enquanto andávamos aqui para frente e para trás passámos por alguns grupos de pessoas a andar de bicicleta e alguns via-se que andavam a fazer mais do que um dia de caminho com tendas agarradas às bicicletas. E depois de fazer uma pesquisa rápida descobrimos que esta zona é conhecida como sendo um local ideal para fazer tours de bicicleta já que há vários trilhos de diferentes dificuldades.

Lago di Dobbiaco
Tenho a confessar que este foi o lago ao qual demos menos atenção e onde passámos menos tempo. Não foi intencional e nem justo para com a beleza deste lago. Quando chegámos, tal como no Lago di Misurina, verificámos que o parque de estacionamento era pago.

Apesar de termos considerado fazer o percurso de quase 5km à volta do lago, como já passava das 5 da tarde e sem estacionamento gratuito, este acabou mesmo por ser uma paragem de poucos minutos para tirar uma ou duas fotografias e seguir caminho. Afinal ainda tínhamos mais de 1 hora a conduzir para chegar a San Cassiano. Se vocês tiverem mais tempo e não se importarem de pagar estacionamento, o trilho à volta deste lago é algo que sem dúvida devem considerar.
Jantar mais caseiro
Chegámos a San Cassiano perto das 7 da tarde. E apesar de não termos visto bem o último lago, o que fez ter um pouco aquela sensação de ‘oportunidade perdida’ não foi menos bonito o caminho que fizemos entre o Lago di Dobbiaco e San Cassiano. Passámos por pitorescas vilas, ruínas, vales e descampados sempre com altas montanhas a acompanhar-nos. Como já disse várias vezes, não interessa o que façam nos Dolomitas que vai sempre valer a pena, qualquer seja o tipo de turismo que aqui façam.

O jantar deste dia foi um pouco diferente. O dia tinha sido intenso com muitos quilómetros feitos a pé e a conduzir e por esta altura o cansaço começava a tomar as rédeas. Como não estávamos com muita vontade de pegar no carro, nem de procurar por mais restaurantes, adicionado ao facto de que tinha começado a chover, optámos pela escolha mais simples. Fomos ao supermercado que estava ao lado da Pensione Edelweiss e comprámos uma selecção de produtos para provar ao jantar. Mas atenção que normalmente caímos na tentação de comprar mais do que aquilo que conseguimos comer. O que foi o que aconteceu. Mas se isto for também comum para vocês, não deitem a comida fora. Façam antes como nós, comam o que não podem guardar e o resto usem-no para o almoço do dia seguinte.

E confesso-vos uma coisa, apesar de termos ficado no hotel foi um jantar super agradável na varanda do quarto com uma bonita paisagem e um ambiente relaxante. A escolha perfeita para final deste quinto dia de viagem.
Sexto dia
Igreja de San Cassiano
Depois do pequeno-almoço na Pensione Edelweiss finalmente saímos a uma hora em que encontrávamos a porta da igreja em frente, a igreja de San Cassiano, aberta. Claro que assim sendo antes de fazer caminho para o Lago de Braies quisemos fazer uma rápida visita ao interior da igreja. E foi deveras rápida pois àquela hora (8 e meia) andavam a limpar a igreja e não queríamos disturbar o trabalho. A igreja apesar de simples é tão bonita por dentro como por fora.

Afixado ao lado da porta encontra-se um pequeno texto que conta uma parte da história desta igreja. Traduzindo o texto para português lê-se o seguinte: ‘Em 1581, foi consagrada a igreja pelo Bispo Johannes Nas. No entanto em 1723, um incêndio devastou a vila levando a que uma nova igreja fosse consagrada em 1782 e mais tarde ampliada em 1845. Os frescos das paredes e tectos são de Franz Rudiferia e datam o ano de 1876. Estas pinturas foram restauradas por Jan Mati Pescoller em 1927. Novas renovações foram conduzidas em 1965 e em 1993. Entre estas duas renovações, mais especificamente em 1979, foi acrescentada uma nova secção à igreja. O retábulo de Carl Henrici retrata o martírio de São Cassiano, padroeiro da igreja. Uma segunda estátua deste santo pode também ser encontrada na fachada exterior da igreja. Até 1850 esta vila não era chamada de San Cassiano, mas sim de Armentarola.’


Como disse acima, a visita à igreja foi bastante rápida e seguimos depois para o parque de estacionamento. Uma das coisas que se tinha tornado rotina durante aquela semana foi a de encher as garrafas de água na fonte que ficava ao lado do supermercado antes de partimos. O mais engraçado era a pequena fonte mais abaixo destinada para os cães (ou para qualquer outro animal).
Lago di Braies
No penúltimo dia nos Dolomitas fomos visitar o lago mais conhecido desta região, o Lago di Braies. Este lago de águas azul-turquesa a 1496 metros de altitude e com as montanhas Croda del Becco como pano de fundo é um dos locais que sem dúvida ninguém quer perder. Lago di Braies é também é conhecido como Pragser Wildsee, o seu nome em alemão.

Apesar de não ser difícil de chegar ao Lago di Braies nem de completar o percurso circular à volta deste, já o parque de estacionamento é uma história completamente diferente. Tal como em Alpe di Siusi há algumas restrições em relação ao acesso à estrada que vai até ao lago, apesar de neste caso estar apenas em vigor durante os meses de maior afluência. Por exemplo em 2025 este período foi entre 10 de julho e 10 de setembro. O que acontece é que a estrada fica cortada entre as 9:30 da manhã e as 4 da tarde. Aliás é possível sair com o carro a qualquer hora, mas não entrar (tal como em Alpe di Siusi). Esta regra foi imposta devido ao turismo desmedido que foi aumentando à medida que este local foi ficando mais conhecido.

Era por estas regras que nos estávamos a seguir tanto que no dia anterior tínhamos pedido para ter novamente o pequeno-almoço em modo take-away já que teríamos de sair bastante cedo. Felizmente nesse mesmo dia verificámos que estas restrições não se aplicavam naquela altura do ano. O que foi confirmado com a dona da Pensione Edelweiss quando pedíamos para afinal tomar o pequeno-almoço na sala de jantar.
Parques de estacionamento em Lago di Braies
O parque de estacionamento no Lago di Braies pode ser bastante confuso com as várias regras e os vários parques que ficam a diferentes distâncias do lago. Mas em termos simplificados é o seguinte: existem 4 parques de estacionamento – P1, P2, P3 e P4. O P4 é aquele que fica mais perto do lago a cerca de 200 metros enquanto o P1 fica quase a 6km de distância, havendo a opção de apanhar um autocarro no P1 até ao lago ou claro caminhar a pé. Os parques P2 e P3 ficam a uma distância do lago de 850 metros e 350 metros respectivamente.

Agora quais são as regras de estacionamento?
- Entre meados de setembro até meados de julho a verdade é que não há grandes regras. A estrada não está cortada podendo-se circular em qualquer altura do dia. Para dar um exemplo específico nós chegámos por volta das 10 da manhã ao lago e havia imenso estacionamento livre no P4. O parque de estacionamento custou-nos 15 euros por 3 horas.
- Entre meados de julho a meados de setembro não é possível conduzir na estrada que passa pelo Vale di Braies entre as 9:30 da manhã e as 4 da tarde sem ser com um bilhete que tal o autorize. Portanto é possível comprar um bilhete de acesso aos vários parques de estacionamento. Para o parque P1 a compra do bilhete garante estacionamento e inclui o bilhete de autocarro que vai para o lago. Enquanto que o bilhete para os outros parques de estacionamento dá acesso à estrada no Vale di Braies em qualquer altura do dia mas não garante estacionamento num determinado parque sendo o espaço oferecido consoante a disponibilidade (inclui P2, P3 e P4). Se o bilhete for para o P1 tem um custo de 20 euros, para os restantes tem um valor de 40 euros que inclui um voucher de 20 euros que pode ser usado nos restaurantes ou lojas em Vale di Braies. Para mais informações e reservas vejam o website oficial: https://www.prags.bz/it
Claro que os 40 euros são uma espécie de esquema bem pensado, não só se paga logo 40 euros pelo estacionamento como leva as pessoas a irem ao restaurante ou às lojas comprar qualquer coisa. E acreditem que é muito fácil gastar 20 euros, por exemplo nós gastámos 16 euros no café depois de fazermos o trilho e não pedimos nada de especial.

Trilho circular no Lago di Braies
O trilho circular à volta do Lago di Braies é de mais ou menos 3km, considerando que se parte do parque de estacionamento P4, como mostra o mapa abaixo.
A – Partimos do parque de estacionamento P4
B – Passámos junto ao cais onde arrendam os barcos a remos
C – Seguimos sempre pelo trilho que dá a volta ao lago. Apenas há uma subida mais acentuada durante o percurso, mas não é difícil. A meio do caminho há uma espécie de praia onde se pode descansar. Fica a nota que não é permitido ir a banhos neste lago
D – Passámos junto à Cappella di Lago di Braies
E – Fizemos uma pausa no café Emmas Bistro com vista para o lago. Apesar de haver vários cafés e vários restaurantes nós decidimos parar neste exactamente pela paisagem
Uma outra coisa muito comum no Lago di Braies é andar de barco a remos. E isto pudemos verificar no momento em que chegámos ao lago, já que este estava pontuado por vários barcos que deslizavam pelas suas águas. Ainda considerámos brevemente se também queríamos enveredar por esta experiência, mas como o preço de aluguel era de 50 euros por 45 minutos, pensámos que poderíamos gastar esse dinheiro em algo mais útil.

No final, o que posso dizer é que o percurso não é difícil de fazer, tem apenas uma subida um pouco acentuada, mas o trilho está bem marcado e há alguns bancos pelo caminho para descansar. Nós demorámos menos de uma hora a fazer este trilho, mesmo indo devagar e com várias paragens para tirar fotografias.
Uma pausa antes de partir

Como no dia anterior tínhamos visitado os lagos que estavam no itinerário de hoje; o lago di Landro e o Lago di Dobbiaco, tínhamos algum tempo livre e aproveitámo-lo sentados no café Emmas Bistro onde da esplanada se tinha vista para o lago. Nós pedimos um cappuccino, uma cerveja e uma fatia de um bolo de ricotta que o meu marido gostou muito. Apesar de ser um pedido simples ficou-nos a 16 euros. Por isso digo que o voucher dos 20 euros, do qual mencionei na secção sobre os parques de estacionamento na verdade não é muito. Para nós é sempre um mimo podemos parar para beber e comer qualquer coisa, quando normalmente os nossos dias são super preenchidos sem tempo para tal (culpa somente nossa). Para mais tivemos um convidado inesperado à nossa mesa que também pareceu adorar o bolo.

De todos os lagos que visitámos acho que mesmo assim o lago di Landro é o meu favorito, mas este fica com o segundo lugar. Felizmente visitámo-lo em junho porque mesmo assim estava ali imensa gente. Imagino que na altura do verão possa ser um lugar tão cheio que dê azo a algumas frustrações. No entanto, é um ponto icónico nos Dolomitas, e a sua beleza é a razão por o ser.
Trilho em San Cassiano
Depois de tantos dias seguidos a conduzir, queríamos passar a última tarde em que estaríamos em San Cassiano a explorar esta zona. Afinal a beleza de San Cassiano, La Villa Stern e outras vilas em redor não nos tinha passado despercebida. Portanto porque não fazer o último trilho exactamente aqui?

Como não tínhamos procurado antecipadamente por trilhos em San Cassiano fomos perguntar aos locais que conhecíamos, isto é, aos donos da Pensione Edelweiss. E sem demora foi nos entregue um mapa da zona onde estavam anotados os vários trilhos. Um mapa que deu imenso jeito devo dizer.

A nossa ideia era apenas de passear pelas vilas, talvez embrenharmo-nos um pouco na floresta seguindo junto ao riacho que ficava por detrás da pensão. Uma coisa simples e sem grandes desafios. Já se sabe o que vou dizer a seguir, não é? É que acabou por ser um dos trilhos mais difíceis e penso que até um dos mais longos da viagem. Sim, muito bonito, devo dizer que parar em San Cassiano mesmo que seja só de passagem deve ser feito, mas o percurso que acabámos por fazer não foi aquilo que esperávamos. Para além que este foi o único trilho onde apanhámos uma grande chuvada. No entanto, não nos pudemos queixar já que a previsão do tempo era de chuva e tempestade para toda a semana.
Um trilho de vários trilhos
O nosso trilho penso que teve uma distância de 11km ou por volta disso e inclui partes de vários trilhos, primeiro o 22, depois o 22A e por fim o 21. Uma parte do caminho no 22A nem sequer tinha um caminho marcado e por isso nem o Google Maps reconhece. Desta forma o mapa abaixo não representa bem a realidade já que nenhuma parte deste caminho foi feito em linha recta. No entanto, foi o melhor que se consegui fazer para representar o trilho completo.
Trilho 22 (do ponto A ao ponto C)
A primeira parte do trilho foi a mais longa, mas também a qual gostámos mais. Partimos da Pensione Edelweiss, descemos a rua que ia dar ao parque de estacionamento e atravessámos a ponte de madeira de maneira a começarmos o trilho junto ao riacho. Foi nesta ponte que encontrámos as primeiras placas a indicar os vários trilhos da zona. A placa que queríamos seguir ir era do trilho 22 ‘Piz Sorega’.
Seguimos junto ao pequeno riacho sempre a direito até chegarmos à estação de teleférico Piz Sorega, naquela altura fechado. Aqui apanhámos a estrada larga que seguia para cima. Nos primeiros quilómetros a subida não foi muito difícil, era subida depois um bocado a direito, depois outra vez uma subida e depois outra vez a direito. E nem estávamos sozinhos porque passaram por nós vários camiões das obras a subir e a descer pela estrada. Pelo caminho fomos tirando fotografias já que a paisagem era realmente bonita.

Mas quando chegámos ao ponto B marcado no mapa, o Rifugio Malga Saraghes, também ele fechado em inícios de junho a coisa começou a mudar. Primeiro depois de 3.5km já nos começávamos a fartar de tanto subir. O tempo também tinha mudado e foi aqui que começou a cair uma grande chuvada. Felizmente tínhamos connosco as nossas capas de chuva que são tudo menos atraentes, mas que ao menos protegem bem da chuva. No entanto, a subir com o tempo assim e sabendo que não estávamos nem a meio caminho já nos começávamos a arrepender de termos escolhido este trilho.
Trilho 22A
Apesar da chuva intensa, esta não demorou muito a parar e quando chegámos ao ponto C o tempo tinha acalmado. E este ponto C marca o cruzamento onde encontrámos a placa a indicar o trilho 22A. Mas mal andámos uns 5 minutos na direcção do trilho, depois de passarmos umas casas que à primeira vista pareciam vazias (e penso que estavam) o caminho acabou. Simplesmente não havia mais nenhum trilho. E teria sido OK, não teria havido qualquer problema se não tivesse sido a chuva. Olhámos à nossa volta e por um lado um dos possíveis caminhos estava feito em lama, no outro o campo de relva estava alagado. Tivemos aqui um bocado a discutir as nossas opções, já considerando a possibilidade de voltar para trás. No entanto, o caminho que tínhamos pela frente era mais curto do que aquele que já tínhamos feito.

No final decidimos subir pelo terreno inclinado indo pelo meio da relva molhada tentando não ficar atolados em alguma poça de água ou pior na lama. Claro que esta parte foi um bocado tentativa/erro e foi a pior subida de até então. Foram apenas uns metros, nem a meio quilómetro chegou, mas foram momentos intensos. Felizmente passando esta parte chegámos novamente à estrada larga em direcção ao Rifugio Piz Sorega, parte do trilho 21.
Trilho 21
Infelizmente a chuva recomeçou e caia de tal forma que quando estávamos a passar pelo Rifugio Piz Sorega até ponderei se não deveríamos ficar ali um bocado até o tempo melhorar. Era chuva forte, vento e um céu de meter medo. Mas a ideia não foi aceite pela equipa (aka o meu marido). Portanto foi entre episódios de chuva e ‘não chuva’ que descemos o trilho 21 até San Cassiano.

E se subir pode ser difícil descer ainda é mais. A descida em algumas partes era inclinada e com a chuva havia lama, pedrinhas que se soltavam e a última coisa que queríamos era cair e rebolar por ali abaixo. Porque se no mapa acima o caminho está assinalado como sendo a direito, desenganem-se porque o que encontrámos foram curvas e mais curvas até ao fundo da montanha. Acreditem que ficámos muito contentes quando avistámos ao longe a igreja de San Cassiano.
Demorámos no total 3 horas a completar este trilho. O melhor de tudo foi quando falámos desta experiência à Jo, a rapariga da Pensione Edelweiss, no dia seguinte de manhã e ela dizer-nos que fazia esses mesmos 10km todos os dias de manhã ainda por cima a correr. Nem imaginam as nossas caras, por um lado vergonha por outro impressionados. Talvez tenha havido um terceiro sentimento, o de horror ao pensar fazer aquilo todos os dias.

Mas vamos a ver, sim não estávamos mentalizados para um trilho tão longo e sim foi uma grande subida, mas se não tivesse sido a chuva este caminho tinha sido feito sem grandes problemas. E as paisagens do topo são magníficas mesmo em dias de chuva. Este trilho talvez não conste dos mais conhecidos nos Dolomitas, mas não fica atrás de nenhum dos outros que fizemos durante esta semana.
Último serão em San Cassiano
Quando finalmente chegámos à Pensione Edelweiss, com uma grande sensação de alívio devo-o dizer, começámos a pensar no jantar. Afinal começámos o trilho por volta das 2 e meia, mas só o completámos perto das 6. Mas também nos fomos arranjando com vagar e ainda antes comemos uma fatia da tarte que tinha sobrado do jantar do dia anterior como recompensa do trilho daquele dia. E por isso eram já quase 8 horas quando nos sentámos numa das mesas do restaurante La Tor. Como disse no primeiro dia em que visitámos este restaurante foi decidido que este seria o local ideal para o nosso último jantar antes de deixarmos San Cassiano.
Restaurante La Tor (segunda noite)
Tal como aconteceu na primeira vez que visitámos este restaurante não tínhamos reservado mesa, mas no início de junho tal não era necessário. Para beber pedi para experimentar um Hugo Spritz e fiquei imediatamente fã. Muito melhor do que o Aperol Spritz e ninguém me avisava!


Não quisemos pedir entradas passando directamente aos pratos principais. Eu pedi o ‘Baked Maccheroni La Tor’ que descobri ser um dos pratos mais pedidos neste restaurante. O prato consiste em massa macarrão no forno com guisado de carne, speck (espécie de bacon/fiambre típico da região), salame, queijo, cogumelos e courgettes. Para mim foi a escolha ideal e veio uma boa quantidade de tal forma que acabei por dividir uma parte com o meu marido. Até porque ele tinha pedido um dos pratos especiais com produtos da estação que incluía aspargos brancos e salmão fumado. Apesar de ser um bom prato acho que a quantidade não foi a suficiente pelo menos considerando a pouca resistência que deu quando lhe ofereci parte do meu prato.
Para sobremesa pedi gelado de menta, que sabia exactamente ao chocolate After Eight. A sobremesa da outra vez, os frittelle, tinha sido mais substancial, mas o gelado foi o final perfeito para aquela refeição mais pesada. O meu marido preferiu acabar a sua refeição com um digestivo. Para tal pediu a opinião da empregada do restaurante que lhe trouxe um copo de grappa.
Restaurante La Vita è Bella (bebidas)
Como era a nossa última noite por estes lados, com muita pena nossa devo dizê-lo, quando chegámos a San Cassiano ainda fomos ao restaurante que ficava ao lado da Pensione Edelweiss, La Vita è Bella. O restaurante tem uma parte mais formal, a parte do restaurante, e outra mais informal tipo café onde nos sentámos.

Enquanto aqui estivemos pedimos mais uns copos de grappa e cocktails. Infelizmente o Hugo Spritz deste restaurante não era grande coisa, tal como não era o Aperol Spritz, mas isso não diminui o sentimento de bem-estar de ali estarmos um bocado à conversa antes de fecharmos aquele dia.
Séptimo dia
Despedida a San Cassiano
Já tivemos oportunidade de visitar vários países, várias cidades e várias culturas. E sinto-me sortuda por ter a possibilidade de viajar e sinto-me grata por todos os locais onde já estive. Mas há locais que tocam mais do que outros e San Cassiano foi certamente um local onde deixei parte de mim. Ou talvez tenha trazido uma parte de San Cassiano comigo. Enquanto aqui estivemos foi-se criando como uma bolha protectora, onde saímos todos os dias para ver paisagens fantásticas, fizesse chuva ou sol, sabíamos que de uma forma ou de outra naquele dia haveria momentos em que ficaríamos maravilhados. E quando voltávamos à Pensione no final do dia era como voltar a um casulo de conforto. Foi com muita pena nossa que a última manhã chegou e que poucas horas restavam até fazermos o check-out.

Fomos tomar o pequeno-almoço um bocadinho mais tarde do que o normal e ainda ficámos à conversa com a Jo a quem tínhamos ficado a conhecer. Foi nesta última manhã que ela nos contou como é viver nos Dolomitas na perspectiva de um local, que aqueles 10km que tínhamos feito no dia anterior eram rotina para ela e que havia uma terceira língua específica naquela zona, o Ladin.

E chegou altura de nos despedirmos de San Cassiano, mas acreditem nisto – foi um adeus cheio de saudade.
Saída de San Cassiano
De check-out feito e malas no carro deixámos San Cassiano para trás. Tinham sido dias fantásticos e apesar de tudo ainda tínhamos aquele dia para explorar os Dolomitas. Hoje começaríamos a viajar em direcção ao sul já que no dia seguinte ao final da tarde teríamos de apanhar o nosso avião de volta para casa. Organizámos assim o final da viagem para no dia seguinte termos tempo para visitar sem pressas alguns pontos entre os Dolomitas e Veneza. O plano para hoje era de parar em pelo menos dois locais, Croda da Lago e Lago di Alleghe antes de fazermos o check-in no TEA San Pellegrino na província de Belluno.

Durante a primeira parte do trajecto passámos pelas várias vilas que tínhamos ficado a conhecer nos últimos dias como San Cassiano, La Villa Stern, Corvada in Badia e Colfosch.
E admirámos pela última vez aquelas paisagens arrebatadoras às quais eu tentei tirar fotografias enquanto o marido conduzia. Algumas fotografias ficaram mais ou menos outras foram logo apagadas. Não sei se já tentaram tirar fotografias enquanto outra pessoa conduz, mas especialmente numa estrada com curvas e contracurvas não é uma tarefa assim tão fácil como parece à primeira vista.
Croda da Lago
Quando estivemos a preparar o itinerário para este dia estivemos indecisos entre dois trilhos, este que foi o escolhido, Croda da Lago ou o Lago di Sorapis. Como lemos que o trilho do Lago di Sorapis era difícil especialmente em algumas partes que eram a pique escolhemos então a Croda da Lago. Mas acreditem que este trilho também não foi pera doce.
Aliás acabou por ser mais difícil porque já nem estávamos preparados (mentalmente e fisicamente) para fazer um trilho com grandes desafios. Afinal o destino do trilho era o Lago Federa e como durante a viagem tínhamos visitado vários lagos e sem problemas de maior assumimos que o mesmo seria aqui.

Estacionámos o carro em Ponte de Ru Curto onde vários carros já ali estavam parados e onde começa o trilho Croda da Lago. O trilho que segue para o Lago Federa é o 437 o qual está indicado nas placas que se encontram neste parque de estacionamento. A primeira parte do trilho não foi muito difícil, começámos por descer até uma ponte de madeira que passa por cima do rio, e depois começámos a subir, mas nada de muito inclinado nos primeiros quilómetros. Contudo isto rapidamente mudou.
Para terem uma percepção do quanto é preciso subir deixámos o carro a uma altitude de cerca de 1700 metros enquanto o Lago Federa está a mais ou menos 2046 metros. E o lago nem é o ponto mais alto do percurso. Em algumas partes a subida era bastante inclinada de tal forma que quando chegámos ao ponto panorâmico Val Negra que fica a 2048 metros um de nós começou a ter a respiração ofegante e tonturas. Estivemos um bocado sentados ao pé deste ponto panorâmico, mas como a sensação de mal-estar não passava decidimos descer o trilho e não ir até ao Lago Federa. Apesar de já termos feito a maior e a pior parte do caminho e de não estarmos muito longe do lago (agora lendo novamente parece que estou meio ressabiada por não ter ido ao lago, mas até nem estou…muito 😅). Pensamos que estes sintomas apareceram por estarmos a altas altitudes sem termos dar tempo ao corpo para se acostumar a tal.

Mas viajar com alguém também é isto, principalmente neste tipo de viagens, onde andamos por trilhos no meio de montanhas e onde puxamos pelo corpo. Se um não está bem então ninguém está bem. Não vale a pena pedir mais a alguém que está com dificuldades. Eu já estive nos dois lados da moeda e sei como é importante perceber e aceitar tal como saber que a outra pessoa percebe e aceita que às vezes as coisas não vão de acordo com as expectativas. Mais ainda é perceber que um lago, uma paisagem, uma experiência não é tão importante como assegurar o bem-estar e a segurança da outra pessoa. Especialmente quando somos apenas nós os dois e, portanto, ambos temos a responsabilidade de cuidar um do outro. E claro que nesta situação voltámos para trás.

Mas não usem a nossa experiência como exemplo para decidir se fazem ou não este trilho. Aliás se pudéssemos faríamos novamente este trilho, mas desta vez teríamos roupa adequada para um trilho mais desafiador e subiríamos mais devagar para dar tempo ao corpo de se habituar à alta altitude.
Passo Giau e Lago di Alleghe
Mesmo não fazendo a Croda da Lago completa demorámos mais do que 2 horas desde o início até voltarmos ao carro. Quando chegámos foi tirar as malas dos ombros e seguir para o próximo destino, o Lago di Alleghe. No entanto, acabámos por parar pelo caminho em dois lugares; primeiro no ponto panorâmico do Passo Giau para ver bem aquela paisagem magnífica das montanhas e vales. A segunda paragem foi junto à Chiesa della Beata Vergine Maria delle Grazie, mas aviso já que não vale a pena anotarem esta última paragem. Nós pusemo-la no itinerário apenas porque aparecia como ponto de interesse no Google Maps, mas não foi nada de especial. Portanto, passagem e paragem no ponto panorâmico de Passo Giau são 100% obrigatórias, quanto à paragem na igreja não tanto.

Acabámos por chegar ao Lago di Alleghe perto das 3 e meia. Estacionámos ao lado do Parque Centrale onde havia um pequeno parque exterior, este gratuito. E esta era a localização ideal parar parar no Alleghe Beach Chiosco Bar e sentarmo-nos à esplanada com vista para o lago.
O Lago di Alleghe não é um dos lagos mais conhecidos nos Dolomitas tanto que não era mencionado em nenhuma das fontes de onde tirámos ideias para esta viagem. E nós normalmente fazemos uma junção de ideias tiradas das redes sociais, websites e vídeos. Mas não, este lago não aparecia referido em nenhum lado, o que é uma pena.

Este lago apenas existe desde 1771 quando houve uma grande derrocada de terras no Monte Piz em janeiro desse ano. O lago formou-se porque as rochas e os detritos dessas derrocadas depositaram-se onde é hoje a aldeia de Masaré impedindo que as águas fluíssem. Infelizmente este desastre levou à morte de 49 pessoas e houve aldeias que desaparecem arrastadas e soterradas pelo deslizamento das terras. Hoje a aldeia e o lago formam uma pitoresca paisagem como mostram as fotografias. Curiosamente o lago que existe hoje é muito menor do que aquele que se formou inicialmente em 1771.

Relativamente à nossa visita ao lago, depois de estarmos um bocado na esplanada quisemos dar um passeio ali em redor o que acabou por ser o trilho circular à volta do lago. Até porque é na outra margem onde a paisagem do lago, da aldeia e das altas montanhas do Monte Civetta é melhor. De tal forma que o ponto panorâmico fica na margem oposta à aldeia di Alleghe.
O trilho foi de cerca 5km e ao contrário da Croda da Lago, foi feito sem dificuldades. Apesar de terem ralhado connosco quando passámos pela Ponte Sospenso Cordevole para o outro lado do lago. Isto porque andavam em obras e não queriam ninguém a passar por ali. No entanto, havia outras pessoas a passarem a ponte na mesma altura e curiosamente não lhes disseram nada. Enfim! (suspiro resignado)

Considero este o primeiro sinal do dia a avisar-nos que estávamos numa parte diferente dos Dolomitas. Uma parte em que o turismo não é tão bem visto e o comportamento dos locais um bocadinho menos afável.
TEA San Pellegrino
Check-in
A distância entre o Lago d’Alleghe e a nossa acomodação era de 14km e por isso a viagem foi de mais ou menos 20 minutos. Fizemos o check-in e durante este processo a recepcionista disse-nos com grande orgulho que a nossa reserva tinha tido um upgrade e que por isso ficaríamos num quarto com varanda. Eu claro agradeci. Mais tarde reparei que a maioria dos quartos tinham varanda, mas tenho a certeza de que havia quartos sem varanda. E a varanda deu-nos jeito. Por isso pronto, ponto positivo.

Mas o engraçado foi a maneira como a recepcionista o disse, como se nos devêssemos sentir importantes pelo upgrade. Tivemos uma experiência semelhante em Veneza: enquanto a recepcionista nos mostrava o quarto onde íamos ficar parecia estar à espera de que ficássemos maravilhados. Aqui foi o mesmo não só no check-in, mas também no check-out, altura em que nos pediu para fazer uma review sobre o hotel. Não sei se as recepcionistas acreditam mesmo que os hotéis onde trabalham são dos melhores ou se são os contractos de trabalho que assim o obrigam. Ou se calhar somos nós que parecemos um casal que não sai muito de casa. Mas bem, neste caso não sei se ela quer mesmo que façamos uma review. Penso que não seria bem aquilo que ela esperava.
Quarto
Em relação ao quarto não há grande coisa a apontar. Um quarto básico com uma cama de casal e outra de solteiro, o espaço era razoável, não muito grande, mas também não muito pequeno. E sim a varanda deu-nos jeito para pormos algumas coisas a arejar durante um bocado. No entanto a vista do quarto não era nada de especial.

A única coisa mais chata que encontrei não só neste hotel, mas em outros onde ficámos em outras viagens foi o tampo da sanita. Incomoda-me imenso quase a chegar ao ódio quando as tampas das sanitas são demasiado pequenas para a sanita em si. Aquela sensação quando nos sentamos de plástico e louça na pele devo dizer que me repugna. Umas das minhas muitas peculiaridades eu sei, mas é assim tão difícil colocar o tamanho certo?
Pequeno-almoço
Daqui vou saltar no tempo e falar já do pequeno-almoço do dia seguinte. Então o pequeno-almoço era servido das 7 às 9 da manhã. Como hoje era um dia mais calmo para nós, sem trilhos no itinerário, pensámos que era uma boa ideia irmos tomar o pequeno-almoço às 8 e meia. Aproveitar e ficar mais um bocadinho na cama.
Agora imaginem o pequeno-almoço e comparem-no com o entusiástico check-in. Chegámos a uma sala quase vazia, um casal aqui mais dois rapazes que chegaram mais tarde. E o que havia para comer? Para quem gosta muito de doces e começa o dia a encher-se de açúcar, ia adorar. Agora para quem gosta de comer pão ou queijo ou fiambre ou mesmo uns cereais, que viesse mais cedo. Porque os pratos estavam lá, mas senão vazios, quase. Para além que desde que chegámos até nos irmos embora o empregado passou a maior do tempo a olhar para o relógio. É que para oferecer este tipo de serviço e estou a falar mais da comida do que do empregado, mais vale oferecerem o pequeno-almoço das 7 às 8. Ou pelo menos dizer que normalmente depois das 8 as escolhas do pequeno-almoço são reduzidas. Assim já ficávamos avisados.

Opinião sincera
Agora, ficaria aqui novamente? Sinceramente penso que não. No entanto, deixo de qualquer forma os links para este alojamento mais abaixo. E também dou a mão à palmatória e reconheço que a minha opinião sobre TEA San Pellegrino pode estar condicionada pela fantástica experiência que tivemos no alojamento anterior em San Cassiano, na Pensione Edelweiss. Se calhar noutra situação eu tivesse visto este lugar com outros olhos e indo um pouco mais ao encontro do entusiasmo da recepcionista.
Website oficial do TEA San Pellegrino: https://www.teasanpellegrino.com/.
Página do TEA San Pellegrino no Booking.com (que foi por onde nós fizemos a reserva): https://www.booking.com/hotel/it/ht-tea-san-pellegrino-dolomiti.
Restaurante-Pizzaria Rosa Nera
Agora fazendo rewind e voltando de novo ao final da nossa tarde. Depois de nos instalarmos no TEA San Pellegrino, fomos à procura de um restaurante onde pudéssemos jantar.
Experiência desagrádavel em Terrazza-Bar L’Aivaz
Como não havia grandes opções a uma distância que pudéssemos ir a pé voltámos a pegar no carro até uma das aldeias seguintes, Pie’ Falcade. Mas também não conduzimos por muito tempo e em menos de 5 minutos estávamos a estacionar junto ao Terrazza-Bar L’Aivaz com a intenção de jantarmos aqui. No Google este parecia ser um restaurante com comida local e para mais estava aberto. Contudo a experiência foi um pouco bizarra. De tal maneira que se lerem o título desta secção repararão que o nome do restaurante é diferente. Isto porque no final não foi aqui que jantámos.

Afinal o que aconteceu? Quando chegámos havia várias mesas ocupadas na esplanada, mas pensámos que dentro do restaurante estaríamos mais confortáveis já que começava a arrefecer com o anoitecer. Quando entrámos o empregado que estava ao balcão olhou para nós e não disse palavra. Mesmo assim sentámo-nos numa das muitas mesas livres, mas passado poucos minutos apercebemo-nos de que os locais que estavam a beber ao balcão mais o empregado lançavam miradas na nossa direcção com algum desdém. É óbvio que nesta altura o ambiente era tudo menos confortável. Ainda olhámos para o menu, mas vimos que afinal a oferta variava entre sandes e uns snacks. A má vibe adicionada a um pobre menu e a sensação de sermos (e continuar a ser) ignorados fez com que nos decidíssemos ir embora.
Ristorante-pizzeria Rosa Nera
Quando fomos para o carro liguei para o restaurante-pizzeria Rosa Nera que confirmou não só que estavam abertos como tinham mesas livres. E a diferença no serviço notou-se mal entrámos. Talvez a pior parte seja o parque de estacionamento que basicamente é inexistente. Mas a atmosfera do restaurante foi muito mais acolhedora, mesmo com as mesas cheias de pessoas que pareciam ser residentes dali.

Para comer seguimos a direcção da mesa do lado e pedimos uma pizza com batatas fritas e pancetta (pizza Miha) para dividirmos. E WOW, foi uma das melhores pizzas da viagem. Ficámos mesmo impressionados e só ficámos com pena de já termos pedido os pratos principais senão teríamos pedido mais pizzas para experimentar. As pizzas eram feitas no forno a lenha que se via da sala do restaurante. Não só nos admirámos com a qualidade da pizza como o facto de as batatas fritas ficarem ali tão bem!
Infelizmente não posso dizer o mesmo dos pratos principais. O meu marido pediu a cotoletta alla milanesa (costeleta de porco panada) com batatas fritas e eu para experimentar pedi formaggio Dobbiaco alla piastra que é uma espécie de bloco de queijo frito. A cotoletta alla milanesa, de acordo com o meu marido, estava boa, mas era um prato bastante simples. Quanto ao meu estava horrendo. Acho que nunca tinha comido um prato tão mau num restaurante. O queijo devia ter sido frito num óleo que já tinha sido muito usado e, portanto, queimado, dando um gosto extremamente amargo ao queijo. Foi uma das piores coisas que já comi na minha vida. Mas devia ser do óleo usado porque mais tarde vi uma senhora a comer o mesmo prato e não parecia queixar-se, bem pelo contrário.

Arrependo-me imenso que não tenhamos ficado pelas pizzas porque teríamos tido uma refeição deliciosa em vez de ficar com um amargo gosto na boca (literalmente). Ainda pedimos sobremesa e café para não acabar a refeição de maneira tão insatisfatória.

Por isso, resumindo e concluindo, aconselho este restaurante pelas pizzas. E vale imenso a pena, são mesmo boas pizzas. Agora se quiserem tentar mais alguma coisa do menu já sabem, pode correr bem como pode correr mal.
O restaurante não tem website oficial, mas podem ver mais informações na página do TripAdvisor (ver aqui).

Quando saímos do restaurante e antes de voltarmos para TEA San Pellegrino ainda fomos dar uma volta ali pelas redondezas. A aldeia pareceu-nos bastante pacata tendo sido a igreja imponente, Chiesa Parrocchiale della Beata Vergine Maria Immacolata, o destaque do passeio.
Oitavo dia
era o dia que deixaríamos os Dolomitas para trás. Tinha sido uma semana magnífica e sem dúvida os Dolomitas tinham ultrapassado todas as nossas expectativas. Para este último dia quisemos aproveitar a oportunidade para conhecer alguns dos sítios que ficam entre os Dolomitas e o aeroporto de Veneza. A visita a estes locais seria breve, mas provavelmente não os teríamos ficado a conhecer de outra forma. No total foram 5 paragens antes de chegarmos ao aeroporto e entregarmos o carro à Noleggiare (a companhia de aluguer de carros).
Cencenighe Agordino
Esta paragem foi feita depois de conduzirmos por meia hora desde TEA San Pellegrino. Não houve uma razão específica para pararmos aqui sem ser termos achado esta vila (?aldeia) pitoresca. Deixámos o carro no Parcheggio Lago del Ghirlo que por sinal era gratuito e fomos em direcção ao centro. O que encontrámos em Cencenighe Agordino foi uma bonita vila rodeada por montanhas e acompanhada por um ribeiro. Como era Sábado, quando atravessámos uma das pontes que passam por cima do rio fomos dar ao mercado. Demos uma volta por ali a ver o que estava a ser vendido nos tendeiros indo depois até à igreja ‘Chiesa Parrocchiale di Sant’Antonio Abate’. A igreja infelizmente estava fechada por isso não pudemos visitá-la.

Durante este passeio vimos uma pequena multidão no cruzamento principal de Cencenighe Agordino. Devia haver uma espécie de competição pois muita gente estava a sair dali de bicicleta. O mais curioso é que havia alguns que já iam bem tocados e outros iam agarrados às suas garrafas de cerveja enquanto pedalavam. Não sei que tipo de competição era aquela, mas não se podia dizer que não era animada.
Apesar do passeio ter sido breve gostámos bastante deste local e se ficarem em Belluno considerem antes ficar em Cencenighe Agordino do que na zona de Falcade.
Lago del Mis
Com uma condução de mais 40 minutos parámos no coração do parque nacional Dolomiti Bellunesi, no Lago del Mis. De todas as paragens que fizemos neste dia, esta foi a de que tive mais pena de não passar mais tempo a explorar. Estacionámos no parque de estacionamento ‘Parco naturale del Mis area parcheggio’ ao lado de um restaurante e café.

Fomos até à margem do lago onde várias pessoas descansavam e os mais aventureiros nadavam dentro das águas calmas. O tempo não estava assim grande coisa e passado uns 10 minutos, se tanto, começou a chover. Apesar da chuva não ter sido intensa acabámos por nos ir embora pouco tempo depois. Aproveitámos esta pausa para algo mais práctico, como ir à casa-de-banho, e foi nestas andanças que vi que dali se podia apanhar um trilho que entrava pela floresta adentro. A casa-de-banho foi bastante curiosa já que não havia sanitas apenas um buraco no chão.

Espero que no futuro tenha oportunidade de voltar ao parque nacional Dolomiti Bellunesi e explorar cascatas, trilhos e montanhas da zona.
Lago di Santa Croce
Do Lago del Mis até Farra d’Alpago foi practicamente uma hora a conduzir. E em Farra d’Alpago, ainda em Belluno, é onde fica o Lago di Santa Croce, a razão para esta paragem. O tempo a partir daqui começou a mudar e fomos apanhando cada vez mais calor até chegarmos ao aeroporto.

O estacionamento junto ao lago é pago, mas conseguimos encontrar um pequeno parque grátis que fica junto à ponte que passa sobre o ribeiro antes de chegar à vila. Este estacionamento não está sinalizado sendo muito fácil não se dar por ele. Fica no entanto aqui o aviso de que é preciso pagar o estacionamento ao pé da praia da Farra Enquanto ali estivemos vimos os carros a serem verificados várias vezes.
Antes de irmos até ao lago fomos passear pela vila, mas esta parecia deserta. Os restaurantes, cafés e padarias pareciam estar fechados e não se via vivalma. Isto mudou quando chegámos ao lago, mais especificamente à praia da Farra. Havia imenso pessoal deitado nas toalhas, ou a fazer windsurf (prancha e vela) ou kitesurf (prancha e parapente).

Nós como não estávamos vestidos para fazer praia ou qualquer tipo de desporto aquático ficámos um bom bocado sentados num dos bancos a conversar e a olhar para o lago.
Lago Morto
A menos de 10km para sul parávamos no último lago do dia, o Lago Morto. Este é um lago bem mais pequeno do que o Lago di Santa Croce, mas não menos importante. Como o tempo estava bom encontrámos um parque de estacionamento bastante concorrido. Havia pessoas a nadar no lago, outros sentados nas suas margens e ainda mais pessoas a fazerem como nós, sentados numa das mesas do Chiosco Paradiso by Bepy, um pequeno bar onde eram servidas bebidas e sandes.


De todo os lugares onde estivemos durante o dia, este foi onde passámos mais tempo. Pedimos duas rodadas de bebidas que incluíram cerveja, Midori Spritz e Hugo Spritz. Tivemos de nos ficar pelas duas bebidas pois ainda tínhamos um longo caminho até ao aeroporto. A meio pedimos uma sandes para dividir já que o jantar seria só no aeroporto.
Sugestão: estas três últimas paragens devem fazer parte do itinerário para quem quer ficar a conhecer a zona de Belluno e o parque nacional. Nós só visitámos estes locais de passagem, mas parece-me valer a pena incluí-los numa viagem a esta zona de Itália.
Fossalta di Piave
Esta foi uma paragem que aconteceu ao acaso e na verdade só aconteceu porque tínhamos algum tempo livre. Apesar das várias paragens chegámos a Fossalta di Piave às 6 da tarde. Como o nosso voo era só às 11 ainda tínhamos umas horas para nos entreter e escolhemos Fossalta di Piave por ser a cidade mais perto do aeroporto. Sem grandes planos saímos para um sol abrasador apesar de estarmos já a entrar no final de tarde. Deixámos o carro no parque de estacionamento grátis na rotunda em frente à torre ‘Monumento della Prima e Seconda Guerra Mondiale’. Esta torre foi uma inesperada surpresa pois é bastante parecida embora mais pequena com o famoso Campanário de São Marcos em Veneza. As parecenças na sua arquitectura não podem ser negadas (ver fotografias abaixo)


Já que aqui estávamos fomos visitar dois locais, o Battistero della Pace e a Ponte di barche Zamuner. Aproveitámos assim para passear um pouco pelas ruas desta cidade sem pressas e ao contrário do normal, sem expectativas.
O Battistero della Pace é um monumento que foi inaugurado em junho de 1983 e é dedicado à paz, tal como o seu nome indica. Este monumento é um memorial aos ‘Ragazzi del 99’ (em português: os rapazes de 99), expressão que se refere aos italianos que nasceram em 1899 e que foram convocados para a guerra em 1917 ao fazerem 18 anos. Penso que é possível visitar o interior deste memorial, mas à hora em que aqui estivemos encontrava-se fechado. Antes de voltarmos para trás fomos rapidamente ver a ponte flutuante privada construída em 1951, Ponte di barche Zamuner, que ainda hoje está em funcionamento e que requer o pagamento de uma taxa para atravessá-la.
Aeroporto Marco Polo
E assim chegávamos ao nosso destino. Depois de encontrarmos uma bomba de gasolina perto do aeroporto para enchermos o depósito do carro, de acordo com o contracto de aluguer, fomos entregá-lo à Noleggiare. Este é sempre um momento de alguma ansiedade. Não porque aconteceu alguma coisa ao carro, mas por causa das histórias que ouvimos e lemos de estragos causados anteriormente serem atribuídos na altura da entrega. Por isso é que nós no dia em que ficamos com o carro tiramos sempre bastantes fotos ainda antes de sairmos do aeroporto. Mas não houve problemas e a entrega do carro foi super rápida, recebendo a confirmação da devolução do depósito nesse mesmo dia.

Deixo esta viagem com o nosso jantar que foi bastante melhor do que o esperado. Escolhemos o restaurante da franchise Doppio Malto e acabámos por escolher hambúrgueres de pancetta e provola para jantar. Se procurarem sobre este local na internet aviso desde já que está mal avaliado, mas a nossa experiência não teve nada de errado. Arranjaram-nos mesa rapidamente, o serviço foi rápido com o nível de simpatia e atenção esperada e a comida era bastante boa.
Um de nós até disse que esta tinha sido uma das melhores refeições de toda a viagem – e isto é um grande elogio já que tivemos muito boas refeições. Mas bons hambúrgueres e boas batatas fritas que levaram ao final desta fantástica viagem.
Website oficial do Doppio Malto: https://www.doppiomalto.com/it/ristoranti/venezia/
Conclusão da viagem
Os Dolomitas era um dos locais que constava na nossa lista de viagens já há algum tempo. E não há dúvida que merecem toda a atenção que tem aumentado ao longo dos anos. Se íamos com imensas expectativas todas elas foram ultrapassadas pela positiva. Foram dias de constantes paisagens dignas de quadros; uma atrás da outra sendo a parte mais difícil a de não parar a cada 5 minutos para tirar fotografias.
O meu conselho: se tiverem oportunidade de fazer uma viagem aos Dolomitas façam-na, mas como tenho tido algumas vezes façam-na a vosso gosto, a vosso ritmo e tenham tempo para puder ver os locais com olhos de ver. Não interessa o que outros viram se mais se menos, aproveitem cada minuto da VOSSA viagem porque as memórias no final serão vossas. Porque se para nós esta viagem chegou ao fim, as memórias ficarão para sempre.



